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quarta-feira, 29 de maio de 2013

Despedimentos na Função Pública

Porque é disso mesmo que se trata e não de uma requalificação de funcionários ou reforma do estado.
Esta permanente atitude dos políticos de perseguirem os seus funcionários como se fossem eles os responsáveis pelos milhões de euros de dívida contraída ao longo dos 38 anos de democracia, não só é absurda como tem tudo para acabar mal.
É indecente alguém pensar que vai fazer uma reforma começando por estabelecer um número: 30mil para a rua. Demonstra o grau de incompetência e de irresponsabilidade dos nossos responsáveis políticos e chefes de estado. Quem quiser reformar o estado tem que o conhecer por dentro ou então rodear-se de pessoas competentes que o conheçam, que pertençam a ele. Não é tomar uma decisão com base em tabelas de excel e números mágicos avançados pelos tais especialistas de 25anos de idade cujo primeiro emprego é no governo de PPCoelho. Percebe-se facilmente que vai dar asneira de certeza e que o resultado final será só um: a sociedade, nós todos, vamos sair a perder.

O NIM de Paulo Portas

Malabarista como sempre, Paulo Portas disse hoje algo bem diferente do que disse há umas semanas atrás em reacção às medidas anunciadas por Vítor Gaspar. Hoje no parlamento disse o seguinte: “Hoje a TSU para os pensionistas é uma mera opção e temos o compromisso de a evitar. O que interessa é que eu acho que vamos conseguir evitar.”
Do achar ao ter a certeza vai uma grande distância!.. Tão grande, que o mais certo é que a medida vá mesmo para a frente. É só esperar que as pessoas esqueçam o tal discurso da linha vermelha e que a situação se agrave mais um pouquinho para, depois das férias - lá para setembro - anunciar a inevitabilidade da medida!

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Daniel Oliveira - "Palhaço"

"Considero Aníbal Cavaco Silva uma personagem cómica e burlesca, que não deve ser levada a sério e que muda, ao contrário do que costuma ser dito, com muita frequência de opinião. Definições que cabem no que surge no Dicionário de Língua Portuguesa da Porto Editora para a palavra "palhaço". Acho isto com base em factos como a recente evocação de Nossa Senhora de Fátima para a provação da 7ª Avaliação da troika, a invenção paranoica de uma conspiração política que atribuía ao anterior primeiro-ministro a existência de escutas em Belém (um verdadeiro caso de difamação e injúria que, não fosse a sua imunidade, o deveria ter levado a julgamento) ou frases como "ontem eu reparava no sorriso das vacas". E acho que com o seu comportamento desprestigia o cargo que ocupa e o País. Por isso, parece-me o uso da expressão "palhaço" para o definir politicamente legitimo."


