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quarta-feira, 30 de março de 2022

A luta da guerra na Europa!

Acredito que esta guerra esteja a tirar sono a muito boa gente!

Assistir diariamente à destruição brutal de um país, à morte de pessoas que não fizeram nada para o merecer, a milhares de famílias que veem as suas vidas destruídas; pode fazer-nos acordar menos repousados, mas pior seria se nos fizesse afrouxar na defesa daquilo em que acreditamos, por menor que possa parecer, em comparação com esta monstruosidade.

Pelo menos uma parte do mundo, esforça-se por conseguir viver numa sociedade mais justa e menos desequilibrada; pôr fim a desigualdades não fundamentadas; lutar contra sentimentos baseados em preconceitos; terminar com a violência desproporcional e quase sempre desnecessária; e muitas outras batalhas, que têm por objetivo, tornar a vida neste planeta, o melhor possível.

Sabemos que o mundo é tremendamente desigual e que as diferenças não se cingem a questões económicas, mas julgo que custa mais quando está mais próximo. É legítimo acreditar que os ideais em que acreditamos, podem acabar por se tornar, sem imposição, nos ideais de outros.

É precisamente o oposto, aquilo que a acontecer. A liberdade e a democracia estão a ser atacadas por uma força maligna que faz parte da Europa.

Esta guerra mete nojo a todos os que acreditam na liberdade! Digam o que disserem, ela baseia-se no poder da força.

“Tenho mais força do que tu, subjugo-te às minhas vontades, e, se resistires, esmago-te como a uma barata!”

No essencial é disto que se trata. Duvido que a Rússia ousasse atacar uma nação com poder militar mais equilibrado com o seu.

Mas não é só por ter mais armas. É fundamentalmente porque acredita que é pela força, e não pelo diálogo, que as divergências se resolvem.

Se o objetivo da Rússia fosse apenas a região do Donbass, para defender os separatistas pró-russos, não necessitava de despejar toneladas de bombas por toda a Ucrânia.

O poder internacional da Rússia assenta muito mais nas suas forças armadas do que na capacidade competitiva das suas empresas. A Rússia não tem problemas em fazer uso dessas forças para aumentar o seu poder geoestratégico (e económico) no mundo.

Sempre que vê nisso uma oportunidade, ajuda países governados por autocratas que estejam a travar conflitos armados. Fá-lo para ver a sua influência geopolítica crescer e alguns negócios lucrativos florescer. Como diz o ditado, “não há almoços grátis!

A Europa que se quer livre, tem de fazer o que estiver ao seu alcance. Resta-nos a todos os que não se identificam com esta lei do mais forte, continuar a combatê-la, seja na escola, no local de trabalho, na sociedade ou no mundo.

Sem nos podermos esquecer que pode sempre surgir alguém que nos queira desgraçar a vida. Devemos estar atentos, e sempre que possível, unidos.

A lei do mais forte já tem uma longa história. É verdade que nunca esteve ausente, mas havia alguma esperança, agora sabemos que ingénua, que não regressasse à Europa.

Mas está aí, bem presente, dia após dia.

A Ucrânia tem se defendido como pode. Sabe que, se capitular, perde a sua liberdade, e que recuperá-la, será ainda mais difícil.

Custa ver este uso da força para subjugar uma nação à vontade de outra, e não poder fazer mais para o impedir. 

Mas o argumento que devemos evitar que o conflito escale para uma terceira guerra mundial, com a possibilidade de se tornar nuclear, não deve ser ignorado.

Vem nos à memória o filme “The Day after”, mas com armas ainda mais destrutivas, e ainda menos certezas, de que haja “O Dia Seguinte”.

É bem provável que quando esta guerra tiver terminado, alguém venha dizer que as armas nucleares evitaram um mal maior.

Pode até ser verdade, mas não deixa de ser irónico que sejam necessárias armas tão destrutivas, com capacidade para pôr fim à vida no planeta, para evitar “males maiores”.

