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terça-feira, 22 de novembro de 2022

Descer a inflação? Até onde? E, até quando?

Não consigo deixar de achar alguma graça às notícias que têm sido transmitidas pela comunicação social, nos últimos dias, relativas a vários bancos terem decidido distribuir prémios pecuniários aos seus funcionários.

Quer dizer, os bancos (seguindo orientações do banco central) para fazer descer a inflação, tiram poder de compra a todos os seus clientes com empréstimos, subindo-lhes as prestações, e em simultâneo, contrariam essa intenção de fazer descer a inflação, aumentando o poder de compra dos seus funcionários.

Sim, é verdade que os clientes são em muito maior número, mas onde fica o critério e o exemplo?

Um amigo diz que não tem nada a ver com isso, que os bancos apenas estão a evitar pagar tantos impostos sobre os lucros.

Então onde fica esse grande imperativo de fazer descer a inflação?

A esse propósito, continuo com aquelas dúvidas na cabeça: existe algum estudo que diga que são as pessoas que têm empréstimos contratados, as únicas responsáveis pela subida da inflação? Não haverá forma mais eficiente de fazer descer a inflação?

Ou será que isto de poder subir e descer as taxas de juro não passa de um poderosíssimo instrumento ao serviço de quem o pode usar?

A verdade é que muitas pessoas estão a ver o fruto do seu trabalho diminuir, algumas de forma considerável, mesmo que estejam a remar em sentido contrário!

E nem sequer conseguem ficar com a sensação que isto de fazer descer a inflação é para levar a sério!

segunda-feira, 14 de novembro de 2022

Deixem os mercados funcionar!

Recentemente li uma notícia que dizia que a Caixa Geral de Depósitos (CGD) teve lucros de quase 700 milhões nos primeiros nove meses do ano[1].

Não considero mau as empresas terem lucro, mas não consegui evitar que me viesse à memória uma pergunta, em jeito de resposta, que um amigo deu a outro:

- Sabias que o fulano tal vai casar?

- Ai vai! Contra quem?

Mas o meu comentário vai para outra notícia, igualmente da CGD, que diz que o banco público pretende avançar com uma compensação salarial de até 900 euros, a trabalhadores que aufiram um rendimento mensal até 2.700 euros[2] (900 para os que ganham até 1.500 e 600 para quem ganha entre 1.500 e 2.700€).

A decisão visa compensar a subida acelerada da inflação (que já vai numa “histórica inflação”).

Não tenho qualquer inveja e até acho muito bem que uma empresa/instituição que tenha lucros, decida atribuir compensações salariais aos seus trabalhadores.

Aliás, a esse respeito, tenho a dizer que lamento que cada vez menos empresas distribuam lucros com os seus trabalhadores. Vivemos um tempo em que o capital-humano tem perdido valor para o capital-capital.

Mas, não consegui evitar de pensar que a CGD, por interposta decisão do Banco Central Europeu (e sua presidente, Sr.ª Christine Lagarde) aumente as taxas de juro aos seus clientes para lhes retirar poder de compra, e dessa forma fazer descer a inflação, e, em simultâneo, procure combater a perda de poder de compra dos seus trabalhadores, com compensações salariais.

Afinal, qual é o critério?



[1] https://observador.pt/2022/11/10/caixa-lucra-692-milhoes-em-nove-meses-mais-61-e-preve-pagar-ao-estado-o-maior-dividendo-de-sempre/

[2] https://www.jornaldenegocios.pt/empresas/banca---financas/detalhe/cgd-avanca-com-compensacao-salarial-de-ate-900-euros-a-trabalhadores

sexta-feira, 4 de novembro de 2022

A Inflação e a Subida dos Juros

 

Recentemente ouvi um economista dizer que estávamos perante uma tempestade perfeita:

- Falta de algumas matérias-primas (porque nada neste mundo é infinito, e porque ainda não se encontraram alternativas);

- Escassez de artigos para entrega, resultante do encerramento de fábricas devido ao Covid;

- Aumento dos preços dos produtos energéticos e dos produtos alimentares, devido à guerra na Europa;

- E, quanto a mim, alguma especulação, resultante da vontade de subir margens para aumentar lucros.

Tudo isto, em simultâneo, a tal tempestade perfeita, resultou numa subida acentuada dos preços, o que levou à subida da inflação, que em valor médio está nos 10.2 (em Portugal), mas que em alguns produtos, ultrapassa o dobro desse valor.

O Banco Central Europeu tem como objetivo controlar a inflação, tendo como valor de referência os 2%[1].

Para fazer baixar a inflação, aumenta as taxas de juro[2]. Desse modo incentiva a poupança e, mais importante, desincentiva o consumo.

O que está errado nisto? A injustiça da medida!

Esta medida é injusta, e não creio que seja a mais eficiente, porque só afeta uma parte da população.

Nem todos têm empréstimos bancários.

Alguém pode afirmar que as pessoas que têm empréstimos à habitação são as mais consumidoras?

