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quarta-feira, 31 de outubro de 2012

A LEI DA LIMITAÇÃO DE MANDATOS



A lei de limitação de mandatos tem, a meu ver, como principal propósito impedir que os políticos fiquem tanto tempo no poder que acabem por criar raízes (vícios, relações de poder, etc.), que invariavelmente levam à corrupção, favorecimentos, etc.

Parece que o PSD que até foi quem redigiu a lei, está disposto a aproveitar-se da mesma permitir duas interpretações, para apoiar o Dr. Luís Filipe Menezes à Câmara do Porto.

De acordo com quem a redigiu, Dr. Paulo Rangel, “A grande questão que dividiu o PSD e o PS era saber se se devia limitar os mandatos dos presidentes do Governo Regional por causa da situação da Madeira e dos Açores. Essa é que foi a verdadeira questão. O resto nem sequer ofereceu dúvidas e portanto ninguém pôs esta questão", afirmou.

Isto deixa-me um pouco confuso. Então na Madeira não queremos o Jardim a criar raízes, mas no Porto, ou ali ao aldo, ou de um lado para o outro, já não há problema?

Aliás como esteve para acontecer (e de certo modo aconteceu) em Amarante, para onde concorreu o Dr. Avelino Ferreira Torres, quando já não pôde concorrer mais a Marco de Canaveses (porque não ganhou as eleições, ficou como vereador em Amarante).

Deve ser assim que vamos sair da crise… com a politiquice.

(…)
O social-democrata Rui Rio afirmou esta quarta-feira que a crise é culpa de "opções políticas completamente erradas" de ministros, primeiros ministros e presidentes de câmara que gastaram "dinheiro dos impostos das pessoas no seu benefício político", nomeadamente para ganhar eleições.

(…)


(…)
O eurodeputado social-democrata Paulo Rangel considerou hoje que o espírito da lei da limitação de mandatos é o de "não permitir candidaturas a outras autarquias", defendendo que o PSD não corra "o risco" porque a lei permite duas interpretações.

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O autarca e assumido candidato ao Porto Luís Filipe Menezes considerou hoje que a discussão da limitação de mandatos é um problema de quem quer "ganhar na secretaria" e tem "medo de ir a eleições".

(...)


Fusão na Águas de Portugal

Eu por princípio sou a favor da fusão das empresas. Tal como sou a favor da fusão de municípios. Para os distraídos vou explicar sucintamente o que está em causa. O grupo Águas de Portugal tem participações maioritárias em mais de 20 empresas multimunicipais de abastecimento de água e saneamento espalhadas pelo país.
Com a evolução da civilização, a união europeia ditou regras relativamente ao ambiente, nomeadamente no que respeita ao tratamento de afluentes (esgotos) que são enviados para os rios e mar. Alguns municípios, com finanças mais desafogadas, e porque não dizê-lo, com maior responsabilidade e consciência ambiental, foram por sua conta, construindo ETAR’s, enquanto outros esbanjavam em rotundas garantindo assim a reeleição dos seus autarcas. Chegou a um ano em que a UE disse qualquer coisa do género: ou vocês começam a tratar os esgotos ou vai cair multa em cima.
Então para resolver o problema e uma vez que os municípios não o resolviam, o estado agarrou na Águas de Portugal, que tinha dinheiro em caixa resultante do abastecimento de água potável aos municípios do país com maior densidade populacional, e imputou-lhe o ónus de tratar dos esgotos. Como sempre, o poder local tem muita força, são muitos, dão guarida a muitos camaradas partidários, pelo que não é fácil negociar. Ainda mais difícil se torna, se a cor política for diferente e se quem manda, não tem os tomates no sítio. Assim houve alguns autarcas que só aceitaram ceder as suas instalações se o município x ficasse fora, ou o y ficasse dentro… Depois ainda houve a questão da riqueza dos municípios. Isto resultou em mais de 20 empresas, espalhadas por todo o país, para tratarem diferentes áreas geográficas.
Para convencer autarcas, foram oferecidas benesses, como “anda lá, olha que a empresa vai ter 5 administradores, podes lá colocar um pelo teu município, mais alguns funcionários”. Agora, com algumas empresas do grupo em grande dificuldade financeira, porque alguns dos municípios (os mesmos que não trataram do problema) não pagam o tratamento do esgoto, a holding decidiu fundir empresas, para poupar custos operacionais que reduzem com o aumento de escala, aproveitando para fundir empresas com equilíbrio financeiro com empresas deficitárias. Isto é uma BOMBA!!. “Então agora querem acabar com os tachos dos meus amigos?? Isso é que era bom!!!”
É claro que não há entendimento possível, não só pelos tachos que se perdem, mas por outro mal de que padece a raça humana: falta de solidariedade. É que o homem só é solidário de duas formas: ou é obrigado por lei a sê-lo, ou quando um seu semelhante está quase com os pés para cova, de preferência, visivelmente, inequivocamente, com os pés para a cova. Assim, os municípios devedores querem a fusão, querem que outros lhes paguem as contas, os cumpridores e mais ricos, não querem arcar com os custos dos pobres ou caloteiros. Como quem está no governo provém das autarquias e deve muitos favores a autarcas, isto não vai ter solução. Simplesmente NÃO VAI TER SOLUÇÃO. Tal como a fusão de municípios e muitos outros problemas do país.
PS- esta falta de solidariedade faz-me lembrar alguma coisa... Já sei! É exactamente o mesmo do que nós (caloteiros) nos queixamos relativamente aos países do norte da europa! Xiça, afinal temos do mesmo cá dentro. Afinal somos iguais!!!

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Fernando Ulrich, esteja calado!

