Esta afirmação nem sempre é
válida, ou dito de outra forma, não se aplica sempre, nem a todos.
Se a analisarmos de um ponto
de vista individual, temos a perfeita noção que para muitas pessoas, o mais
importante são as suas vontades pessoais. Pode ser a perseguição de objetivos para
uma determinada carreira, ou simplesmente uma forma de estar na vida.
Em uma perspetiva de longo
prazo e global, não enquanto individuo, mas antes enquanto população, a
sobrevivência da espécie permite perpetuar a existência no tempo, geração após
geração.
Se parássemos de nos
reproduzir, em aproximadamente cem anos, a espécie humana estaria extinta.
De acordo com os conhecimentos
atuais da comunidade científica, a primeiro proto célula formou-se há
aproximadamente três mil e setecentos milhões de
anos atrás, tendo de seguida evoluído para uma bactéria (descendemos todos de
uma bactéria).
A partir daí temos vindo a
evoluir, a diversificar e a ganhar complexidade.
Existe vida na Terra há três
mil e setecentos milhões de anos porque
a certa altura nunca mais se extinguiu. Julgo que podemos dizer que a
reprodução tem mantido a “chama acesa”.
A vida “deve ter lutado muito”
para se manter!
Dificilmente se formou “há
primeira tentativa”!
O que pretendo dizer é que
este processo deve ter levado o seu tempo, exigindo muitas e muitas tentativas.
A ciência diz-nos que a terra se
formou há quatro mil e quinhentos milhões de anos.
Até há primeira forma de vida,
passaram-se oitocentos milhões de anos.
Imagino que tenha dado para testar
tantas vezes quantas as necessárias.
A natureza não planeia, não
programa nem segue uma receita.
Para compreender que através
de elementos químicos (como por exemplo água,
hidrogénio, amónia e metano) sob
determinadas condições, se formaram aminoácidos que estão na base das
proteínas, ou de uma molécula de RNA
(capaz de armazenar informações à semelhança do DNA) é preciso imaginar que
houve muitas tentativas até que o acaso (nas condições adequadas) produziu
resultados (entenda-se vida).
Mas o processo teve de continuar.
Foi preciso repetir-se ao mesmo tempo que ia ficando mais complexo.
Só assim, com milhões de
tentativas e sucessivos pequenos progressos, num ambiente propício e com algum
tempo (provavelmente milhões de anos) é possível imaginar que se formou a vida,
e na continuação desse mesmo processo, evoluiu de forma a manter-se
(duplicando-se).
A primeira forma de reprodução
consistia na duplicação. Uma célula dava lugar a duas (ambas iguais).
Contudo, a combinação de
compostos químicos presentes no ambiente terrestre (naquele tempo) que deram
origem aos primeiros componentes (aminoácidos / RNA) que estiveram na base da
formação da primeira célula, não é suficiente para explicar o início da vida.
A ciência ainda procura
respostas, mas uma coisa parece certa: é necessário, alguma forma de
metabolismo, para que um determinado organismo se mantenha vivo por algum tempo;
e de reprodução, para que a espécie desse individuo se mantenha por tempo
indeterminado.
Para aqueles que acreditam,
que foi assim que a vida poderá ter começado no nosso planeta, este processo persiste
há sensivelmente três mil e setecentos milhões de anos.
No fundo, há vida na Terra
desde que a primeira célula se formou e se prolongou no tempo, precisamente
devido à reprodução.
A vida está em constante
atividade e mudança! Todo o tempo que já decorreu (o “tic tac” continua)
permitiu-lhe chegar à biodiversidade que encontramos nos dias de hoje (podia
ser muito maior, não fosse a atividade de uma das suas espécies, mas esse
assunto fica para mais tarde).
Até aos dias de hoje, tem sido
a reprodução a garantir a continuidade de vida na Terra.
Talvez um dia, a vida se possa
prolongar (de forma considerável ou quem sabe, por tempo indeterminado) sem
recurso à reprodução, mas ainda estamos a tentar entender porque é que há seres
complexos que vivem muito mais do que outros.
Imagine que amanhã conseguimos
finalmente saber como se formou a vida. De que forma isso nos poderá ajudar a
compreender o processo de envelhecimento e da regeneração celular?
Neste momento, não sabemos que
consequências esse conhecimento poderá ter no tempo médio de vida dos humanos,
mas certamente será significativo!