Ou que esta crise foi provocada pelo consumo resultante de dinheiro emprestado?

Estou menos informado do que se passa ao nível das empresas, mas acredito que também aí, haja empresas mais afetadas com a subida das taxas de juro do que outras, mas tal não significa necessariamente, que sejam as mais responsáveis pelo aumento da inflação.

Se o grande objetivo é fazer descer os preços reduzindo a procura, então porque não subir a taxa de IVA?

Claro que esta medida não se aplicaria aos produtos de primeira necessidade. Definia-se um cabaz com produtos fundamentais e todos os outros ficavam sujeitos a uma subida do IVA proporcional à subida do respetivo preço. O IVA voltaria ao valor inicial à medida que os preços fossem descendo.

Outra medida possível, seria a redução do poder de compra, com medidas semelhantes às adotadas no tempo da Troika.

Seriam certamente medidas mais eficazes, mas acima de tudo, mais abrangentes, e por isso, mais justas.

Por outro lado, o dinheiro que o Estado arrecadava a mais com o IVA, ou com o IRS, podia (e devia) ser utilizado para ajudar aqueles que mais necessitam.

Afinal, porque é que aquelas pessoas que contraíram empréstimos, muitas delas, vários anos antes desta crise, estão a ver o esforço do seu trabalho cair a pique.

Muitos trabalhadores competentes e dedicados, já viram o seu esforço ser “engolido” pelas taxas de juro.

Os aumentos salarias (que ainda não chegaram) para ajudar a compensar os aumentos da inflação, bem como eventuais aumentos resultantes de progressões nas carreiras, por mérito, já foram resgatados pelas subidas das taxas de juro, e as taxas de juro vão continuar a subir.

Esta crise não devia ser suportada por todos?

Para onde vai o dinheiro das taxas de juro? O dinheiro que estão a tirar às famílias para que não consumam?

Alguns vão dizer que quando as taxas de juro desceram, ninguém disse nada.

É verdade, mas até nessa altura os Bancos tiveram lucros. Recebem sempre o montante do empréstimo mais a respetiva taxa de lucro, o SPREAD.

Não é comparável!

O que é certo é que uma parte da população chega ao fim do mês com muito menos dinheiro disponível na carteira. E não é porque trabalharam menos, é porque “o sistema”, decidiu de forma administrativa, que esse dinheiro tinha de ser entregue ao Banco.

Ou seja, sem nada de palpável que o justifique, o dinheiro ganho a trabalhar passa do bolso de uns para a conta de outros. Assim, por decreto!

Dizem-nos os economistas que numa sociedade capitalista (como a nossa) devemos deixar os mercados funcionar. Não devemos interferir.

Então tirar a uns para entregar a outros não é uma interferência?

E, porque diabo, são sempre os mesmos a receber?



[1] https://pt.euronews.com/my-europe/2022/06/25/porque-e-que-os-bancos-centrais-aumentam-as-taxas-de-juro-para-conter-a-inflacao

[2] https://www.ecb.europa.eu/ecb/educational/explainers/tell-me-more/html/interest_rates.pt.html

segunda-feira, 31 de outubro de 2022

 


17.          Afinal porque cá andamos?

Não sei se esta pergunta faz algum sentido. Talvez haja algum pretensiosismo em pensarmos que andamos cá por alguma razão. Pode ser que estejamos cá apenas por que sim; porque a vida forma-se sob determinadas condições (ou porque Deus assim o quis, para os que acreditam que foi assim que tudo começou).

Não pretendo relançar a questão da teoria criacionista versus a teoria evolucionista. Independentemente de como começou a vida na terra, parece que ninguém duvida que temos um forte instinto de sobrevivência e que a continuidade da espécie (se possível, com os nossos genes) parece estar gravada na pele de cada um (refiro-me, obviamente, à generalidade).

No essencial, praticamente todos queremos sobreviver, deixar descendente/s, melhorar de nível de vida e ajudá-lo/s a ter sucesso.

A vida na Terra, após formar-se, ganhou complexidade, e nunca mais parou de adaptar-se ao meio envolvente. O Homo sapiens, com os seus cerca de trezentos mil anos, tem evoluído, não tanto em termos físicos, mas fundamentalmente graças ao desenvolvimento tecnológico e ao conhecimento que este lhe continua a proporcionar.

A agricultura (e a domesticação de animais) deram-nos a oportunidade de vivermos organizados em cidades/estados, que permitiram não apenas a divisão de tarefas, mas mais importante, que surgissem novas atividades, como é o caso dos investigadores/cientistas.

Passamos a ter atividades para além das que estão diretamente relacionadas com a produção de alimentos.

Já somos a espécie mais inteligente e com as ferramentas tecnológicas mais evoluídas. Temos uma enorme influência sobre a vida dos outros seres vivos (até há data, muito mais negativa do que positiva), ao ponto de estar em curso a sexta extinção em massa (esta, infelizmente, provocada por nós).

