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segunda-feira, 23 de setembro de 2019

Eleições Regionais da Madeira – Por um Danoninho se perde…

Decorreram hoje as eleições regionais da Madeira e pela primeira vez fiquei especado em frente à televisão para ver os resultados. Foi uma noite intensa com incerteza até ao último minuto. Pela primeira vez o PS Madeira apresentou uma dinâmica capaz de mobilizar votos e isso reflectiu-se nos resultados. Foi pena que o Bloco de Esquerda não tenha conseguido atingir os votos necessários – por muito pouco, diga-se – para atingir um deputado que faria história na democracia da Ilha, visto que o mesmo, a ser conquistado teria retirado um deputado ao PSD. Cafofo bem dizia que faltava um danoninho e faltou mesmo! Apesar de ter conquistado vários deputados regionais, fica aquele sabor amargo de quem esteve quase, quase, quase a fazer história na democracia madeirense. Ainda não foi desta!
Mas só na política é que as vitórias podem ser convertidas em derrotas e as derrotas em vitórias. A direita saiu vitoriosa elegendo juntos os 24 deputados necessários para uma maioria de direita na Assembleia Regional. No entanto, não deixa de ser irónico que o partido que perde 4 deputados, passa de 7 para 3, saia feliz e contente destas eleições tão somente porque os poucos deputados eleitos são cruciais para a estabilidade governativa da região.
O candidato do CDS-Madeira no seu discurso de vitória disse que não enjeitava qualquer solução governativa que permitisse cumprir as promessas que fez aos madeirenses, ou seja, piscou o olho ao PSD e ao PS. No final da noite Assunção Cristas apressou-se a colocar os pontos nos ís dizendo em tom autoritário “com todo o respeito pelo CDS-Madeira, mas havendo uma maioria de direita, havendo vontade de ambos os partidos, só têm de se entender, não fazendo sentido qualquer outra solução”.
Mas será tão simples assim? Quem achar que a política é assim tão simples, tão linear, tão esquerda ou direita, não tem grande futuro na mesma. No mundo de hoje quantos jovens leram Karl Marx? Ou as teorias do liberalismo económico? As pessoas não conhecem a fundo as ideologias dos partidos em que votam, criam uma afinidade com os candidatos e revêm-se em algumas frases ditas pelos mesmos que as levam a votar em determinado partido. A verdade é que até o hoje o CDS-Madeira foi uma oposição muito crítica do regime autoritário do PSD-Madeira, filiando apoiantes com essa retórica. Juntar-se ao PSD-Madeira é perder a face. Juntar-se ao PSD- Madeira poderá transmitir aos seus apoiantes um sentimento de traição, pois no momento histórico em que poderiam fazer a diferença para realmente mudar alguma coisa, acabaram por juntar-se aos “tiranos”. Pior do que isso, é que o momento de junção ocorre no pior momento para os dois partidos, que caíram em queda livre nestas eleições. A história recente tem demonstrado que as alianças entre um grande partido e um pequeno partido acabam por, no futuro, se revelarem catastróficas para os pequenos. Com a tendência de queda na fixação de eleitorado, o CDS-Madeira corre o risco de, daqui por 4 anos, eclipsar-se na ilha. Está bom de ver que isso a Assunção Cristas não diz nada, mas para os que lá moram não é um futuro auspicioso. Não vai ser uma decisão fácil para os membros do CDS-Madeira. É uma derrota que aparentemente parece vitória mas que pode ter consequências brutais no futuro do partido regional. O contexto político da Madeira tem uma história própria de regime autoritário e de desprezo por todos os que estão contra o regime do PSD, que fracturou muito o eleitorado ao longo dos anos. Parece-me que seria mais fácil o CDS-Madeira manter o seu eleitorado ou até crescer e garantir a sua existência no futuro juntando-se ao PS do que juntando-se ao PSD. Vamos ver se optam pelo trilho mais fácil ou pelo mais difícil.
Já para o PSD, esta coligação também pode ser catastrófica. É verdade que por agora mantêm-se no controlo, mas quando o final da legislatura se aproximar muito provavelmente o CDS vai fazer cair o governo para tentar evitar o eclipse do partido. A queda do governo somado a um desgaste natural de Albuquerque tem tudo para correr mal. Uma coisa estas eleições trouxeram: emoção até ao fim. Os próximos quatro anos vão ser explosivos, ai se vão!

sexta-feira, 12 de abril de 2019

Os Portugueses estavam a viver acimas das suas possibilidades!



·         Foi a adesão ao Euro. Dizem que não estávamos preparados …

·         Os preços de alguns produtos subiram devido aos arredondamentos. Esse aumento não foi refletido nos aumentos dos salários.