Ler mais: http://expresso.sapo.pt/palhaco=f809710#ixzz2UVqsT9Yc

No ano passado, pouco antes do Natal, no auge da campanha presidencial checa, o candidato Milos Zeman teve de explicar a origem dos fundos que financiaram os seus painéis publicitários e outras intervenções em suportes publicitários com que então inundou o país. Nos meios de comunicação, abundava a especulação sobre dinheiros provenientes da empresa petrolífera russa Lukoil. De um momento para o outro, o favorito nas sondagens ficou sob suspeita. “O que tenho simplesmente para lhes dizer”, afirmou num tom ponderado, na televisão, “é que a Lukoil publicou um comunicado oficial, no qual declara que nunca pagou nada, direta ou indiretamente.”
Milos Zeman fez esta afirmação, recorrendo, além do mais, a outra autoridade, valendo-se da posição oficial de uma empresa de primeiro plano. Isso não soou estranho ao moderador da emissão, mas não era garantido que realmente existisse tal documento. Em suma, a defesa de Zeman passou.
Nessa ocasião, em Brno, um grupo de estudantes acompanhava o programa pela televisão. Depois de receberem uma transcrição, imediatamente após o final da entrevista, iniciaram o seu trabalho de rotina. Um dos membros mais experientes da equipa identificou no discurso as afirmações factuais, ou seja as declarações que podem ser verificadas e controladas a partir de fontes disponíveis ao público. A afirmação da existência de uma declaração oficial da companhia Lukoil era naturalmente uma delas.
Verificação de declarações
A afirmação de Milos Zeman não passou no teste. Os alunos de Brno rotularam-na de “mentira”, o pior nível de avaliação da sua escala de classificação.
Foi na última campanha presidencial que a associação Demagog.cz alcançou o seu maior êxito até à data. Representou uma chamada de atenção para os meios de comunicação institucionalizados. Alguns [como o diário Hospodarské Noviny e a televisão pública] contrataram-nos para fazerem verificação de declarações de candidatos.
Para uma associação não-profissional de estudantes, que existe há apenas um ano na versão checa, é um feito notável. A sua missão é verificar a veracidade das declarações feitas por políticos, sobretudo em debates televisivos. O núcleo duro da Demagog.cz, que é financiada pelo Open Society Fund Praha e pelo programa Juventude em Ação da União Europeia, é formado por politólogos. A empresa Newton Media colabora com a transcrição das gravações dos debates.
Foram dois estudantes de Bratislava, Ondrej Lunter e Matej Hruska, que trouxeram o Projeto Demagog para a Universidade de Brno. Já não toleravam a indigência dos debates televisivos na Eslováquia. Então, os dois jovens desenvolveram – em 2010 – a versão eslovaca do projeto.
“Foi uma daquelas ideias de estudantes. Víamos os debates televisivos de domingo, que, na Eslováquia, são bastante mais fracos do que na República Checa. Apercebemo-nos de que os políticos os consideravam espaços de autopromoção, sem ninguém os contradizer”, recorda Matej Hruska. Foi ele quem teve a ideia de se inspirarem na América do Norte, onde a verificação dos factos funciona em pleno há cerca de dez anos.
Tudo mudou com Milos Zeman
Nos Estados Unidos, para onde estão voltados os olhos de todos os estudantes checos e eslovacos, essa verificação é feita a uma escala muito maior. O fenómeno surgiu em 2005, quando a Internet começou a funcionar a alta velocidade e o Google se impôs como uma evidência. Hoje, existem várias organizações semelhantes aos Demagog checo e eslovaco. Dezenas de jornalistas trabalham em alguns deles. A FactCheck.org, por exemplo, é liderada por um veterano da CNN, Jackson Brooks, e dispõe de um orçamento anual de quase um milhão de dólares [cerca de €770 mil].
Em Brno e Bratislava, tais condições dão para rir. Ambos os grupos são movidos pelo entusiasmo dos alunos e ao que parece, pelo menos por enquanto, isso basta-lhes. Conforme explica o especialista Jan Tvrdon, “a nossa faculdade é realmente um lugar muito especial. Muitas pessoas, aqui, atuam e envolvem-se em projetos. Não se preocupem, também não descuramos a diversão”. Mas, na prática, isso não significa que os resultados dos projetos norte-americanos e da Europa Central sejam muito diferentes.
Os alunos de Brno descrevem o ambiente [político] checo como “uma cena que se profissionalizou e em que pelo menos as elites aprenderam a utilizar os factos verdadeiros como lhes convém”. Tudo mudou com o surgimento de Milos Zeman. Durante a sua campanha eleitoral, de uma forma muito mais evidente do que os outros candidatos, divulgou informações falsas, que podiam induzir em erro ou que não eram verificáveis. Os Demagog explicam isso pelo facto de ele ter estado dez anos fora da política e ter voltado com os tiques de uma época em que não era possível utilizar o Google para tudo. No entanto, os alunos têm de enfrentar a realidade de que foi precisamente ele o candidato que, apesar de mentiras, ganhou as eleições.

Poucos dias depois desta entrevista, a equipa do Demagog.cz recebeu o Prémio de Jornalismo de 2013, na categoria de Inovação no jornalismo cidadão online.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Carta que remeti hoje.

Senhor jornalista Henrique Raposo
Sob o titulo " Contrato entre avós, pais e netos", no semanário Expresso de 18 de Maio de 2013, dirigiu-se-me Vexa, justificando o roubo das pensões (como sabe "roubo" designa o furto com violência, Vexa não sonha quanta!). O modo como na sua "carta" se me dirige, ternurento, será original, mas, concordará, nesta matéria, é de muito mau gosto, quase, diria, que é ofensivo.
Como fazem todos os seus colegas ideológicos, escamoteia Vexa o facto de que eu, durante a minha vida activa, paguei a pensão dos vossos avós, pais e mães sendo certo que, uma grande maioria delas, até pela profissão, não descontaram nada ou quase nada para a terem. Foi o sentido de justiça social da minha geração que o permitiu.
Os senhores, que beneficiaram de uma melhor educação e estão gordos de cultura sabem muito bem que à luta de classes estão a juntar a luta de gerações e que a actual "crise" mais não é que um ajustamento estrutural do capitalismo que, em consequência do fim da, chamada, "guerra fria", tomou o freio nos dentes e tenta reduzir o aparelho de Estado ao mínimo estritamente necessário para que quem produz o continue a fazer permitindo a apropriação indevida do seu sobre trabalho pelos "mercados"; é da sua natureza que assim seja, não que os homens sejam maus. É que aquilo, na URSS, podia ser mau para as vitimas, mas dava a aparência de uma sociedade mais justa e fraterna que servia de "mau exemplo" pelo que era necessário que cá também houvesse "Estado social" que, claro, desviava dinheiro dos "mercados". Os senhores sabem bem que o problema não é o Estado não poder ser social por não haver dinheiro, o Estado não é neutro e aumenta mais o IRS ou diminui o IRC conforme os interesses que defende. Os senhores sabem bem que uma alta taxa estrutural de desemprego é bom para os "mercados", o problema é gerir o "quantum" para continuar a haver consumidores. A social democracia tenta corrigir isso quando não está como agora dominada por arrivistas.
Tem Vexa a pretensão de ainda vir a auferir uma pensão de 20 a 30% da sua remuneração. Eu quando comecei a trabalhar tive a pretensão de auferir 100% e sabe bem porquê. Porque eram as regras que me levaram, entre outras ponderações, a optar pela profissão que tive. Vexa está à vontade porque ou é rico ou vai acautelar-se com PPR,s e quejandos, ou ainda pode vir a ser empresário. Eu, que já estou mais para a morte do que para a vida, fui apanhado por um grupo de serventuários do capitalismo selvagem que nem as suas próprias regras respeita, ou parece-lhe que as empresas funcionam dizendo "olha hoje só pago a fornecedores 50% do que lhes devo?"; se não têm dinheiro ficam a dever, negoceiam as dividas, reformam letras ou vão à falência, mas não podem como o Estado actual, unilateralmente, só pagar o que lhes parece .
Acha Vexa que a pensão não pode ter um valor imutável, tem que estar indexada ao PIB, à evolução da esperança de vida e ao rácio trabalhador reformado. Estou inteiramente de acordo se me der mais quarenta anos de vida. Dá-mos? Não, então façam só para vocês.
Não lhe desejo que na sua velhice lhe aconteça o mesmo; que lhe confisquem na sua pensão, como a mim, que já vou numa redução de 25% da minha expectativa com a ameaça, de que virá mais um corte de 15% e a permanente incerteza do que se seguirá ou que tenha os seus PPR nas mãos de qualquer Madoff. Desejo-lhe felicidades.

