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quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

 Democracia multipartidária.

A nossa democracia, ao contrário, por exemplo, da dos Estados Unidos da América, é constituída por vários partidos políticos (e não apena por dois).

Julgo que todos concordarão, que os eleitores votam em determinado partido porque se reveem no programa eleitoral, e nos ideais políticos desse partido.

Pelo menos é suposto ser assim, para uma significativa percentagem de cidadão votantes.

Nesse sentido, parece legitimo e até responsável, que os deputados eleitos, e os respetivos partidos políticos, respeitem o programa que os elegeu.

No meu entender, não faz nenhum sentido que os votos em determinado partido, sejam posteriormente entregues a outro partido, de mão beijada.

No entanto, alguns políticos parecem querer fazer-nos crer que deveria ser assim.

Se não nos deres o teu voto, ainda te vais arrepender, porque estás a contribuir para que seja outro partido, ainda mais afastado dos teus ideais, a assumir a governação do país.

Em teoria têm alguma razão. Mas é mais ou menos como se alguém lhe perguntasse se quer levar uma palmada ou prefere uma galheta. Podemos concordar que a palmada é melhor suportável, mas em todo o caso, temos sempre o direito de não querer, nem uma nem outra, e de lutar por isso.

Ao que nos contrapõem com, não temos o mundo que queremos, mas o mundo possível.

Mais uma vez é verdade!

Mas, deixar de acreditar é deixar de ter esperança num mundo em que acreditamos.

Ao longo da história, muitas pessoas ficaram pior do que estavam, porque lutaram por uma vida melhor.

O racismo e a diferença de género, não tinham tido os progressos que tiveram, se ninguém tivesse lutado por direitos diferentes.

Claro que os partidos podem, e em certas circunstâncias, devem negociar, mas como a própria palavra indica, isso implica um compromisso, que só pode ser alcançado com cedências de parte a parte.

Nenhum partido deve entregar os votos dos seus eleitores, apenas porque é um mal menor. Isso também podem os eleitores fazer, votando diretamente no partido maior.

Se queremos viver numa democracia evoluída e multipartidária, todos os partidos devem respeitar as escolhas dos eleitores. Caso contrário, será um sistema bipartidário em que governa um, ou governa outro.

É curioso, porque recentemente ouvi um ex-ministro do governo de Passos Coelho, Poiares Maduro, sugerir isso mesmo.

A solução era simples e engenhosa: O PS viabilizava um governo do PSD se este fosse o partido mais votado; e o PSD viabilizava um governo do PS, caso fosse o PS, o partido mais votado.

Apesar de não ser uma solução que me agradasse, não posso deixar de dizer que fiquei a pensar. Qual será a razão para ter tido tão pouca recetividade… Nem sequer foi discutida (pelo menos que saiba).

Deixo aqui quatro hipotéticas respostas (quem sabe outras possam surgir).

- Um dos partidos grandes (ou ambos) acredita que poderá chegar mais vezes ao poder como as coisas estão.

- Um dos partidos grandes (ou ambos) receia que dessa forma estivesse a contribuir para o crescimento do seu adversário.

- Retirando de cena vários atores (outros partidos), ficaria muito mais limitada a atribuição de responsabilidades, e, por conseguinte, a desresponsabilização pelos objetivos não alcançados.

- Seria inequivocamente uma jogada política que denotaria pouco espírito democrático. Quem sabe não pudesse levar os eleitores a penalizar os grandes partidos.

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