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terça-feira, 30 de abril de 2013

“O neocolonialismo do senso comum”


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Colonização da vida quotidiana
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 Novas tecnologias da consensualização
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 Desejar o consumo, desejar o capitalismo
 A hegemonia profunda que influencia o senso comum é feita também de desejo. O totalitarismo do consumismo, simbolizado pela omnipresença da publicidade, é um amestramento do desejo que impõe não só os objetos de consumo como objetos privilegiados de desejo, reinventados à velocidade do capitalismo, mas também uma forma de desejo. Deseja-se o consumo. Daí a gratificação nunca ser satisfatória, daí a compulsão para a repetição do comportamento, daí se produzir a falta, daí nos deixarmos embarcar docemente na ilusão da livre escolha do mercado e lutarmos mesmo pela oportunidade de consumir mais. Daí o capitalismo triunfar através do desejo dos/as explorados/as.
Gilles Deleuze é o pensador fecundo dessa colonização do desejo que nos relembra do caráter inconsciente da adesão ao capitalismo e o caráter infraestrutural do desejo, que mostra os mecanismos finos das máquinas desejantes e que sugere as suas capacidades subversivas.
O mesmo Deleuze pensou, inspirado por Foucault, num texto famoso (Post-scriptum sobre a sociedade de controlo), a passagem da sociedade disciplinar à sociedade de controlo, do molde à modulação enquanto “uma moldagem auto deformante que mudasse continuamente”. Impõe-se a lógica da empresa-motivação que divide trabalhadores/as e os atravessa, que invade o próprio espírito, que requer já não apenas uma atitude no trabalho, já não apenas uma adesão a uma ideologia corporativa mas todo um tipo de personalidade normalizada de forma sorridente. E nasce uma fórmula de sucesso: “o homem endividado.”