Luís A N Paiva de Andrade
Capitão de Mar e Guerra Reformado,
47 anos de descontos "obrigatórios" para a CGA

Militante do PSD

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Este tipo de coisas só acontece na Europa à deriva, não por razões económicas, mas devido à inépcia convulsiva da sua política: estamos a falar do escândalo de um Tribunal Constitucional alemão determinar hoje a vida de todos os cidadãos da União, enquanto o Tribunal Constitucional português não tem qualquer peso. Referimo-nos a Jens Weidmann, o presidente do banco central alemão, que acusa Mario Draghi de exorbitar as suas funções – salvar o euro, com os meios à sua disposição – e declara descaradamente guerra a uma moeda a que chamamos única, precisamente porque não pertence apenas a Berlim.

Na verdade, o mandato do BCE é claro, embora Jens Weidmann conteste a sua constitucionalidade: manter a estabilidade dos preços (artigo 127º do Tratado de Lisboa), mas respeitando o artigo 3º, que determina o desenvolvimento sustentável da União, o pleno emprego, o melhoramento da qualidade do meio ambiente, a luta contra a exclusão social, a justiça e proteção sociais, a coesão económica, social e territorial e a solidariedade entre os Estados-membros. Algo não está a funcionar bem no percurso atual da União Europeia, em que o artigo 3º nem sequer aparece no site de Internet do BCE, talvez por temor que Berlim fique ressentida.
Partidos devem deixar de enganar eleitores
Dentro de um ano, em maio de 2014, vamos votar a renovação do Parlamento Europeu. Essa data terá uma especial importância, sobretudo para os italianos. Porque a Europa da troika (FMI-BCE-Comissão Europeia) nunca teve tanto peso nas nossas vidas. Porque os seus remédios anticrise são contestados pelas populações de todo o continente, abalando mesmo o médico mais ansioso por administrá-los: no dia 22 de setembro, os alemães vão às urnas e, talvez recompensem a Alternativa para a Alemanha, um partido antieuropeu, acabado de eclodir em fevereiro. Os partidos terão de deixar de fazer crer que podem “vergar” Angela Merkel. Especialmente em Itália, vão ter de deixar de enganar os eleitores e cidadãos. Pela primeira vez, finalmente, se ousarem, poderão designar o presidente da Comissão Europeia. É o que está nos tratados.
Estamos a falar de mentiras, porque nenhum governo pode fazer vergar Berlim com os argumentos puramente económicos até aqui utilizados: um pouco menos austeridade, algum crescimento, ligeiras facilidades. Firmemente convencida de que só os mercados nos conseguirão disciplinar, a Alemanha só mudará de rumo se a política se sobrepuser às teorias económicas que degeneraram em dogma. Isto se os governos, os partidos políticos e os cidadãos manifestarem uma visão clara sobre como deve ser outra Europa, que não a atual, dotada de recursos indigentes e com um equilíbrio de poderes que foram buscar ao século XIX.
União Europeia parece uma igreja corrupta
Presentemente, a União Europeia parece uma igreja corrupta, a precisar de um cisma protestante: uma Reforma de credo e de léxico. De um plano pormenorizado (as teses de Martinho Lutero tinham 95 pontos). Só opondo-lhe uma fé política poderemos descartar o papado económico. É a única maneira de romper com a religião dominante, e Berlim terá que escolher entre uma Europa à alemã e uma Alemanha à europeia, entre a hegemonia e a paridade entre os Estados-membros. É uma escolha com que a Europa se confronta sistematicamente: Adenauer dizia, em 1958, que a Europa “não deve ser deixada na mão dos economistas”.
A ortodoxia germânica não é de hoje. Afirmou-se a seguir à guerra, com o nome de “ordoliberalismo”: como são sempre racionais, os mercados sabem perfeitamente corrigir os desequilíbrios, sem interferência do Estado. É a ideologia da “casa em ordem”: cada país expia sozinho os seus pecados (em alemão, “Schuld” significa tanto “dívida” como “culpa”). Solidariedade e cooperação internacional vêm depois, como recompensa para os países que fizeram bem o trabalho de casa. Tal como em Inglaterra, a democracia é invocada de modo falacioso: delegando pedaços de soberania, esvaziam-se os parlamentos nacionais. E é assim que o Tribunal Constitucional alemão é chamado a pronunciar-se sobre qualquer iniciativa europeia.
Democracias não estão em pé de igualdade
Se existe embuste, é porque, dentro do navio Europa, as democracias não estão todas em pé de igualdade: há sacrossantos e condenados. Em 5 de abril, o Tribunal Constitucional português invalidou quatro medidas da cura de austeridade impostas pela troika (cortes nos salários da Função Pública e nas pensões de reforma), por serem contrárias ao princípio da igualdade. O comunicado divulgado no dia seguinte pela Comissão Europeia (dia 7 de abril), ignora completamente o veredicto do Tribunal e “congratula-se” por Lisboa prosseguir a terapia acordada, recusando qualquer renegociação: “É essencial que as principais instituições políticas portuguesas permaneçam unidas no apoio” à recuperação em curso. A diferença de tratamento dos juízes constitucionais alemães e portugueses é tão desonesta que o ideal europeu vai ter dificuldade em sobreviver junto dos cidadãos da União Europeia.
Há quem diga que a Europa conseguirá sobreviver se a hegemonia alemã for mais benevolente, mantendo a hegemonia. Foi o que George Soros expressou, em setembro de 2012, à New York Review of Books, apresentando argumentos sólidos. O Governo polaco exige-o. Na Alemanha, a benevolência é reivindicada por aqueles que temem não a hegemonia, mas uma autoidolatria pouco ostensiva, introvertida.
Europa numa encruzilhada
Hegemonia e autoidolatria são, porém, os sintomas, não a causa do mal que assombra cronicamente a Alemanha. Se a Alemanha quis uma Europa supranacional, ao ponto de o incluir na Constituição, foi porque os defensores do ordoliberalismo (do Banco Central e da academia) foram várias vezes postos de lado. Adenauer impôs a CEE e o pacto franco-alemão a um ministro da Economia – Ludwig Erhard – que fez o que pôde para os enterrar, tendo acusado a CEE de “endogamia” protecionista e “absurdo económico”. Com Londres, tentou torpedear o Tratado de Roma, preferindo um acordo de comércio livre. Nem Adenauer, nem o primeiro presidente da Comissão, Walter Hallstein, lhe deram ouvidos e a racionalidade política prevaleceu. O cenário repetiu-se com o euro: atrelado a Paris, Helmut Kohl privilegiou a política, ignorando economistas e Banco Central. Hoje, a Europa está numa encruzilhada semelhante, mas com políticos camaleões, desprovidos de verdadeira determinação. A crise destruiu as ilusões do povo alemão. O ordoliberalismo politizou-se e acerta contas antigas.

