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quarta-feira, 26 de junho de 2013

FENPROF 1-0 Governo

O anunciado consenso entre o sindicato dos professores e o governo só pode querer dizer uma coisa: o governo perdeu a guerra. Não vou comentar se é bom ou mau, até porque na minha óptica nenhum deles tem razão em todos os argumentos apresentados. Chamo apenas a atenção para o sinal de fraqueza que o estado dá agora a todos os outros sindicatos. A agravar, há uma semana atrás o governo não cedeu e provocou o caos nos exames de 12º ano, prejudicando os alunos e promovendo uma injustiça enorme baseada no alfabeto. Então, depois de tudo o que se passou e se disse e passada uma semana apenas cede? Qual é a ideia que transmite? Que era uma birra e que não tinham razão? Sim, parece-me que sim.

Letónia

Por muito pessimistas que sejamos, a nossa espécie tem sempre tendência a agarrar-se a pequenas crenças ou bons exemplos, acreditando que o que de bom aconteceu aos outros, também nos vai acontecer. A palavra certa é esperança. Por vezes a mesma não tem fundamento, uma vez que para a ter é necessário trabalhar muito e bem. A maior parte das vezes a esperança é usada para desculpabilizar os nossos erros e inaptidão para algo.
Os técnicos do FMI transmitem essa esperança aos países intervencionados dando como exemplo o caso de “sucesso” da Letónia.
Em 2008 este país solicitou a intervenção do FMI, 7,5mil milhões de euros (10% do que Portugal solicitou). As contrapartidas foram: corte de 15% no orçamento do estado em dois anos, corte de 30% nos salários dos privados, corte de 20% do salário mínimo para 140euros, corte das pensões em 10% e IVA a 22%.
No ano de 2009, o corte no PIB foi de 11% levando ao fecho de escolas e hospitais, reduzindo as despesas com salários públicos em 40%.
Em 2010 a taxa de desemprego oficial atingiu os insustentáveis 30%, com a taxa de emigração a registar os níveis mais altos da sua história.
Depois de tudo o que referi, o FMI congratulou-se com uma subida de 4% do PIB em 2011, dando o país como um exemplo de como se coloca um país a crescer. A fórmula é simples: implode-se o PIB, reduzindo-o em 30% em 2 anos, para depois esperar para crescer 4% (se crescer e quando crescer). Para esta “receita” estima-se que o “paciente” demore 10 anos a recuperar os índices económicos que tinha antes de entrar no “consultório” FMI. Como o nosso governo está empenhado em ser um bom aluno, ainda nos resta muito caminho a trilhar para chegarmos às percentagens da Letónia…

As 50 sombras de grey

Não, não li, mas como já é a 2ª vez que vejo no comboio uma mulher deixar cair o livro no chão, deslizando para fora de uma capa externa que disfarçava a leitura do polémico livro, não consigo deixar de fazer uma breve referência ao mesmo.
Desde a primeira vez, já lá vão alguns meses, que assisti ao desmascarar da leitura de uma mulher no comboio com uma “maldita” escorregadela do livro para o chão, que passei a reparar na quantidade de mulheres que usam a “capinha” mágica para encobrir a leitura. Imagino, e a margem de erro não deve ser muito grande, que 80% dos casos devem esconder a capa e o título do referido livro.
Para quem não sabe o que é, aconselho a pesquisar na internet, porque não me vou alongar muito  a explicar bem aquilo que não li. No entanto, por aquilo que já li em comentários sobre literatura, trata-se de um livro sobre sexo, não do normal mas do hardcore, polémico, com masoquismo à mistura, e que – claro! - mete uma virgem e um ricaço “à mistura”, que ainda por cima é do tipo macho alpha. Tem sido bestseller em vários países e o sucesso foi tal, que originou mais dois livros - para aproveitar o andamento das vendas do primeiro. A trilogia atingiu assim o total de 71milhões de livros vendidos em todo o mundo. (uahu!!)
Dizem que é o livro das donas de casa americanas, porno para mães e que é lixo literário. Outros dizem que despertou a sexualidade nas mulheres e que as colocou a ler. Não tenho conhecimento nem dados para comentar as críticas, mas as vendas falam por si. E como compra quem quer, arrisco-me a dizer que foi um tiro certeiro. Quem o fez, teve olho para o negócio e isso para mim já é motivo de respeito (gostando-se ou não do género). A verdade é que sempre existiram revistas “porno” para os homens, mas para as mulheres não tenho ideia. Talvez isso justifique o seu sucesso, preencheu um vazio existente no mercado.
Tal como aconteceu com o Dan Brown, vamos certamente assistir ao aparecimento de imitações (seguidores ou oportunistas)… Em jeito de provocação: qual será o/a figura pública portuguesa (pode ser jornalista) que terá coragem para se lançar neste tema e fazer uns cobres valentes?? ;) Aceitam-se palpites.