 Interlúdio: notas para uma crítica da crítica da razão negreira

 #1 Ganhamos todos e temos tanto a perder…
 Mapear a totalidade dos elementos do senso comum seria uma tarefa inglória, nem tem cabimento aqui um relatório exaustivo. Mas fique uma simplificação rude que vai ao encontro de algumas das crenças básicas da hegemonia profunda do capitalismo.
 - Todos ganhamos com o jogo capitalista.
 Desde as primeiras fases do marxismo, mudou a situação das classes subalternas. Não pretendendo minimizar as carências, que estão numa espiral crescente em tempo de crise e correspondem a um processo brutal de pauperização e de transferência de riqueza, o proletariado ocidental de antanho e a sua condição de miséria deixaram de ser a regra. Depois do crescimento económico do pós-guerra e da relativa distribuição da riqueza imposta pelas relações de forças internacionais e pelas lutas dos trabalhadores, a maior parte dos/as oprimidos/as ocidentais já não se pode dizer que sejam os famélicos da terra.
A invenção da classe média potenciou as retóricas transclassistas: todos ganhamos com o crescimento económico do país, o interesse nacional deve ser salvaguardado. E mesmo quando se assiste ao rasgar do pacto ocidental de distribuição muito limitada de riqueza é ainda sob a modalidade do sacrifício temporário que ele se traduz na língua dos poderes hegemónicos.
 - Perdemos tudo se o sistema ruir.
Por outro lado, a perda de estatuto faz parte da retórica do medo desta hegemonia. A chantagem das vidas a crédito e a espiral do consumismo conduzem ao sentimento de que se tem muito mais a perder (o trabalho, a casa, o carro etc.) do que os grilhões que nos prendem. Este conformismo faz com que, mesmo quando se reconhece as graves injustiças do sistema, pareça mais importante minimizar as perdas do que arriscar a mudança.
 - Apesar do jogo estar viciado temos chances de subir na vida.
 A ilusão de ascensão social é uma parte integrante do sistema de hegemonia. Um euromilhões de mobilidade social será probabilidade suficiente para convencer alguns e a repetição exaustiva dos exemplos de sucesso aí está para não nos esquecermos.
 #2 Não é possível mudar e se fosse possível não era desejável
 - Não somos dominados ou hegemonizados.
 Pode-se ainda acreditar que não estamos dentro de um jogo viciado e que as escolhas são livres e que são para serem respeitadas. A ilusão da liberdade de escolha (entre produtos ou candidatos políticos) é correlativa à ilusão da liberdade de pensamento. O senso comum acredita na sua espontaneidade e originalidade, tem-se por auto suficiente, sendo acrítico para com as suas fontes. A arrogância do “eu penso que” colocada no que está pré-fabricado para ser assim pensado conjuga- se com a força de um sujeito coletivo de enunciação (diz que é assim…) que é identitário e contagiante.
As “pessoas normais” têm a ordem natural das coisas por normal e a hegemonia dos nossos tempos disfarça-se de não-ideologia, torna- se invisível por vários meios. Por contraste, fazem política e estão imersos numa ideologia todos/ as os/as que procurem uma perspetiva contra-hegemónica.
 - Mesmo que não ganhemos todos, o poder das classes dominantes é impossível de quebrar.
 As derrotas dos movimentos dos/as trabalhadores/as pesam na consciência. A elas se junta o pessimismo inveterado que diz que a ordem do mundo é mesmo assim e que sempre assim foi. Não há lugar para mudanças. Mal por mal, ficaríamos com o que temos que não é dos piores sistemas de exploração.
 - A mudança é uma engenharia social perigosa que dá lugar ao totalitarismo.
 O fim dos regimes do leste europeu trouxe consigo uma deceção relativamente à possibilidade de construção de alternativas. Enraíza-se a ideia de que o capitalismo é o único sistema funcional, de que não há alternativa ou mesmo de que qualquer tentativa de construção de uma diferença é uma utopia perigosa. Passamos do “capitalismo ou o caos” para “o capitalismo ou o totalitarismo”…
 #3 Os políticos são todos iguais
 - A política não vale a pena porque é um negócio sujo.
 Ainda que haja reconhecimento das injustiças e coragem de mudança, o meio de lutar por essa libertação é apresentado como conspurcado por natureza pelas vontades de poder que o capturam. E, mesmo que se diga que o meio de luta não é político mas social, valerá o mesmo:
 - Os políticos são todos iguais.
 Tal enunciado tornou-se uma arma de desmobilização massiva que atinge mais quem é de alguma forma crítico do sistema em que vivemos. Em vez da conclusão deste enunciado ser a procura de uma outra forma de política e de participação cívica, acaba tantas vezes por ser a desistência ou mesmo um abrir de braços aos populistas anti políticos, tecnocratas e especialistas que nos confiscam a palavra.
Assim, uma luta emancipatória é apresentada como inexequível porque a solidariedade é impossível: devido ao egoísmo do ser humano, devido à natureza do poder presente mesmo nos antipoderes.
 #4 Somos culpados pela nossa situação
 - A culpa é tua.
 A desmobilização da política vem a par com um reinvestimento e mobilização num egoísmo utilitarista. Vence então a retórica do empreendedorismo com o seu misticismo de pacote que vende positividades falsas. Estas são autoculpabilizantes. Dizem-nos que se formos inventivos, de forma suficientemente forte, se formos positivos, conseguiremos. Dizem-nos, portanto, que se não conseguimos é por nossa culpa e instigam-nos a reinvestir ainda mais no individualismo de forma a desejar ainda mais fortemente.
Quando a desigualdade social se quisermos se mascara de política da autoestima, a consciência de classe torna-se mais difícil. Para construir contra-hegemonias é preciso desarmadilhar a possibilidade da política contra as ontologias da deceção e as psicologias positivas do capitalismo.
 A nova direita ao assalto do senso comum
 Deslocando o olhar dos elementos estruturais e profundos e focando-o no momento político que vivemos deparamo-nos com uma recolonização do senso comum enquanto empreendimento altamente agressivo. Uma nova direita está disposta a mobilizar os elementos mais regressivos do senso comum (nacionalismo, racismo, ódio à diferença, egoísmo…) num jogo perigoso: o lado mais sombrio do negreiro do espírito é explorado pelos traficantes dos afetos mais fáceis.
E o jogo generaliza-se à medida que a crise da política e a política da crise arrastaram o espetro político para a direita. Mesmo as respeitáveis direitas tradicionais acabaram muitas vezes por sucumbir à tentação confundindo-se com a extrema-direita na corrida ao populismo.
Ao populismo rude procura-se conjugar a peritagem económica mais refinada dos editorialistas do sistema que ocuparam o espaço mediático de forma desigual para explicar a inevitabilidade da austeridade e a impossibilidade de políticas alternativas. Um cocktail tão mais explosivo já que a política de hegemonia do senso comum reacionário parece ser mais dura, resistente à argumentação e aos factos, do que a própria hegemonia construída denodadamente pelos sound-bytes televisivos.
Portanto, àquelas crenças base da hegemonia capitalista juntam-se outras que são parte fundamental da atual relação de forças: o ressentimento face aos mais fracos que substitui a inveja face aos mais ricos (o discurso sobre o RSI); o saudosismo serôdio dos tempos idos que sendo transversal em Portugal ganha contornos preocupantemente salazarentos (o discurso da escola de antanho); o enaltecer das virtudes da pobreza que também faz lembrar esse tempos (o discurso presidencial, mas também algumas apropriações do neoruralismo pelos média); a política do medo (o discurso da insegurança permanente e do policiamento permanente); a exploração do sentimento identitário ameaçado (os discursos nacionalistas e anti-imigração); a dialética entre o apelo consumista de que necessita a burguesia produtora de bens de consumo interno e a justificação de que “vivemos acima das nossas possibilidades” que corta direitos e salários beneficiando a burguesia exportadora.
O exercício do populismo direitista, que certamente será também ele um mercado competitivo, não deixa de dar a impressão de ser uma forma de retórica fácil. Ao mesmo tempo parte dos militantes de esquerda sente-se confortável a contrapor-lhe factos e desmonta facilmente as falácias em que se apoiam este tipo de raciocínios (conhecemos os preconceitos, as generalizações abusivas, os apelo à emoção, os argumentos de autoridade, etc.). Só que o problema é que fica igualmente a impressão da dificuldade de ultrapassar os seus efeitos. Chocamos com um muro…”
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Excerto do artigo “O neocolonialismo do senso comum”, de Carlos Carujo, publicado na revista “Vírus”, II série, nº1 de Junho de 2012