Outro arauto da economia vem uma vez mais proteger o governo e incentivar as medidas de austeridade. Claro, enquanto for o povo o espremido, não toca ao banco dele.
Segundo ele “ai há, há” – espaço para mais austeridade – “tem de haver”. Pois tem, pimenta no cu dos outros para mim é refresco.
O problema é que estes gajos começam a colar esta frase na boca, de que “é necessário repensar o serviço do estado” que acaba a colar. Eu pergunto: e que tal pensar em cobrar impostos às fundações e fundos imobiliários? Que tal obrigar as empresas cotadas na bolsa portuguesa a estarem sediadas em Portugal e pagarem impostos em Portugal? Que tal extinguirem municípios (acabando com os xuxas políticos todos)? Que tal irem buscar os dinheiros desviados para offshores e bancos na Suíça? Nacionalizar as PPP’s? Tanta coisa pode ser feita antes de acabar com o estado social. Impõe-se!! O Estado social deve ser a última coisa a cair! Significa a falência de um país desenvolvido. Como tal não compreendo como pode ser a solução? Melhor, ser a primeira solução para cortar na despesa.

Mais, uma vez que o povo não votou nisso, e foi responsável por ter eleito nos últimos anos, estes pilha-galinhas que têm governado o país, devia também ser o povo a votar em referendo que tipo de alteração se faz na constituição e que estado social se quer. NUNCA estas BESTAS que nos governam.

Se eu ganhasse o mesmo que ele...

Mira Amaral, esse grande empresário de sucesso (!) à custa do estado e das suas ligações privilegiadas ao poder, acaba de dizer na televisão, que pagava pelo colégio da filha 500euros mensais e que quando ela foi para a faculdade pagou 990euros anuais. Segundo o mesmo, não se importaria de pagar uma propina anual superior, e que –palavras dele – tem a certeza que a classe média também não se importaria de pagar mais um pouco.

O problema é que este senhor deve ter o conceito de classe média um pouco desfasado da realidade. É que neste país, quem ganhe mais de 1200euros brutos, 950 líquidos, já é considerado classe média. Agora coloque todas as despesas de uma família em cima e veja lá se a “classe média” portuguesa tem dinheiro para pagar…

Seguramente…

Já vi muitos “comentadeiros” a gozar com algumas idiotices do líder do PS. Sim, ele é apenas mais um boy político como todos eles. Sim, ele devia ser erradicado da política tal como outros 4mil políticos deste país.
Mas há uma coisa que ele tem razão – o fundo de investimento de apoio à economia portuguesa. Os “comentadeiros” vieram logo criticar e dizer que era uma idiotice, porque se o estado quisesse, podia utilizar a CGD para financiar a economia, não sendo necessário criar outro banco de investimento. Isso é muito giro, mas a caixa hoje funciona como um banco privado - e ainda bem- sendo, infelizmente, por vezes “assaltado” pelo estado. Assim, tem de competir pelos clientes como qualquer outro banco, o que implica ter de oferecer os melhores pacotes financeiros. Isso significa que tem de utilizar bem os dinheiros dos depósitos dos clientes. Ora, se os outros bancos privados preferem investir na dívida do estado a 10% de juro, em vez de conceder crédito aos investidores ou famílias a 5%, a caixa também tem de o fazer.
O problema da economia está também aí. É que apesar das taxas de juro terem atingido esta semana um mínimo histórico de 0,28%, em Portugal, quem quer investir e dessa maneira dinamizar a economia, tem de pagar juro a 5 e 6%, isto se conseguir convencer o banco a emprestar-lhe o dinheiro, porque com o estado a pagar 10%...
Assim, para resolver este problema, talvez fosse mesmo necessário, criar um fundo para as empresas. Para que as mesmas possam beneficiar desta “abébia” que o Banco Central Europeu está a conceder aos países da zona euro. Convinha aproveitar esta abébia para crescer, para investir. É agora ou nunca. Mas tal como está o financiamento em Portugal, corremos o risco das empresas só conseguirem financiamento quando as taxas já estiverem em 5%. Ou seja, vão pagar mais de juro que as concorrentes europeias que se financiaram na altura certa – é a insolvência, seguramente.

sábado, 27 de outubro de 2012

Relvas, rima com Reles?

Vi hoje na televisão umas declarações do maior malabarista político que já vi: Relvas.
Referiu que “a Universidade Lusófona recebeu uma mera advertência, pela qual tem de responder” e acrescentou que "a advertência é a referência mais baixa que pode ser feita". Isto é grave, porque reflecte o estado a que chegou o país. Ou seja uma faculdade privada fabrica diplomas como quem enche chouriças ou alheiras e recebe uma advertência como quem diz: “ouve lá pá, que ‘tás a fazer? Olha para a tripa enquanto enches a chouriça!!!”. Assume ainda um grau superior de perversidade, porque todos sabemos qual é o partido que está no governo e que manda no ministério. Se fosse o Bloco de Esquerda ou o PCP (e talvez o CDS) há muito que o diploma deste senhor já estaria a fazer de rolo de papel higiénico na assembleia.

O cromo acrescentou ainda,Não tenho receio de nada, quero que tudo seja apurado, porque, como disse, fiz de acordo com a lei, de consciência tranquila, de boa-fé. Era assim que estava, é assim que estou e é assim que continuarei a estar". Pois, acredito, vocês não são tolos, se fossem não tinham chegado onde chegaram, ao poder máximo do país. Tenho a certeza que é tudo legal. Só não é normal, pelo menos para a maioria dos estudantes portugueses. É gozar com a cara das pessoas.

Enfim isto é a “lata” elevada ao expoente máximo. Depois disto acho que qualquer escândalo, corrupção, negócios de PPP’s é brincadeira de criança.