Enquanto houver quem use da força para subjugar os outros à sua vontade, haverá sempre o risco de um dia a coisa correr mal.

terça-feira, 15 de março de 2022

As razões da guerra na Europa

Provavelmente, a principal razão apontada pelos russos para invadir a Ucrânia, resultou da cada vez maior percentagem de ucranianos que veem com bons olhos a adesão à Nato.

Obviamente que os Ucranianos pretendem aderir à Nato por não se sentirem seguros. Ou seja, por recearem que lhes acontecesse, precisamente o que lhes está a acontecer.

Existe de facto uma certa lógica no argumento de Putin, em não querer a Nato junto às sua fronteiras, mas parece-me que é acima de tudo, uma questão retórica. Alguém acredita que a Nato tivesse intenções de atacar a Rússia?

A Rússia possui cerca de seis mil ogivas nucleares. O seu poder destrutivo é de tal modo brutal[1] que a resposta às perguntas: “quem se atreveria a atacar a Rússia? E, como pode alguém esperar sair vivo, desse ataque de insanidade?”, parece ter apenas, uma resposta demasiado óbvia: “só um suicida!”.

A outra grande razão apontada por Putin, tem que ver com os laços históricos entre a Rússia e a Ucrânia.

No entanto, podemos facilmente encontrar pontos de vista diametralmente opostos.

Como se pode verificar nos próximos dois textos em baixo, o ponto de vista de uns, pode muito bem não ser partilhado, pelo ponto de vista de outros.

"Portanto, há sentimentos muito fortes quando a Ucrânia como nação se define em oposição à Rússia. Isso causa muita raiva e frustração na Rússia, que se sente traída por um irmão. E isso tem a ver com a incapacidade da visão dominante entre os russos de reconhecer a identidade nacional ucraniana como algo separado da Rússia[2]"

"Sim, os dois países compartilham uma história comum. Historicamente, a Ucrânia foi dominada e oprimida pelos russos. Durante o período soviético, eles sofreram uma grande fome, em que milhões de pessoas morreram, porque a Rússia queria exportar os grãos que produziam. A grande unidade entre o povo russo e ucraniano é um absurdo55"

Por não ser da opinião que esta guerra teve início devido ao receio da Nato, nem porque os russos considerem os ucranianos como irmãos, decidi enumerar algumas razões que me parecem um pouco mais plausíveis:  

1 – É um psicopata! Não sendo especialista em estudos de personalidade ou comportamentais, parece-me evidente que alguém que fica impávido e sereno, como se não tivesse ordenado a morte de milhares de inocentes, só o possa ser!

Nomeadamente, porque não está a defender o seu povo de qualquer ataque.

2 – Relacionada com a primeira. Está fortemente convencido da sua superioridade, bem com como da Rússia face à Ucrânia.

3 – Relacionada com as duas anteriores. Julga-se “O Macho Man”. Por essa razão, odeia Zelensky que é visto como charmoso e capaz de fazer rir as mulheres. Para tornar a coisa ainda pior, cada vez mais, elas escrevem nas redes sociais, que “o homem tem tomates”.

As próximas, certamente que lhe vão parecer mais sérias, mas não se esqueça: um só homem pode ser, indiretamente, responsável pela morte de milhões de seres humanos.

4 – Pretendia colocar um governo fantoche na Ucrânia, à semelhança do que fez, por exemplo, na Bielorrússia.

5 – Subestimou a capacidade de defesa dos ucranianos. Estava convencido que o medo seria tanto que desatavam a fugir. Nunca imaginou que teria de enfrentar tanta resistência e que colocar um governo “amigável” seria tão difícil, talvez até inatingível.