terça-feira, 25 de junho de 2013


Se continuassem a ter apenas os seus deuses da antiguidade, talvez os gregos percebessem melhor aquilo que estão a viver, a injustiça de que são vítimas, a apatia e a letargia de uma Europa que, desde há vários anos, não faz outra coisa senão humilhá-los e que declara que não os quer expulsar quando, no seu espírito, já os expulsou.
Na Antiguidade, sabia-se bem de mais o quanto os deuses eram caprichosos. Sobre todos reinava Ananque: a deusa da Necessidade ou do Destino. Em Corinto, Ananque partilhava um templo com Bia, a deusa da Violência. Aos olhos dos atenienses, a Europa tem os traços dessa Necessidade.
Talvez os gregos entendessem por que é que, a 14 de junho, uma cimeira reuniu em Roma os ministros da Economia e do Trabalho de Itália, de Espanha, de França e da Alemanha para debater o emprego – um dossiê que, de repente, se tornou central – e por que é que nenhum deles teve a ideia de convidar o mais desfavorecido de todos os Estados-membros: 27% de desemprego, mais de 62% de jovens sem trabalho. Os números mais altos da Europa.
Salvar as contas dos credores
A Grécia é uma nódoa na Europa desde o início da cura de austeridade.Pagou por todos nós, servindo-nos, ao mesmo tempo, de cobaia e de bode expiatório. A 6 de junho, durante uma conferência de imprensa, Simon O’Connor, porta-voz do comissário para os Assuntos Económicos, Olli Rehn, reconheceu que, para os europeus, [a crise grega] foi um “processo de aprendizagem”. Possivelmente, irão proceder de forma diferente com outros países, mas isso não é razão para se mostrarem satisfeitos: “Foi muito difícil manter Atenas no euro”; “Contestamos vivamente aqueles que pretendem que não fizemos o suficiente pelo crescimento”.
Foi esta a reação de Simon O'Connor e de Olli Rehn a um relatório que acaba de ser publicado pelo Fundo Monetário Internacional: o mesmo FMI que, ao lado do Banco Central Europeu e da Comissão Europeia, compõe a famosa troika que concebeu a austeridade nos países endividados e que vigia a partir das suas altas esferas. É uma acusação muito grave contra as estratégias e os comportamentos da União durante a crise.
A Grécia “ter-se-ia saído melhor” se a sua dívida tivesse sido reestruturada e simplificada logo desde o início. Se não se tivesse procedido com essa lentidão funesta que caracteriza a tomada de decisões por unanimidade. Se se tivesse chegado a acordo sobre uma supervisão comum dos bancos. Se o crescimento e o consenso social não tivessem sido julgados negligenciáveis. A única coisa que importou foi impedir o contágio e salvar as contas dos credores. Por todas estas razões a Grécia foi penalizada. Atualmente, é tratada como um pária dentro da União e toda a gente se congratula porque, tecnicamente falando, a Grécia continua no euro, enquanto é ostracizada em todos os outros aspetos.
Lições morais e cálculos contabilísticos
Então: adeus troika? Nada é menos certo, uma vez que os cidadãos não têm a mínima possibilidade de a sancionar pelos seus erros e dada a brandura com que ela própria recebeu o relatório do FMI. O ideal seria revogá-la a partir do Conselho Europeu de 27 e 28 de junho, consagrado ao desemprego que as três “Moiras” da troika deixaram aumentar com toda a indiferença.