terça-feira, 23 de abril de 2013

Derby Benfica x Sporting

Não posso deixar de falar, prometo que pouco, sobre o que se passou neste jogo. Partindo do princípio que um juiz não se deixa corromper, ou seja, que não houve nem frutinha nem chocolatinho, práticas mais comuns a norte, só me ocorrem três hipóteses: é cobarde e como tal não teve coragem perante 50mil adeptos de apitar contra a equipa da casa, é incompetente e como tal não sabe as regras do jogo pelo que não devia exercer, ou, por último, quis agradar ao amo (Vítor Pereira chefão da arbitragem e benfiquista) a ver se para a próxima época não é despromovido aos escalões inferiores. Nenhuma das três hipóteses desculpa a incompetência. Todos nós cometemos erros na nossa vida profissional, somos responsabilizados por eles e por norma temos de aprender a viver com as nossas limitações/competências. Infelizmente na arbitragem isso não acontece. Se o árbitro não viu o lance, em vez de se exigir que da próxima tenha melhor forma física e que esteja em cima do lance para ajuizar melhor, não, adopta-se a máxima de ignorância é desculpa para tudo. Para quem não saiba na justiça portuguesa a ignorância não desresponsabiliza ninguém, pelo contrário agrava, porque quem não sabe não pode assumir funções para as quais não tem “bagagem”.
No entanto há algo para mim que é ainda mais perturbador do que o resultado (derrota do Sporting), ou a péssima arbitragem. São as declarações de Rui Gomes da Silva. Que Jorge Jesus, no seu habitual estilo “chunguinha” diga, no final do jogo que foi “Limpinho Limpinho”, não me admira. São declarações ditas 15min após uma vitória importante, possivelmente sem visualizar os lances.
Já Rui Gomes da Silva, que tem um cargo dirigente no clube da luz, que está a ver os lances em câmara lenta, de vários ângulos que não deixam margem para dúvida, não conseguir admitir e até deturpar os factos é que me parece grave. É que parece claramente que está a branquear um péssimo trabalho do árbitro e quando assim é, deixa no ar a desconfiança dos “porquês” de defenderem tanto uma pessoa que supostamente não lhes devia ser nada e que foi incompetente. É que, partindo do princípio que é apenas incompetência, noutro jogo em vez de ser o Sporting o prejudicado pode ser o SLB. Não os preocupa? Não preferem gente competente? Porque se não preferem ter em todos os jogos gente competente e honesta é porque se calhar afinal estão confortáveis com a actual forma de gestão do futebol profissional, ou seja com a incompetência.
Como não acredito que se prefira a incompetência, então poderá ser outra coisa mais grave…
Uma palavra de apreço para Luís Filipe Vieira, que percebendo claramente o que se passou, não proferiu qualquer declaração. É compreensível que não venha criticar o árbitro quando se é beneficiado, já não peço tanto aos dirigentes de futebol, mas ao menos ficar calado e admitir que o jogo, diga-se por sorte, correu bem ao seu clube em prejuízo do adversário, dispersa um bocado a nuvem da corrupção.