Daí a pergunta, o que pretendemos enquanto sapiens, para nós e para o mundo?

A resposta à pergunta em cima poderia ser que temos vários objetivos nas mais diversas áreas, e que devemos estar otimistas porque ainda não parámos de obter progressos.

Sugiro a visita ao sítio https://www.gapminder.org/ dos mesmos autores do livro Factfulness. Talvez se surpreenda ao constatar que apesar de muito estar por fazer, tem-se conseguido alcançar progressos significativos.

Eis alguns exemplos[1]:

- Nos últimos 200 anos, a escravatura e os trabalhos forçados, passaram de ser legais em cerca de 200 países, para os atuais menos de 5 (apenas 3 em 2017).

- Há aproximadamente 200 anos, 44% das crianças morriam antes de celebrar o quinto aniversário. Hoje são menos de 4%.

- Em 1950, 28% das crianças com idades compreendidas entre os 5 e os 14 anos, trabalhava a tempo inteiro, com más condições de trabalho. Esse número em 2012 era inferior a 10%.

- Nos últimos 50 anos, a percentagem de pessoas a passar fome desceu dos 28 para os 11%.

- No mesmo período, o nº de meninas a frequentar o ensino básico, passou de 65% para 90%.

- Em 1800 apenas 10% da população mundial sabia ler e escrever. Em 2016 esse nº já superava os 86%.

- A percentagem de área protegida no planeta (reservas naturais) passou de 0.03% em 1900 para 14.7% em 2016.

- A percentagem de pessoas com acesso a água potável passou de 58% em 1980 para 88% em 2015.

Mas a pergunta deste capítulo refere-se a um objetivo que necessita de muito mais tempo para ser alcançado, ou eventualmente, que nunca seja possível de alcançar na sua plenitude.

Imagine que:

- Nós (sapiens) faremos sempre de tudo para não nos autoextinguirmos (já agora, imagine que temos sucesso nesse desígnio).

- Que conseguimos, por sorte ou engenho, sobreviver a todo o tipo de desastres naturas.

- Que nenhum asteroide de enormes proporções embate na terra nos próximos milhões de anos.

- Que umas vezes de forma mais acelerada e outras de modo mais lento, continuamos sempre a evoluir.

Agora, tente imaginar aquilo que poderemos vir a conseguir:

- Será que um dia nos livramos das armas (em particular das de destruição em massa)? Não creio que os misseis nucleares tenham sido desenvolvidos para nos defendermos de um eventual ataque de extraterrestres. Para além de uma exagerada demonstração de força, têm servido para garantir que ninguém se atreve a tentar invadir os seus detentores (mas a verdade é que continuamos todos a dormir com uma bomba debaixo da cama, e quem as tem, parece não ser capaz de se sentir seguro sem elas).

- Será que vamos conseguir viver sem pobreza? Viver num mundo onde todos vivem bem (mesmo que alguns vivam melhor do que os outros, mas sem as atuais desigualdades descomunais)?

- Será que um dia vamos tolerar as diferenças? Ou melhor, viver com elas sem lhes prestar atenção?

Qualquer um desses objetivos já podia ter sido alcançado. Ambos já estão perfeitamente ao nosso alcance.

Creio que ninguém duvida que se quiséssemos, conseguíamos, sem grandes dificuldades, terminar com a fome no mundo. Tenho inclusive a certeza de que poderíamos ir mais longe e por fim à pobreza.

Já em relação às armas de destruição maciça, é evidente que temos os meios técnicos para as desmantelar; o problema reside na confiança que é necessária para o fazer. Cada um precisa de confiar em todos os outros. Tendo por base o nosso passado relativamente recente, não é tarefa nada fácil.  

Apesar de termos os meios, não é fácil de prever quando será concretizado este objetivo.

Mas existem outros, igualmente difíceis ou até impossíveis de prever quando os conseguiremos atingir.

Deixo aqui alguns exemplos:

Quanto tempo até conseguirmos:

- Por fim às desigualdades profundas? (nomeadamente enquanto houver pobreza, fome e miséria)

- Deixar de poluir o ambiente? (passando a usar produtos biodegradáveis e a reutilizar, sempre que possível)

- Acabar com a dependência dos combustíveis fósseis? (apenas usar energias limpas e renováveis)

- Parar de enviar gases com efeito de estufa para a atmosfera? (será a tempo de evitar alterações climáticas catastróficas?)

- Passar a cuidar do planeta Terra como se fosse a nossa única casa? (em vez de o vermos como uma fonte de enriquecimento rápido)

- Conceder aos outros seres vivos deste planeta, o espaço e a liberdade de que necessitam para que possam viver naturalmente?

- Deixar de olhar para os outros seres vivos como seres sem alma? (antes como seres vivos que seguiram um caminho diferente na evolução e com quem podemos aprender algo);

- Deixar de morrer por causa do cancro?