PS – Só conheci três Relvas na minha vida, dois humanos e a vegetal. A vegetal foi sem dúvida a melhor dos três. Raça do nome que deve ter bruxedo!..

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Os Abutres (Bancos)

Vi hoje no diário económico uma notícia sobre o facto de o Santander ter quadruplicado os lucros nos primeiros nove meses, atingindo o valor de 230,4milhões de euros. Como isto se refere apenas aos primeiros nove meses do ano, significa que ainda vai aumentar. Se fosse pura competência eu aplaudia. Mas como não me parece que seja…
Exercitemos então a cabecita.
1.       Este ano, e comparativamente com o ano anterior, a economia abrandou, o consumo abrandou e o crédito mal parado aumentou. Tudo isto junto já seria suficiente para que os resultados não fossem famosos, a menos que houvesse um milagre. Será que houve? Sim, o milagre chamado Estado;
2.       Há um ano e poucos meses, ainda antes do resgate, as taxas de juro do financiamento ao estado subiam em flecha, mesmo após o resgate, tendo chegado a atingir em alguns prazos, se não estou em erro os 14%.
3.       Não sei se se recordam, mas durante essa escalada dos juros, a banca portuguesa andou a comprar dívida do estado (claro a taxas de juro daquelas, também eu emprestava).
4.       O resgate foi concedido com uma taxa de juro a rondar os 4,5 a 5%. 6 meses depois do resgate o estado disponibiliza à banca uma linha de crédito de recapitalização a um juro de 3,5% a 4%. Já se percebe aqui que o estado o estado está a perder 1% em favor dos bancos.
5.       Mas não é só o 1%. É que os bancos começaram a emprestar ao estado ainda antes do resgate quando as taxas cavalgavam até aos 10%. E mesmo após o resgate continuaram a comprar enquanto puderam, a taxas ainda mais apetitosas.
6.       Chegados os testes de stress aos bancos, conclui-se que afinal, os bancos têm falta de liquidez, pudera, meteram o dinheiro todo no estado a taxas altamente rentáveis. Assim as mentes brilhantes financeiras indicam-nos a solução: o estado tem de emprestar.
Conclusão: os bancos ávidos quiseram aproveitar a desgraça do estado e emprestaram a taxas altíssimas, depois quando já não tinham mais e não havia dinheiro na economia porque estava todo empatado no estado, o estado teve de ajudar, disponibilizando parte do bolo do resgate, pago a 5% ao FIM, a taxas de 3 a 4%. Se isto não é desvio de dinheiro, não sei o que será.
É também por isso que o crédito às famílias e empresas está nos 5% ou 10%. Porque apesar do BCE estar a emprestar a 0,478% os bancos acrescentam um bom spread, para compensar. Caso contrário mais vale ir emprestando ao estado… O lucro é maior e garantido. O povo é o “melhor do mundo” é “sereno” e “cumpridor”, por isso vai sempre pagar. Não me admira pois, que na entrevista do F.Ulrich do BPI á televisão, o homem só tenha dito bem do governo, dos ministros, das políticas, tendo mesmo até justificado as mesmas com um “não temos outra hipótese”. Pudera, ele cada dia que passa lucra com a nossa desgraça, convém que não haja agitação e que tudo fique na mesma…

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Um roubo ainda sem ladrões  

 por JOÃO MARCELINO06 agosto 2011


1. O BPN é o maior escândalo financeiro da história de Portugal. Nunca antes houve um roubo desta dimensão, "tapado" por uma nacionalização que já custou 2400 milhões de euros delapidados algures entre gestores de fortunas privadas em Gibraltar, empresas do Brasil, offshores de Porto Rico, um oportuno banco de Cabo Verde e a voracidade de uma parte da classe política portuguesa que se aproveitou desta vergonha criada por figuras importantes daquilo que foi o cavaquismo na sua fase executiva.

É confrangedor olhar para este "negócio" que agora, a mando do entendimento com os credores internacionais, o Governo fecha com o BIC angolano de Isabel dos Santos e Américo Amorim e dirigido no terreno por Mira Amaral, antigo ministro de Cavaco Silva.

Os números dizem tudo: o Estado português queria inicialmente 180 milhões de euros e o BIC acaba por pagar 40 milhões (menos que a cláusula de rescisão de qualquer futebolista razoável) por uma estrutura financeira que nos últimos dias teve de ser capitalizada em mais 550 milhões para que alguém ousasse fazer o favor de aliviar o Ministério das Finanças deste pesadelo. Para além disso, o Governo pagará as despesas do despedimento de um pouco mais de metade dos actuais 1580 trabalhadores, o que permitirá aos novos donos reduzirem em 30% os actuais 213 balcões do BPN.

2. O BPN não foi vendido, foi "despachado", como era inevitável que o fosse, numa operação que parece decalcada de uma "transferência" futebolística e que, como aquelas, tem uma cláusula que visa poder defender o presidente perante os sócios: se o BPN vier a dar um lucro de 60 milhões nos próximos cinco anos, o Estado português arrecadará ainda mais 20 por cento desta verba...

Em termos financeiros e políticos, este escândalo há muito que está percebido. Ele é o exemplo máximo da promiscuidade dos decisores políticos e económicos portugueses nos últimos 20 anos e o emblema maior deste terceiro auxílio financeiro internacional em 35 anos de democracia. Justifica plenamente a pergunta que muitos portugueses fazem: se isto é assim à vista de todos, o que não irá por aí?

3. O problema está ainda em que o escândalo do BPN (nacionalizado pelo receio do perigo de contágio aos outros bancos no início da grande crise internacional de 2008) é também ilustrativo do estado da Justiça portuguesa.