Arrisco-me a dizer que será proporcional
ao nível de conhecimento que tivermos sobre os processos que estiveram na
origem da vida e posteriormente na sua reprodução.
Também se fala na troca de
órgãos. Ao substituirmos “as peças “avariadas, por outras novas, vamos
prolongando “a vida da máquina”.
Outra possibilidade, talvez a
mais promissora de todas, seria a mudança de corpo, mas mantendo a consciência.
Imagine que seria possível passar todo o conteúdo do seu cérebro para um
cérebro a estrear em um corpo novinho em folha, que seria uma clonagem do seu.
De x em x anos, mudávamos de
corpo, tal como as cobras mudam de pele; mas aquilo que nós somos, a nossa
personalidade, as nossas memórias, e a nossa forma de entender o mundo, manter-se-ia
exatamente na mesma.
Uma vez que a consciência que
temos do nosso corpo, influencia a nossa personalidade, a troca de corpo poderia
ser feita regularmente, num constante intervalo de tempo.
Imagine que conseguíamos
retardar o processo de envelhecimento, de tal modo que conseguíamos atingir a
idade de quarenta anos, com as mesmas capacidades que hoje temos com trinta anos
de idade.
Assim, ao mudar de corpo de
duas em duas décadas (aos quarenta voltávamos aos vinte), mantínhamos um aspeto
físico relativamente constante, e sempre próximo do auge da força física.
Imagine o que seria viver “muitos anos”, sempre com um corpo jovem,
forte e saudável, e ao mesmo tempo a acumular sabedoria.
Já imaginou o que seria se também
acontecesse com tipos como estes três: Leonardo da Vinci, Isaac Newton ou
Albert Einstein.
Como já deve ter percebido, acredito
que ainda temos um caminho por percorrer, que infelizmente não lhe sei dizer de
quanto anos será…
Apenas posso afirmar que nunca
durante a nossa existência, evoluímos tão depressa. Ao ritmo que estamos a
evoluir, torna-se difícil prever como estaremos dentro de cem anos.
Cem anos, comparados com o
tempo que decorreu desde que há vida na terra, não é nada. Mesmo comparando,
com o tempo que se estima de existência do Homo Sapiens (trezentos mil anos),
cem anos passa num instante.
Se fizermos essa equivalência
com os segundos de um dia (oitenta e seis mil e quatrocentos segundos está para
trezentos mil anos, assim como cem anos equivale a menos de vinte e nove segundos
(mil anos a menos de cinco minutos).
Obviamente, que não será um
processo que se consiga alcançar de uma só vez. Gradualmente serão atingidas
metas e feitos progressos.
O tempo joga a nosso favor,
nomeadamente se não fizermos asneira (a seu tempo falaremos deste assunto).
Uma coisa parece-me certa, “em
breve” poderemos atingir um tempo médio de vida que ainda custa a acreditar!
Essa é a minha convicção!
Porque a sua continuidade,
depende exclusivamente da reprodução, quero aproveitar para falar do vírus que
está na origem da pandemia que nos tem estado a afetar, e que ainda está bem
presente na altura em que escrevo estas palavras.
A comunidade científica divide-se
quanto ao Covid-19 ser ou não um ser vivo porque não tem metabolismo. Ao que
parece, também não é capaz de se reproduzir sozinho (são as nossas células que
o reproduzem).
Imaginem o seguinte cenário: descobríamos
uma forma simples e ao alcance de todos para nos testarmos, sendo que conseguíamos
obter o resultado do teste num instante. Todas as pessoas no mundo aderem ao
“programa” e testam-se em menos de 24
horas.
Todos aqueles que tivessem
tido resultado positivo, ou iam para o hospital (se tivessem sintomas fortes),
ou voluntariamente colocavam-se em isolamento profilático.
Em pouco tempo, o vírus
deixava de ter novos hospedeiros para contagiar.
Assim que o vírus tivesse sido
eliminado, pelos anticorpos dos doentes, ou na pior das hipóteses, o paciente
tivesse morrido e o levasse para debaixo de terra, o vírus tinha sido
exterminado da face do planeta Terra.
Já não havia mais vírus Covid-19.
Nesta história inventada, o
vírus é extinto porque eliminámos a possibilidade de continuar a “saltar” de
hospedeiro em hospedeiro para se continuar a reproduzir.
