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terça-feira, 26 de março de 2013

Maçonaria

Estou a ler o livro “Segredos da Maçonaria Portuguesa” de António José Vilela e tenciono fazer um resumo geral do que concluirei da leitura do mesmo.
Para já vou deixando algumas passagens que considero interessantes e que no final da leitura posso já não me lembrar.
“Abel Pinheiro da Silva (responsável pelas finanças do CDS-PP, ligou a Rui Gomes da Silva (sim o comentador do Benfica), que acabara de deixar o cargo de ministro dos assuntos parlamentares do XVI governo de coligação PSD-CDS (2004/2005) (…) durante o telefonema ambos concordaram que os maçons estavam sob fogo cerrado de José Sócrates. O futuro primeiro-ministro socialista era simplesmente acusado de afrontar diretamente a Irmandade do GOL (grande oriente lusitano) não nomeando nenhum maçon para o novo governo. (…) concordaram até que as nomeações para ministro tinham de respeitar uma espécie de quota maçónica. Estavam indignados por José Sócrates não respeitar esse jogo de bastidores, afastando a maçonaria e também Opus Dei e a Igreja, dos lugares de decisão política. Isso seria mortal pois o governo ficaria vulnerável. De todos os ministros o mais temido era António Costa, pois achavam que o ministro de estado e da administração interna controlaria o SIS e a Polícia Judiciária. Para contornar a situação Abel Pinheiro da Silva iniciou na maçonaria José Magalhães, novo secretário de estado adjunto do ministro da justiça.”
1)Este pequeno texto deixa várias questões no ar cujo cheiro tresanda a trafulhice. Porque razão têm os governo de ter membros maçons?
2)Será que o ataque cerrado que foi feito na praça pública a José Sócrates com casos que não deram em nada, não foi propositado e levado a cabo por algumas destas damas (organizações) ofendidas?
3)Qual o receio de um não maçon controlar o SIS e a polícia judiciária?

Pois… as respostas não me parecem muito recomendáveis.

segunda-feira, 25 de março de 2013

Sócrates - O novo peão de Relvas

No seguimento do post anterior vou agora abordar os porquês da sua contratação. Antes disso duas notas prévias que me parecem interessantes. Caso não se lembrem a Administração da RTP demitiu-se em 22 de Agosto de 2012, tendo sido empossada nova administração escolhida pelo ministério de Relvas, na qual foi integrada um membro que veio da central das cervejas que no passado já colaborou e muito, com os membros do PSD.
A segunda nota prende-se com a Direcção de Informação da RTP, também ela demitida em finais de Novembro do mesmo ano (2012), com o pretexto do caso Nuno Santos.
Agora sim, estamos em condições de analisar a decisão da RTP em escolher José Sócrates para a sua grelha. Que ninguém duvide que o mestre Relvas soubesse, pelo menos, da intenção da contratação. Não acredito que uma nova administração e direcção, acabadas de nomear e sendo pessoas da confiança de Relvas, actuasse à revelia do mestre. Ai deles!!.
A única dúvida que podemos ter é: se a ideia foi de Relvas. Tenho para mim que sim. Não acredito que aquelas alminhas se lembrassem agora de ir buscar o tipo a Paris apenas porque sim.
Na minha opinião, mestre Relvas tem dois objectivos com o lançamento do esqueleto Sócrates para a praça pública.
O primeiro objectivo será entreter o povo com uma figura odiosa. O mestre conhece as massas, sabe que apesar dos séculos que nos separam da época medieval, o povo continua a gostar de linchamentos públicos e tal como nessa época, nem precisam saber se é culpado ou não. Basta dizer: mata que é ladrão e o povo deixa-se levar na onda e aproveita para “malhar” um pouco, mesmo que os seus pecados sejam mais hediondos que os do linchado.  Assim o mestre espera desviar as atenções do povo no seu governo e seus camaradas ministros e, quem sabe, transferir as “grandoladas” para os estúdios da RTP.
O segundo objectivo prende-se com as autárquicas. Os autarcas do PSD andam doidos com as políticas do governo e com a impopularidade que o partido vai tendo no povo. Apelam, de pulmão cheio, por medidas “apaziguadoras” com o povo, que só podem ser financeiras. O problema é que a falta de competência do governo e também a troika, não permitem  estancar a sangria de medidas de asfixia economia das famílias portuguesas. Assim o mestre Relvas pensou “vamos convidar o Sócrates para falar na RTP e depois durante a semana só se vai falar do que ele disse, nós respondemos, malhamos nele, e fazemos dele bode expiatório de todos os males do povo, vamos como voltar aos tempos de oposição”. Espera assim o mestre Relvas cultivar o ódio por uma pessoa e com isso arrastar o PS.
Vamos ver se a lábia de Sócrates não provoca ainda mais convulsões sociais contra o governo, que isto, já diz o ditado, quem semeia ventos colhe tempestades, ou o feitiço volta-se contra o feiticeiro.