Dois anos e meio depois, este "caso de polícia" (como é designado em todos os quadrantes partidários, sem excepção) continua sem responsabilidades apuradas. Oliveira Costa, o único detido, anda agora de pulseira electrónica talvez em Lisboa talvez na algarvia Quinta da Coelha, onde os vizinhos são ilustres. Os outros 23 arguidos continuam a ser ouvidos sem pressas.

Entretanto, nos Estados Unidos, Bernard Madoff, que protagonizou a maior fraude financeira de sempre, num ano foi investigado e condenado a 150 anos de prisão.

Esta comparação deveria encher de vergonha todos os poderes em Portugal, até os semi-secretos que mais uma vez por aqui andam omnipresentes e activos, trespassando transversalmente os partidos do arco do poder com os conluios e as traficâncias que uma verdadeira fraternidade bem devia dispensar.

A sociedade portuguesa continuará a ser um corpo putrefacto enquanto a Justiça não funcionar, e sobretudo não funcionar com uma vontade própria que nos faça crer que não anda a reboque nem dos políticos nem das várias lojas que para aí se digladiam.

No caso do BPN há ainda a lamentar a posição discreta do Presidente da República em todo o processo. Apanhado por estilhaços, Cavaco Silva, que sempre faz pedagogia com tudo, "esqueceu" todo este escândalo.

Um ano depois desta publicação, tudo na mesma!!!

A DISTRIBUIÇÃO DA RIQUEZA EM PORTUGAL




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O produto interno bruto (PIB) representa a soma (em valores monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região (quer sejam países, estados ou cidades), durante um período determinado (mês, trimestre, ano, etc). O PIB é um dos indicadores mais utilizados na macroeconomia com o objetivo de mensurar a atividade econômica de uma região.
Na contagem do PIB, considera-se apenas bens e serviços finais, excluindo da conta todos os bens de consumo de intermediário. Isso é feito com o intuito de evitar o problema da dupla contagem, quando valores gerados na cadeia de produção aparecem contados duas vezes na soma do PIB.[1]
“…”

Uma vez que todos os bens e serviços são transacionados em dinheiro e que este termina sempre no “bolso” de alguém, fui tentar chegar ao valor do PIB português.

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A dívida pública portuguesa, calculada na óptica do tratado de Maastricht, atingiu 198,1 mil milhões de euros no segundo trimestre, um valor que equivale a 117,6% do PIB.


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A economia paralela já representa 25,4% do PIB. Por outras palavras, 43,4 mil milhões de euros "fogem" ao controlo fiscal, segundo o último estudo do Observatório de Economia e Gestão de Fraude da Universidade do Porto (OBEGEF).

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Se não me enganei nas contas, posso dizer que o PIB em Portugal andará muito próximo dos 210 000 milhões de Euros.
Considerando esse valor, o PIB per capita, considerando 10 milhões de habitantes, será de 21 000€, o que equivale a 1 750€ mensais por habitante.

Com base num estudo elaborado pelo OBSERVATÓRIO DAS DESIGUALDADES, apresenta-se de seguida a distribuição do rendimento em Portugal por quintis e decis.

Quintis – A população portuguesa é dividida em 5 grupos de 2 milhões de habitantes.
Decis – A população portuguesa é dividida em 10 grupos de 1 milhão de habitantes.

“…”
O Observatório das Desigualdades é uma estrutura independente constituída no quadro do Centro de Investigação e Estudos de Sociologia do Instituto Universitário de Lisboa (CIES-IUL), que é a instituição responsável pelo seu funcionamento e coordenação científica, tendo por instituições parceiras o Instituto de Sociologia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (ISFLUP) e o Centro de Estudos Sociais da Universidade dos Açores (CES-UA).
“…”
Distribuição do rendimento em Portugal é fortemente assimétrica
Comparando com os outros países da União Europeia, Portugal apresenta um perfil de distribuição de rendimento fortemente assimétrico. Em 2008, os 20% mais ricos auferiam 43,2% do rendimento disponível, a percentagem mais elevada na UE-27.

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Considerando que todos os portugueses consomem produtos e serviços, quer façam parte da população ativa ou não, dividi o valor do PIB pelos valores percentuais do estudo do OBSERVATÓRIO DAS DESIGUALDADES para chegar ao rendimento mensal por habitante.













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No Quadro 2 a distribuição de rendimento surge em decis e o indicador de desigualdade apresentado é o S90/S10. Em Portugal, os 10% mais ricos concentravam 28% do rendimento total, a percentagem mais elevada na UE-27.

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O Quadro 3 apresenta as percentagens de rendimento que os 5% mais ricos auferiam em 2008, no total e por percentis. Considerando o total dos 5% mais ricos, Portugal era o país da UE-27 no qual o rendimento monetário detido por este grupo era proporcionalmente mais elevado: 18% do rendimento monetário total apurado para o país. Se se considerar o 1% do topo, Portugal surgia também em primeiro lugar, a par da Lituânia: 6,6% do rendimento monetário total.  

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Ainda com base no mesmo estudo e seguindo o mesmo procedimento, conclui-se que o rendimento mensal per capita dos 5% mais ricos é de 6 300€, enquanto que o rendimento mensal per capita dos 1% mais ricos é de 11 550€.

De notar que estes valores referem-se ao rendimento mensal disponível por habitante.


terça-feira, 23 de outubro de 2012

Lance Armstrong – O herói ou vilão?