Recuemos (apenas) vinte mil
anos no tempo. Somos caçadores recolectores e vivemos em grupos de 30 ou 50
indivíduos.
Estamos muitas vezes todos
juntos (sem máscara). Por isso, uma vez um infetado, rapidamente ficávamos
todos infetados. Nessa altura só tínhamos duas hipóteses: ou morríamos ou
sobrevivíamos. Em qualquer dos casos, em poucas semanas, o vírus tinha
desparecido daquele grupo (ou com ele).
Situação totalmente diferente
da que vivemos nos dias de hoje. Somos oito mil milhões e estamos em constante
movimento. As pessoas interagem umas com as outras, independentemente dos
grupos a que pertençam.
O que pretendo realçar é que em
uma pessoa isolada a duração do vírus é limitada. Ou dura até que os anticorpos
da pessoa infetada o eliminem, ou dura até que a pessoa morra.
O prolongamento do vírus no
tempo depende de ir encontrando novos hospedeiros (novas pessoas para infetar)
para que a reprodução continue.
Isoladamente, o vírus não tem
como viver muito tempo. Mesmo que evoluísse para uma relação de simbiose com o
hospedeiro e deixasse de ser alvo de ataques por parte dos anticorpos, sem
metabolismo, o tempo médio de vida do vírus, continuaria a ser curto (quase um
mês sob certas condições).
Na minha conceção, o vírus é
uma forma (extremamente básica) de vida. Creio que os elementos químicos, as
moléculas, e a matéria orgânica, não se reproduzem em cópias idênticas, e muito
menos sofrem mutações.
Mas este vírus, esta “coisa”
ínfima que não tem metabolismo nem capacidade própria de se reproduzir, pode
tirar a vida a um ser bem mais complexo em termos de vida, com cerca de trinta biliões
de células, metabolismo, capacidade de reprodução, cérebro, que já foi à Lua e
que se prepara para passar férias em Marte (uma excentricidade desadequada aos
tempos que vivemos).
Para a Vida, parece
indiferente quem continua a manter a “chama acesa”. Se o vírus, ou se nós. “Ela”
não se mete, “apenas quer” que a vida continue.
Mas ao contrário da ideia que
posso estar a passar, não existe uma “entidade” que controla ou regula “a
vida”. É cada “um” por si, a tentar manter-se vivo.
Por essa razão, seria bom que
se pusesse algum dinheiro de parte, para investir na ciência, com o intuito de
melhor nos prepararmos para “os ataques” desses seres invisíveis, sem cérebro,
mas que podem ser potencialmente letais.
Não é minha intenção estar
aqui a vaticinar o surgimento de outra pandemia, mas imaginem o que seria um
vírus com a transmissibilidade do Covid-19 e a letalidade do Ébola.
Concluindo: a vida formou-se
há três mil e setecentos mil milhões de anos. Ainda não se sabe exatamente como
aconteceu, mas já se deram passos importantes nesse sentido.
Em laboratório, conseguiu-se
formar aminoácidos a partir de elementos químicos. Essas moléculas centrais da
vida são usadas para formar proteínas, que controlam a maioria dos processos
bioquímicos nos nossos corpos, e que estão presentes nas células, a base de
toda a vida.
Desde que se formou até ao
presente, a vida tem-se mantido, que se saiba, apenas graças á reprodução. Não
temos conhecimento que a vida se tenha continuado a formar, ou que ainda
continue (como aconteceu no início, através de elementos químicos).
É convicção de grande parte da
comunidade científica, que é apenas através da evolução das espécies, pela
reprodução, que a vida se mantém desde há sensivelmente três mil e setecentos milhões
de anos (3 700 000 000).
De alguma forma, as espécies
estão dependentes umas das outras. Nenhuma sobreviveria sozinha.
Talvez no futuro, possamos
manter a vida através da continuidade do individuo, nem que seja pela
perpetuação da sua consciência; do seu conhecimento.
Atualmente (infelizmente),
isso não passa de futurologia.
Não estando ainda provado como
se formou a vida, apenas temos teorias (todas por comprovar). Optei por referir
aquela que (a meu ver) faz mais sentido.
Sem dúvida que será
extremamente interessante, descobrirmos exatamente como se formou a vida, e
depois, como se deu a evolução para a reprodução.
Para tal é fundamental que
continuemos a investir na ciência de investigação.