6 – Desmembrar a Ucrânia, tomando sob o falso pretexto de que a população de certas regiões (Dombas e Crimeia) são maioritariamente pró-russas, para, desse modo, apropriar-se de riquezas ucranianas:

“A região que abriga os dois focos separatistas interessa à Rússia, segundo analistas, não apenas pela relação étnica destacada por Putin, mas também por terem importantes reservas de minérios, principalmente o aço”55.

7 – O atrevimento dos ucranianos! Como é possível que um povo que quer viver ali, mesmo ao lado da Rússia, ouse ser livre, democrata e próspero? Que belo exemplo estariam a dar!

Caso não consiga colocar um governo que faça o que a Rússia quer, o “plano b” de Putin passa por destruir infraestruturas ucranianas, apoderar-se de regiões estratégicas e bloquear o acesso aos mares Negro e de Azov, pretendendo com essas medidas, frustrar a capacidade ucraniana de criar riqueza.

8 – Putin acreditava ser a altura certa.

Por um lado, a forte dependência energética de países como a Alemanha.

Por outro, os EUA estarem “quase em guerra civil”. O clima político de crispação entre democratas e conservadores atingiu níveis nunca vistos. Obviamente que isso enfraquece a maior potência do mundo democrata.

Por último, o apoio da China, que com a paciência que os caracteriza, espera poder tirar proveitos deste conflito (entre a Rússia e o Ocidente).

9 – Deixar um legado. Putin conseguiu alterar a lei, de modo a permanecer no poder, por tempo indeterminado.

Para muitos analistas, tem o forte desejo de ficar para a história da Rússia, ao lado dos grandes nomes (se não mesmo, acima deles).

10 – Este último contém alguma especulação. Será que a China não se limita a apoiar a Rússia, e que esta invasão faz parte de um plano que visa dividir o mundo em dois blocos? Os que ficam ao lado dos países democratas e os que apoiam os regimes autocratas e autoritários?

Não sei como, nem quando, este conflito irá terminar, mas não creio que o mundo volte a ser como era, nos próximos tempos.

Como alguém dizia, o progresso faz-se de avanços e recuos, e claramente que isto foi um passo atrás.

Estamos perante uma contenda entre dois modos de vida profundamente diferentes: o livre e o autoritário.

Na Rússia e na China, entre outros países, os cidadãos não podem expressar-se livremente.

Compete-nos lutar pelo que acreditamos, e ajudar como nos for possível, quem está a lutar pelos nossos interesses.

Um maior envolvimento da China, devido, por exemplo, a algum ressentimento relativo ao assunto Taiwan, pode tornar esta guerra muito mais dramática.

Numa altura em que devíamos estar a unir esforços para combater as alterações climáticas, temos um confronto por razões que carecem de enorme bom senso.

Apenas um homem, pôde tomar uma decisão, em nome de milhões, arrastando-os para um conflito que em nada os serve, e que muito provavelmente, não representa as suas vontades.



[1] https://www.bbc.com/portuguese/internacional-60564958

[2] https://www.bbc.com/portuguese/internacional-60514952

sexta-feira, 11 de março de 2022

 

8.          A apropriação inicial!

Façamos um pequeno exercício, e tentemos imaginar como tudo poderá ter começado.

Nos primeiros tempos da domesticação de animais e plantas (agricultura), a solidariedade e entreajuda terão certamente dominado. Vínhamos de milhões de anos como caçadores-coletores e nesse longo período, essas boas práticas sempre estiverem presentes.

Provavelmente o trabalho de pastorear os animais começou por ser dividido por vários elementos do grupo. O mesmo em relação aos trabalhos de sementeira e cultivo de plantações. É muito provável que pessoas mais idosas ajudassem de outras formas, e que algumas mulheres ficassem a tomar conta dos bebés e das crianças mais novas e ainda dependentes.

Essa divisão de tarefas funcionava bem porque permanecia o espírito de entreajuda e solidariedade que traziam dos tempos recentes.

Certo ano surgiram problemas inesperados. O mau tempo causou grandes perdas nas colheitas de cereais (principal fonte de alimento daquele grupo).