Confesso que fui admirador deste ciclista. Nos meus tempos de jovem não resistia a acompanhar o Tour de France e a deliciar-me com as fantásticas provas de montanha onde esse fenómeno, Lance Armstrong, brilhava ao mais alto nível. Muitas vezes em prejuízo próprio, pois o Tour coincidia com a época de exames, mas simplesmente era irresistível. Se fiquei viciado na prova, ao ponto de ainda hoje dizer à minha mulher, que se algum dia me saísse o euromilhões, tiraria o mês de julho para me deslocar a frança e acompanhar ao vivo essas subidas míticas, deve-se a este ciclista e à sua equipa que faziam até da etapa mais banal um hino ao ciclismo. Talvez por isso seja parcial e admito até, que nada do que possa vir a acontecer apagará da minha memória aquelas vitórias carregadas de adrenalina, extasiantes e extenuantes!
Todos os dirigentes desportivos e responsáveis mundiais pelo ciclismo sabiam que Lance Armstrong tinha recuperado de um cancro nos testículos. O que implica, que esteve sujeito a diversos tratamentos com as mais variadas substâncias. Sabendo isso porque é que a USADA –entidade que controla o uso de doping no desporto americano – não averiguou logo se o uso de essas substâncias poderiam ter efeito doping num atleta? Se essas substâncias não eram consideradas dopantes na altura (entre 99 e 2005), pode-se condenar agora um atleta com base nisso? Vai o ciclismo cair no ridículo de condenar um atleta, sem ter um único controlo positivo nos mais de 500(!) que fez enquanto ciclista, apenas porque alguns ex-colegas de equipa, esses sim apanhados com doping noutras equipas, acusam-no de ter usado técnicas ilícitas? Sabemos em que condições, ou sob que ameaças estão os ex-colegas a proferir tais acusações? E se o doping era assim tão sofisticado e avançado, porque foram os ex-colegas, apanhados com controlos positivos e o visado (Lance) não? 
Todos sabemos que a honestidade corre atrás da trafulhice, ou seja que os prevaricadores estão sempre a tentar arranjar uma nova forma, um novo caminho para prevaricar de preferência sem serem detectados. Cabe à honestidade procurar esses caminhos analisá-los e proibi-los se entender que viciam as regras do jogo. Até aqui tudo bem. Podemos também dizer que, se, e sublinho o se, o Lance usou substâncias dopantes avançadas para a altura, que ele foi eticamente incorrecto para os adversários, mas nunca poderemos dizer que transgrediu, pois segundo as regras da altura, tudo correu dentro da normalidade. Será então que vale apena esta palhaçada toda em volta de um ciclista que quer queiram ou não, marcou os adeptos da modalidade e a promoveu como ninguém? Pergunto a essas entidades todas que regulam o ciclismo e que falharam, porque essa é a verdade, algo falhou, se, a bem da modalidade não seria melhor terem aprendido com o erro, ficarem caladas e trabalharem na melhoria da modalidade, em vez de se darem a tanto trabalho para fazerem do herói um vilão?
Falo por mim, mas com isto tudo, hoje quando vejo um ciclista a atingir algo que à partida seria impensável viro-me para a minha mulher e digo algo parecido com isto: “vamos lá ver se amanhã nos jornais não aparece que este tipo andou a espetar a agulha”. As caças às bruxas nunca foram positivas para a sociedade…

PS- Também já não acredito nas conquistas do Alberto Contador. É que esse sim, foi apanhado com controlo positivo e em vez de ser erradicado do ciclismo teve 2 anos de suspensão(?).

O pequeno órfão chamado Portugal

Mais uma cimeira europeia e mais uma vez Portugal passa ao lado.
Ao contrário dos seus homólogos grego e espanhol, o primeiro-ministro Passos Coelho não fez ao Conselho Europeu nenhuma apresentação sobre as dificuldades económicas e sociais do País nesta fase da implementação do programa. O facto foi revelado pelo Presidente francês, François Hollande, obrigando Passos a explicar que "Portugal não esteve em discussão. Eu não o trouxe a este Conselho", disse Passos. Pois fez muito mal em não levar Portugal para a discussão! Caso o paspalho sofra de falta de memória alguém que lhe recorde que ele foi eleito por Portugueses para resolver os problemas dos Portugueses e não para exercer funções de lambe-botas de terceiros europeus(como se vê na fotografia). Já agora recordem-lhe também que os 10mil euros limpinhos por mês que leva para casa deveriam ser suficientes para ir à farmácia comprar comprimidos para a memória, e dos genéricos sff.
Num tom crispado que lhe é pouco habitual, o primeiro-ministro criticou o francês por revelar o conteúdo de reuniões "à porta fechada", considerando "um péssimo precedente" que é "pouco construtivo pois permite várias versões" do encontro. Hollande fez ao longo da semana declarações de solidariedade com os países da periferia, dizendo que os "portugueses e espanhóis estão a pagar os erros cometidos por outros", em referência velada às decisões europeias dos últimos anos. E afirmou que "chegou a altura de oferecer a estes países uma perspectiva que vá além da austeridade". Se não tem intelecto para nos defender ao menos aproveite quem o tem e o disponibiliza em nosso favor. O mínimo que lhe peço Sr. PPC é que fique calado quando outros nos defendem, já que de si “ou entra mosca ou sai asneira”. Por último, dizer que Portugal “está confortável” com a austeridade, só se for nas suas (e do Relvas) contas bancárias, porque na parte que toca ao povo, garanto-lhe que há muito que já desceram abaixo do nível de desconforto, passando para o nível de miséria…
Portugal está órfão na Europa e está órfão de gente competente. Será portanto normal que descambe para a má vida mais depressa do que se imagina.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012


YALE, CAMPO DE OURIQUE
Miguel Sousa Tavares (in Expresso, 29/9/2012)

Quando o Governo subiu o IVA de 13 para 23% na restauração, António, temendo as consequências da subida de preços no seu pequeno restaurante de Campo de Ourique, resolveu encaixar ele o aumento, sem o repercutir no preço das refeições. Aguentou até poder, mas mesmo assim a clientela começou a baixar lentamente: parte dela, que lhe assegurava umas trinta refeições ao almoço e metade disso ao jantar, era composta por funcionários públicos, que trabalhavam ali ao lado e cujos salários e subsídios tinham diminuído, com a medida destinada a satisfazer as condições do "ajustamento" da economia.