O regresso de Sócrates

A semana passada ficou marcada pela notícia do regresso de José Sócrates à actividade política através de um programa semanal a emitir pela RTP com a duração de 30minutos.
Logo surgiram petições contra e a favor do seu regresso. Eu pessoalmente até tenho alguma curiosidade de ouvir o que o mesmo tem a dizer, principalmente se esclarecer algumas posições assumidas no passado. Isto porque, nos poucos anos que levo a prestar atenção à política e economia do país, já percebi que os políticos e meios de comunicação só dizem parte dos factos, normalmente a parte que os intervenientes permitem, ou que interessa dizer, no momento. Por isso gosto de ler jornais, ver blogs, debates, comentadores etc. e no final formular a minha opinião. Já aprendi que neste país, nada do que parece é. Infelizmente a maioria dos meios de comunicação é controlada ou tem ligações partidárias.
Não me espanta que surjam petições cujo objectivo é “calar/achincalhar/fomentar ódio” por alguém, pois podem ser iniciadas por boys de partidos contrários. Espanta-me, ou choca-me, que pessoas normais, povo, se deixe levar por este tipo populismo barato, xenófobo, digno dos tempos áureos do Hitler e sua juventude hitleriana.
Estes ódios por vezes ganham proporções que se tornam difíceis de controlar.
Quem quiser ver, vê, quem não quiser ver mude para as telenovelas da TVI ou SIC. Não creio é que ao ver estes dois últimos canais, vai ficar a saber mais da actualidade política e económica do país…

terça-feira, 19 de março de 2013


Abolição das PPP

Os contratos das parcerias público-privadas (PPP) com que o Estado se comprometeu transformaram os cidadãos em servos vitalícios de alguns grupos económicos, ou seja, em escravos.
Por: Paulo Morais, Professor Universitário
As PPP representam um compromisso anual de vários milhares de milhões de euros, um verdadeiro cancro para as finanças públicas da atual e das próximas gerações. Em primeiro lugar, geram para os concessionários, em particular das PPP rodoviárias, rentabilidades anuais obscenas, da ordem dos 17%, ou até mais. O rendimento é garantido. Cada troço de autoestrada obriga o Estado a um pagamento diário… independentemente de lá passar um único carro. Por outro lado, o Estado ainda paga prémios pela diminuição da sinistralidade, que representam largos milhões para cada autoestrada. É certo que também há penalização pelo acréscimo de acidentes, mas as multas são incomparavelmente mais baixas do que os prémios, pelo que os privados ficam (como sempre) beneficiados. Favorecidos numa relação de um para cem ou até mais! Por último, os governos têm negociado, ao longo de anos, ruinosos acordos de "reposição de reequilíbrio financeiro". Já no início do século, na Ponte Vasco da Gama, a primeira das PPP, o Estado atribuía uma verba de 42 milhões de euros à Lusoponte, para a compensar por um aumento de taxas de juro, mas nunca a concessionária pagou quando as taxas diminuíam. Estas práticas reiteradas transferiram milhares de milhões para os concessionários. Em 2011, só nas PPP rodoviárias, para despesas correntes de cerca de oitocentos milhões de euros, os pedidos de reequilíbrio financeiro foram de… novecentos milhões. Só há agora uma forma de nos libertarmos deste jugo: abolir o negócio das PPP. Pela via da renegociação dos contratos, reconversão do modelo em concessão ou, pura e simplesmente, expropriação dos equipamentos e infraestruturas. E sem sequer consagrar direitos adquiridos aos concessionários. Em primeiro lugar, porque os contratos são leoninos, os direitos foram obtidos ilegitimamente. Mas sobretudo porque quando se libertam servos, como quando se procedeu à abolição da escravatura, não se podem, nem devem, manter intactos os direitos dos esclavagistas.

Chipre - naufrágio de uma ilha

O que os políticos cipriotas se preparam para fazer é afundar o país. É quem nem o facto de colocarem o país nas bocas do mundo vai servir para alguma coisa, porque o motivo é no mínimo assustador.
Cativarem em 10% o valor das poupanças das pessoas é um puro acto de terrorismo. Não sei se há outras alternativas mas esta solução parece-me claramente um último recurso. Gera uma revolta social, justificada, por quem ao longo dos anos foi fazendo vidas mais recatadas com o objectivo de colocar uns tostões de lado. Essas mesmas poupanças depositadas nos bancos serviram para outros contraírem empréstimos e colocar a economia a mexer. Penalizar quem se portou bem, além de imoral e injusto é terrorista.
Mas não são só os cipriotas a revoltarem-se. Na pequena ilha vivem muitos estrangeiros que escolheram as águas cristalinas do mediterrâneo para envelhecer e que transferiram os seus depósitos, do seu país natal, para a ilha. Agora, vêm as suas contas bancárias com um haircut de 10%.
Não sei se isto vai mesmo para a frente, ou se os interesses sobretudo russos e ingleses, não vão pressionar e forçar a UE a adoptar outra medida que não aquela. No caso de esta medida ir mesmo para a frente não acredito que a ilha se mantenha no euro e não acredito que escape à bancarrota e consequentemente miséria. É que já vi na televisão várias pessoas a dizer que vão levantar os depósitos – reacção natural da desconfiança instalada - o que é a pior coisa que pode acontecer a um país em grave crise financeira. Onde é que os bancos vão buscar o dinheiro para entregar aos depositantes? Não vão… é o caos!

