Pesquisa

segunda-feira, 26 de novembro de 2018

A tragédia de Borba




A semana passada Borba foi notícia pelas piores razões, uma derrocada numa estrada arrastaria consigo algumas viaturas para uma queda superior a 60m e um número incerto de pessoas para uma morte certa.

Assim que os “média” pegam no assunto inicia-se a procura por responsabilidades. Tem início o jogo do passa a outro e não ao mesmo. O Estado diz que a estrada é municipal, o município diz que quem esburacou foram os privados e que os mesmos é que deveriam ter resolvido o assunto, os privados dizem que alertaram para o problema e como anjos que são até tinham a solução para o problema que consistia em deitar a estrada abaixo, mas de forma controlada, para, já agora, se “aproveitar um pouco mais a pedra”. Como sempre todos têm culpa e ninguém a vai ter. Coitados dos que morrem e dos que ficam sem eles.

Quanto à culpa para mim é de todos. Do Estado porque licencia a exploração mineira e deveria fiscalizar a sua aplicabilidade e não permitir que a exploração chegue tão próximo da estrada que até 2005 era nacional (ou seja do Estado) sem uma devida solução geotécnica para contenção das terras. Lamento, Sr. Ministro das Infraestruturas e Transportes Pedro Marques, mas ao contrário do que quer fazer crer, o estado não está “limpo” de culpas. Poderá certamente dizer que o actual governo não tem nada a ver com o assunto. Pode. Mas não pode ir para as câmaras de televisão dizer que o estado está isento de culpas. Não está. Não pode estar.

As empresas de extração por não cumprirem a lei e por não terem acautelado a segurança da estrada aquando da escavação, também não podem estar isentas. E não serve de muito fazer-se uma reunião, em 2014, da qual sai a conclusão que a estrada está em risco e que, como tal, o melhor é fechar-se e extrair o resto da pedra. Não meus amigos, se a estrada está em risco porque extraíram pedra até onde não deveriam ter extraído – pondo em causa a estabilidade dos solos onde está implantada a estrada – então é da vossa responsabilidade adotar as medidas necessárias para reforço da contenção da estrada para que a mesma não caia. Não se lava as mãos desta situação dizendo que se avisou que havia um problema que por acaso até foi criado por eles!!

Por último o município. Responsável pela estrada desde 2005 e que pelos vistos nada fez por tentar resolver este problema. Percebo que não queira fechar a estrada em nome de falsas intenções dos “pedreiros” que estavam mais interessados em demolir a estrada do que a intervir na sua estabilização, com o propósito de aumentarem a capacidade de extração das pedreiras adjacentes. Percebo que entenda que a estrada faz falta à população e que a queira no lugar onde está. Não percebo é que nada faça para manter os munícipes primeiro e depois a estrada em segurança. Como entidade gestora da estrada pode sempre fecha-la até realização de obras. Fechar não implica demolir e desaparecer para sempre. Não houve pedidos, processos em tribunal, reuniões em que se solicitasse a resolução do problema. Nada? Está tão embrulhado nisto como os outros mas com uma pequena grande diferença: é que os “pedreiros” zelam pelos seus interesses e o senhor presidente da Câmara de Borba foi eleito para defender os interesses dos seus munícipes. Parece-me óbvio que não defendeu. Parece-me óbvio que já se devia ter demitido.

segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Aeroporto, no Montijo?