Quando reparou que Bernardo, um cliente fiel e diário, tinha passado a frequentar os seus almoços apenas três vezes por semana, António tomou aquilo como sinal dos tempos que ai vinham: sem outra alternativa, despediu a ajudante de cozinha, ficando apenas ele e a mulher no serviço de balcão e mesas e, lá dentro, um cozinheiro sem ajudante. Mas a seguir notou que também Carolina e Deolinda, que vinham almoçar umas três vezes por semana, agora vinham apenas uma e pouco mais comiam do que saladas ou ovos mexidos. Em desespero, teve de subir os preços e Eduardo, um reformado cuja pensão tinha diminuído, desapareceu de vez. Foi forçado a cortar drasticamente nas compras a Francisco, o seu fornecedor de peixe, e a atrasar-lhe os pagamentos: com cinco outros restaurantes, seus clientes, na mesma situação, Francisco viu o seu lucro reduzido a zero e optou por fechar a sua pequena empresa e inscrever-se no Fundo de Desemprego.

Mais tarde, quando Gaspar, o ministro das Finanças, anunciou mais um aumento do IRS e declarou que o "ajustamento" não se faria através do consumo interno, também Bernardo desapareceu para sempre e, depois de três meses sentado na sala vazia, dando voltas a cabeça com a mulher e tendo ambos concluído que já era tarde para emigrarem, António tomou a decisão mais triste da sua vida, encerrando o restaurante Esperança de Campo de Ourique e indo os dois engrossar também o rol dos desempregados a conta do Estado.

Apesar de ter gasto parte, agora importante, das suas poupanças de anos a anunciar o trespasse, António não conseguiu que ninguém lhe ficasse com o estabelecimento e não lhe restou alternativa senão entrega-lo ao senhorio Henrique, para não ter de pagar mais rendas. Quando desabou, demolidor, o novo aumento do IMI, já Henrique tinha desistido de conseguir alugar o espaço ou mesmo vender o imóvel: não pagou e deixou que as Finanças lhe levassem o prédio.

Assim se concluiu, neste pequeno microcosmos económico de Campo de Ourique, o processo de "ajustamento" da economia portuguesa: vários trabalhadores reconvertidos a marmita, cinco outros desempregados, duas pequenas empresas encerradas e um senhorio desprovido da sua propriedade.

Nessa altura, Gaspar, Rufus e Selassie deram-se conta, com espanto, de várias coisas que não vinham nos livros: que, apesar de aumentarem sistematicamente a carga fiscal, podia acontecer que a receita do Estado diminuísse; que os sacrifícios sem sentido implicavam mais recessão e a recessão custava mais caro ao Estado, sob a forma de mais subsídios de desemprego a pagar; que uma e outra coisa juntas não tinham permitido, ao contrário das suas previsões, diminuir o défice ou a dívida do Estado; e que o que mantinha o país a funcionar não eram as grandes empresas e grupos económicos protegidos, nem sequer os 7% de empresas exportadoras, mas sim os 93% de empresas dirigidas ao mercado interno, que respondiam pela esmagadora maioria dos empregos e atendiam as necessidades da vida corrente das pessoas comuns.

E, passeando melancolicamente nos jardins de Yale, numa chuvosa manhã de Thanksgiving, Rufus e Selassie deram com um velho cartaz colado a uma parede, desde os tempos da primeira campanha eleitoral de Bill Clinton: "É a economia, estúpidos!".

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

O Céu é o limite

Assembleia da Republica vai receber 127,6 milhões de euros em 2013, mais 45,9 milhões do que o valor estimado para este ano, por causa das subvenções aos partidos no âmbito da campanha eleitoral das autárquicas. Em tempos de crise impunha-se que este valor fosse reduzido para 5milhões de euros. Se não há dinheiro, não há almoços e congressos. A política de rua também é eficiente e bem mais barata!..

CDS – O Mestre de Teatro

Muito se tem falado nos últimos dias do (falso) descontentamento do CDS relativamente ao orçamento para 2013 que contempla um forte aumento da carga fiscal. É teatro do mais refinado que possa existir, de volta ao Largo do Caldas. É óbvio que algum descontentamento existirá em alguns militantes do CDS, nomeadamente aqueles que, como qualquer cidadão, vão pagar mais imposto, não mamam do partido, e que, começam a ver a sua vida a andar para trás. Mas só esses. Os que estão no governo e na assembleia, nunca irão mandar o governo a baixo e por vários motivos:
1)      Nunca tiveram tanta gente a mamar do governo como agora;
2)      Se abrirem uma crise política e forem a eleições correm o sério risco de o partido voltar ao táxi;
3)      Correm também o risco de não serem precisos para nada, logo não poderão espalhar os boys pelos ministérios, institutos públicos e empresas públicas como o têm feito;
4)      A maior parte deles , se não todos, terá como destino o fundo de desemprego e toda a gente sabe que mesmo aí a coisa está muito complicada! Até porque este governo tem sistematicamente reduzido, quer os valores, quer as atribuições;
5)      Porque o PSD prevê no orçamento de 2013, um aumento (?porra!?) de 9,6% (30,3 milhões) de verbas para o ministério dos negócios estrangeiros que atinge assim a módica quantia de 347,5 milhões (o Paulinho vai poder colocar mais uns boys, vetado a girls);
6)      Por último porque o PSD prevê também no orçamento um aumento de 2,8% (39milhões) para os fundos autónomos do Ministério da Agricultura, o que permitiu que a Sr.ª Ministra, toda ela a irradiar alegria, visse para a comunicação social anunciar que vão abrir no ministério  6mil estágios para empresas agrícolas (atenção! Não é no estado, é em empresas agrícolas, ou seja vão pagar os funcionários dos privados). Toda a gente sabe como são geridos estes fundos. Dão de mamar a uns quantos amigalhaços…
E assim se compram alianças: quando todos mamam, a festa é grande. O povo, esse, está cá para pagar a factura, não se preocupem!..


