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quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Banif – Em saco roto

Vi um dia destes uma notícia que veio confirmar os meus piores receios relativamente à “nacionalização” camuflada deste banco. A notícia fazia referência a que o Ministro das Finanças tinha estipulado que não poderiam ser efectuados levantamentos superiores a 500mil euros, das contas poupança do BANIF, por cliente. Bem até aqui parecia normal, mas o que me chamou a atenção foi para o que se seguia na notícia. É que esta medida ir colocar em causa duas empresas, de nome para mim desconhecido, que teriam no banco mais de 500mil euros em depósitos.
Uii pensei… já lá há duas empresas com mais de 500mil euros???? SÓ?? Estamos lixados… Os amigalhaços já fizeram o trabalho, já raparam as suas contas do banco! Lá vamos nós, contribuintes, pagar mais desvios de dinheiro!! SAFA! Haja saco (roto) para isto!!!
Estou mesmo a ver que em agosto vão aparecer privados a investir no banco… Sim, Sim. Claro que sim. Eu também ainda acredito no Pai Natal… Pode ser que apareça o Mira Amaral, a comprar também o Banif por 70milhões, com a ressalva do estado pagar as rescisões com os trabalhadores, capitalizar o banco em mil milhões e transferir para a Caixa Geral os lixos tóxicos.
Alguém que nos salve! Não haverá por aí nenhum Robin dos Bosques??!

As excepções da CGD e TAP

Confesso que isto me faz confusão. A irresponsabilidade dos administradores destas empresas em pedirem regime de excepção para os cortes previstos nos salários, é algo que para mim, só por si, daria lugar a rescisão por justa causa.
A Caixa Geral, ainda posso compreender que o ano passado tenha tido um regime de excepção, uma vez que os funcionários da concorrência não sofreram cortes. Este ano TODOS vão ter o corte, incluindo privados, então porque carga de água teriam os funcionários da Caixa Geral direito a regime de excepção? Qualquer dia vão pedir tabelas de IRS próprias?
O caso TAP atinge contornos escabrosos. É que a empresa apesar de gestão privada, é propriedade do estado e dá prejuízo atrás de prejuízo. A continuar assim, um belo dia o estado vai ter de sanear a empresa, ou declarar insolvência da mesma, o que, em ambos os casos, implica injectar dinheiro para pagar aos credores. Quem é o estado? Somos todos nós. Somos nós que pagamos os regimes de excepção daquela trupe! Então se sou eu que vou pagar, também deviam, via referendo, perguntar-me se estou disponível para abdicar do meu salário para pagar os regimes de excepção dos funcionários da TAP!!! Ou não??????

Calhou a Fava às Estradas de Portugal

Como já tinha feito referência neste post: http://enaosepodematalos.blogspot.pt/2012/10/mais-uma-negociata.html, a negociata feita pelo secretário de estado dos transportes com as concessionárias está agora sobre fogo, dado que se verificou um flop, ou melhor uma trafulhice, e veio agora à balia dadas as dificuldades das Estradas de Portugal em garantir estabilidade financeira, com os encargos dos créditos e sem as receitas das portagens.
Nada que não fosse esperado uma vez que foi este mesmo senhor que, quando trabalhava nos privados, fez os contratos de concessão com o estado. A quem é que ele seria leal? A quem toda a vida lhe deu o pão para a boca ou a quem durante no máximo 4anos (se durar tanto) lhe vai pagar o salário?..
Bom, o PS veio, e bem, exigir que se acabasse com os pagamentos das portagens nas ex-scut, uma vez que, como referi no meu post, o estado “nacionalizou” a dívida contraída pelas concessionárias, ou seja pagou em 2012 a construção integral das mesmas.
Mas como neste país é tudo a brincar, pudemos assistir na televisão, a uma reunião na assembleia da república, onde o secretário de estado, com uma grande lata, disse que efectivamente tinham de rever o acordo porque não correu da melhor maneira. Jura??? Que surpresa?!
Então e ficamos assim? Não correu bem e pronto? Não há consequências? Não há responsabilidades? Não há demissões? E ir responder no banco dos réus do tribunal não? Este país é uma comédia…

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Saudosa ilusão

Vi uma notícia que dizia que no ano passado, foram penhorados 3.762 carros de alta cilindrada, mais 180% do que os 1.343 automóveis retidos pelo Fisco no ano anterior. Na lista de carros, constavam nove Lamborghini, seis Ferrari, dois Bentley, dois Rolls Royce ou dois Aston Martin.
Sinais da crise que afecta todos, nomeadamente a nossa classe média. Creio que não é novidade para ninguém que o nosso país tem poucos ricos. Por isso alguns bens de luxo são pertença de uma classe média alta que vive muitas vezes no limite das suas possibilidades. Pelo menos viveu, enquanto o crédito foi facilitado. Quando digo que viveram no limite, não o faço em tom crítico, digo que obviamente fizeram as suas contas contando com X por mês, que foi dado como certo e hoje volatilizou-se. Haverá certamente quem se tenha deslumbrado mais e quem tenha sido mais prudente. Hoje no 3º ano consecutivo de austeridade e o 5º ano de quebra da economia (estoirou em 2008), esse rendimento X, poderá estar reduzido a 2/3, ou mesmo a 1/2. É com pesar que vejo estas notícias por dois motivos. O primeiro porque há sempre gente inocente apanhada na tormenta. Pessoas cuja vida parecia estar totalmente controlada e que de um dia para a noite desaba.
O segundo é porque demonstra a fragilidade, a miséria da nossa economia. Se não se vendem, as marcas deixam de ter representante em Portugal, despedem-se funcionários e fecham-se lojas. Ficando para trás um país que um dia foi colorido, foi contemporâneo, foi próspero. Confesso que mesmo que não passasse de uma ilusão, foi bom ter vivido nele.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013


S.SOCIAL VERSUS PENSIONISTAS, REFORMADOS E APOSENTADOS 
(CARTA ABERTA A PEDRO PASSOS COELHO)
FALEMOS SÉRIO!!!!