Continua a discussão se o novo aeroporto de Lisboa vai para o Montijo ou não. Confesso que já tenho dificuldade em lidar com esta falta de decisão, este anda para a frente e anda para trás. Também já se percebeu que a Vinci tem todo o interesse em que isto se arraste no tempo uma vez que vai aumentando as taxas e, a lei da oferta e da procura não falha, quanto mais os horários tiverem preenchidos mais caro vai ser aterrar em Lisboa.
Mas independentemente de eu já estar enfadado com isto, não me posso conformar com o que parece à vista de todos um erro, por várias razões. Primeira: é um aeroporto militar e não civil. Segundo porque é suposto ser um Portela+1 em vez de ser só Montijo. Terceiro por causa dos pássaros. Quarto porque é um aeroporto na margem sul para servir a margem norte, ou seja, os passageiros vão todos para lá e depois temos de os transportar a todos para a margem norte através de autocarro, com todos os constrangimentos ambientas que isso traz. Quinto e último (e já não são poucos) não existe transporte público decente, rápido e fiável para trazer os passageiros para a margem norte. Fazer depender de uma travessia de uma ponte o acesso ao aeroporto é jogar na roleta russa os bilhetes para o avião. Quando houver um acidente na ponte chega tudo atrasado aos voos..
Continuo a ter para mim que as melhores soluções seriam:
  1. Se é para manter a Portela, o outro aeroporto deveria ser em Tires. Grande parte dos turistas que aterram em Lisboa vão a Sintra e Cascais, assim talvez algumas transportadoras não se importassem de operar para aquela zona. Uns 800 milhões daria para expropriar e recolocar algumas casas que infelizmente deixaram construir ali ao pé, aumentar a pista e construir um terminal ao estilo terminal 2 da Portela com capacidade para umas 12 portas de embarque. Com mais uns 120 milhões construía-se um metro de superfície Tires-Carcavelos para ligar à linha de comboio.
  2. Se a solução passa por acabar com a Portela, só vejo uma solução possível, a base aérea de Alverca. Sim tem lá a Força Aérea, sim tem as oficinas. Mas tem uma coisa muito boa: a linha do norte! Em 20 minutos se o transporte fosse directo os passageiros estavam na Gare do Oriente ou com um pouco mais em Santa Apolónia. Melhor que isto é impossível. Tem espaço para crescer para cima do Tejo (estritamente o necessário claro) e fazer duas pistas em paralelo para aumentar o fluxo de transporte.


sexta-feira, 14 de setembro de 2018

CP e a compra de novas composições


Foi anunciado pelo presidente da empresa – Carlos Nogueira - que irão ser adquiridas 22 unidades para o serviço regional, comboios que irão ajudar a melhorar o nível de serviço prestado pela CP, num investimento estimado em 170milhões de euros. Entretanto, como essa compra aguarda ainda o aval do Estado para o lançamento do concurso internacional, o próprio concurso, a adjudicação e a entrega das composições, só lá para 2024 (na melhor das hipóteses) deveremos ter as novas composições a circular nas linhas portuguesas. Entretanto vamos viver de aluguer de comboios à espanhola Renfe.
De recordar que em 2010, a CP desistiu do concurso para comprar 49 automotoras eléctricas para a Linha de Cascais e 25 composições a diesel para o serviço regional. Na altura este investimento estimava-se em 300milhões. Também nessa altura optou-se por alugar automotoras à Renfe por 5,35milhõs de euros ao ano.
Actualmente a CP paga à Renfe, pelo aluguer de 20 comboios, cerca de 7milhões de euros/ano e prepara-se para alugar mais quatro composições por 1,4milhões. Ou seja vão comprar 22 unidades por 170 milhões e andam a pagar, por material usado, 8,4milhões por 24. Não é necessário ser muito douto na matéria para perceber que isto é má gestão. Os comboios da Renfe, usados, muito provavelmente têm maiores custos de manutenção que novos, pelo que em vinte e poucos anos o investimento estará pago. Isto ainda é mais gritante se considerarmos que a CP tem composições com 50-60 anos. Não é admissível deixar chegar os comboios da CP a este estado, só o é porque os nossos “gestores do estado”, deputados e políticos, não andam no transporte corriqueiro da CP – só ALFA.
Mas também tenho algo a dizer aos políticos e ao presidente Carlos Nogueira: não pensem que vai ser com este reforço de 22 unidades que vão resolver o problema da CP e que em 2025 vamos ter uma empresa pública a deixar de absorver milhões do orçamento do estado! Seriam necessárias muito mais composições e outra coisa muito importante: traçados de linhas de comboio contemporâneas, adaptadas às necessidades dos novos aglomerados populacionais e não de há dois séculos atrás quando foram construídas!..
Talvez seja melhor começarem por jogar um joguinho muito didáctico para quem quer perceber como se deve gerir uma empresa de caminhos-de-ferro. O jogo RailRoad Tycoon II, pode dar-vos umas luzes. É que se tivessem jogado, saberiam que composições com 50 a 60 anos são economicamente inviáveis. No dito joguinho ao final de 20 anos o melhor é trocar o comboio pois os custos de manutenção ultrapassam as receitas. Também os traçados das linhas têm muita importância.

