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quarta-feira, 12 de setembro de 2018

A luta dos professores

Todos os anos é isto. Todo o início do ano lectivo ou época de exames, é marcada por protestos dos professores contra tudo e mais alguma coisa na esperança que caia mais algum no bolso para se calarem.
A luta pela contagem de serviço, congelada desde o tempo de Sócrates, não tem fim. Desde que há avaliação na função pública para “controlar” as progressões nas carreiras, que os professores se têm colocado à margem disto, colocando entraves ao sistema de avaliação, para que a mesma não se efective e que se mantenha o sistema “automático” de progressão. Ou seja, a cada 4 anos o professor sobe na carreira desde que tenha uma classificação de “bom” na avaliação. Para quem não sabe, o “bom” é um 3 numa escala de 1 a 5. Resumindo, é um médio.
A corporação sempre recusou a utilização dos resultados dos exames dos alunos como parte da avaliação o que a mim me faz confusão. Que melhor ferramenta para avaliar o sucesso de um professor que o resultado dos exames dos seus alunos?? Podem dizer que há escolas piores que outras e há de facto!. Mas a avaliação não deveria comparar escolas mas sim na própria escola. Ou seja, a escola tinha alunos com médias de 11. Se vem um exame e aquele professor consegue que os alunos dele tenham uma média de 13 nos exames, é porque tem mérito. Mas isto obriga a muito empenho.
Recentemente deparei-me na envolvente familiar com um fracasso num exame nacional. Após investigar melhor o porquê dos alunos todos da turma se terem estampado a bem estampar no exame de matemática, verifico que o professor resolveu dar a matéria à sua maneira e não seguir o programa do livro que supostamente rege a matéria. Das duas uma - e nenhuma delas é boa - ou o professor se acha no alto da sua soberba que ele é que sabe e que quem faz os programas é tonto, borrifando-se para o seu objectivo último que é o sucesso dos seus alunos, ou então é um CALÃO de primeira que não esteve para estudar um pouco e alterar os seus apontamentos. Ora esta besta, muito provavelmente, vai ter uma avaliação de “Bom” que é “médio” e ao final de 4 anos vai progredir. Isto está correto?
Ontem saiu um relatório da OCDE que diz que em Portugal os professores ganham em média mais 35% que técnicos do Estado com igual qualificação profissional. Só no Luxemburgo esta diferença é maior e na Grécia verifica-se uma diferença de 15%. Em todos os outros países, ou ganham o mesmo ou menos que os outros técnicos do estado (em média menos 9%). E porque ganham menos? Vendo bem, trabalham menos horas semanais que os restantes funcionários – consoante o escalão têm até um dia de folga – e não trabalham nas férias escolares.

Mas ainda assim, estas excepções e/ou regalias não chegam. O objectivo deles é terem o primeiro lugar no ranking das diferenças salariais para os demais trabalhadores do Estado. Como é que o Luxemburgo se atreve a ser o primeiro lugar? Se o governo de António Costa ceder e contar os 10 anos de serviço, pode ser que não chegue ao Luxemburgo, mas vai ficar mais perto de alcançar…

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