Pedro é o trato que usarei para me dirigir a ti, naquilo que há para falarmos sério. Porque sou veterana, apesar de ter consciência de que não somos amigos.
Não és meu amigo, como me trataste, hipocritamente e de forma quase insultuosa, na tua mensagem de Natal. Eu não sou tua amiga, porque não tenho como amigos quem me insulta, quem procura humilhar-me, que mente e me tira o que a mim me pertence. Amigos respeitam-se. E eu não me sinto respeitada por ti, Pedro.
E não sou hipócrita ao dizer frontalmente o que sinto, na pele daquilo que é hoje o meu estatuto: pensionista, reformada APÓS 49 ANOS DE TRABALHO. Mais anos do que aqueles que tens de vida, Pedro.
Falemos sério, Pedro. Porquê essa obstinada perseguição àqueles que construíram riqueza nacional ao longo de muitos anos de trabalho, enquanto tu, Pedro, crescias junto de pais que, creio, trabalhavam para tudo te darem, e que hoje não valorizas como esforço enquanto cidadãos e enquanto pais?
Porquê essa perseguição obsessiva àqueles que construíram um país de verticalidade, de luta e resistência, enquanto caminhavas nas hostes dos boys de um partido disponível para compensar aqueles que gostam de “engrossar” a voz, mesmo que desrespeitando os que tudo fizeram pela conquista do espaço democrático, onde cresceste em liberdade? Uma liberdade conquistada, muito suada, e por isso ainda mais digna de ser respeitada.
Respeito, Pedro, é o que se exige por aqueles que hoje persegues, lesto e presto sem sentido, como que procurando um extermínio que não ousas confessar.
Falemos sério, Pedro. É tempo de falares sério, apesar do descrédito em que caíste. E falemos sério sobre reformas, sobre pensionistas e sobre Segurança Social.
Não fales sobre o que desconheces. Não te precipites no que dizes. Não sejas superficial, querendo parecer profundo apenas porque, autoritariamente, “engrossas” a voz. Não entregues temas tão complexos ao estudo de “garotos”, virgens no saber-fazer. Não entregues estudos a seniores que, vendendo a alma ao diabo, se prestam a criar cenários encomendados, para servirem os resultados que previamente lhes apresentaste, Pedro. E os resultados são, como podemos avaliar, desastrosos, Pedro. Económica e socialmente.
Vamos falar sério, Pedro. Não porque tu o queiras, mas porque eu não suporto mais a humilhação que sinto com as falsidades ardilosas lançadas para o ar, sobre matérias que preferes ignorar, porque nem sequer as estudas.
A raiva cresce dentro de mim, porque atinge a verticalidade e honestidade que sempre nortearam a minha vida, Pedro. Uma raiva que queima, se silenciada, E não me orgulho disso, podes crer Pedro.
Vamos por fases cronológicas que te aconselho a estudar:
a)            Pedro, por acaso sabes que o sistema que hoje se designa por “Segurança Social” deriva da nacionalização – pós 25 de Abril – das “Caixas de Previdência” sectoriais, que antes existiam?
b)           Por acaso sabes, Pedro, que o Estado português recebeu, sem qualquer custo ou contrapartida, os fundos criados nestas Caixas de Previdência, a partir das contribuições dos trabalhadores e dos seus empregadores?
c)            Por acaso sabes que a Caixa Geral de Depósitos – Banco estatal de Valores e de credibilidade inquestionável – é, acrescidamente, património dos muitos reformados e pensionistas que hoje somos? É, Pedro, a CGD era o Banco obrigatório por onde passavam as contribuições destinadas às Caixas de Previdência, mas entregava a estas, as contribuições regulares, apenas 4, 5 e 6 meses depois. Financiando-se com estas contribuições e sem pagar juros às Caixas, Pedro?
Por isso sou contra qualquer alienação da CGeral. Também está lá muito de mim. Um muito que deveria estar na Segurança Social nacionalizada…para ser bem gerida.
d)           Sabes por acaso, Pedro, que o Estado Português nunca reembolsou a Segurança Social pela capitalização que conseguiu com a “nacionalização” das Caixas, como o fez aos Banqueiros?
e)           Saberás, Pedro, que a “nacionalização” das Caixas de Previdência” se deve à necessária construção de um verdadeiro Estado Social, para o qual, maioritariamente, é a Segurança Social que contribui, sem as devidas e indispensáveis contribuições do Estado? Um Estado Social criado de base a partir dos “dinheiros” pertença daqueles que hoje são reformados e pensionistas. E que por isso exigem respeito pelo seu contributo mas, igualmente, exigem sejam bem geridos, porque ao Estado foram confiados contratualmente. Para me serem reembolsados mais tarde.
E boa gestão, Pedro, é coisa que não vejo na Segurança Social, sujeita a políticas de bastidores duvidosas e para as quais nunca fui consultada. Acredita, Pedro, os reformados, pensionistas e aposentados, sabemos o que dizemos quando afirmamos tudo isto, porque ainda temos muita capacidade – suportada por uma grande e valiosa experiência – para sermos um verdadeiro governo de bastidores. Com mestria, com sabedoria, com isenção e sem subserviências.
f)            Por acaso sabes, Pedro, que a dívida do Estado à Segurança Social é superior à dívida externa, hoje nas mãos da chamada “troika”?
Pois é, Pedro, a dívida sob o comando da troika é de 78 mil milhões de Euros, é? A dívida à Segurança Social, aos milhões de contribuintes, muitos deles hoje reformados, é de 80 mil milhões de dívidas. Valor que cresce diariamente, porque o Estado é um mau pagador. Uma dívida que põe em causa não só os créditos/reembolsos aos reformados e pensionistas, na forma contratada, mas igualmente as obrigações/compromissos intergeracionais.
Porque estás tão preocupado em “honrar” os compromissos com o exterior e não te preocupas em honrar os compromissos para com os credores internos que são, entre muitos, os aposentados, os reformados e os pensionistas, antes preferindo torná-los no “bombo de festins” de um governo descontrolado?
Falemos sério, Pedro. Reabilita-te com alguma honra, perante um programa eleitoral que te levou, precocemente, ao lugar que ocupas. Um lugar de representatividade democrática, que te obriga a respeitar os representados. Também os reformados, aposentados e pensionistas votam.
E falando sério, mas com muita raiva incontida, Pedro, vou dar-te o meu exemplo, apenas como exemplo de muitas centenas de milhares de casos idênticos.
a)            Trabalhei 49 anos. Fui trabalhadora-estudante. E sem Bolonhas e/ou créditos, licenciei-me com 16 valores, a pulso. Nunca fui trabalhadora e/ou estudante de segunda. E fui mãe, num país em que, na época, só havia 1 mês de licença de maternidade e creches a partir dos dois anos de idade das crianças. Como foi duro, Pedro. E lutei, ontem como hoje, para a minha filha, a tua Laura, as tuas filhas e muitas mais jovens portuguesas, terem mais do que eu tive. A sociedade ganha com isso. O Estado Social também tem obrigações pela continuidade da sociedade, pela contínua renovação geracional. Lutei, Pedro, muito mesmo e sinto muita honra nisso como me sinto orgulhosa do que conquistou a minha geração.
b)           Fiz uma carreira profissional, também ela dura, também ela de luta, numa sociedade que convencionou dar supremacia aos homens. Um poder dado, não conquistado por mérito reconhecido, Pedro. Por isso tão lenta a caminhada pela “Igualdade”.
c)            Cheguei ao topo da carreira, mas comecei como praticante. Sem “ajudas”, sem “cunhas”, sem “padrinhos” e/ou ajuda de partidos. Apenas por mérito próprio, duplamente exigido por ser Mulher. Um caminho que muito me orgulha e me enformou de Valores, Honra e Verticalidade. Anonimamente, mas ativa e participadamente.
d)           No final da minha carreira profissional, eu e os meus empregadores, a valores capitalizados na data em que me reformei, (há dois anos) tínhamos depositado nas mãos da Segurança Social cerca de 1 milhão de Euros.
    Ah! É bom que se lembre que os empregadores entregam as suas contribuições para a conta do/a seu/sua funcionário/a. Não é para qualquer abutre esperto se apropriar dele. O modelo que Churchil idealizou – e protagonizou – após a 2ª guerra mundial. Uma compensação no desequilíbrio entre os rendimentos do Capital e os do Trabalho, e que foi adotado em Portugal ainda antes do 25 de Abril.
   Quase um milhão de Euros, Pedro. Só nos últimos 13 anos de trabalho foram entregues 200 mil Euros à Segurança Social, entre mim e o empregador.
   A minha pensão vem daí, Pedro. De tudo o que, confiadamente, entreguei à gestão da Segurança Social, num contrato assinado com o Estado Português. E já fui abrangida pelo sistema misto. E já participei no factor da sustentabilidade, beneficiando o Estado Social.
e)Mas há mais, Pedro. A esse cerca de1 milhão de Euros, à cabeça dos cálculos da minha pensão, retiraram às minhas contribuições, à minha “conta”, 20%, ou seja 200 mil Euros. Como contributo para o Estado Social. Para a satisfação do compromisso que devo para com as gerações seguintes. Para o Serviço Nacional de Saúde, para um melhor bem-estar da sociedade portuguesa.
E o dinheiro que se encontra – em depósito – nas mãos do Estado português através da Segurança Social, é de cerca de 800 mil Euros. Que eu exijo bem gerido e intocável.
      f)Valor que, conforme os meus indicadores familiares (melhores que a média das estatísticas) da esperança de vida (85 anos em média), daria para uma pensão anual de 40.000€  actualizada anualmente pela capitalização dos meus fundos. É bom que saibas que, sobre este valor, eu pagaria cerca de 16.000€ de IRS, fora os demais impostos. Mas, por artes de uma qualquer “engenharia financeira” nunca recebi nada disto.
Mas se aquele valor, que foi criado pelas contribuições de tantos anos de trabalho, estiver nas minhas mãos e sob a minha gestão, matéria em que fui profissional qualificada e com provas dadas, eu serei uma Mulher que poderá dormir descansada, porque serei independente para mim e para ajudar filhos e netos, sem ter que acordar de noite angustiada.
É, Pedro, falemos sério e honra os compromissos que o Estado tem para comigo. Dá instruções ao Ministério da Solidariedade Social(?) para que me entregue o “meu dinheiro”. O MEU, Pedro!
E vou refazer contas:
a)            De modo frio, direi que o Estado tem que pôr à minha disposição os 100% de contribuições que lhe foram confiadas, ou seja, os cerca de 1 milhão de Euros.
b)           Arredondando, e muito por excesso, descontando os valores de que já fui reembolsada, o Estado português deve-me 900.000€. É esta a verba que quero que o Estado português me pague, porque é este o valor de que sou credora.
c)            Gerindo eu esta verba podes crer, Pedro, que só com os rendimentos que obtenho da sua aplicação, e já depois de impostos pagos, terei mais do que o valor que tenho hoje como pensão. É simples, Pedro, e deixo de ser uma “pedra no sapato” dos governantes. Deixo de ser “um empecilho” na boca de “garotos” que não sabem o que dizem. E, de uma Mulher anónima com honra e verticalidade, que sou hoje, passo a ser uma Mulher rica, provavelmente colunável, protegida por todos os governantes, mesmo que a ética perca a sua verticalidade e a moral passe a ser podre.
Mas porque é tempo de falares sério, Pedro, fala aos portugueses a verdade sobre assuntos que nos interessa:
- quanto é que o cidadão e político Pedro Passos Coelho já descontou para a Segurança Social e/ou ADSE?
- quanto receberias hoje de reforma se, conforme as excepções de privilégio na lei, se te reformasses?
- quanto descontam os deputados e demais políticos para a Segurança Social ou ADSE?
- qual o montante de reforma a que têm acesso, privilegiadamente, e ao fim de quantos anos de exercício da política, independentemente da sua idade?
- Quem, e quanto recebem de reforma vitalícia, ex-governantes e outras figuras políticas, só pelo exercício de alguns anos em cargos públicos?
- qual o sistema de Segurança Social que suporta estas reformas e a quem pertence esse dinheiro? São os OE’S que o suportam, ou são os “dinheiros” daqueles que contribuíram e/ou contribuem para o Sistema?
- sendo o Estado uma entidade empregadora, qual o valor da sua contribuição (%) para a ADSE ou Segurança Social, por trabalhador? E as contas, estão regularizadas?
Falemos sério, Pedro! Os reformados exigem a verdade mas, igualmente, exigem respeito, por nós e pelo nosso dinheiro que, abusivamente, vai alimentando o despesismo de um Estado que vive de mordomias elitistas, acima das capacidades do país. Isso sim, Pedro!!!!!!!!