Vá lá senhores políticos e gestores! Tirem um fim-de-semana e joguem um bocadinho! Pode ser que aprendam alguma coisa e deixem de queimar dinheiro em paliativos para a CP!..


quarta-feira, 12 de setembro de 2018

A luta dos professores

Todos os anos é isto. Todo o início do ano lectivo ou época de exames, é marcada por protestos dos professores contra tudo e mais alguma coisa na esperança que caia mais algum no bolso para se calarem.
A luta pela contagem de serviço, congelada desde o tempo de Sócrates, não tem fim. Desde que há avaliação na função pública para “controlar” as progressões nas carreiras, que os professores se têm colocado à margem disto, colocando entraves ao sistema de avaliação, para que a mesma não se efective e que se mantenha o sistema “automático” de progressão. Ou seja, a cada 4 anos o professor sobe na carreira desde que tenha uma classificação de “bom” na avaliação. Para quem não sabe, o “bom” é um 3 numa escala de 1 a 5. Resumindo, é um médio.
A corporação sempre recusou a utilização dos resultados dos exames dos alunos como parte da avaliação o que a mim me faz confusão. Que melhor ferramenta para avaliar o sucesso de um professor que o resultado dos exames dos seus alunos?? Podem dizer que há escolas piores que outras e há de facto!. Mas a avaliação não deveria comparar escolas mas sim na própria escola. Ou seja, a escola tinha alunos com médias de 11. Se vem um exame e aquele professor consegue que os alunos dele tenham uma média de 13 nos exames, é porque tem mérito. Mas isto obriga a muito empenho.
Recentemente deparei-me na envolvente familiar com um fracasso num exame nacional. Após investigar melhor o porquê dos alunos todos da turma se terem estampado a bem estampar no exame de matemática, verifico que o professor resolveu dar a matéria à sua maneira e não seguir o programa do livro que supostamente rege a matéria. Das duas uma - e nenhuma delas é boa - ou o professor se acha no alto da sua soberba que ele é que sabe e que quem faz os programas é tonto, borrifando-se para o seu objectivo último que é o sucesso dos seus alunos, ou então é um CALÃO de primeira que não esteve para estudar um pouco e alterar os seus apontamentos. Ora esta besta, muito provavelmente, vai ter uma avaliação de “Bom” que é “médio” e ao final de 4 anos vai progredir. Isto está correto?
Ontem saiu um relatório da OCDE que diz que em Portugal os professores ganham em média mais 35% que técnicos do Estado com igual qualificação profissional. Só no Luxemburgo esta diferença é maior e na Grécia verifica-se uma diferença de 15%. Em todos os outros países, ou ganham o mesmo ou menos que os outros técnicos do estado (em média menos 9%). E porque ganham menos? Vendo bem, trabalham menos horas semanais que os restantes funcionários – consoante o escalão têm até um dia de folga – e não trabalham nas férias escolares.

Mas ainda assim, estas excepções e/ou regalias não chegam. O objectivo deles é terem o primeiro lugar no ranking das diferenças salariais para os demais trabalhadores do Estado. Como é que o Luxemburgo se atreve a ser o primeiro lugar? Se o governo de António Costa ceder e contar os 10 anos de serviço, pode ser que não chegue ao Luxemburgo, mas vai ficar mais perto de alcançar…

segunda-feira, 18 de junho de 2018

Sporting - E agora?

Por ser adepto do Sporting Clube de Portugal, não podia deixar passar este triste episódio das rescisões sem fazer um comentário a tudo isto, que provavelmente será extenso, porque a dimensão dos factos e das suposições também o são.
Como nota prévia queria deixar claro alguns pontos:

  • Bruno de Carvalho é daquelas pessoas que ganhava muito em por vezes ser mais discreto, reservado. É um estilo pessoal. Há quem goste e há quem não goste. Gostei muito quando no início do seu mandato, adoptou uma postura crítica antissistema, porque é algo que, qualquer adepto mais atento sabe que há efectivamente mecanismos de controlo de poder no futebol português. Não deveria de o ser, mas infelizmente é. No entanto, quando a mesma postura levou para a crítica fácil e brejeira comecei a ficar com o pé atrás. Quando foi buscar Jorge Jesus ao rival, com toda a polémica que envolveu, com permanente troca de galhardetes entre JJ e o Benfica e o Bruno de Carvalho a ir no barco, temi o pior. Estavam-se a semear os tormentos.
  • Nasci no pós 25 de abril. Sempre conheci a liberdade. Aos meus 18 anos fui com todo o orgulho votar pela primeira vez e senti-me um cidadão activo e participativo. Quem leu o blog certamente percebeu que me custou muito os anos de Pedro Passos Coelho no poder. Não pelos impostos, mas pelo discurso anti Estado, anti função pública, anti português no geral, que ele próprio e o PSD durante anos geriram. No entanto acho que as mudanças fazem-se em eleições, não com golpes de estado.
  • Não sou ingénuo. Não acredito em anjos e diabos. Tenho consciência que há muita gente honesta e de palavra no seu dia-á-dia. Mas também sei que, quando toca a negócios, a honestidade e palavra leva-as o vento com muita facilidade. Não deveria ser assim mas, palavra, é coisa do século XIX. Hoje a vida vive-se a 200km/h, vive-se para o momento e nos negócios é a mesma coisa, pensa-se a curto prazo e não a longo prazo.
  • O ataque de 50 vândalos à academia é uma cena digna do terceiro mundo. Nunca deveria acontecer, tal como nunca deveriam acontecer aqueles vídeos de pancadaria nas ruas ou de bulling entre jovens. É lamentável e acho bem que sejam criminalmente punidos, seja com prisão ou trabalho comunitário.

