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quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

CDS o partido de “fachada”


Qualquer pessoa que se interesse pelos destinos do país e que preste alguma atenção aos nossos políticos, certamente já se apercebeu que tudo o que o Portinhas promete em feiras, não passa disso mesmo, promessas. Que tudo o que antes era prioritário, depois, quando no poder, é esquecido e tudo o que é irrevogável pode passar, num piscar de olhos, a revogável. A falta de caracter é a raíz do mal dos nossos partidos e que no CDS atinge o seu expoente máximo.

No CDS cultiva-se essa cultura nos membros do partido a tal ponto que se cai no ridículo. A comissão europeia recebeu uma queixa de Maros Sefcovic - “A comissão recebeu 312 perguntas virtualmente idênticas de um único deputado, a perguntar acerca das relações da EU com quase todos os países do Mundo”. O comissário eslovaco demonstrava a sua preocupação com o estratagema que visa apenas inflacionar a actividade parlamentar dos deputados europeus, sem consequências positivas para o desenvolvimento dos trabalhos.

Ao que parece os “fura-esquema”, como sempre, são portugueses e espanto dos espantos, deputados do CDS. As alminhas, a saber Diogo Feio e Nuno Melo, neste último ano de mandato e talvez devido à sua fraca participação nos outros três anos dos quatro que compõem o mandato, desataram numa corrida desenfreada qual competição, de perguntas ao parlamento. O problema é que, tal como a fábula da lebre e da tartaruga, acordaram tarde. Vai daí, e como se “cagaram” para o parlamento europeu e os seus debates - a única coisa que realmente lhes interessou foi o cacau no final do mês – arranjaram duas ou três perguntas e reciclaram-nas para todos os países do mundo incluindo Quiribáti, que eu pessoalmente nunca ouvi falar, com o único prepósito de virem para Portugal de boca inchada dizer que foram muito activos no parlamento europeu...

Assim Diogo Feio e Nuno Melo interpelaram o executivo comunitário só este ano 848 e 889 vezes respectivamente, sendo os dois responsáveis por quase 20% das perguntas submetidas por todo o parlamento este ano(!) o que é fenomenalmente vergonhoso, dado o teor das perguntas.

Além de me envergonhar o facto de ser este tipo de gente a representar o meu país numa instituição tão importante, dá-me asco. Isto porque a nossa comunicação social, sabendo disto, pura e simplesmente não deveria de os convidar para mais nada! Deveriam ser banidos dos órgãos de comunicação social e de quaisquer cargos públicos. No entanto, volta e meia é ver estes artistas a mandar bitaites nos programas de televisão nacional (e a ganhar umas coroas extra) ao invés de estarem a fazer o seu trabalho de deputado europeu. Seria impensável num país do norte da europa alguém contratar estes tipos sabendo que os mesmos não exercem (ou exerceram) a função condignamente. É esta mentalidade que faz falta no nosso país: exigência.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

O (in)sucesso da troca da dívida


A semana passada – com uma grande ajuda, uma vez mais, dos meios de comunicação social – o governo bradou em todas as direcções e no máximo que os pulmões permitiram, que a troca de dívida realizada havia sido um sucesso. Um sinal de confiança dos investidores na economia portuguesa. Será mesmo assim?
1º - O governo queria trocar não 6,2mil milhões, mas sim 25mil milhões, ou seja só conseguiu 25% do que queria. Não sei o que parece aos outros mas a mim parece-me um falhanço.

2º - Os 6,2mil milhões (mais coisa menos coisa) que foram trocados, só o foram graças aos investidores portugueses – a banca nacional – ou seja,os investidores estrangeiros, que no fundo são os que representam os mercados, não foram na conversa e não trocaram a sua dívida, o que significa que querem o seu dinheirinho já e não tencionam investir novamente na nossa dívida. Já a banca nacional, como de costume, devido às ligações umbilicais que tem com as finanças públicas, aceitou prolongar. E é fácil perceber o porquê. Nem vou falar de quem é que beneficia com as PPP’s, ou com as rendas excessivas (que permanecem intocáveis e sabemos o porquê). Relembro apenas que a banca nacional comprou dívida nacional a 7 a 12% de juro em 2011, descapitalizando-se e depois beneficiou através do empréstimo do FMI a Portugal de uma tranche desse empréstimo a 1,5%. Ou seja esta relação de pura simbiose e dependência (com lucro para os bancos) faz com que por vezes também tenham de fazer uma ligeira vénia. Por serem só os investidores nacionais a aceitarem, esta troca parece-me pura especulação numa tentativa de “enganar” os mercados, pura fantochada. Ou seja, um falhanço.