domingo, 21 de abril de 2013

Por falar em Miguel gonçalves

Já agora, por falar no cromo, junto este video no youtube do Governo sombra que passa na TVI, onde Ricardo Araújo Pereira goza à grande com tal cromo. Está cinco estrelas.
"Desempregado termina em gado".

http://www.youtube.com/watch?v=81QoflEE9Gc

Impulso Jovem - Último acto digno de Relvas

Desde que Relvas abandonou o governo que os temas alvo de gozo perderam a abundância que tinham. Agora vai ser mais difícil parodiar com o actual governo. Ainda assim não resisto a reviver este episódio.
Miguel Relvas convidou Miguel Gonçalves (outro cromo) para o ajudar a vender a banha da cobra. Ver a cara do Relvas lá trás é hilariante.

http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=25&did=102447

quarta-feira, 17 de abril de 2013



Faz  60 anos - Acordo de Londres sobre as Dívidas Alemãs.
Entre os países que perdoaram 50% da dívida alemã estão a Espanha, Grécia e Irlanda.
O Acordo de Londres de 1953 sobre a divida alemã foi assinado em 27 de Fevereiro, depois de duras negociações com representantes de 26 países, com especial relevância para os EUA, Holanda, Reino Unido e Suíça, onde estava concentrada a parte essêncial da dívida.

A dívida total foi avaliada em 32 biliões de marcos, repartindo-se em partes iguais em dívida originada antes e após a II Guerra.Os EUA começaram por propor o perdão da dívida contraída após a II Guerra. Mas, perante a recusa dos outros credores, chegou-se a um compromisso. Foi perdoada cerca de 50% (Entre os paises que perdoaram a dívida estão a Espanha, Grécia e Irlanda) da dívida e feito o reescalonamento da dívida restante para um período de 30 anos. Para uma parte da dívida este período foi ainda mais alongado. E só em Outubro de 1990, dois dias depois da reunificação, o Governo emitiu obrigações para pagar a dívida contraída nos anos 1920.

O acordo de pagamento visou, não o curto prazo, mas antes procurou assegurar o crescimento económico do devedor e a sua capacidade efectiva de pagamento.

O acordo adoptou três princípios fundamentais:
1. Perdão/redução substancial da dívida;
2. Reescalonamento do prazo da divida para um prazo longo;
3. Condicionamento das prestações à capacidade de pagamento do devedor.

O pagamento devido em cada ano não pode exceder a capacidade da economia. Em caso de dificuldades, foi prevista a possibilidade de suspensão e de renegociação dos pagamentos. O valor dos montantes afectos ao serviço da dívida não poderia ser superior a 5% do valor das exportações. As taxas de juro foram moderadas, variando entre 0 e 5 %.

A grande preocupação foi gerar excedentes para possibilitar os pagamentos sem reduzir o consumo. Como ponto de partida, foi considerado inaceitável reduzir o consumo para pagar a dívida.