- Encontrar uma defesa eficaz contra os micro-organismos? (nomeadamente vírus e bactérias que nos causam doenças graves)

- Retardar consideravelmente o envelhecimento celular (e dos tecidos e órgãos) de modo a aumentar significativamente o nosso tempo de vida?

- Passar a usar implantes que potenciem as nossas capacidades inatas? (como por exemplo, visão, audição, olfato, paladar, memória e rapidez de raciocínio)

- Não ceder à manipulação genética? (e criar super-homens);

- Controlar os nossos instintos mais negativos? (egoísmo [ou gula], ganância [ou avareza], luxúria, ódio [ou raiva], inveja, preguiça, vaidade [ou soberba], ciúmes, mentira e desprezo)

- Viver num mundo em que queremos o bem de todos e não apenas dos que fazem parte do nosso grupo?

- Ser capazes de pedir desculpas pelo mal que fizemos aos outros? (escravidão, subjugação, roubo e apropriação, etc.)

- Livrar-nos das desigualdades e discriminações? (por diferenças de género, cor da pele ou orientação sexual)

- Ser mais informados e exigentes dos nossos direitos (e não ficar à espera que tudo se resolva)

- Acabar com as desigualdades financeiras para lá do razoável (ninguém devia possuir mais do que X)

- Parar de fazer trabalhos repetitivos e pouco estimulantes? (deixando-os para a inteligência artificial e robótica)

- Permitir que as máquinas mandem em nós? (talvez tenhamos o bom senso de nunca permitir que tal aconteça)

- Descobrir como se formou a vida? (e tudo o que esse conhecimento nos poderá proporcionar)

 - Mudar de corpo? (levando apenas a forma de pensar, a memória e a consciência, e desse modo continuar a viver)

- Habitar um planeta com condições de vida semelhantes à do planeta Terra?

- Viajar à velocidade da luz? (ou o mais próximo possível)

- Juntar e/ou separar as partículas mais ínfimas? (as subatómicas)

- Entender como era o Universo antes de se formar? (se tal for possível)

- Compreender se há um propósito para a vida? (haverá?)

- Saber tudo (e o que fazer a seguir?)

São previsões difíceis de fazer, principalmente porque não remamos todos para o mesmo lado. Se algum dia o decidirmos fazer, tudo irá mudar muito mais depressa (creio que é exatamente isso que muitos não pretendem).

No entanto, atrevo-me a dizer que apesar de 100 anos ser uma ínfima parte do tempo de vida deste planeta (aproximadamente 4.6 mil milhões de anos, ou do tempo em que há vida neste planeta – aproximadamente 3.5 mil milhões de anos), pode ser suficiente para conseguirmos progressos impressionantes, e que poderão, certamente, provocar alterações significativas na forma como passaremos a viver. E este é o ponto. Admitindo que viveremos (sem nos autodestruirmos) por mais não sei quantos mil milhões de anos, imagine o que podemos descobrir e evoluir (ninguém consegue ter tanta imaginação).

Tendo em conta a evolução que conseguimos alcançar, apenas nos últimos 100 anos, tente imaginar como será a vida daqui a cem anos! E daqui a mil?

Creio que apenas mentalidades conservadoras (receio da mudança) ou interesses privados, nos poderão impedir de evoluir mais rápido.

Se há dois mil anos atrás disséssemos a alguém o que somos capazes de fazer hoje, arriscávamos a que nos matassem.

Se for possível continuar sempre a evoluir e a acumular conhecimento, é nos completamente impossível imaginar como seremos, o que saberemos, e o que conseguiremos fazer, dentro de dez mil anos (quanto mais dentro de um milhão de anos).

Esse poderia ser o nosso propósito, pelo menos na minha ingenuidade gosto de acreditar que sim: “um conhecimento, tão completo e profundo quanto possível, sobre o nosso planeta (primeiro) e sobre o universo em geral”.

Creio que ter um propósito pode ajudar a construir um sentido mais crítico para o mundo que pretendemos.

Como é que podemos alcançar um objetivo maior se continuamos a privilegiar a parte face ao todo?

Claro que no entretanto temos as nossas vidas, mas podemos sempre tentar conciliar objetivos de vida individual, com metas mais amplas (ao nível da espécie e da vida em geral).

Isso é mais fácil de alcançar numa sociedade justa e equilibrada, com forte contributo em prol da ciência e da investigação, visando a obtenção de conhecimento que sirva a vida.



[1] https://www.gapminder.org/

quinta-feira, 29 de setembro de 2022

 


16.          As desigualdades profundas

As grandes desigualdades são recentes. Terão certamente menos de dez mil anos. Só passaram a existir quando deixamos de ser caçadores coletores.

O que surpreende é que apesar de estarmos cada vez mais evoluídos, refiro-me ao desenvolvimento tecnológico, mas também ao conhecimento científico nas mais diversas áreas, as desigualdades entre ricos e pobres não param de aumentar. Diria que se agravaram nos últimos 40 anos ao ponto de atingiram valores verdadeiramente escandalosos.