A reformada,
M. Conceição Batista

Lx. 19/01/2013
PS – Aguardo que me seja entregue o meu dinheiro, conforme mencionei atrás. Tenho vida a organizar. 

António Costa - Quadratura do Círculo 
(É isto que não podemos esquecer!)


Muito poucos têm a coragem de dizer o que disse António Costa, em menos de 3 minutos, no programa "quadratura do círculo".
Aqui está, textualmente, o que ele disse (transcrito manualmente):

(...) “A situação a que chegámos não foi uma situação do acaso. A União Europeia financiou durante muitos anos Portugal para Portugal deixar de produzir; não foi só nas pescas, não foi só na agricultura, foi também na indústria, por ex. no têxtil. Nós fomos financiados para desmantelar o têxtil porque a Alemanha queria (a Alemanha e os outros países como a Alemanha) queriam que abríssemos os nossos mercados ao têxtil chinês basicamente porque ao abrir os mercados ao têxtil chinês eles exportavam os teares que produziam, para os chineses produzirem o têxtil que nós deixávamos de produzir.
E portanto, esta ideia de que em Portugal houve aqui um conjunto de pessoas que resolveram viver dos subsídios e de não trabalhar e que viveram acima das suas possibilidades é uma mentira inaceitável.
Nós orientámos os nossos investimentos públicos e privados em função das opções da União Europeia: em função dos fundos comunitários, em função dos subsídios que foram dados e em função do crédito que foi proporcionado. E portanto, houve um comportamento racional dos agentes económicos em função de uma política induzida pela União Europeia. Portanto, não é aceitável agora dizer que vivemos acima das nossas possibilidades! Podemos todos concluir e acho que devemos concluir que errámos, agora eu não aceito que esse erro seja um erro unilateral dos portugueses. Não, esse foi um erro do conjunto da União Europeia e a União Europeia fez essa opção porque a União Europeia entendeu que era altura de acabar com a sua própria indústria e ser simplesmente uma praça financeira. E é isso que estamos a pagar!
A ideia de que os portugueses são responsáveis pela crise, porque andaram a viver acima das suas possibilidades, é um enorme embuste. Esta mentira só é ultrapassada por uma outra. A de que não há alternativa à austeridade, apresentada como um castigo justo, face a hábitos de consumo exagerados. Colossais fraudes. Nem os portugueses merecem castigo, nem a austeridade é inevitável.
Quem viveu muito acima das suas possibilidades nas últimas décadas foi a classe política e os muitos que se alimentaram da enorme manjedoura que é o orçamento do estado. A administração central e local enxameou-se de milhares de "boys", criaram-se institutos inúteis, fundações fraudulentas e empresas municipais fantasma. A este regabofe juntou-se uma epidemia fatal que é a corrupção. Os exemplos sucederam-se. A Expo 98 transformou uma zona degradada numa nova cidade, gerou mais-valias urbanísticas milionárias, mas no final deu prejuízo. Foi ainda o Euro 2004, e a compra dos submarinos, com pagamento de luvas e corrupção provada, mas só na Alemanha. E foram as vigarices de Isaltino Morais, que nunca mais é preso. A que se juntam os casos de Duarte Lima, do BPN e do BPP, as parcerias público-privadas 16 e mais um rol interminável de crimes que depauperaram o erário público. Todos estes negócios e privilégios concedidos a um polvo que, com os seus tentáculos, se alimenta do dinheiro do povo têm responsáveis conhecidos. E têm como consequência os sacrifícios por que hoje passamos.
Enquanto isto, os portugueses têm vivido muito abaixo do nível médio do europeu, não acima das suas possibilidades. Não devemos pois, enquanto povo, ter remorsos pelo estado das contas públicas. Devemos antes exigir a eliminação dos privilégios que nos arruínam. Há que renegociar as parcerias público-privadas, rever os juros da dívida pública, extinguir organismos... Restaure-se um mínimo de seriedade e poupar-se-ão milhões. Sem penalizar os cidadãos.
Não é, assim, culpando e castigando o povo pelos erros da sua classe política que se resolve a crise. Resolve-se combatendo as suas causas, o regabofe e a corrupção. Esta sim, é a única alternativa séria à austeridade a que nos querem condenar e ao assalto fiscal que se anuncia."

Quanto a mim, ficou apenas uma pergunta por responder: “Porque raio é que temos que passar a vida a orientar os nossos investimentos públicos e privados em função das opções da União Europeia? Parece-me, de longe, que somos dos mais submissos! E, que isso, é benéfico para uns quantos…

domingo, 27 de janeiro de 2013

Qual é a pressa?

Sim, qual é a pressa Seguro? Podemos todos continuar a sofrer as travessuras do Gaspar, as sacanices do Passos e trafulhices do Relvas sem pressas. É por isso que não constituis alternativa ao poder, porque não tens dinâmica suficiente para conduzir este país para um futuro melhor. És lento, és inerte, és um pachola e nós precisamos de energia.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

A treta da produtividade

Vi esta notícia http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=611578, que para mim não é novidade nenhuma. Mas convinha que a pandilha do governo desse uma vista de olhos. Claro que eles não querem saber, porque já definiram o que consideram que deve ser o estado, um grupo de pessoas, desmotivadas pela carga horária e baixos salários.
É difícil motivar um trabalhador sem um prémio. Tal como a cenoura à frente do burro. A verdade é que nos últimos 10anos, só por uma vez os funcionários públicos foram aumentados(em 2%) para dois anos depois verem o seu salário reduzido numa média de 5%. Depois deste desgaste é difícil motivar alguém. Se avançarem com os despedimentos e para compensar aumentarem a carga horária sem a respectiva cenoura, é perfeitamente natural que os serviços do estado funcionem ainda pior. Qualquer empresário que se preze, digno desse nome sabe esta máxima: aumentar a carga horária só por si, não significa aumento da produtividade. Também é engraçado ver na notícia que a carga horária média na Alemanha é inferior à Portuguesa, sendo que a produtividade é superior. Porque será? Porque será que quando os Portugueses vão para o estrangeiro trabalhar produzem, são funcionários exemplares e só no seu país são considerados “calões”?
Por último dizer que assisti algumas vezes a situações de empresas ligadas ao ramo da construção, que não cederem tolerâncias de ponto no Carnaval, Véspera de Natal, Ano Novo, Sexta-feira Santa, etc. aos seus trabalhadores. E posso dizer, porque o vi com os meus próprios olhos, que o rendimento dos trabalhadores nesses dias era quase nulo, arrastando-se pela semana. Era uma semana perdida. E também vi com os meus próprios olhos, empresas que cediam as tolerâncias a troco de um objectivo. Definiam que até ao dia da tolerância o trabalho X tinha de estar executado para poderem ter tolerância, e os trabalhadores esfolavam-se, saiam todos os dias 1hora ou 1h30 mais tarde para terem o trabalho concluído a tempo. Acho que nem preciso dizer o rendimento fabuloso que essas semanas tinham…