sábado, 16 de março de 2013

Strauss-Khan em queda livre

Depois de todos os escândalos, incluindo o mais recente nos EUA com a empregada do hotel, que arrasaram com a reputação de SK e que parecia ter batido no fundo, eis que, já diz o povo, o fundo afinal está um pouco mais profundo.
Marcela Iacub, filósofa e jurista de 48 anos, amante de SK durante 7meses em 2012, decidiu publicar um livro intitulado “Belle et Bête”, a bela e o monstro em português.  Neste livro a autora descreve SK como um porco, um pervertido, fazendo considerações sobre a pessoa em causa. Resumindo, aproveita todo o potencial linguístico que tem para achincalhar o fulano.
De uma Ex, já se sabe que nunca virá mel, apenas fel. Mas neste caso é um pouco mais do que isso. A autora já lutava há algum tempo, para relançar a sua carreira como escritora. SK deu-lhe o tema. Abriu-lhe a porta, ela entrou, tirou o que quis, deitou-lhe fogo e agora assiste de poltrona, com um copo de vinho chardonnay na mão, ao porco a assar em lume brando alimentado pelas notas de euro que o best seller lhe proporciona.
É-me indiferente se SK é porco ou não. O que me diverte nesta notícia é perceber que afinal Portugal não é muito diferente dos outros países, neste caso França. Também existem oportunistas, palhaços, parolos e um povo que é capaz de fazer deste livro um best-seller… Yuppie!! Afinal os outros não são bons assim, também têm um lado parvo. Nunca pensei ficar tão contente com a parolice dos outros. Sinto esperança.

sexta-feira, 15 de março de 2013


António Marinho e Pinto, Bastonário da Ordem dos Advogados: Austeridade e privilégios, no Jornal de Notícias. Excertos:
 
«[...] O primeiro-ministro, se ainda possui alguma réstia de dignidade e de moralidade, tem de explicar por que é que os magistrados continuam a não pagar impostos sobre uma parte significativa das suas retribuições; tem de explicar por que é que recebem mais de sete mil euros por ano como subsídio de habitação; tem de explicar por que é que essa remuneração está isenta de tributação, sobretudo quando o Governo aumenta asfixiantemente os impostos sobre o trabalho e se propõe cortar mais de mil milhões de euros nos apoios sociais, nomeadamente no subsídio de desemprego, no rendimento social de inserção, nos cheques-dentista para crianças e — pasme-se — no complemento solidário para idosos, ou seja, para aquelas pessoas que já não podem deslocar-se, alimentar-se nem fazer a sua higiene pessoal.
 
O primeiro-ministro terá também de explicar ao país por que é que os juízes e os procuradores do STJ, do STA, do Tribunal Constitucional e do Tribunal de Contas, além de todas aquelas regalias, ainda têm o privilégio de receber ajudas de custas (de montante igual ao recebido pelos membros do Governo) por cada dia em que vão aos respetivos tribunais, ou seja, aos seus locais de trabalho.
 
Se o não fizer, ficaremos todos, legitimamente, a suspeitar que o primeiro-ministro só mantém esses privilégios com o fito de, com eles, tentar comprar indulgências judiciais.»
"A vida corre atrás de nós para nos roubar aquilo que em cada dia temos menos."

Ulrich tomou imodium rapid

Ulrich, aquele a quem eu tenho apelidado de diarreia cerebral, parece que tomou uma pílula de imodium rapid. Já devia estar tão desgastado/assado que decidiu fazer uma pausa. Ontem no programa quadratura do círculo na sicnoticias, lá veio admitir que a sociedade está triste, desmotivada e descrente e que tem de se inverter este espírito com medidas concretas que proporcionem crescimento económico e emprego. Porque será?!
Este senhor foi o mesmo que nos sugeriu a vida de mendigo e que afirmou veemente que os portugueses aguentavam mais austeridade.
Como eu não acredito que um lobo vire cordeiro em tão pouco tempo, algo deve estar por trás desta súbita viragem no discurso do Ulrich. Alguém lhe apertou os tomates! De certeza! Ai apertou, apertou!!..