A única razão para estas desigualdades que não servem os interesses da esmagadora maioria da população mundial (e muito provavelmente o tempo dirá que afinal não serviu os interesses de ninguém), tem que ver com as regras do jogo.

É exatamente como no jogo de tabuleiro “Monopólio”. Termina quando um fica com tudo e os restantes com nada.

Na vida real, na economia em que vivemos, basta alterar as regras do jogo para que não seja possível amealhar tanto dinheiro e tão depressa. No limite, até se podia permitir que multimilionários continuassem a expandir os seus negócios desde que a partir de determinado montante, os lucros fossem para a população onde os mesmos eram gerados. Como acontece na pesca desportiva que no fim atiram de novo o peixe, ainda vivo, para o local de onde foi retirado.

Não acredito minimamente que este modelo sirva o interesse do ser humano. Julgo mesmo que pode determinar o fim da nossa espécie.

Não conheço pessoalmente nenhum homem rico, mas acredito que tenham grandes qualidades, principalmente em criar riqueza e a gerir negócios.

Mas houve homens e mulheres que fizeram muito pela humanidade, que ajudaram a tornar vida de todos muito melhor e não ficaram “escandalosamente” ricos.

O que pretendo dizer é que só há uma justificação para que certas pessoas tenham tanto dinheiro, especialmente quando ainda há tantas pessoas com tão pouco: porque as regras do jogo estão feitas para que seja assim.

A grande questão prende-se em saber se gostamos de viver neste modelo económico, ou se simplesmente não o tentámos alterar, porque não tivemos capacidade para tal.

Pode dar-se o caso de ainda não termos conseguido porque os mais ricos conseguiram impor a sua vontade, mas também pode ser que queiramos que as coisas assim continuem…

Poderá ser essa uma das razões?

No fundo todos gostaríamos de ser ricos!

Na verdade, não é um sonho impossível, no sistema capitalista liberal em que vivemos: uma pessoa enriquecer em relativamente pouco tempo (principalmente se não fizer parte do clube dos pobres).

O problema é que este sistema, à semelhança do que acontece em jogos do estilo EUROMILHÕES, só dá para muito poucos. A esmagadora maioria ficará sempre a ver navios.

No entanto, se optássemos por um outro modelo, poderíamos erradicar a miséria e a pobreza (mesmo que isso nos exigisse, a certa altura, algum tipo de controlo populacional).

Portanto essa é a questão que se coloca: Um sistema com ricos com quase tudo, alguma classe média e muitos pobres? Ou um sistema sem pobres, enorme classe média e alguns ricos (embora nenhum podre de rico).

Tenha em atenção os números que o atual sistema criou.

A população mundial está atualmente muito próxima de atingir os oito mil milhões de habitantes[1] (faltam pouco mais de cem milhões de habitantes).  

De acordo com o relatório publicado pela organização não-governamental OXFAM,[2] os 1% mais ricos (menos de 80 milhões de habitantes) possui o dobro da riqueza detida por 6.9 mil milhões de habitantes.

Do mesmo relatório chegam-nos números ainda mais impressionantes: apenas 2.153 (dois mil cento e cinquenta e três) multimilionários detêm mais riqueza do que 4,6 mil milhões de pessoas, que correspondem a cerca de 60% da população mundial.

A riqueza combinada dos 22 homens mais ricos do mundo é superior à de todas as mulheres do continente africano[3]. Significa isto que apenas 22 homens detêm mais riqueza que 689 milhões de mulheres[4].

O número que se segue é ainda mais incrível: “Se todos se sentassem sobre o valor da sua riqueza empilhadas em notas de 100 dólares, a maior parte da população mundial estaria sentada ao nível do chão. As pessoas de classe média dos países mais ricos conseguiram estar na altura de uma cadeira. Mas os mais ricos do mundo estariam sentados no espaço sideral.

A OXFAM salienta que poupar dez mil dólares por dia desde a construção das Grandes Pirâmides serviriam apenas para ter um quinto da fortuna média dos cinco mais ricos do mundo”.

Jeff Bezos considerado atualmente o mais rico do mundo tem uma fortuna avaliada em 149 mil milhões de euros[5].

Em contrapartida:

Cerca de 800 milhões de pessoas vive na extrema pobreza com menos de 2 (dois) dólares por dia[6].

Perto de 3.4 mil milhões de pessoas (Mais de 43% da população mundial) não consegue receber mais do que 10 dólares por dia. Estamos, portanto, a falar de viver com menos de 300€ por mês.

Aproximadamente 1.6 mil milhões de pessoas (cerca de 20% da população mundial) vive com 20 dólares por dia (não chega a 600 euros por mês).

A soma destes três grupos representa quase três quartos da população mundial (73.6%).

Surpreende-me que não se faça mais para alterar este absurdo, porque não é justo, não é o que melhor serve o interesse de todos e porque só é possível, porque assim o continuamos a permitir (ou porque o queremos ou porque não soubemos fazer mais para o contrariar).