Vamos então às rescisões. Ver o que os jogadores invocam nas cartas de rescisão, a mim daria para rir não fosse o caso ser tão sério. Não percebo muito bem o que querem os jogadores invocar, parece que querem rescindir por causa do ataque a Alcochete, mas como esse ataque é feito por adeptos que não fazem parte da SAD (entidade empregadora) e que ainda por cima se envolveram em troca de acusações no aeroporto da Madeira, então, na carta de rescisão, tenta-se colar o presidente da SAD, Bruno de Carvalho, aos acontecimentos para que haja justa causa. Dizer que mensagens whatsapp a dizer “temos de ganhar” é uma pressão insustentável, vindo do responsável pelo negócio para um funcionário, parece brincadeira. O post pós atlético? Lendo e relendo o mesmo também não me parece que seja assim tão atentatório da reputação. Que raio!? Um presidente não pode dizer que um jogador jogou mal naquele jogo? Que foi nabo?.. Ao que isto chega. Se o presidente insinuasse que tinham sido pagos para perder, que eram corruptos, era uma coisa! Agora, nabos? Não pode dizer que são nabos? O futebol assim vai mudar, e muito!
Rui Patrício também acha que mudar de treinador a uma semana da final da taça é mais um elemento desestabilizador do plantel. Allô? Mas o clube agora não pode despedir treinadores? Existe data para despedir treinadores?
Para mim, há uma responsabilidade de Bruno de Carvalho sim, mas não é de agora. Não é das mensagens de Janeiro de 2018, Março, Abril ou Maio de 2018. É tão somente ter prometido aos adeptos que em 4 anos ia ganhar dois campeonatos! Ter prometido e à data, terem passado 16 anos sem ganhar!. É ter ido buscar um treinador altamente “inflamável” como Jorge Jesus que fanfarrão como é, também prometeu tudo e mais um par de botas aos adeptos. Andou em constantes trocas de acusações com o rival SLB. Arrastou BdC nessa guerra apenas para proteger o seu ego. Valia tudo para ganhar. Ambos prometeram o mundo e nem uma hortinha arranjaram. Com o barco a afundar JJ deu o fora. Mas antes de dar o fora tratou de garantir que as culpas do seu insucesso são da “conjuntura” e não dele próprio. Não será aquele comunicado dos jogadores após o jogo de Madrid, para mim tão espontâneo como irrefletido e escusado, reflexo da postura de Jorge Jesus?
Estes vendedores de sonhos têm esta consequência, iludem de tal maneira as pessoas que quando as mesmas caem na realidade normalmente não o fazem de forma pacífica. O futebol é um jogo de massas, um jogo de emoções, para o bem e para o mal. É também por isso que gera milhões de euros e que os seus agentes – futebolistas incluídos – ganham rios de dinheiro. Como Rui Patrício diz na sua carta, e bem, o futebol mexe com os “adeptos mais primários”. E por isso todos, mas todos os intervenientes nesta modalidade e sem excepções, têm de ter um comportamento que seja mais de contenção do que de conflito. E os jogadores têm um papel importante nisso. Se fazem ronha em campo – como fizeram no jogo com o marítimo – depois têm também de aceitar a crítica dos adeptos e não responder. Assumir as responsabilidades de um mau jogo, não é virar as costas aos adeptos e fazer gestos jocosos ou responder com bocas. Se Rui Patrício sabe que são primários, então sabe que este tipo de comportamento também não ajuda. Mais depressa este tipo de atitudes descambam em violência do que "post’s" dos presidentes…
Para mim são todos culpados. Num passado longe e recente, Bruno de Carvalho e Jorge Jesus pelos anos a “arranjar lenha” para a fogueira e os jogadores por, no final da temporada terem ido à bomba de gasolina buscar um garrafãozito de 5L de gasolina. Os adeptos foram o fósforo.