Para piorar ainda mais a situação, determinado germe causou a morte de parte considerável dos animais de criação.

O grupo, entretanto, tinha crescido e já não tinha dimensão que permitisse voltar aos tempos de caçador-coletor, a não ser que fosse fracionado.

Por outro lado, já havia muito investimento físico e emocional naquele lugar.

Ninguém o queria abandonar. A preocupação principal era salvar o máximo que conseguissem.

Os mais fracos não resistiram, mas o grupo sobreviveu e conseguiu ultrapassar a sua primeira crise enquanto sedentários (por oposição a nómadas).

Quando se juntaram para organizar a recuperação, alguém começou por sugerir que talvez não fosse boa ideia colocar os animais todos juntos, porque mais facilmente transmitem doenças de uns para os outros.

Poderá ter acontecido o mesmo com as plantações. É provável que se tenham apercebido que alguns terrenos oferecem melhor proteção contra chuvas intensas, porque têm menos tendência para alagar, enquanto outros resistem melhor às fortes ondas de calor, porque não estão tão expostos ao sol.

Talvez isso tenha alterado a forma como dividiam o trabalho. Imagine que determinado indivíduo, por uma questão de proximidade, ficou encarregue de cuidar de determinado terreno.

Ao princípio entrega toda a produção para a comunidade. Com o passar do tempo, consegue aumentar a produção que retira do seu trabalho, mas continua a entregar a mesma quantidade inicial. Dessa forma fica com um excedente para alguma eventualidade. Deixou de pensar (prioritariamente) no bem de todos e passou a pensar (individualmente) no seu bem-estar.

Também pode ter acontecido que a certa altura se tenha apercebido que se trabalhasse mais horas, conseguia acumular mais riqueza (mais cereais, mais gado, mais comida).

Ao criar excedente, pode ter-se interrogado parque haveria de estar a criar riqueza para os outros, que não trabalham tanto quanto ele. Ele é que se mata a trabalhar e os outros é que ficam com os “lucros”?

Também pode ter-se dado o caso de um pequeno núcleo dentro do bando, por exemplo, um casal com a respetiva prole, ter decidido afastar-se umas centenas de metros, para se estabelecer e começar a cultivar num determinado terreno desocupado, e criar os “seus próprios animais”.

Imagine que a moda pegou e outros decidiram fazer o mesmo…

Geralmente as “coisas” começam devagarinho, e depois vão ganhando cada vez mais força, até que atingem proporções que determinam uma nova realidade.

Isto são apenas cenários. Creio que ainda não há certezas sobre como tudo se passou. Podemos apenas, com base nos conhecimentos atuais, imaginar algumas possibilidades.

Mas uma coisa parece ser certa. A certa altura nasceu a propriedade privada. As terras deixam de ser de todos (e de ninguém) para passarem a ter um dono.

Se foi assim, ou se foi de outra forma, não creio que seja relevante.

Em qualquer dos casos, num determinado momento, houve critérios que se tornaram decisivos e não creio que algum deles tenha sido o mérito.

Repare que durante milhões de anos fomos caçadores-coletores. Era impossível prever quando iríamos dar início a uma nova aventura como agricultores.

Não podemos atribuir qualquer mérito aos que estavam naquele local e naquele momento da nossa história civilizacional. De certo modo foi um acaso.

De igual modo, que mérito tem alguém por ter a idade que tem? Por ter mais saúde e maior disponibilidade física?

Tudo foi acontecendo, e como em muitos outros acasos, uns foram mais beneficiados do que outros.

Quando pela primeira vez passou a haver propriedade privada, que irá ter um papel preponderante nas desigualdades socias, o mérito e a seleção natural não estiveram presentes: um fulano de 70 anos até pode ter melhores genes do que um de 30, mas a idade não perdoa; e é inapropriado atribuir mérito a alguém, apenas por ser jovem.

