Participação cívica a bem da democracia.
Alguém escreveu qualquer coisa parecida com “muito pobre é a
democracia de um país, quando a participação cívica da sua população se resume
a ir colocar um voto de 4 em 4 anos”. O povo gosta de festas e o ato de ir
votar é quase uma festa. Vestem-se umas roupitas mais adequadas à ocasião,
encontra-se sempre alguém que não se vê há algum tempo: Eh pá! Há tanto tempo
que não te via, como é que isso vai? Vai bem pá, e contigo? O puto está crescido…
da última vez… o que tens feito… temos que nos encontrar mais vezes… (talvez
nas eleições autárquicas daqui a 2 anos), etc.”. Quando li isto não pude deixar
de pensar: “Como é que chagamos a isto?”
Refiro-me á crise, claro! E aos cortes que nunca mais param
de aumentar. A malta ir lá votar e depois passar o ano todo, tipo treinador de
bancada, a dizer mal deste e daquele e do governo, no café ou na esplanada, e
ficar de braços cruzados à espera que eles cuidem bem do país, parece-me que
não traz grande futuro para ninguém. É que isto nem para o governo é bom. Não
havendo exigência por parte da população para que façam um bom trabalho, o mais
certo é gerar-se uma certa desresponsabilização que não nos deixa melhor nem
pior, antes pelo contrário.
Claro que o país parava se a maioria das decisões políticas
fossem referendadas, mas não podemos deixar de ter uma palavra a dizer naquelas
decisões que nos afetam a todos de forma tão significativa e duradoura.
Quando se aplicam milhões na construção de autoestradas onde
uma estrada nacional servia perfeitamente, é dinheiro que deixa de ir para
outras necessidades.
Não se pode tolerar que um governante prometa algo e depois
não cumpra o que prometeu, ou até faça o contrário. Dizer que não sabia o
estado das coisas, não serve de desculpa. Se não sabia, não prometia. O país é
soberano, não se pode tolerar que o enganem.
Não participar mais ativamente, principalmente nas grandes decisões,
não será fugir às responsabilidades? Assim sempre se pode dizer que “a culpa é
do governo”.
Mas se nada for feito para alterar o rumo aos
acontecimentos, sempre podemos ir colocar o bilhete de 4 em 4 anos, e esperar
que o que aí vier venha por bem.
Até nos campos da
bola, de vez em quando, a malta assobia e acena com lenços brancos, para que
vejam e oiçam, o nosso descontentamento.
Luís Pamplona
Luís Pamplona
Sem comentários:
Enviar um comentário