Acredito que esta guerra esteja
a tirar sono a muito boa gente!
Assistir diariamente à
destruição brutal de um país, à morte de pessoas que não fizeram nada para o merecer,
a milhares de famílias que veem as suas vidas destruídas; pode fazer-nos
acordar menos repousados, mas pior seria se nos fizesse afrouxar na defesa
daquilo em que acreditamos, por menor que possa parecer, em comparação com esta
monstruosidade.
Pelo menos uma parte do mundo,
esforça-se por conseguir viver numa sociedade mais justa e menos
desequilibrada; pôr fim a desigualdades não fundamentadas; lutar contra
sentimentos baseados em preconceitos; terminar com a violência desproporcional
e quase sempre desnecessária; e muitas outras batalhas, que têm por objetivo, tornar
a vida neste planeta, o melhor possível.
Sabemos que o mundo é
tremendamente desigual e que as diferenças não se cingem a questões económicas,
mas julgo que custa mais quando está mais próximo. É legítimo acreditar que os
ideais em que acreditamos, podem acabar por se tornar, sem imposição, nos ideais
de outros.
É precisamente o oposto,
aquilo que a acontecer. A liberdade e a democracia estão a ser atacadas por uma
força maligna que faz parte da Europa.
Esta guerra mete nojo a todos
os que acreditam na liberdade! Digam o que disserem, ela baseia-se no poder da
força.
“Tenho mais força do que tu, subjugo-te
às minhas vontades, e, se resistires, esmago-te como a uma barata!”
No essencial é disto que se
trata. Duvido que a Rússia ousasse atacar uma nação com poder militar mais
equilibrado com o seu.
Mas não é só por ter mais
armas. É fundamentalmente porque acredita que é pela força, e não pelo diálogo,
que as divergências se resolvem.
Se o objetivo da Rússia fosse
apenas a região do Donbass, para defender os separatistas pró-russos, não
necessitava de despejar toneladas de bombas por toda a Ucrânia.
O poder internacional da
Rússia assenta muito mais nas suas forças armadas do que na capacidade
competitiva das suas empresas. A Rússia não tem problemas em fazer uso dessas
forças para aumentar o seu poder geoestratégico (e económico) no mundo.
Sempre que vê nisso uma
oportunidade, ajuda países governados por autocratas que estejam a travar
conflitos armados. Fá-lo para ver a sua influência geopolítica crescer e alguns
negócios lucrativos florescer. Como diz o ditado, “não há almoços grátis!
A Europa que se quer livre,
tem de fazer o que estiver ao seu alcance. Resta-nos a todos os que não se
identificam com esta lei do mais forte, continuar a combatê-la, seja na escola,
no local de trabalho, na sociedade ou no mundo.
Sem nos podermos esquecer que pode
sempre surgir alguém que nos queira desgraçar a vida. Devemos estar atentos, e
sempre que possível, unidos.
A lei do mais forte já tem uma
longa história. É verdade que nunca esteve ausente, mas havia alguma esperança,
agora sabemos que ingénua, que não regressasse à Europa.
Mas está aí, bem presente, dia
após dia.
A Ucrânia tem se defendido
como pode. Sabe que, se capitular, perde a sua liberdade, e que recuperá-la, será
ainda mais difícil.
Custa ver este uso da força
para subjugar uma nação à vontade de outra, e não poder fazer mais para o
impedir.
Mas o argumento que devemos
evitar que o conflito escale para uma terceira guerra mundial, com a
possibilidade de se tornar nuclear, não deve ser ignorado.
Vem nos à memória o filme “The
Day after”, mas com armas ainda mais destrutivas, e ainda menos certezas, de
que haja “O Dia Seguinte”.
É bem provável que quando esta
guerra tiver terminado, alguém venha dizer que as armas nucleares evitaram um
mal maior.
Pode até ser verdade, mas não
deixa de ser irónico que sejam necessárias armas tão destrutivas, com
capacidade para pôr fim à vida no planeta, para evitar “males maiores”.
Enquanto houver quem use da
força para subjugar os outros à sua vontade, haverá sempre o risco de um dia a
coisa correr mal.