Um país desigual chamado Portugal

Numa altura em que volta a pairar no ar a nuvem bem preta com o rótulo 4mil milhões, algo que já abordei em vários artigos neste blog e em que se fala, uma vez mais, em cortes salariais ou subida de impostos para compensar esses mesmos 4mil milhões, tive conhecimento de mais um valente desperdício do estado. Mais do que desperdício, para mim, é uma tremenda injustiça social.
 Soube então, numa conversa entre pais, que o colégio Salesianos de Manique, concelho de Cascais, é patrocinado pelo estado. Tem cerca de 1900 alunos dos quais apenas 10% pagam mensalidade, todos os outros vivem à pala dos meus impostos. E quem são eles? Necessitados? Não. O critério para se frequentar um colégio privado como aquele é só um: quem morar na área geográfica de Manique. Isto implica todos os que vivem naquelas casinhas com piscina que rodeiam o colégio e o aeroporto de tires. Segundo os mesmos pais, esses “necessitados” ainda podem escolher algumas das seguintes actividades: Ballet, clube de artes,espanhol,escola de ténis, hip-hop,informática, karaté, BTT,Centro Musical, grupo coral, teatro, horta biológica, dança, surf e bodyboard, Acrobat Tramp, Floorball e Socorrismo.
Estamos a falar de uma malha urbana, que para além de ter transportes regulares, coisa que no interior não acontece, tem escolas a menos de 5KM (Albarraque e Manique de Cima). Será que os senhores que tiveram dinheiro para comprar as moradias com piscina não têm dinheiro para pagar o combustível ou passe das crianças até às escolas públicas?? Será mesmo que se justifica o estado pagar a mensalidades desta gente, que vive num dos concelhos mais ricos do país, só porque não existe escola pública a menos de 5km???? Quem decidiu morar ali não sabia que não tinha escola pública? É engraçado viver numa moradia com piscina com um preço mais acessível e depois o estado arcar com os custos das desvantagens por ausência de serviços sociais.
E que dizemos a pais e crianças que no interior só têm um autocarro de madrugada e outro ao final do dia até ao local da sua escola? Que são forçados a ficar o dia todo fora de casa por não haver transportes. Que aguardam no gelo da madrugada ou do final do dia, sozinhos em paragens, para terem a sua oportunidade nesta sociedade? Será justo que crianças iguais às outras, cujo potencial à partida é igual, sejam tratadas de forma tão diferente apenas porque vivem numa terra esquecida no interior do país? Será justo o que lhes exigimos? E nem quero falar das condições que o dito colégio tem e das actividades que proporciona aos seus alunos, que as escolas públicas não têm…
Um génio, um fora de série, pode nascer em qualquer lado e em qualquer família, rica ou pobre. A envolvência social e as ferramentas que lhes proporcionamos, ou não, serão determinantes na evolução das crianças e na ascensão do seu génio. Um país que desperdiça o potencial dos seus melhores recursos humanos, fomentando o elitismo e estas desigualdades, nunca conseguirá sair da merda que é.

quarta-feira, 13 de março de 2013

Implosão do BE?

O Bloco de Esquerda foi um projecto que nasceu da perseverança do ex-dirigente Louça. Trabalhou muito no sentido de unir vários pequenos partidos de forma a ganhar expressão no panorama político português. Depois de vários anos de insistência consegui-o.
Agora com o seu abandono tudo parece tremido. As diversas facções que se tinham unido em torno do líder Louça, ameaçam agora desmembrar novamente o partido. Consequência ou não, recentemente Daniel Oliveira abandonou o Bloco. Não sou militante nem tenho qualquer ligação com o BE, no entanto, considero que é uma grande baixa para o BE perder uma pessoa inteligente e proactiva como Daniel Oliveira. O BE fica mais pobre. Não tenho a menor dúvida.
É normal depois de vários de uma liderança forte os partidos, empresas ou instituições passarem por um período de instabilidade e fragilidade até se encontrar novamente uma liderança consensual e forte. Vamos ver se existe tempo no BE para o surgimento dessa nova liderança consensual.