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013


Reformas por António Alves Caetano

Estimados Amigos,
Como os jornais não publicam as cartas que lhes remeto e preciso de desabafar, recorro aos meus correspondentes "Internéticos", todos os amigos que constam da minha lista de endereços. Ainda que alguns não liguem ao que escrevo.
Não sei a que se refere o Senhor Primeiro-Ministro quando afirma ser a penalização fiscal dos pensionistas resultante de todos aqueles que, em Portugal, "descontaram para ter reformas, mas não para terem estas reformas".
Pela fala do Senhor Primeiro-Ministro fica-se a saber da existência de pensões de aposentadoria que estão acima daquilo que resultaria da correcta aplicação do Cálculo Actuarial aos descontos que fizeram.
Sendo assim - e não há razões para admitir que o Senhor Primeiro-Ministro não sabe o que diz - estamos perante situações de corrupção. Porque o Centro Nacional de Pensões e a Caixa Geral de Aposentações só podem atribuir pensões que resultem da estricta aplicação daqueles princípios actuariais aos descontos feitos por cada cidadão, em conformidade com as normas legais.
Portanto, o Estado tem condições de identificar cada uma dessas sirtuações e de sancioná-las, em conformidade com a legislação de um Estado de Direito, como tem de sancionar os agentes prevaricadores, que atribuíram pensões excessivas.
Mas, é completamente diferente a situação face aos cidadãos que celebraram contratos com o Estado. Esse contrato consistia em que, ano após ano, e por catorze vezes em cada ano, o cidadão entregava ao Estado uma quota das suas poupanças, para que o mesmo Estado, ao fim dos quarenta anos de desconto lhe devolvesse essa massa de poupança em parcelas mensais, havendo dois meses em que era a dobrar, como acontecera com os descontos.
E tem de ser assim durante o tempo em que o cidadão estiver vivo e, em parte mais reduzida, mas tirada, ainda, da mesma massa de poupança individual, enquanto houver cônjuge sobrevivo.
E esta pensão tem o valor que o Estado, em determinado momento, comunicou ao cidadão que passava a receber. Não tem o valor que o cidadão tivesse querido atribuir-lhe.

Portanto, o Estado Português, pessoa de bem, que sempre foi tido como modelo de virtudes, exemplar no comportamento, tem de continuar a honrar esse estatuto.

Para agradar a quem quer que seja que lhe emprestou dinheiro para fazer despesas faraónicas, que permitiram fazer inumeráveis fortunas e deram aos políticos que assim se comportaram votos que os aconchegaram no poder, o Estado Português não pode deixar de honrar os compromissos assumidos com esses cidadãos que, na mais completa confiança, lhe confiaram as suas poupanças e orientaram a sua vida para viver com a pensão que o Estado calculou ser a devida.
 As pensões que correspondem aos descontos que cada qual fez durante a vida activa nunca poderão ser consideradas excessivas. Esses Pensionistas têm de merecer o maior respeito do Estado. Têm as pensões que  podem ter, não aquelas que resultariam do seu arbítrio.
E é este o raciocínio de pessoas honestas. Esperam que o Estado sempre lhes entregue aquilo que corresponde à pensão que em determinado momento esse mesmo Estado, sem ser coagido, lhes comunicou passariam a receber na sua nova condição de desligados do serviço activo. Ou seja, a partir do momento em que era suposto não mais puderem angariar outro meio de sustento que não fosse a devolução, em fatias mensais, do que haviam confiado ao Estado para esse efeito.
Os prevaricadores têm de ser punidos, onde quer que se situem todos quantos permitiram que, quem quer que seja, auferisse pensão desproporcionada aos descontos feitos, ou mesmo, quem sabe, sem descontos. Sem esquecer, claro está, os beneficiários da falcatrua.
Mas, é impensável num Estado de Direito que, a pretexto dessas situações de extrema irregularidade, vão ser atingidos, a eito, todos aqueles que, do que tiraram do seu bolso durante a vida activa, recebem do Estado a pensão que esse mesmo Estado declarou ser-lhes devida.
Como é inadmissível que políticos a receberem ordenado de função, acrescido de benesses de vária ordem proporcionadas por essa mesma função, considerem que pensões obtidas regularmente, com valores mensais da ordem de 1.350 Euros proporcionam vida de luxo que tem de ser tributada, extraordinariamente.

António Alves Caetano

Pedro...

(De autor desconhecido. Recebido por e-mail.)

Amigo Pedro, hoje dirijo-me a ti. O camarada Van Zeller foi passar o ano nas Maldivas, está demasiado longe para que a minha voz lhe chegue. Acabei agora mesmo de ler a tua mensagem de Natal no Facebook e só posso dizer-te que me sinto profundamente desiludido. Afinal, Pedro, és tão piegas quanto a maioria dos portugueses. A época natalícia desmascarou-te, despiu-te da armadura de ferro, amoleceu-te. Falas-nos como se fosses um convidado da Oprah ou um entrevistado do Alta Definição, esvaindo-se em lágrimas de menino pendurado numa qualquer parede de um qualquer solar português.

Dizes, ó Pedro, que este Natal não foi o Natal que merecíamos. Reconhece-lo depois de teres acabado com essa gordura social do décimo terceiro salário. Convenceste-nos de que precisávamos de fazer dieta, e agora vens vender-nos a banha da cobra em que terás banhado as azevias da Laura.

Lamentas que muitas famílias não tenham gozado na Consoada “os pratos que se habituaram”, como se os pratos tivessem hábitos. E que muitos não conseguiram ter a família toda à mesma mesa, como se isso fosse um problema para quem já nem mesa tem. Quanto mais família! Deves pensar que andamos todos a cultivar afectos, estimulados quiçá pela literatura da E. L. James. Mas tu não vês, ó Pedro, que os velhos foram abandonados, as criancinhas deglutidas e os gérmenes secados que nem figos? Não andas a escutar com atenção o Presidente da República. Se escutasses, também tu questionar-te-ias sobre o que mais é preciso fazer para que nasçam crianças em Portugal. E também tu ficarias fascinado com a mungidura das vacas e os méritos do bolo-rei em bocas amordaçadas.

Os portugueses que não puderam dar aos filhos um simples presente deviam dar os filhos a este Pedro. Ele que os crie com pratos de Sacavém. Ó Pedro, tu não és assim. Tu és outra coisa qualquer, tu és um Trinitá da política portuguesa. Resta-me a esperança de que esta tua metamorfose não seja, em boa verdade, tão piegas quanto aparenta. Talvez sejas um menino da lágrima a verter crocodilos pelos olhos. Afirmas, numa sintaxe elíptica de fazer inveja aos maiores poetas da língua portuguesa, que “já aqui estivemos antes”. Interrogo-me sobre onde será o aqui em que estivemos, tu e eu, Pedro, os dois, antes.

A comida que então esticava para todos lembrou-me a sardinha para três de que tantas vezes me falou meu pai, mas nesse tempo não havia presentes maiores nem menores, as pessoas não lavavam os dentes e poupavam no banho. Não havia presentes, nem solas nos sapatos. Ponto final parágrafo. Este ano que para muitos foi um ano cheio de sacrifícios, Pedro, não foi “apenas” mais um ano. Foi o ano em que vimos a excelência administrativa de um Oliveira e Costa a ser premiada com mesas exíguas na Consoada das famílias portuguesas. Pergunta ao José Oliveira e Costa de que tamanho era a mesa dele, e que prendas deu à filha Iolanda, e pergunta ao Caprichoso que pratos lhe levaram à mesa, e ao Monteverde se dividiu as sardinhas, e ao Duarte Lima se comeu bacalhau ou se partilhou com o filho uma lata de atum, pergunta ao Arlindo Carvalho e ao Almerindo Duarte e ao Dias Loureiro, e ao Aprígio e ao Joaquim Coimbra e ao Fernando Fantasia e ao Catum, que conhecerás bem melhor do que qualquer um de nós, pergunta-lhes, Pedro, os sacrifícios que têm feito.

Pergunto-te eu, Pedro, se é neles que pensas quando pensas nos que estão a sofrer. Se não é, devia ser. Devias pensar mais neles e noutros como eles, como esses a quem vais dando abrigo nas tuas lágrimas de Pedro. Pergunta ao Relvas se dividiu o bacalhau com os angolanos. Ou então aprende com o César das Neves e deixa de ser piegas, varre essas mensagens de facebook para debaixo do tapete como fizeste com todas as promessas que te trouxeram ao poder. Emigra, ó Pedro, faz desta crise uma oportunidade, desperta o que de melhor há em ti, mata-te, emigra, enclausura-te num mosteiro, faz qualquer coisa de útil para todos nós. Leva a Laura a passear à Sibéria e não regresses. Porque não é com orgulho que fazemos sacrifícios, estimado Pedro, muito menos supondo que esses sacrifícios trarão aos nossos filhos um futuro melhor. Mas qual futuro, ó Pedro? Tu, que ainda vês futuro onde já só se avista desesperança, explica-nos como alegrar os dias num país onde a morte ultrapassa a vida. Tu não percebes, Pedro, que estás a falar para 900 mil desempregados e outros tantos perto de o serem? Ou julgarás que só a Jonet e o César das Neves fazem um país inteiro?