Resta, portanto, a solução do cisma: a construção de uma nova Europa, emanando da base e não de governos. Já existe um projeto, escrito pelo economista Alfonso Iozzo: segundo os defensores do federalismo, pode assumir a forma de uma “iniciativa cidadã europeia” (artigo 11 º do Tratado de Lisboa), a apresentar à Comissão Europeia. A ideia é dotar a União com recursos suficientes para impulsionar o crescimento, em vez de forçar os Estados-membros ao rigor. Um crescimento não só mais barato, porque concertado, mas também socialmente mais justo e mais ecológico, porque alimentado pelos impostos sobre as transações financeiras, a tributação sobre a produção de carbono e a criação de um IVA europeu. As duas primeiras taxas podem angariar €80 a €90 mil milhões: o orçamento comunitário respeitaria o limiar de 1,27% [do PIB], na altura acordado. Mobilizando o Banco Europeu de Investimento e as obrigações europeias, chega-se a um plano de €300 a €500 mil milhões e a 20 milhões de novos empregos na economia do futuro (investigação, energia).
Para isto, é preciso, no entanto, que a política volte à ribalta e deixe de ser um conjunto de regras automáticas, mas, como preconiza o economista Jean-Paul Fitoussi, uma escolha. Temos de recuperar a autossubversão de Lutero, quando redigiu as suas 95 teses e declarou, segundo alguns: “Nisto, estou certo. Não posso agir de outro modo. Que Deus me ajude, ámen...”

