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quinta-feira, 23 de julho de 2020

MAIS POBRES NA CARTEIRA E NOS AFETOS!


Imagine que dentro de um ano a comunidade científica vem dizer ao mundo que o desenvolvimento da vacina contra o Covid-19 correu mal. Os vários testes efetuados revelaram que o vírus sofre frequentes mutações e o efeito da vacina não dura sequer meio ano. Para piorar ainda mais a situação dizem-nos que a imunidade daqueles que já foram contagiados não é superior a esse período de tempo.
São-nos inclusive relatados casos de pessoas que poucos meses depois de se terem curado da doença, foram reinfectadas, e algumas delas, tendo sobrevivido à doença da primeira vez, não o conseguiram fazer quando da segunda infeção.
O mundo acabava de receber um enorme balde de água fria!
Todas as medidas que tinham sido tomadas para evitar o contágio do vírus, nomeadamente o cancelamento de eventos que implicavam uma grande concentração de pessoas, a redução da lotação de espaços fechados com vista a garantir o distanciamento social, e o uso obrigatório de máscara, principalmente em locais de espaço limitado, tinham associadas o pressuposto de serem passageiras.
Agora, com esta notícia, os governos ficam sem saber até quando isto vai durar.
Por este mundo fora, as economias continuam a ver o desemprego a aumentar e o PIB a decrescer, sentindo-se impotentes para contrariar essa tendência. Para tornar o cenário ainda mais desolador, há cada vez mais pessoas a passar fome.
Os governos veem-se na obrigação de tomar uma de duas decisões:
a)      Manter as medidas tal como estão, até que a comunidade científica encontre alguma solução eficaz contra o vírus, independentemente do tempo que for necessário;

b)      Atenuar ou abandonar algumas medidas, com vista a recuperar a economia para valores mais próximos da situação pré-pandemia.
Em qualquer dos casos, o “novo normal” veio para ficar. Temos de aprender a viver com menos.
Isso significa que não podemos deitar a máscara para o lixo nem voltar a abraçar aqueles que nos são mais queridos, especialmente se se encontrarem numa situação de maior vulnerabilidade (pelo menos até que se disponibilizem testes rápidos e de confiança).
Ao escrever estas linhas não consigo deixar de sentir alguma frustração. Somos muito mais inteligentes que o vírus, mas o vírus agarra-se às nossas células o que torna difícil acertar-lhe sem nos prejudicarmos. Atrevo-me a dizer que seria mais fácil derrotar os dinossauros, se existissem.
Uma coisa é certa, necessitamos da ciência para conseguir vencer o vírus. Sem laboratórios de investigação científica bem apetrechados e sem cientistas investigadores não conseguiremos ultrapassar esta pandemia. Não é algo que esteja ao alcance de qualquer um.
Até que esse momento tão desejado chegue temos que continuar a ter cuidados. A alternativa seria um retrocesso civilizacional. Não podemos permitir que se percam anos de vida de pessoas que têm muito conhecimento para partilhar. Os mais aptos não são necessariamente os que detêm mais conhecimento. Todos fazem falta!
Mas as notícias têm sido esperançosas. Existem inclusive razões para estarmos otimistas porque tudo aponta para que no início do próximo ano já tenhamos uma vacina.
Repare-se que meses depois de a doença ter sido anunciada já se conhecia a sequência genética do vírus. Se compararmos com o vírus da imunodeficiência humana (VIH) que foi descoberto há cerca de 40 anos, a diferença é impressionante. Ainda hoje não temos vacina contra este vírus (embora, possamos suspeitar que existam condicionantes de natureza económica). Só no ano passado, morreram cerca de 700 000 pessoas de doenças relacionadas com a SIDA.  
Mas atenção! Embora tudo aponte para que o cenário hipotético aqui apresentado não se venha a concretizar, não sabemos quando surgirá o próximo vírus nem se será mais mortal e difícil de vencer que este.
Não podemos parar de investigar! A investigação traz-nos conhecimento que será sempre útil e permite-nos estar melhor preparados para qualquer eventualidade.
Se esta pandemia tivesse sido evitada graças ao conhecimento resultante de investigação científica, todos seriam unânimes em afirmar que teria sido o melhor investimento da nossa história.

quinta-feira, 28 de maio de 2020

A Vida Sem Viver!