sexta-feira, 8 de março de 2013


Só em Portugal !!!....
Texto de Miguel Sousa Tavares

Segunda-feira passada, a meio da tarde, faço a A-6, em direcção a Espanha e na companhia de uma ami...ga estrangeira; quarta-feira de manhã, refaço o mesmo percurso, em sentido inverso, rumo a Lisboa.
Tanto para lá como para cá, é uma auto-estrada luxuosa e fantasma. Em contrapartida, numa breve incursão pela estrada nacional, entre Arraiolos e Borba, vamos encontrar um trânsito cerrado, composto esmagadoramente por camiões de mercadorias espanhóis.
Vinda de um país onde as auto-estradas estão sempre cheias, ela está espantada com o que vê:
- É sempre assim, esta auto-estrada?
- Assim, como?
- Deserta, magnífica, sem trânsito?
- É, é sempre assim.
- Todos os dias?
- Todos, menos ao domingo, que sempre tem mais gente.
- Mas, se não há trânsito, porque a fizeram?
- Porque havia dinheiro para gastar dos Fundos Europeus, e porque diziam que o desenvolvimento era isto.
- E têm mais auto-estradas destas?
- Várias e ainda temos outras em construção: só de Lisboa para o Porto, vamos ficar com três.
Entre S. Paulo e o Rio de Janeiro, por exemplo, não há nenhuma: só uns quilómetros à saída de S. Paulo e outros à chegada ao Rio.
Nós vamos ter três entre o Porto e Lisboa: é a aposta no automóvel, na poupança de energia, nos acordos de Quioto, etc. - respondi, rindo-me.
- E, já agora, porque é que a auto-estrada está deserta e a estrada nacional está cheia de camiões?
- Porque assim não pagam portagem.
- E porque são quase todos espanhóis?
- Vêm trazer-nos comida.
- Mas vocês não têm agricultura?
- Não: a Europa paga-nos para não ter.
- E os nossos agricultores dizem que produzir não é rentável.
- Mas para os espanhóis é?
- Pelos vistos...
- Ela ficou a pensar um pouco e voltou à carga:
- Mas porque não investem antes no comboio?
- Investimos, mas não resultou.
- Não resultou, como?
- Houve aí uns experts que gastaram uma fortuna a modernizar a linha Lisboa-Porto, com comboios pendulares e tudo, mas não resultou.
- Mas porquê?
- Olha, é assim: a maior parte do tempo, o comboio não 'pendula'; e, quando 'pendula', enjoa de morte.
- Não há sinal de telemóvel nem Internet, não há restaurante, há apenas um bar infecto e, de facto, o único sinal de 'modernidade' foi proibirem de fumar em qualquer espaço do comboio.
- Por isso, as pessoas preferem ir de carro e a companhia ferroviária do Estado perde centenas de milhões todos os anos.
- E gastaram nisso uma fortuna?
- Gastámos. E a única coisa que se conseguiu foi tirar 25 minutos às três horas e meia que demorava a viagem há cinquenta anos...
- Estás a brincar comigo!
- Não, estou a falar a sério!
- E o que fizeram a esses incompetentes?
- Nada. Ou melhor, agora vão dar-lhes uma nova oportunidade, que é encherem o país de TGV: Porto-Lisboa, Porto-Vigo, Madrid-Lisboa... e ainda há umas ameaças de fazerem outro no Algarve e outro no Centro.
- Mas que tamanho tem Portugal, de cima a baixo?
- Do ponto mais a norte ao ponto mais a sul, 561 km.
- Ela ficou a olhar para mim, sem saber se era para acreditar ou não.
- Mas, ao menos, o TGV vai directo de Lisboa ao Porto?
- Não, pára em várias estações: de cima para baixo e se a memória não me falha, pára em Aveiro, para os compensar por não arrancarmos já com o TGV deles para Salamanca; depois, pára em Coimbra para não ofender o prof. Vital Moreira, que é muito importante lá; a seguir, pára numa aldeia chamada Ota, para os compensar por não terem feito lá o novo aeroporto de Lisboa; depois, pára em Alcochete, a sul de Lisboa, onde ficará o futuro aeroporto; e, finalmente, pára em Lisboa, em duas estações.
- Como: então o TGV vem do Norte, ultrapassa Lisboa pelo sul, e depois volta para trás e entra em Lisboa?
- Isso mesmo.
- E como entra em Lisboa?
- Por uma nova ponte que vão fazer.
- Uma ponte ferroviária?
- E rodoviária também: vai trazer mais uns vinte ou trinta mil carros todos os dias para Lisboa.
- Mas isso é o caos, Lisboa já está congestionada de carros!
- Pois é.
- E, então?
- Então, nada. São os especialistas que decidiram assim.
- Ela ficou pensativa outra vez.
- Manifestamente, o assunto estava a fasciná-la.
- E, desculpa lá, esse TGV para Madrid vai ter passageiros?
- Se a auto-estrada está deserta...
- Não, não vai ter.
- Não vai? Então, vai ser uma ruína!
- Não, é preciso distinguir: para as empresas que o vão construir e para os bancos que o vão capitalizar, vai ser um negócio fantástico!
- A exploração é que vai ser uma ruína - aliás, já admitida pelo Governo - porque, de facto, nem os especialistas conseguem encontrar passageiros que cheguem para o justificar.
- E quem paga os prejuízos da exploração: as empresas construtoras?
- Naaaão! Quem paga são os contribuintes!
-Aqui a regra é essa!
- E vocês não despedem o Governo?
- Talvez, mas não serve de muito: quem assinou os acordos para o TGV com Espanha foi a oposição, quando era governo...
- Que país o vosso!
- Mas qual é o argumento dos governos para fazerem um TGV que já sabem que vai perder dinheiro?
- Dizem que não podemos ficar fora da Rede Europeia de Alta Velocidade.
- O que é isso? Ir em TGV de Lisboa a Helsínquia?
- A Helsínquia, não, porque os países escandinavos não têm TGV.
- Como? Então, os países mais evoluídos da Europa não têm TGV e vocês têm de ter?
- É, dizem que assim entramos mais depressa na modernidade.
Fizemos mais uns quilómetros de deserto rodoviário de luxo, até que ela pareceu lembrar-se de qualquer coisa que tinha ficado para trás:
- E esse novo aeroporto de que falaste, é o quê?
- O novo aeroporto internacional de Lisboa, do lado de lá do rio e a uns 50 quilómetros de Lisboa.
- Mas vocês vão fechar este aeroporto que é um luxo, quase no centro da cidade, e fazer um novo?
- É isso mesmo. Dizem que este está saturado.
- Não me pareceu nada...
- Porque não está: cada vez tem menos voos e só este ano a TAP vai cancelar cerca de 20.000.
- O que está a crescer são os voos das low-cost, que, aliás, estão a liquidar a TAP.
- Mas, então, porque não fazem como se faz em todo o lado, que é deixar as companhias de linha no aeroporto principal e chutar as low-cost para um pequeno aeroporto de periferia?
-Não têm nenhum disponível?
- Temos vários.
- Mas os especialistas dizem que o novo aeroporto vai ser um hub ibérico, fazendo a trasfega de todos os voos da América do Sul para a Europa: um sucesso garantido.
- E tu acreditas nisso?
- Eu acredito em tudo e não acredito em nada.
- Olha ali ao fundo: sabes o que é aquilo?
- Um lago enorme! Extraordinário!
- Não: é a barragem de Alqueva, a maior da Europa.
- Ena! Deve produzir energia para meio país!
- Praticamente zero.
- A sério? Mas, ao menos, não vos faltará água para beber!
- A água não é potável: já vem contaminada de Espanha.
- Já não sei se estás a gozar comigo ou não, mas, se não serve para beber, serve para regar - ou nem isso?
- Servir, serve, mas vai demorar vinte ou mais anos até instalarem o perímetro de rega, porque, como te disse, aqui acredita-se que a agricultura não tem futuro: antes, porque não havia água; agora, porque há água a mais.
- Estás a dizer-me que fizeram a maior barragem da Europa e não serve para nada?
- Vai servir para regar campos de golfe e urbanizações turísticas, que é o que nós fazemos mais e melhor.
Apesar do sol de frente, impiedoso, ela tirou os óculos escuros e virou-se para me olhar bem de frente:
- Desculpa lá a última pergunta: vocês são doidos ou são ricos?
- Antes, éramos só doidos e fizemos algumas coisas notáveis por esse mundo fora; depois, disseram-nos que afinal éramos ricos e desatámos a fazer todas as asneiras possíveis cá dentro; em breve, voltaremos a ser pobres e enlouqueceremos de vez.
- Ela voltou a colocar os óculos de sol e a recostar-se para trás no assento.
- E suspirou:
- Bem, uma coisa posso dizer: há poucos países tão agradáveis para viajar como Portugal!
- Olha-me só para esta auto-estrada sem ninguém!...
Só em Portugal !!!....