Contratos swap fazem empresas públicas pagar juros de 20%

por Jornal de Negócios

Contratos especulativos de financiamento de alto risco levam empresas públicas de transportes a pagar taxas de juro de 20%, noticia hoje o "Público" e o "Correio da Manhã".
Estes contratos swap, que têm como objetivo proteger a empresa de futuras flutuações da taxa de juro, terão sido considerados especulativos em quatro empresas públicas: Metro do Porto, STCP, Metro de Lisboa e Carris. Goldman Sachs, JP Morgan, Deutsche Bank e BNP Paribas terão sido as instituições financeiras que os comercializaram.
Contudo, ainda segundo o "Público", as empresas de transportes públicos não se limitaram a proteger-se, definindo uma taxa de juro fixa. Subscreveram produtos com variáveis, como a cotação do petróleo ou a variação cambial do euro em relação ao dólar. Nos casos mais graves, as taxas de juro acabaram por disparar para 20%, quando a Euribor a três meses está hoje nos 0,2%.
 Até Setembro de 2012, as estimativas apontavam para perdas potenciais de 2,6 mil milhões de euros, com destaque para a situação do Metro de Lisboa (1,1 mil milhões).
 Segundo o "Diário Económico", alguns destes contratos prevêem que os bancos possam decretar unilateralmente o seu vencimento, tornando reais perdas que são, até agora, potencia. A mesma publicação avança que o Governo já chegou a acordo para renegociar alguns contratos. Fonte do Executivo refere que "no limite, ir-se-á para os tribunais".
 A polémica em torno dos contratos swap já levou ao afastamento do Governo de Juvenal Silva Peneda, secretário de Estado da Administração Interna e Braga Lino, da Defesa. Segundo o Económico, terá também sido discutida a saída de Mara Luís Albuquerque, secretária de Estado do Tesouro, e de Marco António Costa, secretário de Estado da Segurança Social.
 A Procuradoria-Geral da República admite avançar com um processo criminal para apurar responsabilidades. No entanto, tendo em conta que estes contratos são legais, a única forma de responsabilizar judicialmente os responsáveis, pode ser acusando-os de gestão danosa.

Dívida Pública atinge os 127,3% do PIB

Mais uma boa notícia… No final do 1º trimestre de 2013 a dívida pública nacional tinha atingido os 127,3% do PIB. Esta percentagem, se bem que assustadora, não pode ser interpretada assim levianamente, uma vez que todos sabemos que o PIB tem caído a pique. Assim, este  crescimento de 3,7% da dívida portuguesa, em anos gloriosos - em que a dívida contraída era ainda maior, mas ninguém ligava nenhuma a isso - equivaleriam a 1% do PIB, talvez nem isso. No entanto o que se deve registar é que o ano de 2012 fechou com uma dívida total de 204,2 mil milhões, sendo que no final de Março de 2013 estava em 208,146 mil milhões, ou seja mais 3,939 mil milhões. A curiosidade deste número é a semelhança com o número que anda sempre a ser balbuciado pelos nossos políticos e a ecoar nas nossas cabeças: 4mil milhões.

Os senhores da Troika

Foi assim que Paulo Portas se referiu, num dos últimos discursos, aos representantes dos nossos credores cujo valor do empréstimo atinge os 75mil milhões. Esta atitude personifica o tuga no seu melhor: pobre e mal-agradecido, convencido que é obrigação dos outros emprestarem-lhe o dinheiro.
Ontem Manuela Ferreira Leite disse o que eu já referi no blog. Que para os senhores se irem embora precisaríamos de um milagre. É que esses “senhores” mal-amados pelos nossos políticos, emprestam-nos o dinheiro a 3% de juro, enquanto os bonzinhos dos mercados emprestam a 5,5%. Qual dos dois juros nos dá mais jeito?
O discurso de enxovalhar a troika e dizer que os mesmos são uns insensíveis é tão patético que até dá pena de quem o profere. Para quem ainda não saiba, o memorando consistia num conjunto de metas a atingir, deixando aos governos a escolha da melhor forma de o fazer. Essas metas eram cruciais para nos emprestarem o dinheirinho, porque como qualquer credor, queriam garantias que teríamos condições para cumprir com as obrigações do empréstimo. Isto parece-me óbvio e compreensível.
Claro que o ideal era reduzir de 3 para 1% e agarrar no dinheiro sobrante para investir no país de forma a criar riqueza. Mas não em rotundas e estradas!!