O vírus não se alimenta, não se movimenta, não se reproduz, não pensa. Até entrar num hospedeiro, mantém-se imóvel para poupar energias. Uma vez no hospedeiro, assim que consegue penetrar uma célula, sequestra-a, pondo-a a reproduzir vírus até que o doente contagie o próximo hospedeiro. O objetivo do vírus é contagiar (quantos mais melhor), até que o sistema imunitário do infetado o elimine. O vírus não ganha com a morte dos hospedeiros. Precisa deles para os poder reinfectar. Quando o vírus infeta uma espécie pela primeira vez, começa um processo de adaptação a um sistema imunitário diferente. Porque ainda se estão a “conhecer”, pode acontecer que haja uma desproporção de forças que torne o vírus mais ou menos letal. Esse equilíbrio entre o vírus e o sistema imunitário dos infetados pode demorar mais ou menos tempo a ser alcançado, e o número de mortes pode variar significativamente. O vírus, para sobreviver (enquanto “espécie”), necessita de poder continuar a infetar. Por isso, ao fim de algum tempo sofre mutações para que os anticorpos dos que já foram infetados deixem de ser eficazes. E é isto a vida do vírus: infetar e contagiar. Ao fim de algum tempo, sofrer mutações para poder reinfectar.
O vírus ao entrar dentro das nossas células, torna difícil criar um medicamento que lhe faça mal sem nos prejudicar. Ele funciona através de nós. Por outro lado, ao mudar, faz com que os anticorpos de hoje não sejam eficazes amanhã. Foram muitos de anos de tentativa e erro até chegar aqui. Se deixarmos a nossa defesa entregue unicamente à natureza (entenda-se ao sistema imunitário), os mais fortes irão sobreviver e os mais fracos não, e esta relação que dura há milhares de anos irá continuar, umas vezes com mais sofrimento do que outras. Mas ao contrário do vírus, nós pensamos e temos vindo a evoluir e isso dá-nos esperança que um dia consigamos derrotar este e outros germes.
Reparem que o vírus antes do evento da agricultura, quando eramos caçadores recolectores, não conseguia sobreviver muito tempo, pelo menos na nossa espécie. Vivíamos em grupos pequenos, formados por cerca de 30 pessoas que evitavam o contacto com outros bandos. Isso significa que o vírus infetava todos antes de sofrer a primeira mutação e, consequentemente, ou matava todo o grupo ou era eliminado. Em ambos os casos era erradicado. Mas hoje somos quase 8 mil milhões de habitantes numa aldeia global. Por isso, para erradicarmos o vírus, ou para o tornarmos inofensivo, temos de continuar a investigar.
A vida do vírus não podia ser mais desinteressante, mas quer manter-se viva. Vem-me à memória uma imagem do filme “A Guerra do Fogo”, em que tudo faziam para evitar que a chama se apagasse. Isso só mudou no dia em que aprenderam a fazer fogo.    
A vida só se preocupa em sobreviver, não quer saber de ideais nem de sonhos, e aí, estamos em pé de igualdade com o vírus. Mas seria um retrocesso de milhões de anos, em termos evolutivos, se um ser tão básico como este vírus, que nem vive, apenas sobrevive, conseguisse exterminar um ser muito mais evoluído, que até já ambiciona encontrar vida noutros planetas.
Por isso, desta tragédia que até hoje já matou cerca de 350 000 pessoas em todo o mundo e infetou mais de 5 300 000, espero que também venham coisas boas. Dizem que há sempre dois lados na mesma moeda. Uma coisa boa poderá ser o teletrabalho. Se conseguirmos por essa via reduzir a poluição atmosférica, nomeadamente nos centros urbanos de maior densidade populacional. A outra, seria se aproveitássemos a lição para investigar mais este e outros germes. Precisamos de saber muito mais sobre eles.
Se quiser saber mais, leia o artigo do link em baixo de onde retirei os próximos parágrafos.
“Os vírus são pouco mais que um pacote de material genético cercado por uma concha de proteína espetada, com um milésimo da largura de uma pestana, e leva uma existência tão zombie que mal é considerado um organismo vivo.”
“Passaram milhões de anos aperfeiçoando a arte de sobreviver sem viver - uma estratégia assustadoramente eficaz que os torna uma ameaça poderosa no mundo de hoje.”

https://www.newstalkzb.co.nz/news/science/why-the-covid-19-coronavirus-is-so-hard-to-kill/

quarta-feira, 22 de abril de 2020

Coisa Maldita ou Falta de Visão?