Posto isto, até percebo que depois de apanharem na boca, que os jogadores queiram abandonar o clube. Compreendo perfeitamente. Mas uma coisa é querer outra é poder. Existem contratos, também eles para o bem e para o mal. Não consigo por isso perceber que Rui Patrício, sabendo que o clube até aceitou facilitar a sua saída, indicando ao seu agente Jorge Mendes que podia procurar clube, que a 3 meses do fecho do mercado, por o Sporting ter decidido negociar a proposta (algo perfeitamente normal), apresente logo de seguida a carta de rescisão.
O que vejo aqui são os jogadores a querem mudar de vida e a terem a certeza que esta época vão mudar de clube. Independentemente do valor que o SCP vier a receber – porque estou convicto que o vai receber – ser justo ou não e de o SCP se ver privado de ter uma equipa competitiva para o ano. Os jogadores não querem saber disso. Sabem que têm uma cláusula de rescisão alta e que se o SCP exigir o pagamento da mesma, provavelmente não sairão esta época. Com a carta de rescisão o SCP vai ser obrigado a negociar a sua saída. Seja por 2/3 ou ½ do valor da cláusula, mas vai ter de os deixar sair. Não há volta a dar. Se ficassem, provavelmente o rendimento desportivo ia ser baixo e nunca saberemos se os adeptos perdoariam as cartas de rescisão. Resumindo, os jogadores com a carta garantiram que vão-se embora do clube. Seja de que forma for.

Também não tenho a mínima dúvida que caso o Sporting não estivesse em "guerra civil" muito provavelmente os empresários dos jogadores não viam aqui a oportunidade de ouro de ganhar boas comissões.
Todo este processo movido por Jaime Marta Soares parece-me em má altura. Com esta tempestade no futebol o melhor seria deixar passar. Deixar Bruno de Carvalho assumir a responsabilidade de resolver o problema que criou - deixá-lo a imolar-se - e para o ano, caso as coisas continuassem neste estado, então sim tentar retirá-lo do lugar. Assim dá de facto a sensação de Golpe de Estado o que não fica bem à oposição. Correm o risco sério de isto se virar contra eles e acabarem a dar o poder absoluto a Bruno de Carvalho.

Mas isto é típico neste clube. Sempre foi assim. Muitos galos para o poleiro. Resultado em 34 anos, temos dois campeonatos ganhos...

PS – Mas o estilo cáustico de Bruno de Carvalho também trouxe adeptos aos estádios. Não soube bem aos jogadores terem um estádio cheio a apoiar? Ou mesmo nos jogos fora terem uma boa falange de apoio? Não há bela sem senão, temos é de aprender a viver com ela.

segunda-feira, 26 de março de 2018

Alma, todos temos!


Quem nunca ouviu dizer que “os animais não têm alma”.  
Ora, se nós (homo sapiens) compartilhamos 98.7% do mesmo mapa genético com os chimpanzés (e já agora, bonobos, gorilas e orangotangos) e fazemos parte dessa família que são os grandes símios, então só podemos concluir que também eles têm alma.
Como é que vamos excluir outros animais, por exemplo os golfinhos, as baleias, os elefantes, os cães, os corvos, os ursos, os porcos, os cavalos, os periquitos, os coelhos, as sardinhas, etc.
Arrisco-me portanto a dizer que “retirar a alma aos animais” só tem servido para aliviar a consciência quando os matamos, seja para os comer ou para ocupar os territórios onde estão.
Dizem: “Não têm alma, logo não sofrem como nós!”
Sinceramente não me parece!
Afinal, somos todos animais.

quarta-feira, 21 de março de 2018

Morreu o último rinoceronte-branco-do-norte macho do mundo


Recordo-me quando ouvi pela primeira vez que isto podia acontecer: a extinção de grandes mamíferos. Foi há mais de trinta anos. Na altura, acreditei que não iria acontecer, mas pelos vistos a minha vontade, enganou-me.
Olha-se para um animal destes e pergunta-se: Como é possível?
O Mundo acabou de ficar muito mais pobre! Não foi um insetozinho…
Que estupidez! Um mundo sem rinocerontes, elefantes, chimpanzés, leões, orangotangos, baleias, golfinhos, tubarões, gorilas, tigres, girafas, zebras, búfalos, e tantos outros...
Quanta ganância, egoísmo e imbecilidade!
Eu sei que morrem todos os dias pessoas, algumas delas ainda crianças, devido a guerras, perseguições religiosas ou políticas, fome, doenças, etc.
É uma enorme tristeza saber que isso está a acontecer!
Mas uma desgraça não invalida a outra.
Resta-nos esperar que se consiga evitar o pior… Que os “bons” acabem por vencer os “maus”!
Que consigam evitar o fim, quer dos animais, quer o nosso.
Sei que pode parecer um bocadinho ingénuo…
Num mundo onde um por cento da população tem tanta riqueza quanto a restante, e que troca Barack Obama por Donald Trump...