Privatização da TAP

Sinto alguma tristeza com a privatização da TAP.
É uma das boas empresas portuguesas. Tem prestígio internacional, é considerada uma boa transportadora aérea, principalmente pela qualidade do serviço e pela segurança, para qual muito contribui um bom serviço de manutenção.
Portugal tem cerca de 4 milhões de emigrantes/luso-descendentes, e, pela sua história, relações privilegiadas com alguns países. Por todas essas razões, arrisco-me a dizer que a TAP tem rotas lucrativas. Não seria possível reduzir o tamanho da empresa de modo a manter apenas essas rotas?

O Moedas - Carlos Moedas 

Os arautos da transparência têm como exemplo disso mesmo? Transparência? 

O adjunto do primeiro-ministro, o senhor Carlos Moedas, que, veio agora a saber-se, tem 3 empresas ligadas às Finanças, aos Seguros e à Imagem e Comunicação.

Como sócios, teve os senhores Pais do Amaral, Alexandre Relvas e Filipe de Button, a quem comprou todas as quotas em Dezembro passado.

Como clientes, tem a Ren, a EDP, o IAPMEI, a ANA, a Liberty Seguros, entre outros. Nada obsceno, para quem é adjunto de Pedro Passos Coelho!

E não é que o bom do Moedas até comprou as participações dos ex-sócios para "oferecer" o bolo inteiro à mulher?! (Disse-o ele à Sábado).

Não esquecer ainda que Carlos Moedas é um dos homens de confiança do Goldman Sachs, a cabeça do Polvo Financeiro Mundial, onde estava a trabalhar antes de vir para o Governo.

Também António Borges é outro ex-dirigente do Goldman, e que está agora a orientar (!?) as Privatizações da TAP, ANA, GALP, Águas de Portugal, etc.

Adoráveis, estes liberais de trazer por casa, dependentes do Estado, quer para um emprego, quer para os seus negócios.

Lamentavelmente, à política económica suicidária da UE, que resultou nas tragédias que já todos conhecem, acresce a queda do Governo Holandês (ironicamente, acérrimo defensor da austeridade) e o agravamento da recessão em Espanha.

Por conseguinte, a zona euro vê o seu espaço de manobra cada vez mais reduzido e os ataques dos especuladores são cada vez mais mortíferos.

Vale a pena lembrar uma vez mais que o Goldman and Sachs, o Citygroup, o Wells Fargo, etc., apostaram biliões de dólares na implosão da moeda única.

Na sequência dos avultadíssimos lucros obtidos durante a crise financeira de 2008 e das suspeitas de manipulação de mercado que recaíam sobre estas entidades, o Senado norte-americano levantou um inquérito que resultou na condenação dos seus gestores.

Ficou também demonstrado que o Goldman and Sachs aconselhou os seus clientes a efetuarem investimentos no mercado de derivados num determinado sentido. Todavia, esta entidade realizou apostas em sentido contrário no mesmo mercado. Deste modo, obtiveram lucros de 17 biliões de dólares (com prejuízo para os seus clientes).

Estes predadores criminosos, disfarçados de banqueiros e investidores respeitáveis, são jogadores de póquer que jogam com as cartas marcadas e, por esta via, auferem lucros avultadíssimos, tornando-se, assim, nos homens mais ricos e influentes do planeta. Entretanto, todos os dias são lançadas milhões de pessoas no desemprego e na pobreza em todo o planeta em resultado desta atividade predatória. Tudo isto, revoltantemente, acontece com a cumplicidade de governantes e das autoridades reguladoras.

Desde a crise financeira de 1929 que o Goldman and Sachs tem estado ligado a todos os escândalos financeiros que envolvem especulação e manipulação de mercado, com os quais tem sempre obtido lucros monstruosos. Acresce que este banco tem armazenado milhares de toneladas de zinco, alumínio, petróleo, cereais, etc., com o objetivo de provocar a subida dos preços e assim obter lucros astronómicos. Desta maneira, condiciona o crescimento da economia mundial, bem como condena milhões de pessoas a fome.

No que toca a canibalização económica de um país, a fórmula é simples: o Goldman, com a cumplicidade das agências de rating, declara que um governo está insolvente, como consequência as yields sobem e obriga-o, assim, a pedir mais empréstimos com juros agiotas. Em simultâneo, impõe duras medidas de austeridade que empobrecem esse país. De seguida, em nome do aumento da competitividade e da modernização, obriga-os a abrir os seus sectores económicos estratégicos (energia, águas, saúde, banca, seguros, etc.) às corporações internacionais.

Como as empresas nacionais estão bastante fragilizadas e depauperadas pelas medidas de austeridade e da consequente recessão, não conseguem competir e acabam por ser presa fácil das grandes corporações internacionais.