Co-adopção por casais homossexuais

Sexta-feira dia 17 de Maio de 2013. O dia que foi dado um passo importante para a adopção de crianças por casais homossexuais. Para já, é só “atribuir” segundos pais e mães a crianças que já são filhos de um dos membros do casal homossexual, mas já se está a ver que isto é um preparar terreno para o futuro que aí vem.
Faz-me confusão que num cenário de grave crise económica mundial, em que Portugal, para não variar em tudo o que é mau, se encontra na linha da frente, que a grande proposta do PS para aprovar na assembleia se prenda com esta “moda”. Fica bem dizer que é normal, que são pessoas iguais, com os mesmos direitos etc. etc.
Concordo que os pais transmitam aos filhos a sua repulsa por comportamentos xenófobos para com quem é diferente, seja branco, preto, cigano, gótico, freak, beto ou mesmo gay. Não posso é concordar que digam que são normais. Porque não o são. São diferentes.
Os verdadeiros homossexuais começam por ser diferentes porque muitos deles têm distúrbios hormonais. Como tal, têm de facto uma diferença cientificamente justificada: genética. Nessas situações temos todos a obrigação de proporcionar tratamentos, se as pessoas assim o desejarem, ou proporcionar uma vida “normal” na sociedade se for essa a sua opção.
No entanto deveremos transmitir essa mensagem de normalidade às nossas crianças e jovens? Não. Não posso conceber que um casal heterossexual entre com a sua criança de 5 anos no metro e que, ao deparar-se com um casal homossexual a lamber-se, digam para a criança: “isto é normal. Um dia quando fores mais velho podes fazer o mesmo, porque isto é perfeitamente normal”. Se fosse normal a criança não teria nascido e hoje não seríamos a espécie mais bem-sucedida no planeta. Tal como não considero normal que os casais quer hetero quer homossexuais possam ponderar recorrer a um banco de esperma ou óvulos por capricho, para terem um filho louro, de olhos azuis e escultural. O que nos fez chegar a este grau de evolução foi a diversidade do nosso genoma. Que se utilize o nosso conhecimento e tecnologia para resolver situações pontuais é uma coisa, vulgariza-la é outra.
Não posso pois aceitar que pessoas com responsabilidades na organização e estruturação da sociedade de um país, como são os deputados, sejam de tal forma irresponsáveis e patéticos que vulgarizem a normalidade da natalidade do seu próprio país. Quer queiram ou não, o facto é que as crianças têm tendência a imitar os comportamentos adultos, tal como acontece em todas as outras espécies animais. Esse é o comportamento normal de uma criança. Ao aceitar famílias homossexuais na nossa sociedade estamos a aceitar, ou mesmo a incentivar, comportamentos homossexuais futuros. Estaremos pois a colocar em causa a composição e a estrutura social do país. Numa altura em que o nosso país já sofre de uma quebra brutal da natalidade, que coloca em causa a sustentabilidade das gerações mais velhas, os nossos brilhantes deputados lembram-se de trilhar este caminho para a nossa sociedade. Não compreendo a irresponsabilidade destes “chefes de estado”. Ter um cargo de responsável por uma sociedade, não se compadece com modas ou simpatias. Implica tomar decisões difíceis, contra tudo e contra todos, optando sempre pelo que é melhor para o futuro dessa sociedade, e a homossexualidade não o é com toda a certeza.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Pires de Lima o optimista

O presidente das cervejas veio dizer, no âmbito das consequências que o processo de ajustamento está a ter na economia nacional, que “todos esperamos que o país não se afunde com a praia à vista”. (?) O homem devia ter saído da sala de provas da central de cervejas! É que esta expressão só faz sentido se houver a “praia” – a salvação para os nossos problemas – caso contrário não adianta remar. Sem saber para que lado está a praia, o rumo a seguir, não serve de muito insistir com os remadores e arriscar um motim.
Eu não vejo a praia, mas fico contente por outros a verem. Significa que neste país ainda há quem, do alto do seu monte de milhões de euros – com vista privilegiada – alcance mais do que eu. Mas vai ter de remar sozinho. Não conte comigo para acreditar nas suas alucinações/miragens.

A “reforma” do poder local

Dois anos depois de o Governo ter anunciado que iria efectuar uma reforma do poder local, que inicialmente previa a extinção de autarquias e que acabou apenas na extinção dos governos civis e na proposta de extinção de algumas freguesias, pouco ou nada mudou. Os governos civis foram extintos apenas no papel, na prática não foram. Para compensar criaram-se as “comunidades intermunicipais”, cuja lei ainda se encontra por aprovar, para encaixar alguns militantes caídos em desgraça. Quanto às freguesias, com as eleições à porta, ainda não foram preto no branco, extintas. Não me admirava até que o projecto não saísse do papel… Como tantas outras propostas/promessas que nunca viram a luz do dia, ou que até se transformaram no oposto!..

O reverso das privatizações

Tal como eu já tinha previsto e escrito no blog, os novos proprietários da ANA, vão lentamente aumentando as taxas aeroportuárias. Depois dos aumentos em janeiro, espera-se para junho mais 4%, estando previsto novo aumento para janeiro de 2014. O director-geral da easyjet já veio alertar ao bom senso nos aumentos, pois o valor das taxas pode colocar em causa a continuidade da companhia em Lisboa. Quem é que sai mais prejudicado no meio disto tudo? Quem é? Nós, o povo, que ficamos com oferta reduzida, com bilhetes mais caros e também com turistas a menos…

A queda do Euro

Tem sido notícia a constante desvalorização, se bem que lenta, do euro face ao dólar.  Depois do pico registado em 2008, que se não estou em erro chegou aos 1,68dólares, tem vindo progressivamente a cair. Cinco anos depois do grande crash e do choque petrolífero, o dólar vai lentamente recuperando o seu valor, o que dá para perceber a escala temporal da resolução de uma crise. Que fizeram os Estados Unidos para recuperarem a sua economia? Recusaram a austeridade como solução única. Também a adoptaram mas em doses pequenas, não quiseram transformar um medicamento num veneno. Optaram, ao mesmo tempo que adoptavam medidas de contenção, por emitir papel (dólares). Investiram muito em resolver o problema da dependência energética, apostando nas energias renováveis e na nova energia o “gás de xisto”. Têm conseguido por essa via estabilizar o défice e a sua economia. Aos poucos, lentamente, tal como a história comprova em todas as situações semelhantes, a sua economia vai recuperando. E a Europa? Para onde vai? Quanto mais tarde se escolher a estratégia mais tarde vamos sair do caos financeiro. Corremos o risco de condenar uma geração inteira a viver toda a sua vida em cenário de crise.

quinta-feira, 9 de maio de 2013


O que é um contrato 'swap'?


