11.
A riqueza cresce
O que pretendo dizer com o
título deste capítulo é que o sistema em que vivemos está de tal modo desenhado
que quem tem riqueza, tem muito mais facilidade de a manter ou até de a
aumentar do que quem não tem. Dinheiro gera
dinheiro.
São as regras do jogo. Foram
sendo criadas e ajustadas ao longo dos anos e não seria de espantar que os
principais beneficiários tenham sido os que tiveram um papel mais ativo.
Imagine que tem um terreno fértil
com vários hectares.
Se tiver uma enxada, provavelmente
não irá conseguir produzir muito mais do que o que necessita para subsistir.
Se tiver um animal que o ajude
no trabalho agrícola, poderá poupar um pouco mais as suas costas e ainda conseguir
aumentar o excedente, mas continua a ter de trabalhar no duro e dificilmente
conseguirá tirar todo o proveito do terreno.
Se tiver um trator, de certeza
que lhe vai sobrar o suficiente para ter uma vida desafogada.
Em qualquer dos casos, o
empenho, a dedicação e o mérito, poderão ter sido os mesmos.
Em muitos outros exemplos, nem
sequer houve qualquer mérito.
Noutros, o mérito é de vários
elementos da equipa/organização, mas muitos permanecem anónimos.
Com esta crise pandémica que
estamos a atravessar, algumas empresas saíram beneficiadas e outras
prejudicadas.
Devemos atribuir o mérito ao
vírus?
Quando vivemos um momento de
grande prosperidade, o poder de compra aumenta. Quando atravessamos uma crise
profunda, o poder de compra cai a pique.
Em qualquer dos casos, a
grande maioria não teve nem mérito nem qualquer responsabilidade. Simplesmente
foi apanhada na onda.
As regras são estas! Não foram
ainda encontradas outras que considerássemos melhores.
Ao passar a riqueza de geração
para geração, as desigualdades entre famílias vão-se mantendo. É muito mais
fácil manter-se rico ou até aumentar a riqueza do que deixar de ser pobre.
Pelo meio temos a classe média
que regra geral tem pavor de voltar a ser o que era (geralmente veio de baixo,
muito raramente de cima).
Sendo fácil de perceber quem
sai beneficiado com o atual sistema, também me parece evidente que não foram os
menos favorecidos que o desenharam.
Não tenciono propor nenhum
outro sistema, apenas sublinhar que não faz sentido, com o desenvolvimento
tecnológico que já atingimos, que haja pessoas a trabalhar por valores que não
lhes permita ter uma vida com dignidade.
O atual sistema tem muito por
onde possa ser melhorado.
Para isso é importante que
algumas pessoas acreditem que outros podem deixar de ser pobres sem que eles
deixem de ser ricos.
Não vale a pena cair em
exageros nem criar mitos para justificar diferenças geradas por um sistema
inventado por nós.
Não há super-homens, embora
tenhamos uma certa tendência para os criar. Os vencedores são os melhores do mundo, até surgirem
outros que os destronem, e que vão ocupar os seus lugares no nosso imaginário.
É importante não esquecer que
na maioria das vezes, não se trata de seleção natural, nem de ser o melhor no
lugar certo. Na melhor das hipóteses, podemos dizer que se trata do melhor
daquele conjunto de candidatos.
O que realmente importa para
manter, ou até fazer crescer a riqueza é ter bom senso. Claro que é fundamental
estar bem informado, pois permite-nos tomar as melhores decisões, e evitar que
os fatores que não controlamos, nos sejam muito prejudiciais.
Não é necessário muito mais do
que isto!
Quem tem capital para
investir, tem geralmente os meios para conseguir aumentar a riqueza.
A estrutura está montada. O
resto é folclore.