O Parlamento Europeu não ousará pronunciar-se e, do lado do BCE, as reações de Mario Draghi foram evasivas, tingidas de alguma satisfação: “O aspeto positivo que ressalta do relatório do FMI é que o Banco Central Europeu não foi posto em causa”. O próprio FMI é ambivalente: todas as suas declarações são salpicadas de oximoros (afirmações ao mesmo tempo “subtis” e “estúpidas”, segundo a etimologia da palavra). Falhou redondamente, mas isso é considerado “necessário”. A recessão grega “ultrapassa todas as previsões”, mas é “inevitável”. O destino e os seus ilogismos reinaram sempre como mestres e senhores, no entanto, é aos humanos que, hoje, compete geri-los.
Na verdade, os motivos de satisfação são raros. A União não percebeu a natureza política da crise – a ausência de unidade e de solidariedade europeias. Não resta senão um emaranhado perverso de lições morais e de cálculos contabilísticos, e o pânico de contágio e de risco moral. Apagar rapidamente a ardósia, como muitos especialistas defendem, só premiará o mau comportamento. E, depois, acusa o relatório do FMI, a Europa prefere proteger os credores do que lutar contra o contágio: o adiamento de decisões “concedeu a enorme possibilidade de os bancos retirarem o seu dinheiro das periferias da zona euro”. O Banco de Compensações Internacionais cita o caso da Alemanha, cujos bancos conseguiram, assim, repatriar um total de €270 mil milhões de cinco países em dificuldades (Grécia, Irlanda, Portugal, Espanha e Itália) entre 2010 e 2011.
Mas a verdadeira sujidade é mais profunda. Foi sobre a própria conceção do setor público, sempre suspeito, que o machado se abateu. Foi sobretudo aí que os empregos e os salários mais caíram. E a democracia sofreu com isso, a começar pelo serviço de comunicação social, atingindo o clímax na noite de 11 de junho, quando o Governo, subitamente, fechou a rádio e a televisão públicas – a ERT – com a cumplicidade tácita da troika, que exigia despedimentos maciços de funcionários.
Instituições europeias não estão à altura
Continuando a deixar planar a hipótese de uma saída da Grécia, a Europa quebrou o laço de confiança que unia os membros da União, engendrando uma forma de guerra. Deixou de haver lugar para alguns países pouco dignos de confiança e pouco poderosos: parece que estamos nos Desastres da Guerra, de Goya. Atenas não foi convidada para a cimeira de Roma, mas Lisboa também não: o seu Tribunal Constitucional considerou inconstitucionais dois parágrafos do projeto da troika – a partir de agora, Portugal passa a ser tratado como pária. “Congratulamo-nos com o facto de Lisboa dar seguimento à terapia acordada: é essencial que as instituições chaves se unam para apoiarem o país”, fez saber a Comissão, dois dias depois do veredicto, rejeitando qualquer possibilidade de renegociação. O género de comunicado que a Comissão nunca faz sobre as decisões do tribunal alemão, tidas como irrevogáveis.
Tais nódoas são indeléveis, mais ainda mais quando vistas à luz do que era a Europa no seu início. Não nos esqueçamos: o objetivo era pôr fim às guerras entre potências fragilizadas no final dos dois conflitos, mas também à pobreza, que tinha empurrado os povos para os braços das ditaduras. Não foi por acaso ter sido um europeísta, William Beveridge, a conceber o Estado-Providência a meio da última guerra.
As instituições europeias não estão à altura das tarefas que hoje se espera que cumpram. É, por isso, ainda mais necessário que os cidadãos se exprimam, por intermédio do Parlamento, que elegerão em maio de 2014, e de uma Constituição digna desse nome. A Comissão deveria assumir a forma de um governo eleito pelos povos e prestar contas aos eurodeputados. Uma Comissão como esta que hoje atua no seio da troika deveria poder ser demitida depois dos erros que cometeu.