Este sistema criou a crise de 2008. Uma crise gerada por ganâncias e egoísmos sem qualquer justificação para além dos interesses próprios dos seus autores.

Em Portugal, os dois banqueiros que mais prejudicaram o país com a referida crise financeira, em valores que não deverão estar muito longe dos vinte mil milhões de euros, um deles morreu em prisão domiciliária, e o outro, ainda recentemente foi visto a passar férias em Itália.

Tenho ideia de já ter ouvido dizer que neste país já há quem tenha ido parar à prisão por ter sido apanhado a roubar um pacote de batatas fritas em um supermercado.

Mas este sistema económico em que vivemos é igualmente responsável por outra crise que está longe de estar resolvida e que ainda não fazemos ideia de qual será a sua amplitude, mas que pode vir a ser demasiado grave ao ponto de seguirmos caminho idêntico ao dos dinossauros, com a diferença de não aparentarmos necessitar da ajuda de qualquer asteroide.

Temos uma enorme tendência para endeusar aqueles que atingem o sucesso. O homem mais rico do mundo, o dono da maior empresa do mundo, o melhor jogador da bola, etc.

Mas muitas vezes a diferença do melhor para os que o seguem não é assim tão grande. Não querendo tirar mérito a quem o tem, muitas vezes é (também) uma questão de oportunidade, de estar na hora certa no lugar exato. Atrevo-me até a dizer que se não fosse fulano seria sicrano e se não fosse hoje seria amanhã.

Mas infelizmente, nada parece ser mais importante do que o nosso desejo projetado de vencermos o EUROMILHOES.

Qualquer dos milionários deste mundo, se após um naufrágio fosse o único sobrevivente a chegar a nado a uma ilha deserta, mesmo que fosse a ilha mais amistosa do planeta, sem quaisquer predadores, sem repteis ou insetos venenosos, rica em recursos, tais como água potável, plantas e frutos comestíveis, peixes e pequenos mamíferos, mesmo nessas condições, na melhor das hipóteses conseguiria sobreviver.

Para se ficar milionário, é necessário que estejam criadas determinadas condições que não dependem, nem foram criadas por ninguém isoladamente.

Imaginem o mundo atual como um gigantesco Burundi. Os quase oito mil milhões de habitantes, mas com o nível de vida que encontramos atualmente neste pequeno país de Africa.

Se o mundo fosse um enorme Burundi, de certeza que a riqueza dos multimilionários seria muitíssimo inferior. Em contrapartida, se o mundo fosse uma enorme Singapura, a riqueza seria ainda mais astronómica.

Apenas para se ter uma noção dos valores em causa, o Produto Interno Bruto per capita do Burundi não chega a ser 1% do PIB per capita de Singapura.

A Amazon permitiu ao seu maior acionista tornar-se no homem mais rico do mundo ao vender para quem tem forma de comprar on-line.

Preocuparam-se certamente em adaptar-se ao mercado das compras pela internet para melhor satisfazer a procura dos seus clientes (e potenciais clientes).

Tanto quanto sei, as empresas não se preocupam em resolver problemas socias, como a educação e a saúde, nem com a qualidade de vida das populações ou com a sua ascensão social. Isso cabe aos próprios cidadãos (e eventualmente) aos governos dos respetivos países.

Não creio que a Amazon se preocupe em dar poder de compra a quem não o tem, ou sequer em garantir o acesso generalizado à internet e às compras digitais.  

Imagine que amanhã surge uma nova pandemia, mas com um vírus dezenas de vezes mais mortal que o atual Covid-19.

Por razões ainda desconhecidas, esse vírus implantou-se muitíssimo mais no hemisfério norte do que no hemisfério sul.

Nesse cenário imaginado, as vendas da Amazon cairiam a pique, no entanto, não foi porque trabalhou menos ou pior do que em anos anteriores.

Imagine agora um cenário totalmente oposto. Um cientista descobria uma forma de energia limpa, inesgotável e extremamente barata. A economia mundial crescia como nunca.

Há vários fatores que não dependem do bom desempenho das empresas e que podem determinar resultados diametralmente opostos.

Cristiano Ronaldo é um jogador de futebol com fãs espalhados pelo mundo inteiro. Isso deve-se ao seu talento e empenho, mas também devido ao desenvolvimento tecnológico que permitiu que os seus jogos sejam acompanhados por adeptos de futebol espalhados pelo planeta, seja através da internet ou da televisão (por cabo ou satélite).

Essa visibilidade global permite-lhe faturar milhões todos os anos, valores que por exemplo, nunca estiveram ao alcance de Diego Armando Maradona, apesar de ser considerado por muitos, o melhor futebolista de todos os tempos.

