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quinta-feira, 26 de maio de 2022

 

11.          A riqueza cresce

O que pretendo dizer com o título deste capítulo é que o sistema em que vivemos está de tal modo desenhado que quem tem riqueza, tem muito mais facilidade de a manter ou até de a aumentar do que quem não tem. Dinheiro gera dinheiro.

São as regras do jogo. Foram sendo criadas e ajustadas ao longo dos anos e não seria de espantar que os principais beneficiários tenham sido os que tiveram um papel mais ativo.

Imagine que tem um terreno fértil com vários hectares.

Se tiver uma enxada, provavelmente não irá conseguir produzir muito mais do que o que necessita para subsistir.

Se tiver um animal que o ajude no trabalho agrícola, poderá poupar um pouco mais as suas costas e ainda conseguir aumentar o excedente, mas continua a ter de trabalhar no duro e dificilmente conseguirá tirar todo o proveito do terreno.

Se tiver um trator, de certeza que lhe vai sobrar o suficiente para ter uma vida desafogada.

Em qualquer dos casos, o empenho, a dedicação e o mérito, poderão ter sido os mesmos.

Em muitos outros exemplos, nem sequer houve qualquer mérito.

Noutros, o mérito é de vários elementos da equipa/organização, mas muitos permanecem anónimos.

Com esta crise pandémica que estamos a atravessar, algumas empresas saíram beneficiadas e outras prejudicadas.

Devemos atribuir o mérito ao vírus?

Quando vivemos um momento de grande prosperidade, o poder de compra aumenta. Quando atravessamos uma crise profunda, o poder de compra cai a pique.

Em qualquer dos casos, a grande maioria não teve nem mérito nem qualquer responsabilidade. Simplesmente foi apanhada na onda.

As regras são estas! Não foram ainda encontradas outras que considerássemos melhores.

Ao passar a riqueza de geração para geração, as desigualdades entre famílias vão-se mantendo. É muito mais fácil manter-se rico ou até aumentar a riqueza do que deixar de ser pobre.

Pelo meio temos a classe média que regra geral tem pavor de voltar a ser o que era (geralmente veio de baixo, muito raramente de cima).

Sendo fácil de perceber quem sai beneficiado com o atual sistema, também me parece evidente que não foram os menos favorecidos que o desenharam.

Não tenciono propor nenhum outro sistema, apenas sublinhar que não faz sentido, com o desenvolvimento tecnológico que já atingimos, que haja pessoas a trabalhar por valores que não lhes permita ter uma vida com dignidade.

O atual sistema tem muito por onde possa ser melhorado.

Para isso é importante que algumas pessoas acreditem que outros podem deixar de ser pobres sem que eles deixem de ser ricos.

Não vale a pena cair em exageros nem criar mitos para justificar diferenças geradas por um sistema inventado por nós.

Não há super-homens, embora tenhamos uma certa tendência para os criar. Os vencedores são os melhores do mundo, até surgirem outros que os destronem, e que vão ocupar os seus lugares no nosso imaginário.

É importante não esquecer que na maioria das vezes, não se trata de seleção natural, nem de ser o melhor no lugar certo. Na melhor das hipóteses, podemos dizer que se trata do melhor daquele conjunto de candidatos.

O que realmente importa para manter, ou até fazer crescer a riqueza é ter bom senso. Claro que é fundamental estar bem informado, pois permite-nos tomar as melhores decisões, e evitar que os fatores que não controlamos, nos sejam muito prejudiciais.

Não é necessário muito mais do que isto!

Quem tem capital para investir, tem geralmente os meios para conseguir aumentar a riqueza.

A estrutura está montada. O resto é folclore.