Ali gastou o seu dinheiro, a sua honra e o seu tempo. Semeou a discórdia entre os Estados-membros. Empurrou o povo grego para a derrocada. É criticada pelo FMI sendo alvo de duplicidade. Sofre daquilo a Einstein considerou o pior defeito do político e do sábio: “É loucura continuar a comportarmo-nos da mesma maneira e esperarmos resultados diferentes”.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Brasil e a herança tuga

Infelizmente para eles, deixámos lá também o pior que o tuga tem: corrupção. Os investimentos realizados para a organização dos variados eventos já citados, desviaram em média 400%. O estádio do Maracanã, que foi apenas reabilitado, custou mais 600% do que inicialmente previsto. Assim o total dos investimentos vai em 8,8mil milhões de euros, se bem que ainda não está fechado. É de facto muito dinheiro para um povo cuja maioria da população vive com menos de 200 euros mensais. Têm a minha solidariedade.

Brasil e as manifestações

Há coisa de três anos, quando se iniciavam os trabalhos nas infraestruturas desportivas para a realização dos vários eventos desportivos “adjudicados” ao Brasil, lembro-me de comentar com um colega de profissão (do ramo da construção) que o Brasil é que “estava a dar”. Fruto dos investimentos enormes que o país estava a fazer, tornou-se o alvo, o “el dourado”, de tudo o que era construtora no mundo. Os prazos apertados, já se sabe, fazem subir os preços o que torna os projectos muito apetecíveis para todos. Mas esse colega disse-me uma coisa que não esqueci e que na altura me surpreendeu pois não estava por dentro da situação: “O Brasil é uma bolha, prestes a rebentar. Existe este entusiasmo todo mas o crescimento da economia está a ser feito à custa de esbanjamento de dinheiro em infraestruturas e imobiliário, tal como aconteceu em Portugal. Quando o investimento abrandar a economia vai cair e, ou arranjam mais petróleo ou a economia pára, mas maior produção de petróleo implica desvalorização do mesmo”.
Efectivamente, quando o Brasil se candidatou a organizar a Taça das Confederações (2013), a Copa do Mundo (2014) e os Jogos Olímpicos (2016) o crescimento estava nos 7%, agora está em 1% (o mesmo que Portugal teve nos últimos 10 anos…
E a verdade é que os estádios não trazem riqueza futura, principalmente para um país que já é um destino turístico. É que estes eventos podem servir de promoção do país ao exterior, mas no caso do Brasil, um destino altamente divulgado pelo seu carnaval, não me parece que os ganhos justifiquem o investimento.
Confesso-me surpreso, positivamente, pela manifestação do povo brasileiro e pela consciência moral e social que o mesmo demonstra e exige aos seus governantes. Um exemplo para as sociedades do resto do mundo.

Álvaro e o Borda d’Água

Depois das despropositadas declarações do Ministro Vítor Gaspar sobre a meteorologia do país e as implicações negativas da mesma no investimento realizado em Portugal e do desempenho económico do país, eis que o não menos despropositado ministro da economia Álvaro Santos Pereira, o tal que há muito quis sair do governo, tem também ele uma despropositada actuação perante uma reunião parlamentar. Perante o gozo do seu colega de governo por parte do deputado do PCP, desfaz-se em gargalhadas estridentes contagiando os restantes presentes na reunião, quer dos partidos do governo quer da oposição, incluindo o secretário de estado dos transportes, o tal das PPP que anda sempre a fingir que corta nas compensações.
Aparentemente o episódio seria para rir, se fosse num programa tipo “gato fedorento” ou “contra-informação”, em plena assembleia causa-me asco. O país está na miséria, os jovens a emigrar e esta gente a rir-se… Não há sensibilidade, não há pudor, não há vergonha, não há respeito pelos poucos que ainda trabalham neste país para o manter em “coma”…

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Zona euro. A "solidariedade" que enriquece os ricos e empobrece os pobres

Portugal não é a Grécia, a não ser que falemos de poder de compra. Aí sim, somos não só a Grécia mas também a Eslováquia, três dos quatro países dos 17 que compõem a zona euro com os habitantes mais pobres (com 75% do poder de compra do europeu médio). O Eurostat revelou ontem os dados sobre o PIB per capita de cada estado europeu em 2012, valores que, cruzados com o cenário em 2009, mostram que os últimos anos serviram para enriquecer os países já antes ricos, empobrecendo os estados-membros que já antes da crise tinham os cidadãos mais pobres.
Assim, e olhando para a evolução dos diferentes poderes de compra dos europeus de 2009 até 2012, os dados mostram que o Norte e o Centro da moeda única enriqueceram nestes anos, ao passo que os menos ricos, sobretudo situados no Sul, ficaram ainda mais longe dos padrões de vida a norte. O resultado choca com os discursos de solidariedade entre estados, mas resulta em parte dessa suposta solidariedade de Bruxelas, Berlim e demais instituições.
Segundo os dados de ontem do Eurostat, a zona euro fechou 2012 com um PIB per capita equivalente a 108% da média da UE27. Em 2009, a zona euro apresentava uma média de 109% face à média dos 27. Contudo, olhando em detalhe para cada um dos países da moeda única, notam-se evoluções completamente opostas: os países afogados em austeridade e em juros impostos pelos pacotes de "ajuda" estão em queda livre em termos de PIB per capita, ao passo que os países que "ajudam" estão a enriquecer.
Os portugueses, por exemplo, passaram de um PIB per capita de 80% da média da UE27 em 2009 para 75% em 2012; na Grécia a queda foi ainda mais abrupta, com um recuo de 94% para 75%, estando agora ao nível português. Em Itália e Espanha, sem pacotes de ajuda mas entre os "maus da fita" do Sul, as quedas foram idênticas: de 104% e 103% para 98% e 97%, respectivamente. Já fora do Sul, os alemães reforçaram o poder de compra de 115% da média da UE27 para 121%; os austríacos de 125% para 131%; os holandeses recuaram ligeiramente mas persistem acima dos valores alemães; na Finlândia o PIB per capita cresceu de 114% para 115% e no Luxemburgo o valor subiu para 271%.