3º - E no seguimento do ponto n.º2, os bancos fizeram a vénia, sim, mas fizeram-na com os bolsos cheios. Porque trocaram dívida a 3% de juro, por dívida com 5% de juro. Numa situação tão difícil, em que começam a ouvir-se cada vez mais vozes a sugerir a renegociação da dívida para baixar os juros, este governo conseguiu a proeza de os aumentar. Mas como os nossos políticos só pensam no dia de hoje, em que são eles a governar e a mamar e não pensam no amanhã, que serão outros a ter de pagar, para eles isto foi um sucesso, para mim não – falharam.
4º - Para este ponto vou usar o gráfico que o jornal Expresso publicou no suplemento económico. Ora “metam” mais 6mil milhões no gráfico nos anos de 2017 e 2018 e vejam onde vai para a barrinha do gráfico. Mesmo que distribuam 3mil por cada ano, não vão ser anos fáceis para quem governar e para os contribuintes.
 
5º - Para quem gozou e insultou Sócrates quando disse que as dívidas dos países não eram para ser pagas mas para ser geridas, sugiro que comece a engolir o sapinho. Porque o que este governo fez, na pessoa de Maria Luís Albuquerque é exactamente isso. Não pagaram, geriram, empurrando com a barriga para a frente, justificando assim o tão empregue ditado popular “quem vier atrás que feche a porta”.

6º - E último e em jeito de reflexão, deixo aqui um considerando. Se vamos pagar uma taxa de juro de 5% por dívida a 3 anos quanto é que vamos pagar de juro para dívida a 10 anos? Caso não se recordem a taxa de 7% foi considerada por todos proibitiva e motivo suficiente para recorrer ao FMI…

Que belo sucesso temos aqui!!...

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Luis Filipe Vieira também foi ao BPN..

(Quase que me apetece perguntar: e quem é que não foi??)


Luís Filipe Vieira goza de um estatuto que poucos portugueses algum dia irão gozar. É presidente de um clube de futebol, ainda por cima, de um grande. Como todos sabemos em Portugal quando o cidadão comum alcança o estatuto de figura pública ganha quase como um “medalhão” de protecção, qual item mágico saído do jogo World of Warcraft ou de um filme do Senhor dos Anéis ou Hobbit.

Esse medalhão mágico, além de proteger das consequências que poderão ter as bisbilhotices do Ministério Público, abre também outras portas que se encontram bem trancadas ao comum do cidadão português. O medalhão confere ao portador uma áurea de honestidade e de boas intenções que faz qualquer um esvaziar os bolsos para o ajudar na sua cruzada ou apenas para vencer as suas dificuldades financeiras correntes, vicissitudes claro está, de uma vida difícil de figura pública.


Estes esquemas financeiros em que se atribuem créditos sem garantias bancárias não estão ao alcance de todos, só dos que possuem o tal “medalhão mágico”. Depois, ainda há medalhões e “medalhõezitos”, consoante o grau da figura pública. Conceder um crédito de 20milhões sem garantias não é para todos. Conseguir pagar parte do crédito com acções da SLN (que não eram cotadas em bolsa, pelo que ninguém pode saber o valor real de cada acção) também não é para todos. Ficar a dever 17milhões ao BPN, ver a sua dívida ser transferida para a Parvalorem com o rótulo de incobrável, não vendo os seus bens confiscados e continuando a fazer a sua vida normal de presidente de uma instituição pública desportiva que recebe incentivos do estado, não é definitivamente para todos! Só mesmo a nata da nata das figuras públicas, munidas de um mega medalhão mágico, podem almejar tal estatuto!!

O cidadão comum, esse parasita da sociedade, que nada fez para subir na vida e lutar por agarrar o seu medalhão mágico, só tem é que pagar pela sua inércia e inépcia e embevecer-se com a classe, a elasticidade, a “lábia” e falta de senso civil que abunda nestes espertos da sociedade.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

A hipocrisia de Cavaco não encaixa em Mandela


A morte de Mandela já era esperada há pelo menos alguns meses visto que dependia de uma máquina para viver, o que eu não esperava era que Cavaco quisesse ir à cerimónia fúnebre do mesmo. Isto porque em 1987, Cavaco, então primeiro-ministro de Portugal, resolveu votar contra a libertação de Mandela ao lado do Reino unido e Estados Unidos da América. Podem dizer que o voto contra baseou-se apenas no facto de ser na libertação armada, podem dizer o que quiserem. O facto é que os outros países, os que não concordaram, abstiveram-se. Portugal nem votou a favor, nem se absteve, votou contra.
A verdade é que aproveitámos essa desculpa para defender os nossos interesses. Portugal tinha, e tem, uma comunidade de dimensão razoável na África do Sul, principalmente de Madeirenses, cujos negócios poderiam implodir com o fim do Apartheid. Fomos calculistas, fomos egoístas e pensámos apenas nos nossos interesses. Temos de assumir esse erro.

Custa-me por isso pensar, que alguém que há 26 anos teve esta atitude vá agora, como se nada se tivesse passado, ao funeral de quem quis calar, de quem quis manter controlado. Corremos o risco, como país, de sermos ridicularizados por isso. Enviem a Presidente da Assembleia da República Assunção Esteves, enviem o Primeiro-Ministro Pedro Passos Coelho, enviem o Vice ou o ministro dos negócios estrangeiros, porque a homenagem a Mandela é mais do que merecida. Mas por favor, tenham vergonha na cara e não enviem o presidente que foi o responsável à data pelo nosso voto contra!..