quarta-feira, 6 de março de 2013

O poder dos emergentes

O mundo está a mudar, é um facto. Acho que até o mais desatento já ouviu falar dos países emergentes. Eles crescem, nós decrescemos. É tão certo como o desequilíbrio provocado por um acréscimo de peso num dos pratos de uma balança. Já ouve grandes impérios no mundo ao longo da história, que mais não eram que grandes economias.
A Índia tal como a china está em velocidade alucinante no que respeita ao crescimento económico. A Europa insiste em não interpretar os sinais e a inverter as suas politicas económicas e até comerciais porque, até agora, as suas poderosas economias ainda não se tinham ressentido. Mas já começam a sentir no pêlo o que lhes espera no futuro. Tal como já nos aconteceu, as suas grandes empresas estão a ser compradas por estrangeiros. Prova disso foi a recente compra da Jaguar e LandRover pelo grupo Indiano TATA. Devagar, devagarinho. Mas vão chegar à nossa situação…

IKEA - No fio da navalha

E assim se põe em causa toda uma marca. Apesar da área de negócios principal ser a dos móveis monte-você-mesmo, a alimentação também faz parte do negócio. Aliás, a aposta na alimentação foi efectuada com o intuito de servir de chamariz às lojas e que, até certo ponto  diferencia o IKEA de uma Moviflor. Agora, depois das almôndegas, foi a vez de uns bolinhos de amêndoa e chocolate chumbarem nas análises. As autoridades chineses detectaram elevados níveis de bactérias coliformes nos bolinhos. Podemos ver isto de duas formas, uma é o gigante a querer estoirar com uma marca que lhe faz sombra. A outra é mais preocupante. A china, pelo menos na minha mente, não é considerada como um país, ou cultura, muito exigente no que refere à confecção de alimentos. Logo, para eles detectarem as bactérias, a quantidade que não deve ser!! ui ui...
Ver aqui:

terça-feira, 5 de março de 2013

Partidos Portugueses

Para quem não saiba existem vários partidos e movimentos em Portugal, para além dos seis com representação parlamentar. Desde esquerda radical até à direita fascista.
Obviamente que, pessoalmente, me preocupam os partidos/movimentos mais radicais, pois normalmente colocam em causa a liberdade de expressão. No entanto, era bom que os portugueses se empenhassem mais na actividade política, que procurassem conhecer e participar.
Teríamos todos muito a ganhar com isso.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Anexo:Lista_de_partidos_pol%C3%ADticos_em_Portugal

De colonizador a colónia

Sinais do tempo. Em tempos fomos um império, agora somos nada. A nossa falta de visão estratégia para o futuro sempre foi uma característica deste país, à excepção do período dos descobrimentos, em que um obstinado meteu na cabeça que haveria de fazer o seu próprio mapa oceânico. Assim se justifica a forma como não explorámos, quando tivemos oportunidade, os recursos que as nossas ex-colónias tinham à mão de semear. Deixámos lá quase tudo, tirámos apenas o suficiente para vivermos bem na altura. Sempre fomos assim, viver um dia de cada vez.
Agora, mais que nunca, desesperamos por poder viver um dia de cada vez, mas com uma grande diferença relativamente a outros tempos, é que dantes estendíamos a mão para vender algo que se produzia, agora estendemos a mão como mendigos. Já não há dignidade.
Vem isto a propósito do que assisti na semana passada. O jornal expresso revelou que o PGR Angolano é suspeito de lavagem de dinheiro, por causa de depósitos suspeitos nas suas contas em Portugal (algo que não é de admirar). Logo se insurgiram os jornais do regime Angolano e também pessoas ligadas ao governo, com ameaças económicas às empresas portuguesas com actividade naquele país. “Assim como querem que haja boas relações comerciais entre os nossos países…”, “Não se esqueçam que existem mais de mil empresas portuguesas no mercado angolano… e que trabalham neste país mais de 120mil portugueses”.
Isto foi o suficiente para os nossos políticos, Paulinho Portas e Álvaro Santinho Pereira, virem para a comunicação social colocar água na fervura. Eu, pessoalmente, abomino a chantagem. Em meu entender não combina com a palavra carácter, essa sim palavra que aprecio muito. Creio que Angola tinha muito mais a perder com a saída das nossas empresas do seu país, do que Portugal. Teria também muito mais a perder se Portugal decidisse “nacionalizar” o capital angolano espalhado pelo nosso país. Portanto, aos políticos portugueses: tenham dignidade e tomates! Não estamos aqui para perseguir ninguém, nem achincalhar ninguém, mas também não temos de lamber o cú a ninguém!