Se é certo que opções, erros e más políticas dos governos dos últimos anos de Portugal ou Grécia, por exemplo, são os grandes responsáveis pela queda destes países em recessão, também é cada vez mais evidente que os países ricos da zona euro souberam pôr a desgraça alheia a render em seu proveito: os pacotes de "ajuda" impostos aos países em dificuldades asseguraram uma enorme margem de lucro para estes, através dos juros cobrados aos países "irmãos" do euro, que, não fossem os elevadíssimos custos dos juros suportados pelos empréstimos "solidários", estariam já mais longe do caos: Portugal gasta por ano 4,4% do seu PIB em juros - 7,2 mil milhões de euros -, valor que sai directamente dos bolsos dos contribuintes e dos trabalhadores portugueses para dezenas de cofres de Estados e bancos europeus.

Por Filipe Paiva Cardoso 


terça-feira, 11 de junho de 2013

Não dês Cavaco

Cada vez que Cavaco tem de realizar um discurso oficial à nação aproveita para malhar no PS. Esta é a conclusão que tiro das intervenções do presidente da república, que deveria ser apartidário, mas que claramente não o é. A forma com desculpabilizou as medidas duras aplicadas pelo governo de PPC, com os bodes expiatórios do costume – FMI , BCE, Troika e crise económica mundial – coisa que não fez no governo Sócrates, bem pelo contrário, põe a nu as convicções político-partidárias do presidente, que assim, deixa de ser o presidente de todos os presidentes e passa a ser apenas o presidente dos poucos simpatizantes de PSD e CDS que ainda apoiam o governo. Ao apoiar claramente o governo retira o cenário de eleições antecipadas aos partidos da oposição e deixa o aviso a todos os portugueses ao jeito dos Enapá2000: “Ou estão quietinhos ou levam no focinho”.

JP Morgan

Não tem muito tempo que os nossos políticos resolveram aprovar uma lei contra a corrupção nos serviços do estado. Se não estou em erro a referida lei estabelecia o valor de 1.500,00euros em “presentes” como limite para ser considerado corrupção. Não deixa de ser irónico que estes papistas que pregam tanto contra a corrupção dos “pequenos”, entreguem agora a assessoria da venda dos CTT ao banco JP Morgan, o mesmo que o estado colocou em tribunal por danos causados com os famosos “swap”, em que os contratos mediados pelo banco geraram prejuízos para o estado na ordem dos 450milhões… Estranho?.. Talvez não.

terça-feira, 4 de junho de 2013

O “investimento estrangeiro”

Vi hoje a notícia que a EDP e a nova acionista China Three Gorges, vão iniciar o seu plano de investimentos 2mil milhões até 2015 no… estrangeiro.
Sendo assim não nos serve de nada. Já escrevi aqui que o que nos interessa é que desenvolvam investimentos em Portugal do tipo autoeuropa. Tudo o resto, principalmente no estrangeiro não nos serve de nada, porque convém relembrar, estas grandes empresas têm sede fiscal na Holanda, para pagarem lá os impostos dos rendimentos obtidos fora de Portugal. Assim, o que conseguimos ao vender a EDP, é que o novo acionista leve a EDP para onde lhe interessa e não para onde “nos” interessa.
Mas os espertos dos nossos comentadores vão dizendo que é bom este tipo de investimento estrangeiro e o povo lá vai engolindo…

O inútil Gaspar

Com a aproximação das autárquicas os políticos começam a fervilhar. Existe uma agitação, uma tensão, uma ansiedade activada pelo espírito de sobrevivência. É o salve-se quem puder.
É vê-los a lançar candidaturas “independentes” desmarcando-se do PSD e do governo. É vê-los a atacar o governo como se não pertencessem ao mesmo partido. Esta atitude mostra o carácter oportunista desta gente, ao qual associo o ditado popular “os ratos são os primeiros a abandonar o barco”. Supostamente a assembleia é constituída por deputados eleitos por círculos eleitorais e supostamente os membros do partido escolheram os seus candidatos a deputados. Se não concordam com as medidas do governo deveriam exigir que os seus “escolhidos” votassem contra ignorando a ditadura da disciplina de voto.
Deu para rir, não mais do que isso, ver Marcelo Rebelo de Sousa a dizer que Vítor Gaspar era um inútil com “i” pequeno… Além de altamente parcial, é inconsequente.