QUE NÃO SEJA TARDE DEMAIS!
A propósito das alterações climáticas
provocadas pelo aquecimento global, gostaria de dizer que não se ouve falar
muito sobre o assunto.
Isso parece querer dizer que não
se espera que daí venha um grande problema.
No entanto, são vários os autores
e cientistas que parecem preocupados, e incansáveis de alertar para as consequências
dramáticas que advêm se a temperatura ultrapassar os dois graus centigrados, tornando-se
catastrófico se chegar aos 3 e difícil de imaginar como seria se ultrapassasse
os 4.
Pessoalmente, incomoda-me mais do
que a falta de discussão sobre o assunto, estar-se a fazer muito pouco para
mitigar o aquecimento global, confirmado pelo facto dos valores dos gases com
efeito de estufa, continuarem a aumentar ano após ano.
A principal explicação que tenho
encontrado para justificar tamanha passividade prende-se com o facto de as
medidas contra as alterações climáticas não produzirem efeito no curto/médio
prazo.
Ou seja, muito dificilmente as
medidas que os políticos tomarem no presente produzirão resultados no tempo dos
seus mandatos.
Como já li algures, as condições
climáticas de hoje são consequência das ações humanas de há vinte anos. É o
tempo de leva a produzir efeito.
Logo, as ações de hoje só serão
sentidas daqui a 20 anos (sensivelmente).
Portanto, não dá votos!
Por outro lado, dizem também
alguns especialistas, não é fácil que seja percecionado como um perigo, algo
que ainda não o é.
Sim, é verdade que temos tido
longos períodos sem precipitação e depois parece que chove tudo num só dia.
Ou que os incêndios são cada vez
mais difíceis de controlar.
E que nalgumas regiões já se fala
em racionar a água ou construir dessalinizadoras.
Mas nada disso parece, pelo menos
para já, suficientemente motivador para convencer a esmagadora maioria dos
eleitores a abdicar de exigências relativas à melhoria do nível de vida, e em
particular do poder de compra, por significativos investimentos em medidas para
mitigar o aquecimento global.
Para agravar a situação, o
combate ao aquecimento global depende do envolvimento de muitos, para não dizer
de todos.
Claro que há atividades muito
mais poluentes, assim como países mais responsáveis do que outros, mas o que se
tem visto é uma clara primazia para o crescimento económico, e que os países
não tencionam tomar medidas que os atrasem face aos principais competidores.
Alguém imagina os EUA a
preocuparem-se mais com o clima do que com a China? Ou vice-versa?
Mas o ponto mais importante de
todos, é que mesmo com preocupações económicas já era possível, já temos
capacidade tecnológica e financeira, para fazer muito mais.
Se não estamos a fazer o que podíamos,
e se não se sente muita preocupação no ar, talvez seja porque o aquecimento
global só é um problema na cabeça de alguns.
Ou então, os decisores estão à
espera de que se torne grave para que a população assustada exija finalmente a
tomada de medidas.
Se assim for, tornar-se-á no grande negócio.