O pagamento foi escalonado entre 1953 e 1983. Entre 1953 e 1958 foi concedida a situacao de carência durante a qual só se pagaram juros.

Outra característica especial do acordo de Londres de 1953, que não encontramos nos acordos de hoje, é que no acordo de Londres eram impostas também condições aos credores - e não só aos países endividados. Os países credores, obrigavam-se, na época, a garantir de forma duradoura, a capacidade negociadora e a fluidez económica da Alemanha.

Uma parte fundamental deste acordo foi que o pagamento da dívida deveria ser feito somente com o superavit da balança comercial. 0 que, "trocando por miúdos", significava que a RFA só era obrigada a pagar o serviço da dívida quando conseguisse um saldo de divisas através de um excedente na exportação, pelo que o Governo alemão não precisava de utilizar as suas reservas cambiais.

EM CONTRAPARTIDA, os credores obrigavam-se também a permitir um superavit na balança comercial com a RFA - concedendo à Alemanha o direito de, segundo as suas necessidades, levantar barreiras unilaterais às importações que a prejudicassem.

Hoje, pelo contrário, os países do Sul são obrigados a pagar o serviço da dívida sem que seja levado em conta o défice crónico das suas balanças comerciais
 

Marcos Romão, jornalista e sociólogo. 27 de Fevereiro de 2013.

quinta-feira, 11 de abril de 2013


PATRIOTISMO

Patriotismo não é colocar bandeiras nas janelas ou buzinar quando a seleção de futebol ganha um jogo importante.
Considero que Portugal merece mais da política e dos políticos, mais do que tem tido nos últimos 38 anos de democracia.
Sou pela social-democracia. Admiro particularmente os países do norte da Europa, em especial da Escandinávia, mas também países como o Japão, Coreia do Sul, Canadá, Austrália e Nova Zelândia.
Considero que nada impede o Estado de ser tão produtivo e eficiente quanto as melhores empresas privadas. Nesse sentido, defendo que certos serviços devem ser prestados pelo Estado, e que os mesmos não devam ser pensados numa perspetiva de lucro, antes de serviço público, mas que devem ser desempenhados de forma eficiente e sem desperdiçar recursos.
Sou a favor da iniciativa privada, mas também da solidariedade e igualdade de oportunidades. Acredito nas vantagens de privilegiar o mérito a quaisquer outros tipos de favorecimentos e que isso se reflete na produtividade do grupo, seja de uma empresa, organização ou do país.
Estou cansado dos partidos que nos têm (tão mal) governado. Estou acima cansado de esperar que um dia passem a pôr os interesses do país acima dos interesses pessoais e/ou do partido.
O que faz falta a este país é um verdadeiro sentido patriótico, como me parece existir nos países que fiz referência, refiro-me ao patriotismo que assenta num princípio cientificamente comprovado: “A soma do todo é sempre superior à soma das partes”.
Se rumarmos todos no mesmo sentido, vamos com certeza chegar mais longe. Se produzirmos mais porque privilegiamos o esforço conjunto para o objetivo comum, teremos mais para repartir por todos. O que sinto, em Portugal, é “cada um por si” porque “o país é muito pequeno e pobre”. Isso não é justificação para essa atitude egoísta, como vários países fizeram questão de o provar. São vários os países pequenos e sem grandes recursos naturais que não são pobres, porque decidiram reunir esforços para contrariar o que não aceitaram como uma fatalidade. Portugal pode (e tem de) fazer o mesmo, basta querermos.

Infografia: Saiba quantos funcionários trabalham na sua autarquia


As autarquias portuguesas dão trabalho a mais pessoas. Em 2008, a média de trabalhadores por mil habitantes era de 18,5. No final do ano passado, já era de 19,6. Veja aqui a infografia do Negócios para ficar a saber quantos funcionários trabalham na sua autarquia e nos restantes do país.
A ausência de empresas que promovam a actividade económica justifica o facto de, no Alentejo e interior do País, os municípios empregarem mais pessoas do que no resto do território. O Corvo, nos Açores, é o que tem a média mais elevada

As autarquias portuguesas dão trabalho a mais pessoas. Em 2008, a média de trabalhadores por mil habitantes era de 18,5. No final do ano passado, já era de 19,6. São muito mais aquelas que estão acima - ou iguais - à média (191) do que aquelas que estão abaixo (117). E vendo o mapa, é no interior e no Alentejo que há um maior número de funcionários por cada mil habitantes.