segunda-feira, 4 de março de 2013


Lobo Antunes!
Um retrato demolidor da " Nação valente e imortal".


“ Agora sol na rua a fim de me melhorar a disposição, me reconciliar com a vida.
Passa uma senhora de saco de compras: não estamos assim tão mal, ainda
compramos coisas, que injusto tanta queixa, tanto lamento.
Isto é internacional, meu caro, internacional e nós, estúpidos,
culpamos logo os governos.
Quem nos dá este solzinho, quem é? E de graça. Eles a trabalharem para
nós, a trabalharem, a trabalharem e a gente, mal agradecidos,
protestamos.
 Deixam de ser ministros e a sua vida um horror, suportado em estóico
silêncio. Veja-se, por exemplo, o senhor Mexia, o senhor Dias
Loureiro, o senhor Jorge Coelho, coitados. Não há um único que não
esteja na franja da miséria. Um único. Mais aqueles rapazes generosos,
que, não sendo ministros, deram o litro pelo País e só por orgulho não
estendem a mão à caridade.
O senhor Rui Pedro Soares, os senhores Penedos pai e filho, que isto
da bondade as vezes é hereditário, dúzias deles.
Tenham o sentido da realidade, portugueses, sejam gratos, sejam
honestos, reconheçam o que eles sofreram, o que sofrem. Uns
sacrificados, uns Cristos, que pecado feio, a ingratidão.
O senhor Vale e Azevedo, outro santo, bem o exprimiu em Londres. O
senhor Carlos Cruz, outro santo, bem o explicou em livros. E nós, por
pura maldade, teimamos em não entender. Claro que há povos ainda
piores do que o nosso: os islandeses, por exemplo, que se atrevem a
meter os beneméritos em tribunal.
Pelo menos nesse ponto, vá lá, sobra-nos um resto de humanidade, de respeito.
Um pozinho de consideração por almas eleitas, que Deus acolherá
decerto, com especial ternura, na amplidão imensa do Seu seio. Já o
estou a ver:
- Senta-te aqui ao meu lado ó Loureiro
- Senta-te aqui ao meu lado ó Duarte Lima
- Senta-te aqui ao meu lado ó Azevedo
que é o mínimo que se pode fazer por esses Padres Américos, pela nossa
interminável lista de bem-aventurados, banqueiros, coitadinhos,
gestores que o céu lhes dê saúde e boa sorte e
demais penitentes de coração puro, espíritos de eleição, seguidores
escrupulosos do Evangelho. E com a bandeirinha nacional na lapela, os
patriotas, e com a arraia miúda no coração. E melhoram-nos
obrigando-nos a sacrifícios purificadores, aproximando-nos dos
banquetes de bem-aventuranças da Eternidade.
 As empresas fecham, os desempregados aumentam, os impostos crescem,
penhoram casas, automóveis, o ar que respiramos e a maltosa incapaz de
enxergar a capacidade purificadora destas medidas. Reformas ridículas,
ordenados mínimos irrisórios, subsídios de cacaracá? Talvez. Mas
passaremos semdificuldade o buraco da agulha enquanto os Loureiros todos abdicam,
por amor ao próximo, de uma Eternidade feliz. A transcendência deste
acto dá-me vontade de ajoelhar à sua frente. Dá-me vontade? Ajoelho à
sua frente  indigno de lhes desapertar as correias dos sapatos.
Vale e Azevedo para os Jerónimos, já!
Loureiro para o Panteão já!
Jorge Coelho para o Mosteiro de Alcobaça, já!
Sócrates para a Torre de Belém, já! A Torre de Belém não, que é tão
feia. Para a Batalha.
 Fora com o Soldado Desconhecido, o Gama, o Herculano, as criaturas de
pacotilha com que os livros de História nos enganaram.
Que o Dia de Camões passe a chamar-se Dia de Armando Vara. Haja
sentido das proporções, haja espírito de medida, haja respeito.
Estátuas equestres para todos, veneração nacional. Esta mania tacanha
de perseguir o senhor Oliveira e Costa: libertem-no. Esta pouca
vergonha contra os poucos que estão presos, os quase nenhuns que estão
presos como provou o senhor Vale e Azevedo, como provou o senhor
Carlos Cruz, hedionda perseguição pessoal com fins inconfessáveis.
Admitam-no. E voltem a pôr o senhor Dias Loureiro no
Conselho de Estado, de onde o obrigaram, por maldade e inveja, a sair.
Quero o senhor Mexia no Terreiro do Paço, no lugar D. José que, aliás,
era um pateta. Quero outro mártir qualquer, tanto faz, no lugar do
Marquês de Pombal, esse tirano. Acabem com a pouca vergonha dos
Sindicatos. Acabem com as manifestações, as greves, os protestos, por
favor deixem de pecar.
Como pedia o doutor João das Regras, olhai, olhai bem, mas vêde. E
tereis mais fominha e, em consequência, mais Paraíso. Agradeçam este
solzinho.
Agradeçam a Linha Branca.
Agradeçam a sopa e a peçazita de fruta do jantar.
Abaixo o Bem-Estar.
Vocês falam em crise mas as actrizes das telenovelas continuam a
aumentar o peito: onde é que está a crise, então? Não gostam de olhar
aquelas generosas abundâncias que uns violadores de sepulturas, com a
alcunha de cirurgiões plásticos, vos oferecem ao olhinho guloso? Não
comem carne mas podem comer lábios da grossura de bifes do lombo
e transformar as caras das mulheres em tenebrosas máscaras de Carnaval.
Para isso já há dinheiro, não é? E vocês a queixarem-se sem vergonha,
e vocês cartazes, cortejos, berros. Proíbam-se os lamentos injustos.
Não se vendem livros? Mentira. O senhor Rodrigo dos Santos vende e,
enquanto vender o nível da nossa cultura ultrapassa, sem dificuldade,
a Academia Francesa.
Que queremos? Temos peitos, lábios, literatura e os ministros e os
ex-ministros a tomarem conta disto.
Sinceramente, sejamos justos, a que mais se pode aspirar?
O resto são coisas insignificantes: desemprego, preços a dispararem,
não haver com que pagar ao médico e à farmácia, ninharias. Como é que
ainda sobram criaturas com a desfaçatez de protestarem? Da mesma forma
que os processos importantes em tribunal a indignação há-de,
fatalmente, de prescrever. E, magrinhos, magrinhos mas com peitos de
litro e beijando-nos uns aos outros com os bifes das bocas seremos,
como é nossa obrigação, felizes. “

