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sexta-feira, 14 de setembro de 2018

CP e a compra de novas composições


Foi anunciado pelo presidente da empresa – Carlos Nogueira - que irão ser adquiridas 22 unidades para o serviço regional, comboios que irão ajudar a melhorar o nível de serviço prestado pela CP, num investimento estimado em 170milhões de euros. Entretanto, como essa compra aguarda ainda o aval do Estado para o lançamento do concurso internacional, o próprio concurso, a adjudicação e a entrega das composições, só lá para 2024 (na melhor das hipóteses) deveremos ter as novas composições a circular nas linhas portuguesas. Entretanto vamos viver de aluguer de comboios à espanhola Renfe.
De recordar que em 2010, a CP desistiu do concurso para comprar 49 automotoras eléctricas para a Linha de Cascais e 25 composições a diesel para o serviço regional. Na altura este investimento estimava-se em 300milhões. Também nessa altura optou-se por alugar automotoras à Renfe por 5,35milhõs de euros ao ano.
Actualmente a CP paga à Renfe, pelo aluguer de 20 comboios, cerca de 7milhões de euros/ano e prepara-se para alugar mais quatro composições por 1,4milhões. Ou seja vão comprar 22 unidades por 170 milhões e andam a pagar, por material usado, 8,4milhões por 24. Não é necessário ser muito douto na matéria para perceber que isto é má gestão. Os comboios da Renfe, usados, muito provavelmente têm maiores custos de manutenção que novos, pelo que em vinte e poucos anos o investimento estará pago. Isto ainda é mais gritante se considerarmos que a CP tem composições com 50-60 anos. Não é admissível deixar chegar os comboios da CP a este estado, só o é porque os nossos “gestores do estado”, deputados e políticos, não andam no transporte corriqueiro da CP – só ALFA.
Mas também tenho algo a dizer aos políticos e ao presidente Carlos Nogueira: não pensem que vai ser com este reforço de 22 unidades que vão resolver o problema da CP e que em 2025 vamos ter uma empresa pública a deixar de absorver milhões do orçamento do estado! Seriam necessárias muito mais composições e outra coisa muito importante: traçados de linhas de comboio contemporâneas, adaptadas às necessidades dos novos aglomerados populacionais e não de há dois séculos atrás quando foram construídas!..
Talvez seja melhor começarem por jogar um joguinho muito didáctico para quem quer perceber como se deve gerir uma empresa de caminhos-de-ferro. O jogo RailRoad Tycoon II, pode dar-vos umas luzes. É que se tivessem jogado, saberiam que composições com 50 a 60 anos são economicamente inviáveis. No dito joguinho ao final de 20 anos o melhor é trocar o comboio pois os custos de manutenção ultrapassam as receitas. Também os traçados das linhas têm muita importância.

Vá lá senhores políticos e gestores! Tirem um fim-de-semana e joguem um bocadinho! Pode ser que aprendam alguma coisa e deixem de queimar dinheiro em paliativos para a CP!..


quarta-feira, 12 de setembro de 2018

A luta dos professores

Todos os anos é isto. Todo o início do ano lectivo ou época de exames, é marcada por protestos dos professores contra tudo e mais alguma coisa na esperança que caia mais algum no bolso para se calarem.
A luta pela contagem de serviço, congelada desde o tempo de Sócrates, não tem fim. Desde que há avaliação na função pública para “controlar” as progressões nas carreiras, que os professores se têm colocado à margem disto, colocando entraves ao sistema de avaliação, para que a mesma não se efective e que se mantenha o sistema “automático” de progressão. Ou seja, a cada 4 anos o professor sobe na carreira desde que tenha uma classificação de “bom” na avaliação. Para quem não sabe, o “bom” é um 3 numa escala de 1 a 5. Resumindo, é um médio.
A corporação sempre recusou a utilização dos resultados dos exames dos alunos como parte da avaliação o que a mim me faz confusão. Que melhor ferramenta para avaliar o sucesso de um professor que o resultado dos exames dos seus alunos?? Podem dizer que há escolas piores que outras e há de facto!. Mas a avaliação não deveria comparar escolas mas sim na própria escola. Ou seja, a escola tinha alunos com médias de 11. Se vem um exame e aquele professor consegue que os alunos dele tenham uma média de 13 nos exames, é porque tem mérito. Mas isto obriga a muito empenho.
Recentemente deparei-me na envolvente familiar com um fracasso num exame nacional. Após investigar melhor o porquê dos alunos todos da turma se terem estampado a bem estampar no exame de matemática, verifico que o professor resolveu dar a matéria à sua maneira e não seguir o programa do livro que supostamente rege a matéria. Das duas uma - e nenhuma delas é boa - ou o professor se acha no alto da sua soberba que ele é que sabe e que quem faz os programas é tonto, borrifando-se para o seu objectivo último que é o sucesso dos seus alunos, ou então é um CALÃO de primeira que não esteve para estudar um pouco e alterar os seus apontamentos. Ora esta besta, muito provavelmente, vai ter uma avaliação de “Bom” que é “médio” e ao final de 4 anos vai progredir. Isto está correto?
Ontem saiu um relatório da OCDE que diz que em Portugal os professores ganham em média mais 35% que técnicos do Estado com igual qualificação profissional. Só no Luxemburgo esta diferença é maior e na Grécia verifica-se uma diferença de 15%. Em todos os outros países, ou ganham o mesmo ou menos que os outros técnicos do estado (em média menos 9%). E porque ganham menos? Vendo bem, trabalham menos horas semanais que os restantes funcionários – consoante o escalão têm até um dia de folga – e não trabalham nas férias escolares.

Mas ainda assim, estas excepções e/ou regalias não chegam. O objectivo deles é terem o primeiro lugar no ranking das diferenças salariais para os demais trabalhadores do Estado. Como é que o Luxemburgo se atreve a ser o primeiro lugar? Se o governo de António Costa ceder e contar os 10 anos de serviço, pode ser que não chegue ao Luxemburgo, mas vai ficar mais perto de alcançar…