Claro que o dinheiro proveniente dos contratos publicitários que Cristiano assina, pertencem-lhe inteiramente e são totalmente legais. Apenas quis referir que nunca conseguiria ganhar tanto dinheiro se não tivesse tanta visibilidade, e que grande parte dessa visibilidade só é possível graças ao aumento do poder de compra e ao desenvolvimento tecnológico que ainda não havia apenas há três décadas (e para o qual, muito provavelmente, ele não terá contribuído).

Temos assistido a governos ajudarem grandes empresas quando estas atravessam momentos de grande dificuldade. Não me refiro apenas aos dinheiros públicos e às medidas de austeridade que serviram para salvar bancos (geridos por gananciosos). O mesmo já aconteceu (e provavelmente continuará a acontecer) com outras empresas públicas e privadas.

Apesar de estarem disponíveis para serem ajudadas pelo dinheiro dos contribuintes, as empresas pretendem cada vez mais lucros para os seus acionistas e pagar o menos possível em impostos e salários, mesmo que os ditos sirvam para aumentar o poder de compra (de muitos que também são seus clientes).

A distribuição da riqueza é altamente injusta. Apesar do trabalho ser feito por uma organização, o lucro é maioritariamente distribuído por uma pequena parte (na verdade, atualmente, na grande maioria das vezes, é todo).

Por essa razão temos uma desigualdade tão brutal, e não menos impressionante, ainda não parou de crescer: não querem pagar mais impostos; nem aumentar os salários nem distribuir os lucros.

Não nos devemos esquecer que em qualquer empresa que seja viável, os trabalhadores pagam-se a si próprios e ainda geram mais-valias. Se assim não for, a empresa para subsistir necessita de ser financiada.

Sim, é verdade que dão emprego e contribuem para o crescimento económico e a melhoria de vida de muita gente. Mas isso é assim porque não pode ser de outra maneira. Quando as empresas tiverem máquinas que façam o trabalho de pessoas, de forma mais eficiente e económica, acredita que (por vontade delas) vai continuar a ser assim?

É inegável que alguém que passa de uma empresa de garagem para uma empresa como a Amazon tem de ter muitas qualidades. Provavelmente são pessoas com um excelente entendimento do funcionamento de mercados (e talvez da própria sociedade). Muitos tiveram o mérito de criar riqueza e ajudar a economia a crescer. Mas acima de tudo, é importante reter que só é possível, porque as atuais regras do jogo permitem que se enriqueça relativamente rápido e com limites para lá da troposfera.

Do meu ponto de vista, não creio que fosse injusto a certa altura colocar um travão, não tanto para impedir o crescimento da riqueza pessoal, mas para o desacelerar.

Se, de um modo geral, a sociedade contribui para a possibilidade de criar mais riqueza, através do desenvolvimento tecnológico, do investimento no conhecimento, e do aumento do poder de compra, então parece-me justo que a partir de certo nível de riqueza, a contribuição das empresas para os que proporcionaram esse enriquecimento, pudesse ser maior do que é atualmente.

Isso não iria impedir que os ricos continuassem a poder ter as suas excentricidades, apenas que a certa altura, o enriquecimento desacelerava, para poderem contribuir para a comunidade que os ajudou a ter sucesso.



[1] https://www.worldometers.info/

[2] https://www.oxfam.org/en

[3] https://visao.sapo.pt/exame/macro/2020-01-20-seis-numeros-que-mostram-um-mundo-cada-vez-mais-desigual/

[4] https://countrymeters.info/pt/Africa

[5] https://www.jn.pt/economia/os-dez-homens-mais-ricos-do-mundo-num-ano-com-mais-660-multimilionarios--13546748.html

[6] https://www.gapminder.org/tools/#$chart-type=mountain&url=v1


sábado, 17 de setembro de 2022

 

25.          Alterações climáticas

Durante algum tempo, para os menos informados, e talvez mais ingénuos, ainda havia esperança que fosse reversível.

Parecia difícil de acreditar que íamos deixar acontecer uma mudança que de forma generalizada nos ia trazer tantas e tão sérias dificuldades.

Podemos até questionar-nos se haverá quem venha a beneficiar com as alterações climáticas, e nessa sequência de pensamento, especular se houve quem fez força para impedir aqueles que as tentavam travar.

Atualmente são uma certeza, de tal modo que as palavras de ordem passaram a ser “mitigar” e “adaptar”.

Aqui é importante realçar que uma depende da outra: quanto menos conseguirmos mitigar, mais será necessário adaptar para tentar sobreviver.

Hoje sabe-se que a subida da temperatura resulta de uma maior concentração de gases com efeito de estufa na atmosfera da Terra, com forte destaque para o dióxido de carbono, que é libertado pela queima de combustíveis fósseis: carvão, petróleo e gás natural[1].

Prevê-se que com as atuais taxas de emissão de gases com efeito de estufa para a atmosfera, a temperatura média da Terra possa aumentar 2ºC até 2050, atingindo o valor limite, para lá do qual atingiremos valores perigosos.