Este foi um aumento que, de acordo com a Associação Nacional de Municípios, ocorreu porque houve uma a descentralização de competências no sector da Educação, que obrigou os 112 municípios que acordaram esta transferência a absorver para a sua estrutura cerca de 11 mil funcionários, o que se reflectiu no número de trabalhadores. Segundo a ANMP, sem esta descentralização de competências já se estaria perante uma redução de funcionários.

O concelho do Corvo, nos Açores, é o que tem um maior rácio de trabalhadores por habitante. Com 40 funcionários para 430 pessoas, quase um em cada dez corvenses trabalha na câmara municipal local, onde o presidente Manuel das Pedras Rita assume funções de técnico. Nos últimos três anos, o pequeno município até conseguiu reduzir quatro funcionários, mas a média de 93 funcionários por mil habitantes consolida o primeiro lugar.

No extremo oposto está Esposende, que, em três anos, passou para o primeiro lugar da tabela, com uma média de 4,8 funcionários por cada mil habitantes.

Apesar de ter havido mais autarquias a reduzir funcionários - 156, contra 152 que aumentaram, a envergadura das reduções (4.406) foi completamente "engolida" pelas contratações: 13.360 pessoas.

terça-feira, 9 de abril de 2013

O discurso de Passos

A tentativa de vitimização, pelos mauzões do Tribunal, parece-me tão absurda como repetitiva. Sim, eu lembro-me de estas mesmas pessoas dizerem o mesmo do antigo primeiro-ministro Sócrates. Hoje estou totalmente convencido que PPC é uma tentativa da direita de ter o seu Sócrates, mas em versão made in china: muito, mas muito fraca.
A segunda coisa que me chamou a atenção no discurso, foi a calma com que disse que o chumbo iria obrigar a tomar outras medidas, nomeadamente do lado da despesa, tendo anunciado que iriam surgir cortes na educação, saúde e segurança social. Sobre isto quero dizer primeiro que, da minha parte, não me “encaixa” muito bem este tipo de chantagem: ai chumbam, então não vai haver saúde para ninguém. Segundo, admitindo que os cortes de que ele fala são possíveis de realizar sem degradar de forma irreversível a qualidade dessas áreas, porque raio não os fez antes??? Se sabem que há gastos excessivos nessas áreas, porque não foram logo atacados? Porque vejamos, caso não tenham percebido NÓS ESTAMOS ENDIVIDADOS ATÉ À MEDULA!!! Mesmo com as receitas da cativação dos subsídios, continuamos com défice, ou seja a contrair dívida, atingindo os 123% do que produzimos. Por isso, todo e qualquer corte de despesa, que permita ao estado contrair menos empréstimos, ou até mesmo pagar dívida, era bem-vindo! Será que sou louco? Ou será que Passos mentiu e não faz a mínima ideia do que vão fazer? Eles tinham dito que não tinham plano B...

O chumbo dos bons alunos

Não deixa de ter a sua ironia que os bons alunos da troika, levem com um chumbo tão previsível.
O tribunal limitou-se a fazer a análise da constituição que, como é óbvio, não permite discriminação de classes. Por isso, o problema não é nem da constituição, nem do tribunal, é de quem insistiu num erro tentando disfarçá-lo.
No entanto fica a dúvida: será que foi só uma atitude prepotente dos nossos governantes, que achavam que tendo sido o orçamento de 2012 aprovado “à condição”, que o de 2013 também o seria? Ou será que esta gente, depois de ter feito os negócios que interessavam, já se preparava para abandonar o governo invocando o chumbo?
É que segundo a comunicação social abordou há uns meses, Vítor Gaspar já tinha pedido a Coelho para sair do governo…

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Ex-donos do BPN continuam com negócios de milhões