Parece um conceito complicado, mas na verdade é muito mais simples do que pensa. Saiba o que é um contrato de 'swap'.
É talvez uma das expressões mais usada por estes dias e que envolve milhões. Muitos milhões de euros.
Mas afinal o que são estes instrumentos complicados chamados 'swap'?. Na verdade são simples.
Imagine que pediu um empréstimo ao banco para comprar uma casa. Ou seja, contraiu um crédito à habitação. Esse empréstimo, na maior parte das vezes, é acordado tendo por base uma taxa de juro variável. E que sobe ou desce consoante a variação da Euribor.
Agora imagine que acredita que os juros vão subir muito nos próximos anos. O melhor, seria fixar essa taxa, travar essa subida. É exactamente isso que um contracto de 'swap' permitiria que fosse usado num crédito à habitação.
Como a própria palavra indica, 'swap' é uma troca. Neste caso uma taxa de juro variável por uma fixa.
O pior é se ao contrário do que pensava as taxas de juro em vez de subirem, descerem. Então nesse caso fica a pagar o valor fixo.
Imagine 5%, quando no mercado o preço do dinheiro já só custa 2%. Foi exactamente isso que aconteceu no caso de algumas empresas públicas. Acordaram contratos numa altura em que as taxas de juro estavam a subir, pensando que iriam subir ainda mais e tentaram trancar essa valorização.
Mas a realidade nem sempre é o que nós pensamos que vai ser. E neste caso não foi. As taxas de juro desceram e agora as perdas potenciais podem chegar aos 3 mil milhões de euros.
No fundo é como no casino. Apostamos no vermelho mas às vezes sai o preto. Há sempre alguém que ganha. 
Económico   
27/04/13

quarta-feira, 8 de maio de 2013

A fluência do discurso de Gaspar

Não sei se já repararam mas Vítor Gaspar fala mais rápido em inglês do que em português. Isto pode querer dizer duas coisas:
1-      Que dada a sua precoce emigração é mais estrangeiro do que português e como tal percebe-se agora a razão de ser das medidas que tem tomado normalmente em prol dos interesses estrangeiros em detrimento dos interesses do país;
2-      Que nos considera a todos burros e portanto, quando fala em português, fá-lo devagar a ver se nós acompanhamos o raciocínio dele.
Confesso que nenhuma das duas hipóteses anteriores me agrada.

As duas caras de Paulo Portas

Cada vez tenho menos esperança num futuro melhor para o meu país.
Quando vejo que ainda há, nos meios de comunicação, gente capaz de dizer que Paulo Portas esteve brilhante no seu discurso, não posso ter esperança.
Bem sei, e já me fartei de referir neste blog, que os meios de comunicação em Portugal infelizmente estão inundados de comentadores partidarizados, por isso pedir-lhes imparcialidade é algo de transcendente. Mas a posição privilegiada que têm para transmitir uma mensagem, deveria obrigar a alguma seriedade na opinião. É a falta de vergonha total.
Como se pode elogiar alguém que fazendo parte de um governo, finge que não faz?
Que faz claramente teatro político com o intuito de “ter uma no saco e outra no papo”? Que toda e qualquer acção política tem o objectivo de conservar tachos no presente e no futuro?
Governar um país é colocar os interesses de o povo que o constitui, à frente de todo e qualquer outro interesse. É isso que Paulo Portas faz? Não. Então como se pode elogiar o seu discurso? Não percebo.

Exames da 4ª Classe

Ontem tiveram início pela primeira vez após a queda da ditadura em Portugal, os exames da 4ª classe. Trinta e nove anos depois da queda do regime.
Por mais que oiça as justificações dos intervenientes do governo, como por exemplo: servem para responsabilizar mais os alunos, para os habituar à pressão (crianças de 9anos) e para aferir a qualidade do ensino, não consigo alcançar os aspectos positivos dos mesmos.
Primeiro se é para aferir o desempenho dos professores, porque é que vai contar 30% para a nota final dos alunos? Para que serve a “responsabilidade do exame” se a escola hoje não é respeitada nem por pais nem por alunos? E qual a consequência positiva para um país ter crianças de 9anos a ficarem retidas na 4ª classe? Também vi ontem um deputado do PSD a justificar os exames com teorias líricas dizendo que as crianças estavam felizes por fazer exames e conhecerem as novas escolas. Eu pergunto: quanto custa ao país, não só estado como às famílias, este capricho do ministro da educação de realizar exames na 4ª classe? Quanto custou, em tempos de crise, esta teoria lírica? E o que fazer às crianças que chumbam? Vamos voltar a ter a escolaridade mínima da 4ª classe? É esse o caminho?
É por causa de ministros como este, que o país não avança. Porque são incapazes de gerir em prol do país. Querem sempre deixar a sua marca, nem que seja uma nódoa, mas têm de mostrar “trabalho”, para que um dia mais tarde possam de peito cheio dizer algo como “fui eu que introduzi isso”. É verdade que há sempre espaço para melhorar mas de forma racional. Neste país, gerir bem não é considerado positivo. Tem de se deixar algo palpável, nem que seja uma dívida astronómica numa autarquia para fazer rotundas. É o que o povo gosta de apelidar de “obra feita”. Tem de se ver, mesmo que não sirva para nada ou que sirva apenas para nos complicar a vida.
Só Malta tem exames na 4ª classe. Todos os outros países da U.E. não têm. Para quê regredir? Para quê fazer diferente, quando o modelo dos outros tem sucesso? Para quê complicar e gastar mais dinheiro? Somos mais ricos que Dinamarca, Finlândia, Noruega, França, Alemanha (etc) para nos darmos ao luxo de sobrecarregar as nossas finanças desnecessariamente? Para quê? Para os nossos emigrantes voltarem a ser as “Marias” domésticas e os “Zés” trolhas, pela europa fora? Expliquem-me por favor porque estou a sentir-me muito burro, por não alcançar os aspectos positivos que estes exames trazem para o país.