É fácil de imaginar que um homem de 30 anos, saudável e forte, consiga ocupar e tratar muito mais terras do que alguém com 70.

Dois irmãos jovens ocupariam e cultivavam muito mais terras do que duas irmãs, mesmo que igualmente jovens, se uma estivesse grávida e a outra a amamentar.

Portanto, questões relacionadas com a idade, género e estado de saúde, podem ter determinado quem conseguiu apropriar-se de mais terras.

A partir desse momento, alguns passaram a estar em vantagem sobre os outros.

Essa desigualdade de oportunidades inicial passou a estar sempre presente e mantém-se até aos dias de hoje.

Claro que foi um processo gradual, mas na maior parte das vezes, tenho muitas dúvidas que o mérito tenha sido o fator determinante.

Enquanto caçador-coletor, o ser humano nunca tinha conseguido acumular alimentos para tantos dias. A agricultura proporcionou a concentração de riqueza.

Julgo que é legítimo afirmar que a partir do momento em que passou a haver excedente, surgiram o egoísmo e a ganância.

sexta-feira, 4 de março de 2022

 


23.          Tic, tac, tic, tac, tic, tac...

Ainda antes da Rússia ter invadido a Ucrânia, o relógio do juízo final (Doomsday Clock) já tinha sido ajustado para apenas 100 segundos para a meia-noite.

“A hora do Relógio do Juízo Final é definida pelo Boletim do Conselho de Ciência e Segurança dos Cientistas Atómicos com o apoio do Conselho de Patrocinadores, que inclui 11 vencedores do Prémio Nobel[1]”.

Esse último ajuste foi em 2020, e nunca os ponteiros do relógio estiveram tão próximos do apocalipse.

O Relógio do Juízo tem por finalidade mostrar o quanto a humanidade está perto do fim.

Para melhor compreender o conceito simbólico do relógio, imagine que “tudo o que aconteceu no nosso planeta, fosse comprimido em um único ano.

A vida teria surgido no início de março, os organismos multicelulares em novembro, os dinossauros no final de dezembro e os seres humanos somente entrariam em cena às 23h30 da Véspera de Ano Novo[2]”.

Apesar do que possa parecer, o objetivo do relógio não é tanto dar-nos uma previsão do tempo que nos resta, mas antes funcionar como um indicador de alerta para o nível de risco enfrentado pela humanidade.

Leia através do endereço referido em nota de rodapé[3], as 14 medidas que os cientistas do Boletim apresentaram para reverter a ameaça de estarmos tão próximos da autodestruição, ou, em alternativa, consulte em baixo um breve resumo das mesmas:

·        Os presidentes da Rússia e dos EUA devem concordar em reduzir a dependência de armas nucleares;

·        Os Estados Unidos e outros países devem acelerar a descarbonização;

·        A China deve dar o exemplo – sem projetos de uso intensivo de combustível fóssil;

·        Os EUA e outros líderes devem trabalhar para reduzir os riscos biológicos das interações animal-humano;

·        Os Estados Unidos deveriam persuadir aliados e rivais para não usar armas nucleares.

·        Eliminar a autoridade exclusiva do presidente para lançar armas nucleares;

·        A Rússia deve voltar a integrar o Conselho OTAN-Rússia;

·        A Coreia do Norte deve codificar sua moratória em testes nucleares e testes de mísseis de longo alcance.

·        O Irão e os Estados Unidos devem retornar conversações sobre segurança no Médio Oriente e restrições de mísseis;

·        Os investidores privados e públicos devem redirecionar os fundos de projetos de combustíveis fósseis para investimentos favoráveis ​​ao clima;

·        Os países mais ricos do mundo devem fornecer mais apoio financeiro e cooperação tecnológica aos países em desenvolvimento, para empreender uma forte ação climática.

