Abono para crianças em pobreza extrema!
Na sequência da apresentação do
Orçamento de Estado para 2022, foi anunciado o aumento do abono para crianças
em pobreza extrema, no valor de 70 euros (em 2023 esse valor sobe para os 100
euros).
Pergunto-me se uma criança que vive
em pobreza extrema, vai deixar de viver (nessa condição) com mais 70 / 100
euros por mês.
Como é possível fazer um anúncio
destes, como se fosse uma coisa maravilhosa, quando muito provavelmente o impacto
real na vida dessas crianças será insuficiente para as tirar da pobreza (na
melhor das hipóteses, talvez deixe de ser extrema – a pobreza)? Aliás, a
pobreza em Portugal parece que é uma doença crónica sem cura!
A resposta é simples. Essas crianças
(assim como as suas famílias) são vistas como “os outros”.
Ou seja, atribui-se essa verba pelo
peso percentual que irá ter na vida dessas famílias, mas não no que deveria ser
a vida das crianças.
Por isso, com base em informações
estatísticas, até são bem capazes de dizer: “mais 70/100 euros por mês é um
aumento muito significativo que terá certamente um impacto muito positivo”.
Atrevo-me a
dizer que essas crianças, poderão finalmente comer Nestum com Mel, pelo menos uma vez por outra (ou será
que é melhor não? não vão habituar-se…).