A vingança do Coelho

O discurso do primeiro-ministro pareceu mais um discurso de uma querela pessoal do que de um líder de um país. As medidas anunciadas caiem sempre sobre os mesmos, funcionários do estado e pensionistas.
Moralmente, não posso exigir empenho, dedicação e honestidade a 100% a funcionários cujo patrão sistematicamente ostraciza. Quando não se respeitam os outros, não se pode exigir ser respeitado. Um patrão que não promove o mérito e que quando se vê em dificuldades corta a direito, em vez de estudar o que é importante e o que é dispensável em tempos de crise, não pode ser respeitado.
Infelizmente, os nossos políticos para conseguirem objectivos pessoais e de partido, apelam no seu discurso ao crescimento do sentimento de inveja entre classes, um sentimento fértil no nosso país. Conseguem com isso, juntando a ignorância política e falta de raciocínio lógico do nosso povo, o apoio de massas para medidas tão absurdas.
A verdade é que as profissões e objectivos de funcionários públicos são totalmente distintos dos funcionários privados. A verdade é que o código do trabalho prevê um máximo de 40h/semanais, não obriga a isso, havendo por isso muitas empresas privadas a optarem por valores inferiores. A verdade é que a ADSE é paga pelos funcionários e foi criada como complemento ao salário. A verdade é que não se pode acabar com um seguro de saúde, que um funcionário pagou durante 30 anos, e que agora esfuma-se, obrigando-o a ir ao mercado contrair um novo seguro, mas com uma idade que vai pesar e muito no cálculo do prémio do seguro.
Não consigo perceber o conceito de igualdade entre funcionários do estado e privado. É que os primeiros devem ter um carácter capaz de defender o interesse de 10milhões de pessoas. Os segundos só têm de defender-se a si e o seu patrão contra os outros 10milhões. Com os sucessivos ataques aos direitos dos funcionários do estado, estamos a colocar-nos a jeito para que esses mesmos funcionários, que deveriam zelar pelos interesses de toda uma comunidade, passam a zelar pelo seu próprio interesse. A consequência é caminharmos lentamente para um estado digno de países de terceiro mundo, onde tudo é comprado, até a senha para o atendimento. Qualquer dia, expulsam-nos do continente Europeu e convidam-nos para o Africano ou para a América do Sul…

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Leilão da DECO – o espelho da sociedade

A iniciativa parecia boa. Juntar o máximo de consumidores de electricidade, agarrar nesse pacote e leiloá-lo à melhor oferta, entenda-se tarifa mais baixa. Sou e serei sempre adepto do lema “juntos somos mais fortes”, pelo menos enquanto me lembrar da história dos vimes.
No entanto e após o leilão, verifico que afinal não foi nada disso do que se tratou. Uma vez mais, puxou a raça tuga para a questão, aquele lado menos bom da nossa sociedade que insiste em agarrar-se à nossa perna que nem lapa, pesada, que nos dificulta a caminhada da vida. Entenderam os senhores da DECO cobrar 15euros por cada cliente angariado. Traduzindo, entenderam fazer dinheiro connosco, os necessitados. Assim receberiam quase 9milhões de euros por algo que Eu e todos os demais potenciais clientes irão pagar.
Esta oportunidade de fazer dinheiro à custa dos outros enoja-me, principalmente quando é à custa das necessidades dos outros e não de trabalho próprio. Não estou de todo surpreendido, porque já há algum tempo que a DECO perdeu algum crédito na minha casa. Mas esta foi a machadada. É a prova que não estão na sociedade para a servir, mas para se servir dela. Puro negócio. Não são portanto melhores do que os que nos conduziram a esta desgraça, simplesmente nunca tiveram a oportunidade de lucrar “à grande” com o povo. No dia que tiveram essa oportunidade, foram ao pote. Uma página na internet, custo 100euros, e uns e-mails a circular, transformaram-se em 9milhões.
Assim, ao que consta, só um concorrente se apresentou a leilão tendo os outros quatro desistido, o que me parece um enorme fiasco. Mesmo que a tarifa seja menor nunca saberemos se é a justa.
Tristeza de povo… onde eu fui nascer.