A estratégia predadora do Goldman and Sachs tem sido muito eficiente. Esta passa por infiltrar os seus quadros nas grandes instituições políticas e financeiras internacionais, de forma a condicionar e manipular a evolução política e económica em seu favor e em prejuízo das populações.

Desta maneira, dos cargos de CEO do Banco Mundial, do FMI, da FED, etc., fazem parte quadros oriundos do Goldman and Sachs. E na UE estão: Mário Draghi (BCE), Mário Monti e Lucas Papademos (primeiros-ministros de Itália e da Grécia, respetivamente), entre outros.

Alguns eurodeputados ficaram estupefactos quando descobriram que alguns consultores da Comissão Europeia, bem como da própria Angela Merkel, têm fortes ligações ao Goldman and Sachs.

Este poderoso império do mal, que se exprime através de sociedades anónimas, está a destruir não só a economia e o modelo social, como também as impotentes democracias europeias.

Domingos Ferreira
Professor/Investigador Universidade do Texas, EUA, Universidade Nova de Lisboa

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

TAP – Fizeram as contas??

Parece que a privatização da TAP vai avançar. Eu não me oponho a essa privatização, oponho-me sim, à privatização das plataformas (ANA), seguindo o princípio que o estado tem de controlar as bases logísticas, depois quem quiser que as use, praticando o preço dos bilhetes que quiser. No entanto vou deixar aqui uma pergunta ao governo e a todos os contribuintes.
Considerando que os nossos políticos passam a vida a viajar para o estrangeiro, que raramente vão sozinhos – e não é só para Bruxelas, é vê-los na Ásia, nas Américas, nas Áfricas etc. - e considerando que na maior parte das vezes utilizam a TAP,  que como se sabe, não recebe um cêntimo do estado por isso, será que fizeram as contas(?) de quanto é que as viagens daqueles ministérios todos, deputados europeus, presidente da república, empresários, convidados,  vão custar ao orçamento do estado quando não houver uma TAP ao “seu” serviço? Vejam lá se não vão ter de aumentar em 1% o IRS para compensar a perda de abébias da TAP. O cúmulo era chegarem à conclusão que o que gastam nas viagens cobria o défice anual da TAP!..
Sr. Vitor Gaspar, conte lá com essas viagens para o próximo orçamento!!..Não venha depois dizer que se surpreendeu com o aumento do défice!.

O regabofe na RTP continua..

Depois de tanta propaganda que a RTP andava a diminuir nos gastos, lá puxa a raça para a bandalheira. A nova administração da RTP decidiu contratar a empresa do amigalhaço Cunha Vaz para a assessoria de comunicação empresarial da RTP e por ajuste directo claro está. Segundo o administrador, também ele vindo do mundo da cerveja, a citada empresa fez um belíssimo trabalho na área da cerveja... tem tudo a ver.
Já não vou falar se é ético ou não, se é transparente ou trafulha. Quero falar apenas desta questão: é que a RTP tem um departamento com profissionais, para fazerem exactamente o mesmo trabalho que esta prestação de serviços externa vai fazer. Isto não pode ser!! Ou uns ou outros, agora duplicar pagamentos pelo mesmo trabalho é que não. É má gestão dos dinheiros públicos!!! Do MEU dinheiro enquanto contribuinte! Será que não há nada que Eu possa fazer para evitar isto?

Aviação Estado fica com prioridade para comprar TAP após privatização


O Governo aprovou esta quinta-feira o caderno de encargos da privatização da TAP, onde ficou estabelecido que o Estado terá direito de preferência para comprar a transportadora aérea numa venda futura.

O país atravessa uma situação muito complicada. Vender nesta fase, dificilmente possibilitará um bom negócio, quanto muito, será o negócio possível…
O novo dono da TAP, a não ser que cometa graves erros de gestão, (ou tenha um enorme azar), se algum dia decidir vender, será com certeza para ganhar muito dinheiro.
Por conseguinte, esta cláusula de salvaguarda é boa, mas apenas no pior cenário…
O que realmente entristece é não sermos capazes de fazer o que outros vão conseguir: manter a nossa transportadora aérea sem dar prejuízo (já nem falo de lucros).

terça-feira, 16 de outubro de 2012

ENSINO - Alteração do programa de química nas escolas

Vai ser obrigatório incluir no programa da disciplina de química, tanto no ensino básico como no secundário, o novo Teorema Viktor Gasparix. O teorema ensina como alterar o ordenado dos contribuintes do estado líquido para o gasoso em 15meses.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012


PARAR PARA PENSAR

De súbito, a situação política nacional transformou-se, de experiência exemplar para a Europa, em confusão incompreensível.
Não me refiro à sucessão de protestos de rua, nem à peculiar inversão da bandeira nacional na cerimónia do 5 de Outubro.
Refiro-me, com surpresa e muita apreensão, ao anúncio pelo ministro das Finanças de um “enorme aumento de impostos” que impõe uma taxa marginal de 54,5% para rendimentos anuais ainda não especificados, mas que alguns calculam acima de 150 mil euros e outros acima de…80 mil!
Um dos primeiros princípios da Magna Carta de 1215-sim 1215-é que o rei não poderá impor novos impostos sem o consentimento dos contribuintes.
A infração deste princípio por Carlos I, em 1640,com o levantamento de um novo imposto designado por Ship Money desencadeou uma guerra civil em Inglaterra.
Um século mais tarde, a imposição de novos impostos às colónias americanas pelo Parlamento de Londres levou à guerra da independência norte-americana – que, na verdade, começou sob o lema da Magna Carta, “no taxation without representation”.
In Público de 08/10/2012, pag.45 (João Carlos Espada, Professor Universitário, IEP-UCP)