Resta-nos ter esperança… Se não, quem é que quer ter filhos?

quarta-feira, 14 de março de 2018

Seremos capazes de nos adaptar a nós próprios?


Ouvi muitas vezes dizer que somos (refiro-me aos humanos) agressivos, egoístas e insatisfeitos por natureza. Talvez essas características tenham sido as ferramentas que nos permitiram sobreviver, na fase inicial, e progredir ao ponto de nos tornarmos a espécie dominante.
Quanto a sermos insatisfeitos julgo que é positivo e que nos tem permitido evoluir, desde que não se torne numa ambição desmedida e gananciosa.
Quando nos dizem que somos “assim”, é muito difícil negar, ou mesmo refutar. Ainda recentemente ouvi um especialista dizer num programa de televisão “que se podemos ter algo de bom só para nós, porque é que o havíamos de querer dividir com alguém?”. Vou ainda mais longe, face aos acontecimentos históricos e presentes, não é possível negar os nossos comportamentos violentos, gananciosos e egoístas.
A questão que tenciono levantar é outra: Somos ou sempre fomos?
Não sei como teria sido se fosse diferente? Teríamos igualmente sobrevivido? O sucesso teria sido idêntico? Dominávamos o munto tal como o fazemos hoje?
Sinceramente não sei. Admito que sem alguma agressividade não teria sido fácil lutar contra outras espécies, mas entre A e Z existem 24 letras.
Apesar do progresso já alcançado nos proporcionar uma segurança e conforto muito consideráveis, nomeadamente nos países mais desenvolvidos, o facto é que vivemos num mundo onde o desperdício de alimentos convive lado a lado com a miséria, doenças e fome de milhões de crianças e adultos em países pobres e menos desenvolvidos.
Portanto, enquanto espécie, o egoísmo não nos trouxe apenas coisas positivas. E mesmo que alguns digam (ou pensem), “que se lixem os mais fracos”, também há quem acredite que podíamos estar todos muito melhor.
Mas vou mais longe, até que ponto essas características que nos trouxeram até aqui não nos poderão conduzir até ao abismo?
Refiro, por exemplo, a incapacidade de por o pé no travão e começar a mudar de direção: porque não podemos perder o comboio da competitividade, não podemos permitir que os outros nos ultrapassem.
E assim, todos vamos caminhando para uma situação insustentável.
Não são apenas as alterações climáticas, ou a imensidão de lixo nos oceanos. São também os recursos que são dizimados, as espécies ameaçadas, a Amazónia irrecuperável, etc.
E no meio disto tudo perguntem-se: Os índices de felicidade estão a subir?
Hoje em dia, o único inimigo capaz de por em risco a nossa espécie é ela própria. E isso deve-se ao facto de acreditarmos de tal modo que somos egoístas e agressivos por natureza que acabamos por fomentar em nós essas características: “O mundo é dos vencedores”.
Não se iludam, podem dizer que há muita gente generosa e pacífica, o facto é que a vontade de uns pode facilmente determinar o destino de todos. Enquanto espécie somos o que permitirmos que se torne dominante.
Acredito que está na altura de dar início a uma nova mentalidade. De começar a educar para uma realidade que mudou. Já não temos que sobreviver aos perigos à nossa volta. O perigo, desde há algum tempo, vem de dentro. Temos que começar a ver e estar no mundo de outra forma, ou corremos sérios riscos de permitir que as características que nos ajudaram a chegar aqui sejam as que vão determinar o nosso fim.
Se o nosso grande trunfo sempre foi a capacidade de adaptação, está na altura de mudar e adaptarmo-nos a uma nova realidade: estamos a mudar o planeta.

segunda-feira, 12 de março de 2018

DEFICIÊNCIA DO TIPO 1


Livrete, outras divergências. Divergência de chapa de fabricante.