Pedro, ao pé de ti o embuste Artur da Silva é uma anedota para entreter meninos, uma piada de mau gosto, um número de stand-up comedy. Tu sim, Pedro, tu és o grande embuste que nos saiu na rifa, tu mais as tuas garantias e a alegria misericordiosa das Jonet e dos César das Neves, o vaselina Ulrich e o Relvas da consciência tranquila. Tenho a certeza de que caberão todos a uma mesma mesa, a mesa dos caras-de-pau. À bondade, caridade e solidariedade da tua estirpe, eu continuo a preferir sentar-me à mesa da liberdade, da igualdade e da fraternidade… Pedro

ANA, grávida da nova Lisboa

(recebi por e-mail. Não sei quem é o autor, mas vale a pena ser lido)

Ah, sim, o discurso de Cavaco. Talvez, talvez, depende, "eu avisei". Sempre tarde. Adiante. Falemos de coisas concretas e consumadas: o casamento da ANA, uma historieta que tem tudo para sair muito cara. Passo a explicar: a ANA geria os aeroportos com lucros fabulosos para o seu pai, Estado, que, entretanto falido, leiloou a filha ao melhor pretendente. Um francês de apelido Vinci, especialista em autoestradas e mais recentemente em aeroportos, pediu a nossa ANA em casamento. E o Estado entregou-a pela melhor maquia (três mil milhões de euros), tornando lícita a exploração deste monopólio a partir de uma base fabulosa: 47% de margem de exploração (EBITDA).
O Governo rejubilou com o encaixe... Mas vejamos a coisa mais em pormenor. O grupo francês Vinci tem 37% da Lusoponte, uma PPP (parceria público-privada) constituída com a Mota-Engil e assente numa especialidade nacional: o monopólio (mais um) das travessias sobre o Tejo. Ora é por aqui que percebo por que consegue a Vinci pagar muito mais do que os concorrentes pela ANA. As estimativas indicam que a mudança do aeroporto da Portela para Alcochete venha a gerar um tráfego de 50 mil veículos e camiões diários entre Lisboa e a nova cidade aeroportuária. É fazer as contas, como diria o outro...
Mas isto só será lucro quando houver um novo aeroporto. Sabemos que a construção de Alcochete depende da saturação da Portela. Para o fazer, a Vinci tem a faca e o queijo na mão. Para começar pode, por exemplo, abrir as portas à Ryanair. No dia em que isso acontecer, a low-cost irlandesa deixa de fazer do Porto a principal porta de entrada, gerando um desequilíbrio turístico ainda mais acentuado a favor da capital. A Ryanair não vai manter 37 destinos em direção ao Porto se puder aterrar também em Lisboa.
Portanto, num primeiro momento os franceses podem apostar em baixar as taxas para as low-cost e os incautos aplaudirão. Todavia, a prazo, gerarão a necessidade de um novo aeroporto através do aumento de passageiros. Quando isso acontecer, a Vinci (certamente com os seus amigos da Mota-Engil) monta um apetecível sindicato de construção (a sua especialidade) e financiamento (com bancos parceiros). A obra do século em Portugal. Bingo! O Estado português será certamente chamado a dar avais e a negociar com a União Europeia fundos estruturais para a nova cidade aeroportuária de Alcochete. Bingo! A Portela ficará livre para os interesses imobiliários ligados ao Bloco Central que sempre existiram para o local. Bingo!
Mas isto não fica por aqui porque não se pode mudar um aeroporto para 50 quilómetros de distância da capital sem se levar o comboio até lá. Portanto, é preciso fazer-se uma ponte ferroviária para ligar Alcochete ao centro de Lisboa. E já agora, com tanto trânsito, outra para carros (ou em alternativa uma ponte apenas, rodoferroviária). Surge portanto e finalmente a prevista ponte Chelas-Barreiro (por onde, já agora, pode passar também o futuro TGV Lisboa-Madrid). Bingo! E, já agora: quem detém o monopólio e know-how das travessias do Tejo? Exatamente, a Lusoponte (Mota-Engil e Vinci). Que concorrerá à nova obra. Mas, mesmo que não ganhe, diz o contrato com o Estado, terá de ser indemnizada pela perda de receitas na Vasco da Gama e 25 de Abril por força da existência de uma nova ponte. Bingo!
Um destes dias acordaremos, portanto, perante o facto consumado: o imperativo da construção do novo grande aeroporto de Lisboa, em Alcochete, a indispensável terceira travessia sobre o Tejo, e a concentração de fundos europeus e financiamento neste colossal investimento na capital. O resto do país nada tem a ver com isto porque a decisão não é política, é privada, é o mercado... E far-se-á. Sem marcha-atrás porque o contrato agora assinado já o previa e todos gostamos muito de receber três mil milhões pela ANA, certo? O casamento resultará nisto: se correr bem, os franceses e grupos envolvidos ganham. Correndo mal, pagamos nós. Se ainda estivermos em Portugal, claro.

domingo, 20 de janeiro de 2013

Excertos da entrevista de Alexandre Soares dos Santos ao Expresso

Sobre o que diz ser um entrave ao desenvolvimento:
“…os governos estão sempre a obrigar-nos a ir lá pedir perdão ou a bênção. Este governo então é uma coisa…!”
“na fiscalidade é absolutamente horroroso, ninguém sabe as leis que se aplicam. As interpretações não têm nada que ver com a lei.”
“Falta-lhes experiência. Nunca pagaram impostos como os empresários, nunca pagaram salários. Não sabem o que é mexer na massa com as mãos, são académicos, ou pior, fizeram carreira nas juventudes partidárias!”

Sobre a crise:
“…esta é a pior crise, pior que a de 77 e a de 83. Porque nessa altura sabíamos, pelas pessoas que estavam a governar que havia um x número de anos em  que a situação se manteria… Agora não sabemos. Alguém já nos explicou porque estamos a pagar estes impostos?”

Qual o político que marcou o país pela positiva?
“Talvez Mário Soares. Teve a visão de nos juntarmos à EU numa altura difícil e salvou Portugal de um eventual regime de esquerda.”

E o pior?
“José Sócrates, absolutamente. Um homem que não ouvia nada, megalómano, mentiroso, inteligente… Costumo dizer que se o Sócrates fosse candidato à Jerónimo Martins, metíamo-lo cá e depois tentávamos desenvolvê-lo. O tipo tem cá uma garra! Mas não aprendeu nada, tem mau génio, não ouve.”

O pior ministro do actual governo?
“Sempre tive muito boa opinião sobre Vítor Gaspar, mas não sei se hoje a minha opinião é a mesma, porque é uma pessoa que mostra tendência para não alterar a sua forma de pensar.”



Não está nada mal para quem há pouco tempo atrás elevava estes mesmos senhores do governo aos céus! eram os maiores e os outros uns mauzões.
Também gostei de o ver dizer mal do Sócrates mas depois dizer que o contratava para a Jerónimo Martins!!..

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Ainda o negócio ANA

Muitas vezes nos perguntamos para onde raio vai o dinheiro dos meus impostos? Pois bem querem a resposta? Eu dou-a. Vai para as negociatas dos nossos políticos que precisam de cashflow para levarem avante os seus projectos pessoais de rendimentos futuros. Depois da injecção de dinheiro no município de Lisboa e Loures para resolver o problema criado com a “extinção” da empresa Parque Expo, o estado aceitou pagar 286milhões pelas parcelas de terreno do município de Lisboa no aeroporto de Lisboa.
Com a brincadeira da Parque Expo, o governo bancou quase 600milhões de euros em indemnizações aos municípios de Lisboa e Loures e saneamento da dívida da empresa. Dinheiro que era do país todo, Madeira e Açores incluídos. Agora com a privatização da ANA, o estado bancou só para os terrenos em Lisboa, mais 286milhões. Fora o que ainda não veio a público de outros municípios e que nunca vamos saber. A empresa Parque Expo, dava lucro todos os anos, a ANA também. Como já referi anteriormente a ANA foi vendida por 2,3mil milhões. Se lhe retirar estes 290milhões, a verba baixa para 2mil milhões de euros. Nos últimos 10 anos investiu-se 500milhões no aeroporto do Funchal, 350milhões no aeroporto do Porto e 350milhões em Lisboa. Vender todos os aeroportos por 2mil milhões? Valeu mesmo a pena? Sim, mas só para quem vai receber prémios pelos resultados do negócio.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

O negócio da educação

Este texto muito bom de Daniel Oliveira retrata o problema principal da nossa democracia, a corrupção de quem se aproveita da mesma para tratar dos seus negócios. Infelizmente tem sido sempre assim. É por isso que nos habilitamos a perder a democracia outra vez.
A reportagem referida é esta: http://www.tvi.iol.pt/videos/13754874

