A vacinação em massa da população
portuguesa começou e como já se esperava a comunicação social fervilhava por
casos de negligência ou corrupção no plano de vacinação. Ao que parece houve
340 vacinas mal aplicadas num total de 400mil doses. Bom, num país que todos
achamos ter um alto nível de corrupção, ter uma taxa de 0.08% de vacinas mal
aplicadas não me parece mal, até porque a percentagem de ricos e muito ricos na
nossa sociedade é bem maior que 0.08%!
A verdade é que as doses depois
de abertas não podem ser guardadas e transportadas novamente. Como tal, ou as
pessoas incluídas no plano comparecem à vacinação, ou caso contrário irão
sempre sobrar vacinas. Os arautos da verdade e pureza muitos deles na forma de comentadores
televisivos, certamente que teriam, à semelhança de um plantel de futebol, uma
fila de suplentes à porta dos postos de vacinação, mas a verdade é que não é
possível prever quantas vão sobrar.
É cómico ter os funcionários da
pastelaria ao lado do INEM a levarem a vacina quando havia um quartel de
bombeiros nas proximidades, mas, não vamos fazer disto uma prática e achar que
tudo e todos são uns malandros.
Custa-me muito mais ouvir que se
desperdiçaram 600 vacinas em Penafiel, do que meia dúzia de vacinas aplicadas indevidamente
porque sobraram. No Reino Unido multiplicam-se denúncias de médicos de vacinas
deitadas no lixo devido às regras apertadas de cumprimento do plano de
vacinação.
Este delírio, esta procura incessante
pelo prevaricador, ainda nos vai levar à situação ridícula de ter decisores a
optarem por desperdiçar vacinas, só para não terem à porta a CMTV e verem as
suas carreiras profissionais jogadas no lixo. Poupem-me e poupem o país que é
pobre e como tal não se pode dar a esse luxo!