Foi anunciado pelo presidente da empresa – Carlos Nogueira - que irão ser
adquiridas 22 unidades para o serviço regional, comboios que irão ajudar a
melhorar o nível de serviço prestado pela CP, num investimento estimado em
170milhões de euros. Entretanto, como essa compra aguarda ainda o aval do
Estado para o lançamento do concurso internacional, o próprio concurso, a
adjudicação e a entrega das composições, só lá para 2024 (na melhor das
hipóteses) deveremos ter as novas composições a circular nas linhas portuguesas.
Entretanto vamos viver de aluguer de comboios à espanhola Renfe.
De recordar que em 2010, a CP desistiu do concurso para comprar 49
automotoras eléctricas para a Linha de Cascais e 25 composições a diesel para o
serviço regional. Na altura este investimento estimava-se em 300milhões. Também
nessa altura optou-se por alugar automotoras à Renfe por 5,35milhõs de euros ao
ano.
Actualmente a CP paga à Renfe, pelo aluguer de 20 comboios, cerca de
7milhões de euros/ano e prepara-se para alugar mais quatro composições por
1,4milhões. Ou seja vão comprar 22 unidades por 170 milhões e andam a pagar,
por material usado, 8,4milhões por 24. Não é necessário ser muito douto na
matéria para perceber que isto é má gestão. Os comboios da Renfe, usados, muito
provavelmente têm maiores custos de manutenção que novos, pelo que em vinte e
poucos anos o investimento estará pago. Isto ainda é mais gritante se
considerarmos que a CP tem composições com 50-60 anos. Não é admissível deixar
chegar os comboios da CP a este estado, só o é porque os nossos “gestores do
estado”, deputados e políticos, não andam no transporte corriqueiro da CP – só ALFA.
Mas também tenho algo a dizer aos políticos e ao presidente Carlos
Nogueira: não pensem que vai ser com este reforço de 22 unidades que vão
resolver o problema da CP e que em 2025 vamos ter uma empresa pública a deixar
de absorver milhões do orçamento do estado! Seriam necessárias muito mais
composições e outra coisa muito importante: traçados de linhas de comboio
contemporâneas, adaptadas às necessidades dos novos aglomerados populacionais e
não de há dois séculos atrás quando foram construídas!..
Talvez seja melhor começarem por jogar um joguinho muito didáctico para quem
quer perceber como se deve gerir uma empresa de caminhos-de-ferro. O jogo
RailRoad Tycoon II, pode dar-vos umas luzes. É que se tivessem jogado, saberiam que
composições com 50 a 60 anos são economicamente inviáveis. No dito joguinho ao
final de 20 anos o melhor é trocar o comboio pois os custos de manutenção
ultrapassam as receitas. Também os traçados das linhas têm muita importância.
Vá lá senhores políticos e gestores! Tirem um fim-de-semana e joguem um
bocadinho! Pode ser que aprendam alguma coisa e deixem de queimar dinheiro em paliativos para a CP!..