domingo, 3 de março de 2013

Manifestações de 2 de Março

Ontem assistimos a mais uma manifestação. Milhares de pessoas foram para a rua. Umas por se verem directamente afectadas pela actual crise em que se encontra o país, outras por solidariedade com familiares ou vizinhos que se encontram em situações de emergência social.
Concordo com tudo, só não percebo uma coisa. Se conseguir-mos a queda do governo, o que se segue? O PS de seguro?
Urge o aparecimento de movimentos sociais. Não precisam de ser como o do palhaço Italiano, podemos ter movimentos sociais credíveis, com gente honesta e competente. Têm de surgir! E depois sim, mandarmos os actuais partidos para o balcão da assembleia da república. Só assim Portugal poderá realmente mudar para melhor. Caso contrário é mudar por mudar.

sexta-feira, 1 de março de 2013

Cada um interpreta como quer - Águas Livres

Veio nos jornais uma intervenção de um administrador das Águas de Portugal, de nome Manuel Frexes, na qual o mesmo disse qualquer coisa como isto “não vai haver privatização da água”, e que “uma eventual entrada de privados será ao nível da subconcessão”, rematou dizendo que o sector das águas continuará a ser 100% público, bem como a titularidade dos bens.
Este senhor pode dizer o que quiser. Até pode dizer que vamos fazer um pipeline do Barreiro até Marte, passando pela lua. A verdade é que, 1º - o sector da água, caso não saiba, já não é 100% público. É ver o caso da Águas de Cascais, ou os casos ruinosos de Barcelos e Marco de Canavezes.
2 º O que é uma subconcessão? Não é mais do que entregar a gestão de um bem, ou actividade a uma outra entidade. Neste caso, é entregar uma concessão, a uma outra entidade. E não poderia ser de outra forma, uma vez que a AdP é em si, um aglomerado de concessões. Logo, para se entregar a um privado, terá de ser feita uma subconcessão. No entanto as implicações são as mesmas: gestão privada.
3º A titularidade da ponte 25 de abril, também é do estado. No entanto durante os próximos 30anos é como se não fosse. Quem a gere é a Lusoponte, do grupo Vincy o que açambarcou a ANA, que cobra as portagens e estipula o preço.
Sr. Administrador, gabo-lhe a ardileza com que joga com as palavras. Pelo que vi nos jornais, parece-me que até conseguiu enganar alguns, mas só os mais desatentos. Se necessário, e caso não tenha percebido qual o objectivo da petição, nova surgirá, a exigir que a gestão das águas e saneamentos sejam meramente públicos, sem SUBCONCESSÕES. Porque o que nos interessa é um bem público livre de ganâncias privadas, livre de perspectivas de lucros. Não é a titularidade, não é a forma linguística dos contratos, se se escreve concessão ou subconcessão, é a ausência de lucros num bem sem o qual não vivemos.