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segunda-feira, 26 de novembro de 2018

A tragédia de Borba




A semana passada Borba foi notícia pelas piores razões, uma derrocada numa estrada arrastaria consigo algumas viaturas para uma queda superior a 60m e um número incerto de pessoas para uma morte certa.

Assim que os “média” pegam no assunto inicia-se a procura por responsabilidades. Tem início o jogo do passa a outro e não ao mesmo. O Estado diz que a estrada é municipal, o município diz que quem esburacou foram os privados e que os mesmos é que deveriam ter resolvido o assunto, os privados dizem que alertaram para o problema e como anjos que são até tinham a solução para o problema que consistia em deitar a estrada abaixo, mas de forma controlada, para, já agora, se “aproveitar um pouco mais a pedra”. Como sempre todos têm culpa e ninguém a vai ter. Coitados dos que morrem e dos que ficam sem eles.

Quanto à culpa para mim é de todos. Do Estado porque licencia a exploração mineira e deveria fiscalizar a sua aplicabilidade e não permitir que a exploração chegue tão próximo da estrada que até 2005 era nacional (ou seja do Estado) sem uma devida solução geotécnica para contenção das terras. Lamento, Sr. Ministro das Infraestruturas e Transportes Pedro Marques, mas ao contrário do que quer fazer crer, o estado não está “limpo” de culpas. Poderá certamente dizer que o actual governo não tem nada a ver com o assunto. Pode. Mas não pode ir para as câmaras de televisão dizer que o estado está isento de culpas. Não está. Não pode estar.

As empresas de extração por não cumprirem a lei e por não terem acautelado a segurança da estrada aquando da escavação, também não podem estar isentas. E não serve de muito fazer-se uma reunião, em 2014, da qual sai a conclusão que a estrada está em risco e que, como tal, o melhor é fechar-se e extrair o resto da pedra. Não meus amigos, se a estrada está em risco porque extraíram pedra até onde não deveriam ter extraído – pondo em causa a estabilidade dos solos onde está implantada a estrada – então é da vossa responsabilidade adotar as medidas necessárias para reforço da contenção da estrada para que a mesma não caia. Não se lava as mãos desta situação dizendo que se avisou que havia um problema que por acaso até foi criado por eles!!

Por último o município. Responsável pela estrada desde 2005 e que pelos vistos nada fez por tentar resolver este problema. Percebo que não queira fechar a estrada em nome de falsas intenções dos “pedreiros” que estavam mais interessados em demolir a estrada do que a intervir na sua estabilização, com o propósito de aumentarem a capacidade de extração das pedreiras adjacentes. Percebo que entenda que a estrada faz falta à população e que a queira no lugar onde está. Não percebo é que nada faça para manter os munícipes primeiro e depois a estrada em segurança. Como entidade gestora da estrada pode sempre fecha-la até realização de obras. Fechar não implica demolir e desaparecer para sempre. Não houve pedidos, processos em tribunal, reuniões em que se solicitasse a resolução do problema. Nada? Está tão embrulhado nisto como os outros mas com uma pequena grande diferença: é que os “pedreiros” zelam pelos seus interesses e o senhor presidente da Câmara de Borba foi eleito para defender os interesses dos seus munícipes. Parece-me óbvio que não defendeu. Parece-me óbvio que já se devia ter demitido.