Esta deficiência (tipo 1) permite a circulação do veículo, no entanto, tem um ano (até à próxima inspeção para a corrigir).
Confesso que ao início estava completamente à nora, não fazia ideia do que se tratava nem como a resolver. Claro que podia, e devia, na altura, ter perguntado ao senhor técnico do centro de inspeções técnicas periódica, do que se tratava tal deficiência. Afinal tinha sido ele que a identificou. Mas, ou porque estava com pressa ou porque pensei que “depois vejo e logo resolvo”, o facto é que peguei na folha, vi que o resultado era “Aprovado”, e segui viagem.
Felizmente existe o Google. Googuelei e acabei por dar com um fórum onde fui encontrar um caso exatamente igual ao meu. Um tipo, também dono de um Audi tinha recebido exatamente o mesmo presente que eu. Então do que se trata? O fulano do centro de inspeções conseguiu detetar uma incongruência entre o que está escrito no DUA (documento único automóvel) e a chapa do fabricante que está colada no motor. A chapa diz que a parte da frente do carro pesa 980 e a parte de trás do veículo 910 kg, enquanto no DUA está 980 (à frente) e 950 (a trás).
Ou seja, a diferença está apenas no eixo traseiro do veículo. No DUA diz 950 kg, no motor está 910 kg. Parece-me a mim que esta diferença burocrática não serve de nada. O Carro é de abril de 1997. Já tem mais de 20 anos. Agora, ao fim de quase 21 anos de circulação detetaram um problema que necessita de ser resolvido porque pode por em risco a segurança de outros condutores, ou peões, ou, bens patrimoniais?
Não sei que perigos podem advir desta diferença, nem sequer imagino que a resolução desta “deficiência” possa por si só garantir menor emissão de gases poluentes para a atmosfera. Afinal, o que traz de bom esta obrigatoriedade de correção? Só vejo uma explicação.
Se houver outra, agradeço que me informem. Para mim isto só serve para os técnicos dos centros de inspeção presentearem alguns dos seus clientes. Ou seja, esses senhores provavelmente também têm cotas para cumprir (vivemos no tempo delas).
Imagino que um centro de inspeções não possa passar todos os carros que lá vão. Não era lá muito normal, seria uma enorme coincidência todos os carros passarem num dados período de tempo (imaginam um mês). Como eles preferem passar todos os seus clientes habituais, e dentro destes, os que vão lá mais vezes. Porque gosta de ser simpáticos com os novos clientes, faz com que de vez em quando tenham que arranjar umas deficiências para compensar tantas aprovações.
Porquê estas mais esquisitas?  
- Com o seu carro está tudo bem, menos esta coisa dos números na chapa do motor não bater certo com os do DUA”.
- Mas… Ao certo isso afeta o quê?”
- Como assim?
- Que mal é que isso tem? Prejudica alguém? É que o carro já circula assim há mais de 20 anos…
- Oh meu amigo, não sou eu que faço as leis!
- Mas como é que este gajo se foi lembrar de uma coisa destas (pergunto-me eu).
Aposto que foi durante uma formação profissional. O formador deve ter dito: “Há muitas formas de conseguir umas deficienciazitas. Em vez de os mandarem para uma oficina, arranja-se qualquer coisa que lhes diga que com o carro está tudo bem”.
No ano anterior, arranjaram-me uma com o amarelo da matrícula.
Também já lhe calhou?