Nem sei o que lhe hei de chamar!
Parece-me Impressionante que “uma coisa” microscópica seja capaz de matar vários milhares de pessoas (ainda não sabemos quantas), de provocar um tremor de terra na economia mundial, e de deixar marcas na forma como vivemos.
Sim, é verdade que não é a primeira vez e que já passámos por epidemias piores, mas também é verdade que nunca fomos tão desenvolvidos tecnológica e cientificamente. Estamos no Séc. XXI.
O que mais me impressiona é que a “coisa” não tem cérebro nem vem doutro Mundo!
Talvez tenha algum tipo de algoritmo, com não sei quantos (milhões?) de anos, que nos põe a cabeça em água… Deixo isso para os especialistas!
O facto é que, segundo dizem, “nem sequer é um organismo vivo”!
Parece que a “coisa” não tem capacidade metabólica, mas consegue sequestrar as nossas células e pô-las a reproduzir “a coisa”, entenda-se, o dito vírus (Covid 19).
Nós que mandamos nisto tudo, que já somos capazes de provocar alterações no planeta às quais temos que nos adaptar, que tentamos chegar a uma teoria que explique TUDO, que sabemos como começou o Universo, vamos precisar de não sei quanto tempo (falam em um ano ou mais) para conseguir neutralizar a coisa.
Entretanto “a coisa” vai provocando prejuízos de muitos milhões (milhares de milhões) de Euros / Dólares na Economia Mundial, para evitar um mal maior.
Qual seria o número total de mortes se não tivéssemos recorrido ao confinamento social?
Os “SNS” não teriam sido capazes de assistir mais do que uma ínfima percentagem do total dos respetivos doentes.
Considerando uma taxa de infetados semelhante à da Gripe Espanhola, o número total de óbitos, com base na percentagem atual de mortes (6.9%) seria superior a 130 000 000.
Mas será que poderíamos fazer melhor? Será que se aplicássemos mais energia (e verbas) na luta preventiva contra estas “coisas” que nos matam, em vez de investir tanto em armamento ou projetos espaciais (por exemplo), será que conseguíamos prevenir estes desastres Humanos e Económicos?
Há quem acredite que sim! Pessoalmente, parece-me que faz todo o sentido!
Bill Gates em 2015 alertou para o facto de estarmos mal preparados para enfrentar uma pandemia, que esse seria provavelmente o maior risco com o qual nos iríamos deparar num futuro próximo, e antecipou as consequências dessa impreparação a nível humano e económico.
Infelizmente, não lhe prestaram a devida atenção.
Veja o vídeo visionário:
Espero sinceramente que a experiência que estamos todos a passar por causa deste vírus nos traga algo de positivo: nos dê uma maior capacidade de parar para olhar em volta, e pensar no que realmente é importante.

