Pesquisa

sábado, 17 de setembro de 2022

 

25.          Alterações climáticas

Durante algum tempo, para os menos informados, e talvez mais ingénuos, ainda havia esperança que fosse reversível.

Parecia difícil de acreditar que íamos deixar acontecer uma mudança que de forma generalizada nos ia trazer tantas e tão sérias dificuldades.

Podemos até questionar-nos se haverá quem venha a beneficiar com as alterações climáticas, e nessa sequência de pensamento, especular se houve quem fez força para impedir aqueles que as tentavam travar.

Atualmente são uma certeza, de tal modo que as palavras de ordem passaram a ser “mitigar” e “adaptar”.

Aqui é importante realçar que uma depende da outra: quanto menos conseguirmos mitigar, mais será necessário adaptar para tentar sobreviver.

Hoje sabe-se que a subida da temperatura resulta de uma maior concentração de gases com efeito de estufa na atmosfera da Terra, com forte destaque para o dióxido de carbono, que é libertado pela queima de combustíveis fósseis: carvão, petróleo e gás natural[1].

Prevê-se que com as atuais taxas de emissão de gases com efeito de estufa para a atmosfera, a temperatura média da Terra possa aumentar 2ºC até 2050, atingindo o valor limite, para lá do qual atingiremos valores perigosos.

Em 2019 a temperatura média da Terra esteve ao redor de 1.1ºC acima dos níveis pré-industriais.

É importante sublinhar que se atravessarmos o limite definido para 2050, teremos de enfrentar os efeitos irreversíveis de uma crise climática sem precedentes na história da humanidade.

Podemos, portanto, concluir que já não há forma de voltar atrás, que a subida da temperatura média da Terra ainda não estabilizou e que quanto maior for, mais graves (ou catastróficas) serão as consequências do que iremos ter de enfrentar.

É como se estivéssemos a bordo do Titanic, com a certeza de que não vamos conseguir impedir o choque frontal com o iceberg, apenas ainda sem saber com que estrondo, e quais as consequências do embate.

É completamente diferente viver com os fenómenos das alterações climáticas, uma vez por ano, ou, uma vez por mês, isto sem falar na intensidade dos mesmos:

Fenómenos extremos como fortes chuvadas com valores de precipitação num curto espaço de tempo, equivalente a um longo período. Por exemplo, chover numas horas o mesmo que num ano.

A perda de humidade nas florestas e consequente seca dos solos, resultado da subida da temperatura, tem conduzido a incêndios cada vez mais difíceis de combater. 

Longos períodos sem chuva que tem levado a secas extremas com graves consequências na alimentação e disponibilidade de água potável que tem afetado algumas populações, em particular no continente africano, de forma extremamente severa.

Ondas de calor, capazes de tirar a vida a quem estiver com a saúde mais debilitada e não tiver meios para se proteger.

Caídas repentinas e inesperadas de granizo que destroem por completo produções inteiras de cultivos.

Furacões (ou outros fenómenos semelhantes: Tufões, Ciclones e Tornados) que atingem níveis muito elevados e que têm a capacidade de provocar elevados danos, inclusive em habitações próprias.

Acidificação dos Oceanos, com significativas perdas de biodiversidade, como por exemplo, a Grande Barreira de Corais da Austrália.

A subida do nível de águas do mar que poderá atingir os dois metros de altura no final deste século, irá deixar milhões de quilómetros de zonas costeiras sujeitas à mercê de inundações, e levará muitas pessoas (estima-se perto dos 750 milhões) a ter de procurar estabelecer-se noutro local.

Parece evidente que devemos fazer de tudo o que estiver ao nosso alcance para evitar chegar perto de valores perigosos.

Mais, não devemos desprezar a possibilidade de a certa altura dar-se um salto no aumento da temperatura, e passarmos de um crescimento progressivo para uma subida exponencial.

Infelizmente continuo com a sensação de que não estamos a dar a importância devida a este grave problema.

Mais, adianta muito pouco se um determinado país faz tudo o que está ao seu alcance para combater as alterações climáticas, enquanto o país ao lado não faz nada, desprezando o problema e a ideia da necessidade de um esforço coletivo.

Mas há outro lado da moeda: houve uma altura em que ainda era possível reverter as alterações climáticas resultantes dos gases com efeito de estufa que continuamente enviamos para a atmosfera.

A explicação que mais tenho encontrado para explicar por que não agimos nessa altura, diz que optamos por não desperdiçar a energia fácil e acessível disponibilizada pelos combustíveis fósseis. Que essa energia nos permitiria atingir um nível de progresso e desenvolvimento tecnológico, que nos daria as ferramentas necessárias para combater as alterações climáticas.

Como se fosse vantajoso ter meios mais sofisticados e eficazes para combater desastres, do que não o ter, mas também não ter desastres para combater.

Parece-me que a verdade é outra: já tínhamos as infraestruturas montadas e havia ainda muitos combustíveis fósseis para retirar dos solos do planeta.

Claro que teria sido preferível abrandar o progresso e o crescimento económico, “chegávamos lá na mesma”, e teríamos evitado este “gigantesco problema para sempre”

Mas a decisão não foi “nossa”. Não foi feito nenhum referendo. Os lóbis do petróleo (e do carvão e gás natural) conseguiram pressionar políticos que souberam impor essa decisão.

Se tivéssemos iniciado a transição para as energias verdes há várias décadas, certamente que não estávamos tão desenvolvidos, mas teríamos evitado os custos que vamos ter, não se sabe por quanto tempo…

O interesse egoísta de muitíssimos poucos, sobrepôs-se ao interesse de todos nós, os restantes vários milhares de milhões).

É importante não esquecer que esses custos serão suportados por todos, embora mais por uns do que por outros, e alguns estarem menos preparados para os combater.

Por ironia do destino, nem sempre são os mais responsáveis aqueles que terão de pagar a maior fatura.

Mas uma coisa todos já sabemos, houve quem tenha beneficiado muito mais do que todos os outros, com a exploração até ao limite dos combustíveis fósseis.

Parece uma maldição!

Já sei o que vão dizer: É a lei na natureza!

Os mais fortes impõem a sua vontade aos mais fracos!



[1] https://pt.wikipedia.org/wiki/Gases_do_efeito_estufa

Sem comentários:

Enviar um comentário