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quarta-feira, 12 de setembro de 2012



Participação cívica a bem da democracia.

Alguém escreveu qualquer coisa parecida com “muito pobre é a democracia de um país, quando a participação cívica da sua população se resume a ir colocar um voto de 4 em 4 anos”. O povo gosta de festas e o ato de ir votar é quase uma festa. Vestem-se umas roupitas mais adequadas à ocasião, encontra-se sempre alguém que não se vê há algum tempo: Eh pá! Há tanto tempo que não te via, como é que isso vai? Vai bem pá, e contigo? O puto está crescido… da última vez… o que tens feito… temos que nos encontrar mais vezes… (talvez nas eleições autárquicas daqui a 2 anos), etc.”. Quando li isto não pude deixar de pensar: “Como é que chagamos a isto?”
Refiro-me á crise, claro! E aos cortes que nunca mais param de aumentar. A malta ir lá votar e depois passar o ano todo, tipo treinador de bancada, a dizer mal deste e daquele e do governo, no café ou na esplanada, e ficar de braços cruzados à espera que eles cuidem bem do país, parece-me que não traz grande futuro para ninguém. É que isto nem para o governo é bom. Não havendo exigência por parte da população para que façam um bom trabalho, o mais certo é gerar-se uma certa desresponsabilização que não nos deixa melhor nem pior, antes pelo contrário.
Claro que o país parava se a maioria das decisões políticas fossem referendadas, mas não podemos deixar de ter uma palavra a dizer naquelas decisões que nos afetam a todos de forma tão significativa e duradoura.
Quando se aplicam milhões na construção de autoestradas onde uma estrada nacional servia perfeitamente, é dinheiro que deixa de ir para outras necessidades.
Não se pode tolerar que um governante prometa algo e depois não cumpra o que prometeu, ou até faça o contrário. Dizer que não sabia o estado das coisas, não serve de desculpa. Se não sabia, não prometia. O país é soberano, não se pode tolerar que o enganem.
Não participar mais ativamente, principalmente nas grandes decisões, não será fugir às responsabilidades? Assim sempre se pode dizer que “a culpa é do governo”.
Mas se nada for feito para alterar o rumo aos acontecimentos, sempre podemos ir colocar o bilhete de 4 em 4 anos, e esperar que o que aí vier venha por bem.
Até nos campos da bola, de vez em quando, a malta assobia e acena com lenços brancos, para que vejam e oiçam, o nosso descontentamento. 

Luís Pamplona

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