Em 2019 a temperatura média da Terra esteve ao redor de 1.1ºC acima dos níveis pré-industriais.

É importante sublinhar que se atravessarmos o limite definido para 2050, teremos de enfrentar os efeitos irreversíveis de uma crise climática sem precedentes na história da humanidade.

Podemos, portanto, concluir que já não há forma de voltar atrás, que a subida da temperatura média da Terra ainda não estabilizou e que quanto maior for, mais graves (ou catastróficas) serão as consequências do que iremos ter de enfrentar.

É como se estivéssemos a bordo do Titanic, com a certeza de que não vamos conseguir impedir o choque frontal com o iceberg, apenas ainda sem saber com que estrondo, e quais as consequências do embate.

É completamente diferente viver com os fenómenos das alterações climáticas, uma vez por ano, ou, uma vez por mês, isto sem falar na intensidade dos mesmos:

Fenómenos extremos como fortes chuvadas com valores de precipitação num curto espaço de tempo, equivalente a um longo período. Por exemplo, chover numas horas o mesmo que num ano.

A perda de humidade nas florestas e consequente seca dos solos, resultado da subida da temperatura, tem conduzido a incêndios cada vez mais difíceis de combater. 

Longos períodos sem chuva que tem levado a secas extremas com graves consequências na alimentação e disponibilidade de água potável que tem afetado algumas populações, em particular no continente africano, de forma extremamente severa.

Ondas de calor, capazes de tirar a vida a quem estiver com a saúde mais debilitada e não tiver meios para se proteger.

Caídas repentinas e inesperadas de granizo que destroem por completo produções inteiras de cultivos.

Furacões (ou outros fenómenos semelhantes: Tufões, Ciclones e Tornados) que atingem níveis muito elevados e que têm a capacidade de provocar elevados danos, inclusive em habitações próprias.

Acidificação dos Oceanos, com significativas perdas de biodiversidade, como por exemplo, a Grande Barreira de Corais da Austrália.

A subida do nível de águas do mar que poderá atingir os dois metros de altura no final deste século, irá deixar milhões de quilómetros de zonas costeiras sujeitas à mercê de inundações, e levará muitas pessoas (estima-se perto dos 750 milhões) a ter de procurar estabelecer-se noutro local.

Parece evidente que devemos fazer de tudo o que estiver ao nosso alcance para evitar chegar perto de valores perigosos.

Mais, não devemos desprezar a possibilidade de a certa altura dar-se um salto no aumento da temperatura, e passarmos de um crescimento progressivo para uma subida exponencial.

Infelizmente continuo com a sensação de que não estamos a dar a importância devida a este grave problema.

Mais, adianta muito pouco se um determinado país faz tudo o que está ao seu alcance para combater as alterações climáticas, enquanto o país ao lado não faz nada, desprezando o problema e a ideia da necessidade de um esforço coletivo.

Mas há outro lado da moeda: houve uma altura em que ainda era possível reverter as alterações climáticas resultantes dos gases com efeito de estufa que continuamente enviamos para a atmosfera.

A explicação que mais tenho encontrado para explicar por que não agimos nessa altura, diz que optamos por não desperdiçar a energia fácil e acessível disponibilizada pelos combustíveis fósseis. Que essa energia nos permitiria atingir um nível de progresso e desenvolvimento tecnológico, que nos daria as ferramentas necessárias para combater as alterações climáticas.

Como se fosse vantajoso ter meios mais sofisticados e eficazes para combater desastres, do que não o ter, mas também não ter desastres para combater.

Parece-me que a verdade é outra: já tínhamos as infraestruturas montadas e havia ainda muitos combustíveis fósseis para retirar dos solos do planeta.

Claro que teria sido preferível abrandar o progresso e o crescimento económico, “chegávamos lá na mesma”, e teríamos evitado este “gigantesco problema para sempre”

Mas a decisão não foi “nossa”. Não foi feito nenhum referendo. Os lóbis do petróleo (e do carvão e gás natural) conseguiram pressionar políticos que souberam impor essa decisão.

Se tivéssemos iniciado a transição para as energias verdes há várias décadas, certamente que não estávamos tão desenvolvidos, mas teríamos evitado os custos que vamos ter, não se sabe por quanto tempo…

O interesse egoísta de muitíssimos poucos, sobrepôs-se ao interesse de todos nós, os restantes vários milhares de milhões).

É importante não esquecer que esses custos serão suportados por todos, embora mais por uns do que por outros, e alguns estarem menos preparados para os combater.

Por ironia do destino, nem sempre são os mais responsáveis aqueles que terão de pagar a maior fatura.

Mas uma coisa todos já sabemos, houve quem tenha beneficiado muito mais do que todos os outros, com a exploração até ao limite dos combustíveis fósseis.

Parece uma maldição!

Já sei o que vão dizer: É a lei na natureza!

Os mais fortes impõem a sua vontade aos mais fracos!



[1] https://pt.wikipedia.org/wiki/Gases_do_efeito_estufa