"Oliveira e Costa é o 2.º maior detentor de capital da "rebatizada" holding - legalmente, SLN e Galilei são a mesma pessoa jurídica, mantendo-se, na substância, o corpo acionista anterior à eclosão do escândalo do BPN -, embora ao leme do grupo se encontre agora Fernando Lima, cuja notoriedade subiu em flecha a partir de junho de 2011, quando foi eleito grão-mestre maçónico, do Grande Oriente Lusitano.
Da saúde (é dona do British Hospital, em Lisboa, e das clínicas IMI) ao turismo (por exemplo, um mega resort a construir na Lagoa dos Salgados, no concelho algarvio de Silves, sob muita contestação dos ambientalistas), dos condomínios de luxo (como o que, com projeto de Souto Moura, pretende fazer nascer, já este ano, em Alcântara, na capital) à exploração de petróleo em Angola, onde também vai arrancar, em parceria com o "gigante" alemão Heidelberg, com uma grande cimenteira, a dinâmica da Galilei mostra-se imparável. E, por todos os motivos, surpreendente, no mínimo."

Vi esta notícia na Visão On-line. Não me surpreende em nada. Não me surpreende que não tenham confiscado os bens e contas desta gente através da SLN (que se lixe a lei), e não me surpreende que estejam a fazer grandes negócios. Se eu tivesse roubado 5,6mil milhões de euros também era pessoa para comprar uns poços de petróleo ou uma cimenteira.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Judite, Medina e a lógica da batata

Acabei de ver estes dois, com mais um convidado, a compararem a produtividade dos trabalhadores europeus, comparando Portugal (17euros/hora) com a Grécia (20euros/h), Espanha (27euros/h), Alemanha (43euros/h), Luxemburgo(60euros/h) e Noruega(69euros/hora). Segundo a lógica deles, temos falta de competitividade porque a nossa produtividade é baixa.
Eu cada vez tenho menos paciência para estas lógicas da batata que estes personagens da TVI vão fazendo todas as semanas. Já nem vejo muito o programa.
É que estes dados do eurostat não querem dizer que a qualidade do nosso trabalho é inferior à dos outros países. O que quer dizer é que o que nós produzimos (artigos) são de baixo valor, o que se confirma. O alemão produz BMW’s, Proches Mercedes para não falar dos electrodomésticos…
A Noruega a cada hora de “trabalho” saca barris de petróleo que sobe a produtividade do país. No Luxemburgo, a cada hora que passa os bancos recebem depósitos de ricos de toda a Europa.
Em Portugal na nossa hora de trabalho fazemos sapatos, conservas, algum têxtil, vinho, azeite e produtos de cortiça, maioritariamente sector primário.
Basta irmos ao mercado e vermos os preços para percebemos porque é que o eurostat tem aqueles números…

Sócrates – A entrevista

Está quase a fazer uma semana que Sócrates voltou à televisão. Não escrevi nada no blog porque entendi que o melhor seria absorver primeiro o contraditório todo e retirar daí as minhas conclusões.
Verifico pois que muitas das pessoas (comentadores) simplesmente não gostam, porque não gostam ponto. Porque analisando a coisa friamente, desde o 25 de Abril para cá, não houve político que não mentisse descaradamente, que não tratasse da sua vida e dos seus camaradas, que não fizesse asneiras ou tomasse medidas populares com objectivos eleitorais. Por isso, por esse prisma, o ódio que nutrem por Sócrates deveriam nutrir por qualquer outro político, o que não é o caso.
Pessoalmente alinho pelo diapasão de João Marcelino (director do DN) na análise que fez à entrevista, como político, Sócrates, dá um baile a qualquer político actualmente no activo. A sua entrega, vontade e direi mesmo paixão, com que se embrenha na vida política é impressionante.
A verdade é que fortes personalidades normalmente geram também fortes inimizades, geralmente por inveja. Foi sem dúvida das personalidades mais atacadas pela comunicação social, com o lançamento de vários casos que não deram em nada.
Disse verdades e meias verdades (na minha opinião omitiu as asneiras, não as disse). Fê-lo sem papas na língua.
Acho que fez bem, pois habilitava-se a ficar com a imagem que a comunicação social foi pintando ao longo dos últimos anos. Merece pois, da minha parte, nota positiva.