Daniel Olieveira

A história que aqui vos conto, e que muitos dos leitores terão tido a oportunidade de ver na TVI , é a de um grupo privado que nasceu à sombra da influência do poder político. E que, na área da educação, cresceu à custa de contratos de associação que desviam alunos das escolas públicas para colégios privados. Sem que tal seja necessário ou corresponda a qualquer benefício para os cidadãos.
Nas escolas públicas Raul Proença e Rafael Bordalo Pinheiro, nas Caldas da Rainha, há lugares vagos. Mas construíram-se dois colégios privados, do influente grupo GPS: Frei Cristóvão e Rainha Dona Leonor. Concorrência? Nem por isso. Os colégios recebem alunos que são integralmente pagos pelo Estado. Porque as escolas públicas do concelho estão sobrelotadas? Não. Porque não têm condições? Pelo contrário. As públicas pedem mais turmas e isso é-lhes recusado. As privadas crescem e recebem, por decisão da DREL, muito mais turmas do que as escolas do Estado. Os alunos são desviados do público para o privado. E o Estado paga.
No últimos cinco anos a escola pública, nas Caldas da Rainha, perdeu 519 alunos. Os colégios com contratos de associação (financiados pelos dinheiros públicos) ganharam 514. Não por escolha dos pais, mas por escolha do Ministério da Educação. A Bordalo Pinheiro, que tem condições invejáveis, resultado de um investimento de 10 milhões de euros, poderia ter 45 turmas. Tem 39. Os alunos em falta vão para escolas privadas, pagos por nós, com piores condições.
Enquanto nas escolas públicas vizinhas há professores com horário zero, os professores dos colégios do grupo GPS são intimidados para assinar declarações que os obrigam a cargas horárias ilegais. Dão aulas a 300 ou 400 alunos. Há professores com todos os alunos do segundo ciclo na sua disciplina. Tudo com o devido conhecimento da Associação de Estabelecimentos do Ensino Particular e Cooperativo (AEEP).
Para além das aulas, há, casos de professores a servirem almoços e cafés, a pintarem as instalações, a fazerem limpezas, arrumações e trabalho de secretaria e contabilidade. Isto nas várias escolas do grupo GPS, espalhadas pelo País. As inspeções do ministério a estas escolas, testemunha um professor, têm aviso prévio. Isto, enquanto, só no concelho das Caldas da Rainha, 140 professores das escolas do Estado chegaram a estar sem horário por falta de alunos.
As condições das escolas do grupo privado pago quase integralmente com dinheiros do Estado deixam muito a desejar. Portas de emergência fechadas a cadeado, falta permanente de material indispensável, cursos financiadas PRODEP sem as instalações para o efeito e aulas a temperaturas negativas.
Falta de dinheiro? Não parece. Manuel António Madama, diretor da Escola de São Mamede, também do grupo, é proprietário de uma invejável frota de 80 carros. Só este ano, o grupo GPS recebeu do Estado 25 milhões de euros. Cada turma das várias escolas do grupo recebe do Estado 85 mil euros. Dos 3 milhões de euros vindos dos cofres públicos para, por exemplo, a escola de Santo André, só 1,3 milhão é que foram para pagar professores. A quando das manifestações contra a redução dos contratos de associação, decidida por José Sócrates e que Nuno Crato anulou (enquanto fazia cortes brutais na escola pública), a presidente da Associação de Pais quis saber para onde ia o dinheiro que sobrava. Ficou na ignorância.
A pressão para dar negativa a alunos que poderiam ter positiva mas, não sendo excelentes, poderiam baixar a média nos exames que contam para o ranking, são enormes. Até ao despedimento de professores e à alteração administrativa das notas. Os maus alunos, mesmo em escolas privadas pagas com dinheiros públicos, são para ir para as escolas do Estado. No agrupamento de Escolas Raul Proença há cem alunos com necessidades educativas especiais. No colégio vizinho da GPS, o Dona Leonor, com contrato de associação, quantos alunos destes, pagos pelo Estado, existem? Nenhum. Dão demasiado trabalho, exigem investimento e baixam a escola no ranking.
Como se explica o absurdo duplicar custos quando as escolas do Estado chegam e sobram para os alunos disponíveis? De ter escolas do Estado em excelentes condições, onde foi feito um enorme investimento, semivazias e com professores com horário zero, enquanto nestas escolas privadas se amontoam alunos pagos pelos contribuintes, sem condições e com os professores a serem explorados? A TVI contou, numa inatacável reportagem de Ana Leal, documentada até ao último pormenor e com inúmeros testemunhos, a razão deste mistério.
A GPS é um poderoso grupo. 26 escolas de norte a sul do País, invariavelmente ao lado de escolas públicas e com contratos de associação com o Estado. Em 10 anos criou mais de 50 empresas em várias áreas, do turismo às telecomunicações, do ensino ao imobiliário. António Calvete, presidente do grupo GPS, foi deputado do PS no tempo de Guterres e membro da Comissão parlamentar de Educação. Para o acompanhar nesta aventura empresarial chamou antigos ministros, deputados, diretores regionais de educação. Do PS e do PSD: Domingos Fernandes, secretário de Estado da Administração Educativa de António Guterres, Paulo Pereira Coelho, secretário de Estado da Administração Interna de Santana Lopes e secretário de Estado da Administração Local de Durão Barroso, José Junqueiro, deputado do PS. Todos foram consultores do grupo GPS.
Mas entre os políticos recrutados pela GPS estão as duas principais figuras desta história: José Manuel Canavarro, secretário de Estado da Administração Educativa de Santana Lopes, e José Almeida, diretor Regional de Educação de Lisboa do mesmo governo. Foram eles que, em 2005, assinaram o despacho que licenciava a construção de quatro escolas do grupo GPS com contratos de associação para receberem alunos do Estado com financiamento público. Ainda não tinham instalações e já tinham garantido o financiamento público dos contratos de associação. Ou seja, havia contratos de associação com escolas que ainda não tinham existência legal. Um despacho assinado por um governo de gestão, a cinco dias das eleições que ditariam o fim político de Santana Lopes. Depois de saírem dos cargos públicos foram trabalhar, como consultores, para a GPS. E nem um despacho do novo secretário de Estado, Waler Lemos, a propor a não celebração de contratos de associação com aquelas escolas conseguiu travar o processo.
Alguns estudos recentes falam dos custos por aluno para o Estado das escolas públicas e privadas. Esta reportagem explica muitas coisas que os números escondem. Como se subaproveita as capacidades da rede escolar do Estado e se selecionam estudantes, aumentando assim os custos por aluno, para desviar dinheiro do Estado para negócios privados. E como esses negócios se fazem. Quem ganha com eles e quem os ajuda a fazer. Como se desperdiça dinheiro público e se mexem influências.
A reportagem da TVI não poderia ter sido mais oportuna. Quando vier de novo a lenga-lenga da "liberdade de escolha", das vantagens das parcerias com os privados, dos co-pagamentos, da insustentabilidade de continuar a garantir a Escola Pública, do parque escolar público ser de luxo... vale a pena rever este trabalho jornalístico. Está lá tudo. O resumo de um poder político que serve os interesses privados e depois nos vende a indispensável "refundação do Estado".


Ler mais: http://expresso.sapo.pt/colegios-privados-gps-uma-historia-exemplar=f771463#ixzz2IEo3G1DX

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013


O conhecimento e a sabedoria.