quarta-feira, 7 de março de 2018

Operação E-Toupeira


Mais uma vez o futebol português encontra-se nos holofotes da comunicação social pelos piores motivos. Há uns anos foi o apito dourado que expôs a fórmula do sucesso do FCP: controlar os órgãos de decisão do futebol português para assim obter vantagem. E que vantagem! Durante anos acumularam títulos. Durante anos, eram os melhores a vender jogadores, mais ninguém se mexia tão bem no mercado de transferências como eles, eram indiscutivelmente a melhor equipa, eram os melhores a descobrir talentos, eram os mais organizados, porque – e refiro que ouvi anos a fio comentadores desportivos a usar esta frase nos meios de comunicação social – tinham a “melhor estrutura”. Afinal, as escutas, que toda a gente ouviu e percebe que houve corrupção, que houve fabricação de resultados em benefício do FCP, as tais que foram consideradas ilegais e como tal inconsequentes, vieram demonstrar que afinal não era apenas “estrutura”! Era uma Grande Estrutura! Era a estrutura do prédio, as paredes, canalizações, caixilharia, eletricidade e acabamentos! Era tudo! Valia tudo. Eu lembro-me. Eu tenho memória. Eu lembro-me do SCP ter tido grandes equipas, que por um motivo qualquer – na altura os comentadores utilizavam a expressão “ausência de mentalidade vencedora” ou “falta de estrutura” – naqueles momentos cruciais do campeonato, em que podiam aproveitar uma escorregadela do FCP, perdiam o jogo também!. Era sistematicamente isto. Ou uma expulsão, ou um penálti inventado, havia sempre algo que justificava o falhanço sistemático do SCP. Afinal, não era nada do que os comentadores declaravam com uma certeza quase absoluta. Eram escutas. Eram viagens Breu. Era fruta e chocolate.
Tudo isto se passou durante anos. Sempre se suspeitou mas era difícil de provar pois para tal era necessário apanhar o corruptor e o corrompido em flagrante. E como ambos tinham muito a perder é difícil conseguir a colaboração de alguém.
Só com o virar do século e com o uso das novas tecnologias é que se conseguiu apanhar os prevaricadores. O uso generalizado do telemóvel, tecnologia a dar os primeiros passos nos anos 90 e a ser quase comum a partir dos 2000, trazia perigos escondidos que ainda ninguém se tinha apercebido: escutas. Foram incautos, não estavam alertados para este perigo e foram “agarrados”.
Aprendida a lição sobre as fragilidades do uso do telemóvel, os golpistas viraram-se para a outra tecnologia a internet, as redes e os software de gestão. No entanto, também tem as suas armadilhas: deixa rasto. Rasto esse que pode ser descoberto sem ser necessário recorrer à Elite dos Hackers.
Todo este processo em torno do SLB e dos esquemas alegadamente montados para tirar vantagem são mais que óbvios para quem tiver uma leitura séria e isenta. Pode não se conseguir provar nada, à semelhança do que aconteceu com o FCP, e não haver uma pena pesada para os prevaricadores. Ou poderá sempre haver uma prova obtida ilegalmente que coloque em causa todo o processo. Mas uma coisa é certa: é claro que houve uma tentativa de controlar órgãos, instâncias ou corporações para tirar vantagem.
Se isto tudo terminar em nada, como terminou o FCP há uns bons anos atrás, o futebol em Portugal continuará o mesmo: viciado. Se isto tudo terminar em nada, novos esquemas se encontrarão, com outros protagonistas. Quem sabe o próximo seja o SCP? Ou o SCB? Se isto tudo terminar em nada, veremos mais faturas de valores que ninguém sabe de onde surgem, a serem pagas, às claras, como aconteceu na semana que antecedeu a 2ª parte do Estoril x FCP.
Se tudo isto terminar em nada, o futebol português nunca vai ter interesse internacional. Mesmo distribuindo as verbas das transmissões televisivas de forma mais equitativa, ninguém vai comprar um campeonato que se sabe viciado.
Por muito que doa aos adeptos, tem de haver consequências, despromoções perda de títulos etc. Não se pode assobiar para o lado no apito dourado, no caso de tentativa de linchamento de um árbitro pelo Pereira Cristóvão ou para este E-Toupeira. Os adeptos e sócios têm de perceber que têm de ser mais criteriosos quando escolhem os líderes dos seus clubes. Têm de perceber que a ausência de participação nas assembleias gerais, ou em atos eleitorais pode ter consequências.
O FCP há muito que deveria ter sido punido com despromoção e perda dos títulos conquistados. Se isso tivesse acontecido, tenho a certeza que Pinto da Costa não seria sucessivamente reeleito pelos sócios do FCP com 90% dos votos. O destino de LFV será traçado em função das consequências que este caso E-Toupeira trará para o clube.
O futebol é hoje um negócio brutal, em que qualquer agente desportivo (futebolista, empresário, treinador ou presidente) pode de um dia para o outro enriquecer de forma quase pornográfica. Tal como pode cair em desgraça e nunca mais ganhar dinheiro. Há muito dinheiro em jogo. Há muitos interesses. Há muita distribuição de verbas em troca de favores e títulos. Foi assim com o FCP e tem sido assim com o SLB.
Teria o SLB feito as vendas de jogadores que fez se não tivesse dominado o futebol português como dominou nos últimos anos? Reparem na evolução das receitas com vendas de jogadores 10/11, 2º ano de Jorge Jesus em que inclui as transferências relativas ao 1.º ano, ano em que foi campeão. Depois têm uma quebra fruto dos 3 anos em que o FCP venceu os campeonatos e em 14/15, furto de o SLB ter sido novamente campeão em 13/14, as receitas volta a subir.
17/18: 131,92M€
16/17: 121,35M€
15/16: 104,30M€
14/15: 104,65M€
13/14: 44,30M€
12/13: 75,73M€
11/12: 41,14M€
10/11: 85,98M€
9/10:      6,83M€
8/9:        7,60M€

Será que, a confirmar-se que houve jogo fora das quatro linhas por parte do SLB neste últimos anos, os outros clubes não foram lesados em termos económicos? Não terão direito a indemnizações sobre os valores de transferências realizadas pelo SLB?