·         Depois vieram as PPPs e a construção de autoestradas mesmo em trajetos que outras soluções mais económicas serviam perfeitamente.

·         A corrupção entre o Estado e o Privado.

·         A Justiça lenta e burocrática (e por isso mais dispendiosa).

·         O pagamento de rendas excessivas aos produtores de eletricidade? E os favores à EDP?

·         As ganâncias dos bancos que emprestavam dinheiro até a quem não tinha condições de saldar os empréstimos. E com isso tivemos de pagar biliões para resgatar os bancos.

·         Depois veio a “Troika”. Congelaram os salários, cortaram um dos subsídios e criaram a sobretaxa.

·         As privatizações de empresas lucrativas que trataram logo de aumentar os preços para terem ainda mais lucros.

·         Depois alteraram os escalões do IRS, para pagarmos ainda mais impostos.

·         Criaram quotas mais apertadas para progressões na carreira (e escalões com mais letras).

·         Os jornais escrevem que a classe mádia está a encolher.

·         Os jovens licenciados emigram e não pensam em voltar tão cedo.

·         A disparidade salarial é das maiores da europa (diferença entre de salários dos gestores e dos trabalhadores).

·         O salário médio líquido é inferior a 800 Euros.

·         Os preços das casas ainda não parou de subir (como será quando as taxas de juro subirem?).

·         Apesar de tudo isto, as exportações têm crescido, assim como a economia, e o défice desceu para 0,5%.

A pergunta que resulta: Como teria sido se não tivéssemos vivido acima das nossas possibilidades?


O GOVERNO TRATA OS TRABALHADORES DO ESTADO DE FORMA DESIGUAL.


O primeiro-ministro diz que o único compromisso do Governo “era o descongelamento das carreiras na função pública”.
Por outro lado, a Lei do Orçamento do Estado para 2018, de 29 de dezembro, estabelece no artigo 19.º que “a expressão remuneratória do tempo de serviço nas carreiras, cargos ou categorias integradas em corpos especiais, em que a progressão e mudança de posição remuneratória dependam do decurso de determinado período de prestação de serviço legalmente estabelecido para o efeito, é considerada em processo negocial com vista a definir o prazo e o modo para a sua concretização, tendo em conta a sustentabilidade e compatibilização com os recursos disponíveis.”
Ou seja, para aqueles setores do Estado em que o tempo de serviço é determinante para a progressão nas carreiras, o Governo admite considerar um período para efeitos de recuperação do tempo em que as mesmas estiveram congeladas.
No caso dos professores, o Governo aprovou contabilizar dois anos, nove meses e 18 dias “no momento da progressão ao escalão seguinte, o que implica que todos os docentes verão reconhecido esse tempo, em função do normal desenvolvimento da respetiva carreira”.
Entretanto, ficamos a saber que também as forças militares e os juízes vão ver algum tempo considerado.
O país entra em crise e “pedem-nos a todos” um esforço que inclui o congelamento dos salários, e agora o Governo vem dizer que para aqueles que progridem na carreira de x em x anos vai ser contabilizado algum desse tempo, e para os restantes não.
Porquê? Provavelmente o Governo acha que os trabalhadores do Estado cujas progressões nas carreiras não dependem do tempo de serviço podem ser aumentados todos os anos, ou a qualquer altura…
Será que o Governo não sabe que há profissionais de setores do Estado (sejam funcionários públicos, sejam do setor empresarial) que ficam anos e anos sem ser promovidos, mesmo com avaliação consecutivas de bom desempenho?
E que esses períodos de tempo podem ser muito superiores aos referidos de “x em x anos”?
E que existem cotas para progressão na carreira que servem para impedir a grande maioria dos profissionais de progredir, durante anos e anos, mesmo com muito boas avaliações de desempenho?
E que muitos dos trabalhadores do Estado estão há pelo menos 8 anos sem ser promovidos e que podem ficar ainda muitos mais anos (com diminuição da qualidade de vida, primeiro no ativo e posteriormente na reforma)?  
E que as tabelas de progressão na carreira sofreram recentemente aumentos dos escalões com a consequente redução no incremento salarial?
Quem dera a muitos profissionais do Estado ter a possibilidade de progredir na carreira de tantos em tantos anos, à semelhança dos professores, militares ou juízes, desde que isso dependesse do bom desempenho das suas funções.
Por tudo isto, não posso deixar de dizer que esta descriminação que o Governo está a fazer ao tratar de forma desigual profissionais de diferentes setores do Estado, me parece muito mal.
Será que tudo isto se deve ao facto de certas profissões terem maior capacidade de fazer pressão sobre o Governo?
Seja como for, a mim parece-me injusto.