O desenvolvimento das sociedades, e em última análise do “homem”, sempre estiveram diretamente relacionadas com “o desenvolvimento tecnológico”.
Claro que não basta termos cada vez mais conhecimento, é preciso também termos a sabedoria de como o devemos utilizar.
O domínio do conhecimento e da sabedoria foi o que permitiu que algumas sociedades se desenvolvessem mais do que outras.
Li recentemente um livro de um professor catedrático em física teórica, em que dizia que estamos a poucos anos, provavelmente a algumas décadas, de passar do nível 1 para o nível 2. O autor classificou o desenvolvimento em 4 níveis, e dizia que estamos a um pequeno passo de passar para o nível seguinte. Dizia que esse desenvolvimento podia ser medido pelo consumo energético. Dizia, por exemplo, que hoje o mundo está em constante comunicação, pessoas de um lado do planeta comunicam com outras, do outro lado. E que o maior obstáculo a esse passo no nosso desenvolvimento vinha de nós próprios. Depreendi que se referia a uma eventual guerra mundial, com utilização de armas de destruição maciça.
Não consegui deixar de pensar que se o nível 1 vai desde o homem das cavernas até daqui a algumas décadas, como será o nível 2, o 3 e o 4.
Vivemos num época em que na agricultura moderna, um agricultor produz num ano o suficiente para o consumo anual de 98 pessoas (1 para 98). Visto no filme “Food Inc”.
Claro que isto só é possível de alcançar em alguns terrenos de enorme extensão, mas o que pretendo sublinhar é a tecnologia que já existe.
Nas frotas pesqueiras modernas encontramos barcos que detetam cardumes a milhas de distância, que lançam enormes redes para o apanhar e que têm capacidade de conservação durante o transporte. Pergunto-me se já haverá barcos que funcionem como verdadeiras fábricas ambulantes, que preparem o pescado, o embalem e congelem…
Quem nunca viu um documentário de uma fábrica de determinada indústria a produzir milhares de produtos em série quase sem intervenção humana? A automação é uma presença constantes nas fábricas modernas, e a robótica nas de topo.
Chegamos a este nível de desenvolvimento, 50 anos depois de termos pisado a Lua.
Já descodificamos o genoma humano, cada vez mais se ouvem notícias sobre a descoberta de novos planetas e galáxias (a milhões de anos-luz de distância), ou sobre o prolongamento do tempo médio de vida, ou do famoso Bosão de Higgs, etc.
E no entanto, continua a haver muita pobreza e miséria, até no país mais rico e desenvolvido do mundo.
Referindo-me em concreto a Portugal, pergunto, como é possível alguém trabalhar 40 horas por semana e levar para casa menos de 500 Euros por mês?
Com o custo de vida que temos atualmente é impossível alguém viver condignamente com esse valor, que é superior ao salário mínimo.
Então poderá dizer-se que hoje em dia, com o desenvolvimento tecnológico que já atingimos, há quem trabalhe 8 horas por dia e não ganhe o suficiente para viver com um mínimo de conforto e dignidade.
Será legítimo concluir que em Portugal a tecnologia não está a servir os interesses do homem?
Claro que poderá estar a servir os interesses de alguns, mas o que se desejava é que servisse minimamente os interesses de todos, e que depois servisse melhor os interesses dos que mais contribuem para o progresso e para a criação de riqueza.
Qual é a lógica de se penalizar alguém por fazer um trabalho que exija poucas qualificações, mas que ainda não pode ser feito por uma máquina e que é necessário?
O desenvolvimento tecnológico não devia servir para melhorar a qualidade de vida de todos?
Faz sentido que nos dias de hoje, 30% da população portuguesa viva nos limiares da pobreza?
Faz sentido que quase 17% da população com idade para trabalhar e querendo-o, não consiga arranjar trabalho, para se poder sustentar e ter um projeto de vida.
Não consigo deixar de pensar que algo tem que estar errado. Como é possível termos atingido um nível de desenvolvimento tão significativo e ainda haver tanta gente a viver mal?
Confesso que estranho que se fale tão pouco sobre esta matéria, que não se procure em conjunto respostas para perguntas como estas:
O país consegue produzir mais riqueza de modo a oferecer a todos os seus cidadãos, o mínimo de qualidade de vida aceitável?
O país tem gente a mais para a sua capacidade de produzir riqueza? Qual a dimensão adequada para a nossa dimensão geográfica e para a nossa capacidade de produzir riqueza?
Quais são os recursos que podemos explorar melhor?
Que caminho devemos seguir?
Queremos ser uma nação, ou antes uma fronteira?
Gostaria que estas e outras questões fossem discutidas, quer pela classe política quer pelos cidadãos interessados.
Claro que as questões de curto prazo são extremamente importantes, como por exemplo, a questão do estado social que pretendemos, mas isso só faz verdadeiramente sentido se for integrado em algo mais amplo, num objetivo comum que nos defina enquanto nação e que nos oriente (e motive) para metas comuns.
Quem melhor que um governo para liderar este processo, com a colaboração da oposição e da sociedade civil?
Sem isso, será sempre o “cada um por si”, e o, “safe-se quem puder”.

«A MÃO NO SACO»


«Uma pessoa entra no mundo das fundações (de qualquer género) e fica estupefacta com a desordem e a estranha ambiguidade a que ele chegou. 

Que se trata de meter a mão no saco do Estado e no bolso do contribuinte: nenhuma dúvida. Mas não se esperava os requintes de invenção e tortuosidade da coisa. 

O assunto, em que a imprensa mal tocou, merecia um livro de mil páginas não um artigo de 30 linhas. Comecemos pela Gulbenkian (pedindo desculpa a Artur Santos Silva que só lá entrou ontem). 

Mas quem me explica a mim por que misteriosa razão a Gulbenkian (que é uma das fundações mais ricas da Europa) recebeu do Estado, entre 2008 e 2010, 13 483 milhões de euros?

E quem me dá uma justificação aceitável do facto inaceitável de a Gulbenkian continuar a ser uma "fundação pública de direito privado", em vez de ser, numa sociedade democrática, simplesmente uma fundação de direito privado, quando com o estatuto que tem agora o governo pode, quando quiser, "designar ou destituir a maioria dos titulares dos órgãos de administração"? 

E quem me explica a inexplicável existência da Fundação Caixa Geral de Depósitos (a Culturgest)? Não é a Caixa um banco do Estado? Não há no Estado uma Secretaria ou um Ministério da Cultura? 

Ou a existência da Fundação Batalha de Aljubarrota (que nos gastou desde 2008 a 2010, um milhão e 900 mil euros) dedicada a "reconstruir" (palavra de honra) o "campo militar" e as "circunstâncias" (não estou a inventar) desse memorável combate (que, de resto, a tropa inglesa ganhou por nós? 

Ou a da Fundação Navegar (800 mil euros no mesmo prazo), que pretende o "desenvolvimento cultural artístico e científico de Espinho"? Ou a Fundação Carnaval de Ovar (750 mil euros), que sempre foi, como se sabe, um acontecimento mundial? 

Ou dezenas de outras fantasias, quase todas sem o mais leve senso e todas sem o mais leve escrúpulo. Este espaço não basta para contar e analisar a história aberrante das fundações. 

Mas basta para dizer que o Estado (ou seja, a maioria dos governos democráticos) deixou crescer este monstro e o alimentou durante mais de 30 anos, sobre as costas  do cidadão que hoje resolveu patrioticamente espremer. 

E também chega para notar que os pretextos mais comuns desta razia silenciosa e prática, sempre invocada em tom indiscutível e beato, são dois, cultura e artes, com a ciência a grande distância. 

Isto é, as fundações servem fundamentalmente para recolher e sustentar a iliteracia e a ignorância indígena (por exemplo 13672 funcionários nas fundações que Passos Coelho pensa fechar). 

E o que é que sucedia ao País se ele amanhã parasse de estipendiar esta turba sem nome? Nada, queridos portugueses, rigorosamente nada. 

E talvez, com isso, o governo adquirisse alguma confiança e dignidade.»

Vasco Pulido Valente, Público

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Pêpa e a inveja social

Este caso passou-me um bocado ao lado, mas vou fazer um resumo do que me chegou aos ouvidos e do pouco que vi do vídeo.
Era uma vez uma rapariga com sotaque “tia-cascais”, blogger de fashion (dou enfâse a isto porque justifica a opção da mesma), que um dia foi convidada pela Samsung, para dizer num vídeo para a mesma marca disponibilizar no seu site, os seus objectivos para 2013. A aspirante a tia, foi fiel à doutrina da academia “tiaãaa” e disse que gostaria de comprar uma mala Chanel, cujo o modelo eu não sei pormenorizar apesar de ela o ter feito no vídeo.
BUUMMMM. Caiu o Carmo e a Trindade! Foi pior que o terramoto de 1755. A indignação instalou-se na sociedade portuguesa a tal ponto que a Samsung viu-se forçada a eliminar o vídeo da Pêpa. Assistiu-se a uma aliança histórica de todos os estilos e padrões da nossa sociedade na crítica à blogger. São eles freaks, hippies, casual, ambientalistas, bimbos, tansos, benzoca, crominhos, toinos etc. Todos querem malhar na Pêpa.
É esta inveja da futilidade que me leva a pensar que este país não tem salvação. Quando o povo não se indigna com vendas da REN, EDP e ANA, e preocupa-se com as “pêpas” espalhadas pelo país fora, esqueçam, desistam. Podemos todos emigrar que isto é terra perdida.
Alguém vos censura quando, em frente da prateleira dos chocolates de um supermercado, agarram uma tablete Milka em vez da marca branca? Se assim fosse, não haveriam marcas diferentes, não haveria escolha. Ela existe porque há quem dê mais importância a comer um bom chocolate, ou a comprar um bom computador, do que a comprar calçado ou vestuário, ou almoçar fora, ou a comprar uma casa mais cara, ou um jipe, ou uma mota etc. São opções. Desde que não o roubem, e que essa opção seja fruto do seu trabalho, mais ou menos árduo, e que paguem os seus impostos, não consigo perceber o que é que a sociedade tem a ver com o que as Pêpas querem, ou onde gastam o seu dinheiro…
Queriam que ela tivesse dito, “paz no mundo” como as misses? Para quê? Adianta? Todos os anos elas dizem isso e muda alguma coisa? Que ela dissesse “que Portugal saia da crise”? Isso todos queremos no íntimo, mas certamente que não foi para isso que a Samsung a recrutou! A Samsung contratou-os (sim foram vários) na esperança de algum sair-se com um produto Samsung, é óbvio. Aliás no vídeo, vê-se a nova câmara digital Samsung android, um brinquedo de 500euros, publicidade claro. Por isso, certamente uma das premissas do contrato era responder a objectivo material, algo palpável.
Enfim, a inveja social não tem limites e é um grande entrave à evolução da nossa sociedade, com grandes e maus reflexos no nosso país. Já agora deixo um link para um excerto do vídeo.

