Vivem-se dias complicados no
médio oriente após o ataque bárbaro do HAMAS que teve como único objetivo
aterrorizar as populações, algo digno das antigas tribos Germânicas e Hunos que
há milénio e meio aterrorizavam as povoações romanas. Sim, isso mesmo, milénio
e meio.
Custa a acreditar que 1500 anos
depois, ainda estejamos a assistir a este tipo de ações em zonas de conflito –
não é exclusivo desta zona geográfica tendo, infelizmente, muita incidência no
continente africano, a que não é alheio o facto de serem zonas com baixo índice
de escolaridade e educação não sendo no entanto fator único, basta ver pelo que
está a acontecer na Ucrânia.
É interessante ver os políticos,
nacionais e internacionais, a fazer equilíbrio no trapézio: condenam o ataque e
as ações do HAMAS mas depois apressam-se a condenar o estado de Israel e a
defender o “povo” da palestina e o seu direito à autodeterminação.
Mas quem são afinal os
palestinianos? E qual era o seu território afinal tão proclamado? Esta é a
questão mais interessante de todas e que, se olharmos com algum distanciamento
emocional veremos, que é tão válido o argumento do estado da Palestina, como agora gerar-se um movimento
no sul de Espanha liderado por muçulmanos a exigir o direito ao estado de
Granada. Bom, talvez esteja a exagerar, mas não por muito.
A Palestina, só existiu como
região, após o Império Romano tomar conta da região e eliminar os Reinos de
Israel (sim já existia), Damasco, Judá, Filisteus, Edom, Moabe, Amon e
Finícios. Todos eles separados, mas que juntos formavam a “Judeia”. Só em 135
d.c. é que a zona passa a ter o nome de Síria-Palestina depois do Império Romano agregar outros territórios vizinhos.
Com a queda do Império Romano em
640 d.c. a região é dominada por Muçulmanos Árabes e é nesta altura que surgem
os “palestinos” uma mescla de árabes e judeus com estes últimos, os que puderam, a fugirem do território e a espalharem-se pelo mundo, os outros (tal como hoje acontece com os "Palestinos") foram ficando.
Vieram Cruzados, voltaram
Muçulmanos Árabes, vieram Otomanos ( Muçulmanos mas sunitas) e depois Britânicos. Dividiu-se a
região saindo a Jordânia e o Mandato Britânico da antiga “Judeia”. Houve guerra de
Judeus e Árabes contra os britânicos. Houve guerra entre árabes e judeus com
vitória dos últimos que conquistaram o seu espaço - ao qual chamaram de Israel - e aumentaram, muito motivados
pelo facto de, após II Guerra Mundial, se encontrarem desesperados por terem um
pedaço de terra no mundo a que chamar “terra”, o seu refúgio. Os Árabes da
Jordânia ficaram com parte do Mandato Britânico na Cisjordânia, outros Árabes
que já lá estavam, ficaram em Gaza com proteção do Egipto. E Israel ficou e foi
conquistando o resto.
Quando os judeus declaram o seu estado de Israel, os
Árabes, todos eles, tenham nascido na antiga região da palestina, ou nos países
vizinhos do Líbano, Síria, Jordânia, Egipto e Iraque não gostaram e declararam
guerra. E perderam.
Anos mais tarde voltaram a
declarar guerra e voltaram a perder.
Convém lembrar que os Britânicos,
quando dominavam a região, agastados com as permanentes guerrilhas no
território, tentaram dividir o território entre judeus e muçulmanos árabes,
tendo realizado várias propostas todas elas rejeitadas pelos árabes por considerarem
não haver direito à existência do estado de Israel.
Quem são afinal os palestinianos?
São ambos, Judeus e Muçulmanos (árabes). Quem tem direito ao território? Se
formos pelos “nomes” cronológicos e religião, então o estado de Israel e os
Judeus teriam direito ao pedaço de terra. Se formos pelas batalhas, cujo
resultado normalmente origina um vencedor e um perdedor, então também Israel
ganhou. Sendo que amanhã pode perder. É o resultado das guerras.
Um perdedor dificilmente pode
impor as regras ao vencedor. Pode continuar a lutar ou seguir em frente. Yasser
Arafat lutou durante anos, mas no final percebeu que o caminho era seguir em
frente, aceitar a derrota e criar um estado na Palestina no território que Israel deixou para eles - Faixa de Gaza e Cisjordânia. Infelizmente morreu
antes de conseguir cimentar a sua ideia. Foi pena, tal como Mandela, teria sido
fundamental para estabilizar a região e reduzir os ódios, neste caso religiosos.
O tempo cura as feridas. O HAMAS não quer curar feridas, pelo contrário, quer
abri-las mais e marcar gerações jovens, estimulando o ódio.
Neste estado das coisas é
impossível uma solução para o conflito. Não sejamos hipócritas. Israel não pode
ajudar um povo que por sua vez sustenta um grupo armado (HAMAS) que atenta
contra o estado de Israel. Faríamos nós diferente? Centenas de milhar de
palestinianos atravessam a fronteira todos os dias para ganhar dinheiro em
Israel, para depois serem extorquidas no seu território, para alimentarem o
estado armado. Estaríamos nós dispostos a ceder território, a promover o
desenvolvimento de um povo, sabendo que isso significaria uma ameaça permanente à nossa
existência?
E porque é que os países
vizinhos, todos eles muçulmanos árabes fecham as portas aos “palestinianos”
árabes? Se foram solidários com eles ao declararem guerra a Israel, porque não
são solidários e arranjam uma solução? Há espaço neste mundo que chegue para
todos. Mas parece que não. Mais vidas serão ceifadas, todas, pelo menos aos
olhos de alguém, serão justificadas, o que torna isto macabro, grave e impossível de
resolver. Enquanto o fanatismo religioso se sobrepuser à razão, ao respeito
pelo próximo, à liberdade existencial de cada um, a tragédia será irremediavelmente
o destino dos dois povos.
PS – quem estupidamente tenta
colar este conflito ao conflito da Ucrânia revela uma limitação do seu QI
preocupante e deveria imiscuir-se de falar sobre o assunto.