·        Os líderes nacionais e as organizações internacionais devem conceber regimes mais eficazes para monitorar os esforços de pesquisa e desenvolvimento biológicos;

·        Governos, empresas e especialistas devem combater a desinformação e a desinformação viabilizada pela Internet;

·        Os cidadãos de todos os países devem responsabilizar seus líderes, perguntando “O que você está fazendo para lidar com as mudanças climáticas?”.

Destes 14 principais passos, 6 incidem no tema nuclear, 5 no clima, 2 nos ricos biológicos (doenças que possam evoluir para pandemia) e 1 na desinformação (meios de comunicação e redes sociais).

Claro que os riscos são diferentes. “Os ataques nucleares poderiam acontecer numa questão de minutos, enquanto o risco climático é cumulativo, ano após ano.

Além disso, a responsabilidade pelas armas nucleares do mundo está nas mãos, ou dedos, de muito poucos tomadores de decisões globais, enquanto todos nós estamos envolvidos nas mudanças climáticas e na destruição ambiental - mesmo que em escalas muito diferentes”. 

Ninguém tem dúvidas que as alterações climáticas e eventuais pandemias, dão-nos mais tempo (e oportunidades) para evitar o apocalipse, do que uma guerra nuclear.

As armas nucleares têm uma brutal capacidade destrutiva, e mais do que visarem alvos militares, destroem tudo (cidades, países, o mundo).

As atuais, são muito mais poderosas do que as usadas na segunda guerra mundial contra Hiroshima e Nagasaki no Japão.

“Uma bomba nuclear detonada em uma cidade mata, no instante, dezenas de milhares de pessoas, e dezenas de milhares mais, sofrerão lesões horríveis, morrendo posteriormente por exposição à radiação.

Além da imensa perda imediata de vida, uma guerra nuclear poderia causar danos duradouros ao nosso planeta. Poderia interromper severamente ecossistemas e reduzir as temperaturas globais, causando escassez de alimentos no mundo todo”[4].

Isto na melhor das hipóteses, porque se fossem usadas indiscriminadamente, julgo que o cenário descrito seria muito mais dantesco.

Podemos sempre acreditar que alguns conseguiriam sobreviver dentro de bunkers, e mais tarde voltar e reconstruir a humanidade.

Sinceramente, tenho dúvidas sobre essa possibilidade, mas acima de tudo, entristece-me pensar nela.

Há quem defenda as armas nucleares, alegando que têm evitado guerras, na medida que o risco de retaliação em “idêntica” proporção, funciona como fator inibitório.

Mesmo que tenha um fundo de verdade, basta apenas um louco para destruir completa e definitivamente este argumento.

Para complicar ainda mais, neste momento seria muito difícil, se não impossível, desfazermo-nos das armas nucleares.

Pior do que a questão “quem dá o primeiro passo?”, seria a desconfiança de que algum país, as estivesse a fabricar em segredo ou não tivesse destruído todas.

Pelo menos nos “próximos tempos”, parece que estamos condenados a viver “em cima da bomba”.

Assusta que tantos milhões de pessoas estejam nas mãos de tão poucos. Pior do que haver humanos com tanto dinheiro, é o poder que alguns têm. Um simples premir de botão e acabou-se tudo.

Esta é uma das recomendações dos cientistas do Boletim: “que sejam necessários mais dedos para premir o botão”.

É difícil de entender esta nossa natureza destrutiva (e muito provavelmente autodestrutiva).

Resta a esperança de que a consigamos mudar.

Sim, porque parece que temos essa capacidade, resta saber se teremos tempo…



[1] https://www.impala.pt/especiais/humanidade-esta-a-100-segundos-do-apocalipse/

[2] https://www.bbc.com/portuguese/vert-fut-60129837

[3] https://www.metropoles.com/mundo/ciencia-e-tecnologia-int/cientistas-alertam-que-estamos-a-100-segundos-do-juizo-final-entenda

[4] https://www.icrc.org/pt/document/armas-nucleares-uma-ameaca-intoleravel-para-humanidade