Nulidades

Ainda sobre a ministra da agricultura e agora bem mais a sério, acho indecente e de uma burrice colossal, que a ministra venha dizer que não será substituída na sua licença de maternidade. Vejamos, todos disseram que era um super ministério e que a ministra não conseguiria dar conta do recado, o que se confirmou. O ministério dela, para além de gravatas, mudar os nomes de institutos e direcções e anúncios de investimentos que já foram consumidos em anos anteriores, não “pariu” mais nada.
Assim sendo, não consigo compreender como um super ministério vai ficar sem o líder, o decisor o orientador. Quer dizer, até compreendo. Significa que a Sr.ª não está ali a fazer nada. Não decide nada de importante, por isso podemos dar-nos ao luxo de em tempo de crise, termos um ministério completamente à deriva sem capitão. Para mim é vergonhoso. Mas se calhar bem vistas as coisas, o governo está todo ele à deriva, portanto ninguém acha estranho. Tirando Relvas, esse sim sabe o que quer. Já tratou de privatizar tudo o que interessava… O trabalho está feito.

The great escape (a grande fuga)

Lembro-me de um filme sobre a segunda guerra mundial, que retratava a fuga de uns prisioneiros aliados de um campo nazi, cujo título era, e ainda o é, o mencionado em epígrafe. Um filme interessante que me ficou na memória. Pelo menos o título.
Má-língua como sou, não pude deixar de me lembrar do filme, quando soube que a ministra da agricultura comunicou que estava grávida pela 4ª vez. Bem sei que aquelas famílias do CDS são especiais, que ainda se regem pela máxima: são os que Deus quiser. Ou talvez não. Se assim fosse a ministra, com 38anos já teria mais do que três, visto que se casou muito cedo.
Mas aqui o macaco do enãosepodematalos, conspirou e chegou à seguinte conclusão: A ministra abandonou o barco da forma mais airosa que poderia fazê-lo. Para ela o calvário do governo o arrastar da degradação da sua imagem, acaba em junho. Uma vez que todos dizem que o governo irá cair no verão ou na pior das hipóteses nas autárquicas, a ministra tentou antecipar-se. Pode ser que ainda vá a tempo de o povo se esquecer do nome dela. Além disso uma grávida gera sempre simpatia e misericórdia…
Mauzinhos…. ;)

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Mais uma Comissão (já devem ser mais de 100)

PSD e CDS vão apresentar amanhã uma proposta para a criação de uma comissão para estudar o corte de quatro mil milhões de euros na despesa do Estado.
Eu não queria, mas tenho de uma vez mais deixar a pergunta: que andam os secretários, assessores e especialistas a fazer nos ministérios que sempre que tem de se fazer alguma coisa, “contrata-se fora”. Mas enfim, passando à frente, surge outra pergunta, e o governo? Desde Setembro que ouvimos falar da necessidade de cortar 4mil milhões para 2013, por isso levámos com a sobretaxa de IRS e o corte nos subsídios. Disseram-nos que este sacrifício(o tal enorme aumento de impostos) era necessário para cumprir com esse “corte” de 4mil milhões.
Disseram-nos que foi uma decisão tomada à pressa porque o FMI impôs na avaliação de Setembro e que não tiveram tempo para “estudar” o caso.
Bem 4meses depois o FMI vem insistir na necessidade de cortar os mesmos 4mil milhões, e quer a solução já para Fevereiro. E como sempre o governo não fez nada. Vai agora nomear alguém para estudar; a ver se lá para Julho já se pariu alguma solução. Como o FMI vai pedir para Fevereiro, já sabemos o que nos espera no discurso de Vítor Gaspar: “os mauzões do FMI não nos deram tempo para estudar, não nos resta outra opção que não seja aumentar mais 4% no IRS – desculpem qualquer coisinha”.

A confusão dos duodécimos

Anda tudo nervoso e confuso com a questão do recibo de vencimento de Janeiro. Mas não se preocupem que na cabeça de Vítor Gaspar a fórmula de cálculo é conhecida há muito tempo. Ele só não explicou para não causar polémica antes do tempo. Assim no próprio dia os Portugueses são sentir a dor do chicote FMI. E vão senti-la de tal maneira que vão ficar anestesiados!
Isto dos silêncios tem muito que se lhe diga…

terça-feira, 8 de janeiro de 2013


Os duodécimos e uma ideia de génio.


Na passada sexta-feira, estava a ouvir o “contraditório” na Antena 1, a certa altura, um dos comentadores dizia que a distribuição de um dos subsídios (ou, no caso dos privados, de dois meios subsídios) pelos dozes meses, iria ter um efeito positivo na economia, pois os trabalhadores quando vissem o recibo de vencimento em Janeiro, apesar do tão falado “enorme aumento de impostos”, iriam ter uma surpresa positiva, pois o vencimento líquido não só não descia como até sofria um aumento. Esse aumento, seria suficiente, de acordo com o comentador, para provocar um efeito psicológico que levaria a um aumento no consumo, com consequências positivas para a economia.
Confesso que aquilo me deixou um pouco confuso. Na minha cabeça, o aumento do IRS era de tal modo que ao fim do ano equivalia à perda de um salário. Ora, a distribuição pelos 12 meses de um dos subsídios servia para colmatar essa perda. Para mim, a coisa ficava ela por ela. Não estava a ver como é que a distribuição dos duodécimos fazia aumentar o vencimento líquido.
Ainda despertou mais a minha atenção o facto de o comentador ter classificado a ideia de distribuir um dos salários em duodécimos, como “uma ideia de génio”.
Após pensar sobre o assunto, ocorreu-me que talvez tivesse que ver com o facto de o imposto ser cobrado em 14 vezes (pelo menos no caso dos trabalhadores do sector privado), sendo que como o ano só tem 12 meses, é cobrado duas vezes nos meses dos subsídios, por contrapartida aos duodécimos que são distribuídos de forma igual pelos 12 meses do ano.
Considerei que as alterações feitas aos escalões do IRS e a nova sobretaxa aplicada vão fazer com que o agravamento da taxa média de impostos suba de 9,8% para 13,2% (li isto em http://www.online24.pt/escaloes-de-irs-2013/).
Resolvi fazer uns cálculos simples, para um salário de 1000 Euros e uma taxa de IRS de 11% em 2012 e o mesmo salário em 2013, mas com uma taxa de IRS de 14.4%.
Se os pressupostos forem estes, então confirma-se o que ouvi no programa de rádio, em 2013, este hipotético indivíduo iria ganhar mais 28€ de salário líquido nos meses sem subsídio, embora no fim do ano recebesse menos 476€.
Não sei se isto será suficiente para fazer crescer o consumo e consequentemente estimular a economia, principalmente porque apesar de haver um aumento durante 10 meses do ano, esse aumento é muito inferior à perda que ocorre nos meses dos subsídios.

domingo, 6 de janeiro de 2013

A crise no Sporting

Não consigo compreender como é que um presidente, que se arrisca a ficar para a história como o pior de sempre e até, muito provavelmente, como o responsável por colocar o clube na 2ª divisão, pode ainda achar que tem condições para continuar no cargo.
Talvez não consiga compreender porque, no meu ponto vista, quem gosta, quer o bem. Ora se ele gostasse mesmo do clube, e quisesse bem ao clube, já tinha percebido que os destinos do clube, consigo à frente perfilam-se muito, mas muito negros.
Não consigo perceber como é que se motiva massas e adeptos, adoptando uma postura submissa como é o caso nas relações com o FCP. Não percebo qual a necessidade, para se dirigir um clube, de andar a reboque de outros. Não consigo perceber como é que um clube que precisa de dinheiro como pão para a boca, vai "trocar" um jogador por outro, que não lhe faz falta nenhuma.
O que faz falta para os lados de alvalade, é profissionalismo, é liderança, é entrega, é trabalho, é gosto no que se faz, é dedicação, esforço e glória. Curiosamente os lemas que constam no logo do clube.
Mas por muito que me custe como adepto, é muito bem feito para os sócios do clube. Merecem este desfecho, esta vergonha esta humilhação. Pois durante anos votaram na dinastia Roquete, em que os vices passavam a presidentes, sem terem a mínima aptidão, vocação ou perfil para assumir tais responsabilidades. Não conheço Bruno de Carvalho, não sei se é honesto ou não, mas sei que é jovem e é isso que o clube precisa. E já vai tarde. O clube precisa de se livrar de velhos do restelo, de mangas de alpaca, de tipos que ainda não perceberam que os tempos são outros. Não pode ser adiado mais tempo, sob pena de se condenar o clube para sempre.