quarta-feira, 18 de março de 2020

COVID-19, Marionetas e Zé Povinho




Tem meses que não publico um post no blog. A minha vida pessoal e profissional tem andado demasiado ocupada que permita ainda ter tempo e paciência para ao final do dia escrever um texto para publicar. Não é que não me lembre de temas. Tenho visto várias notícias que eram dignas de ficarem registadas neste blog, como as declarações da Ministra da Agricultura a dizer que a paragem da China podia ser uma oportunidade para Portugal (eles devem dizer o mesmo agora de nós), ou do ministro Matos Fernandes a dizer que a solução para o Mondego passava pelas populações se mentalizarem que tinha de abandonar as suas casas (!?sério?) e ir viver para zonas onde as cheias não chegam, ou que a solução para o carbono era reduzir em 20% o sector agropecuário (? Vá dizer isso na cara dos trabalhadores que vivem desse sector). Enfim.
Mas o que me traz aqui hoje diz respeito à situação em que se encontra o país hoje: a meio gás. O Covid-19 pelos vistos não dá só febres, dores e problemas respiratórios, também causa congelamento do cérebro dos nossos políticos e dirigentes nacionais.
António Costa, falhaste em toda a linha! Ouvir peritos da matéria (saúde, sociólogos, administração interna, etc..) é nobre, mas quando se trata de tomar decisões temos de ser nós a tomá-las. Há semanas atrás vi vários “experts” a falar nas Tv’s a dizer que isto não era grave. Vi inclusive a diretora da DGS a dizer que as netas dela estavam na escola e não havia problema nenhum (dois dias depois estavam a encerrar as escolas). Vi a mesma senhora a dizer que o Iburon não fazia mal nenhum e ontem a OMS desaconselhou o seu uso… Enfim todos têm as suas opiniões e Portugal nesse aspecto é um caso particular – não vou dizer singular – mas todo o burro caga sentença. Todos acham que sabem mais. Provavelmente com a melhor das intenções.
Falhaste porque este pequeno País à beira-mar plantado, tão longe de todos, que tanta vez se queixa do seu isolamento da Europa tinha tudo para evitar esta crise. Assim que o surto chegou à europa, tivessem havido tomates para suspender as ligações aéreas e encerramento das fronteiras de Portugal continental e Ilhas e hoje, muito provavelmente, tínhamos a nossa economia interna a funcionar. Não tínhamos este stress dos supermercados com o risco de convulsão social por falta de bens alimentares nas prateleiras.
Tanto se falou dos dramas do turismo que era um sector que representava 10% do PIB nacional. A sério?? Por 10% lixam-se 90%?? Agora com país parado é que o PIB vai à vida. Mais, ter isolado o país em fevereiro lixava o sector do turismo em meses de época baixa, mas minimizava os efeitos de uma época alta vazia, uma vez que o turismo interno também representa alguma coisa. A minha avó sempre dizia “vão-se os anéis, fiquem os dedos”. A estratégia deste governo foi admitir que ia ficar primeiro sem anéis e depois sem dedos, para que o choque não fosse tão “traumático” para os portugueses. Agora estamos todos em casa a fazer contas para quando é que temos de ir ao supermercado.
Com os números a crescer em Itália ainda houve quem fosse gozar as suas férias da “neve” para os Alpes! Ou para o carnaval de Veneza, ou para as feiras de Milão! Ou quem fosse de cruzeiro para Cádiz e de autocarro chegou a Lisboa porque o porto de Lisboa recusou receber o cruzeiro. A sério?! Por favor!? Mas que amadorismo é este?. Definam-se as principais rotas comerciais, use-se o comboio de mercadorias, fechem-se todas as outras estradas (não é difícil, basta o exército levar uma giratória e abrir um buraco na estrada que nenhum carro passa). Os tratores levam os semirreboques até ao parque em Vilar Formoso e lá um trator espanhol pegava o semirreboque e levava para Espanha ou para a fronteira Francesa. Custa mais? Sim. Mas seria melhor que estar parado!
Esta subserviência ao sector do turismo irrita-me profundamente. Podíamos ter aproveitado para manter a nossa indústria a trabalhar, quem sabe até crescer para fornecer uma Europa parada, mostrar aos investidores que este país “isolado” pode ter vantagens. Podíamos ontem ter oferecido à UEFA a possibilidade de organizarmos novamente um EURO (2020), em que as equipas vinham 2 meses antes, faziam a quarentena controlada e podiam jogar – só com adeptos portugueses nas bancadas é certo – mas mantinham-se patrocínios, algumas unidades hoteleiras salvavam o ano e dava-se futebol ao zé povinho, tuga e europeu (e tão bom que era as pessoas ligarem a Tv e terem a sensação que está tudo normal). Não há Giro de Itália? Tour de France? Havia em Portugal. Perdíamos hoje 10% do PIB, mas mantínhamos 90% do PIB e os ganhos futuros poderiam ser enormes.
Tal como na crise de 2008/2010 em que Sócrates decidiu ser bom aluno europeu e fazer o que Angela Merkel mandou (com a diferença que os nossos cofres estavam vazios), também António Costa decidiu ser marioneta europeu e alinhar pela mesma estratégia que os seus parceiros europeus: uma quarentena progressiva. “A bold attempt is half way to success” (a ousadia é meio caminho para o sucesso). Foi essa ousadia de enfrentar os mares que levou Portugal a ser um Império. Não foi a ser lacaio de Espanha que o conseguimos. Aliás, no tempo dos Filipes ficou bem visível o que acontece quando somos lacaios. A nossa história já nos devia ter ensinado a decidir o nosso futuro.
Agora Costa, vais cair nas sondagens. E quando isso acontecer o Bloco e o PCP não vão ter problemas de consciência em provocar uma pequena crise política e tirar-te do governo. Da minha parte, acho que é merecido. Não contes com o meu voto. Quero líderes. Não quero lacaios.