A semana passada Borba foi
notícia pelas piores razões, uma derrocada numa estrada arrastaria consigo
algumas viaturas para uma queda superior a 60m e um número incerto de pessoas
para uma morte certa.
Assim que os “média” pegam no assunto inicia-se a procura por
responsabilidades. Tem início o jogo do passa a outro e não ao mesmo. O Estado
diz que a estrada é municipal, o município diz que quem esburacou foram os
privados e que os mesmos é que deveriam ter resolvido o assunto, os privados
dizem que alertaram para o problema e como anjos que são até tinham a solução
para o problema que consistia em deitar a estrada abaixo, mas de forma
controlada, para, já agora, se “aproveitar um pouco mais a pedra”. Como sempre
todos têm culpa e ninguém a vai ter. Coitados dos que morrem e dos que ficam
sem eles.
Quanto à culpa para mim é de todos. Do Estado porque licencia a exploração
mineira e deveria fiscalizar a sua aplicabilidade e não permitir que a
exploração chegue tão próximo da estrada que até 2005 era nacional (ou seja do
Estado) sem uma devida solução geotécnica para contenção das terras. Lamento,
Sr. Ministro das Infraestruturas e Transportes Pedro Marques, mas ao contrário
do que quer fazer crer, o estado não está “limpo” de culpas. Poderá certamente
dizer que o actual governo não tem nada a ver com o assunto. Pode. Mas não pode
ir para as câmaras de televisão dizer que o estado está isento de culpas. Não
está. Não pode estar.
As empresas de extração por não cumprirem a lei e por não terem acautelado
a segurança da estrada aquando da escavação, também não podem estar isentas. E
não serve de muito fazer-se uma reunião, em 2014, da qual sai a conclusão que a
estrada está em risco e que, como tal, o melhor é fechar-se e extrair o resto
da pedra. Não meus amigos, se a estrada está em risco porque extraíram pedra
até onde não deveriam ter extraído – pondo em causa a estabilidade dos solos
onde está implantada a estrada – então é da vossa responsabilidade adotar as
medidas necessárias para reforço da contenção da estrada para que a mesma não
caia. Não se lava as mãos desta situação dizendo que se avisou que havia um
problema que por acaso até foi criado por eles!!
Por último o município. Responsável pela estrada desde 2005 e que pelos
vistos nada fez por tentar resolver este problema. Percebo que não queira
fechar a estrada em nome de falsas intenções dos “pedreiros” que estavam mais
interessados em demolir a estrada do que a intervir na sua estabilização, com o
propósito de aumentarem a capacidade de extração das pedreiras adjacentes.
Percebo que entenda que a estrada faz falta à população e que a queira no lugar
onde está. Não percebo é que nada faça para manter os munícipes primeiro e
depois a estrada em segurança. Como entidade gestora da estrada pode sempre
fecha-la até realização de obras. Fechar não implica demolir e desaparecer para
sempre. Não houve pedidos, processos em tribunal, reuniões em que se
solicitasse a resolução do problema. Nada? Está tão embrulhado nisto como os
outros mas com uma pequena grande diferença: é que os “pedreiros” zelam pelos
seus interesses e o senhor presidente da Câmara de Borba foi eleito para
defender os interesses dos seus munícipes. Parece-me óbvio que não defendeu.
Parece-me óbvio que já se devia ter demitido.