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Privatização da EGF

Já fiz algumas referências à Empresa Geral de Fomento do grupo Águas de Portugal, que gere as empresas do grupo na área do tratamento dos Resíduos Sólidos Urbanos. Creio que até já alertei para a mina de ouro que representa de tal maneira que, por exemplo, em Itália este serviço é controlado pela máfia. Todos sabemos que onde a máfia investe é porque dá dinheiro. Ora sendo um monopólio, tal como a EDP, a PT, a REN os CTT a AdP, etc., é um perigo calhar em mãos mafiosas.
Vem hoje no diário económico online, que para além de investidores estrangeiros, também algumas empresas nacionais estão interessadas, curiosamente da área da construção a saber: Mota-Engil, DST e Teixeira Duarte. Não é que as mesmas sejam “expert” na matéria, mas onde cheira a dinheiro as construtoras estão lá. Mais, todos sabemos e conhecemos exemplos de ligações partidárias de administradores de construtoras. Infelizmente a construção civil aparece muitas vezes ligada a negócios pouco claros de desvios de dinheiro e por isso, nos dias de hoje, goza de uma imagem (corrupta) justamente atribuída.
 

domingo, 8 de dezembro de 2013

Bruno Maçães

O secretário de estado do governo – que diga-se é mais um boy teórico - está sob fogo pelo discurso retórico que teve na Grécia, que chocou os mesmos e os restantes países europeus, sendo até apelidado de mais alemão que os alemães. O que tem alguma razão de ser uma vez que o mesmo trabalhou em Berlim antes de vir para o governo português. Quem sabe não é um enviado especial para defender os interesses alemães em Portugal? É que até parece que ele – Bruno Maçães – não pertence ao governo de uma país intervencionado com enormes dificuldades. É que este discurso vindo de um país cumpridor até se compreende, de um governo devedor já é mais difícil de entender! Constança Cunha e Sá chamou-lhe tonto e lunático, eu chamo-lhe alemão extremista. http://www.tvi24.iol.pt/opiniao/constanca--constanca-cunha-e-sa-opiniao-comentario-bruno-macaes-tvi24/1516087-5339.html

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Ângelo Correia – Subvenção vitalícia


Questionado por uma jornalista da Antena 1, no dia 24 de outubro de 2011, sobre um eventual corte de 14% nas subvenções vitalícias (de que é beneficiário em 2.200€), Ângelo Correia disse “aceito essa medida, ressalvando no entanto que não pretendo abrir mão de um direito adquirido”. “Os direitos que nós temos são direitos adquiridos legalmente, no sentido em que foi um cumprimento. Uma contrapartida perante aquilo que durante 20 anos, como é o caso, as pessoas desempenhara, em muitos casos com dedicação de tempo que lhes comprometeu uma parte da vida profissional.”

Podemos assim concluir que para Ângelo Correia – que criticou por mais que uma vez os direitos adquiridos dos trabalhadores dos Estaleiros de Viana, do terminal dos contentores de Lisboa, dos funcionários públicos ou dos pensionistas - os descontos que os referidos fizeram ou os ordenados que auferem são ilegais ou imerecidos, porquanto podem ser subvertidos a qualquer momento pois não se consideram direitos adquiridos!!..

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Subvenções Vitalícias


“Os dados relativos a pensões vitalícias passaram a ser secretos em meados de 2011, dificultando o seu escrutínio” (porque será?)

“Entre alguns nomes conhecidos temos José Lello (2.234), Manuel Alegre (2.000), Ângelo Correia (2.200), Duarte Lima (2.200), Marques Mendes (2.905), Carlos Brito (2.800), Carlos Carvalhas (2.800), Jerónimo de Sousa (2.400), José Magalhães (2.600), Odete Santos (3.000), Zita Seabra (3.000) e Narana Coissoró (2.905).”

“A aparente contradição do PCP que votou contra  o «Estatuto remuneratório dos titulares de cargos políticos» em 1985, mas cujos deputados não deixaram de beneficiar(…)” justifica ser “(…) orientação do partido a não utilização dessa verba em proveito pessoal e de esta ser colocada ao serviço dos trabalhadores do povo português, do seu esclarecimento e da sua luta.”

 

Rui Gomes da Silva (comentador de futebol na Sicnotícias), ex-ministro e ex-deputado beneficiário de uma subvenção mensal vitalícia de 2.100, ao mesmo tempo que prossegue a actividade de sócio fundador da sociedade de advogados Legalworks, em acumulação com os cargos de vice-presidente do Sport Lisboa e Benfica e administrador das empresas Benfica Futebol SAD, Benfica Estádio e Benfica Multimédia.”

Armando Vara (2.000) e Dias Loureiro (1.700) são outros felizes contemplados.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Aumento das Taxas Aeroportuárias em Lisboa


Tal como eu tenho vindo a referir no blog (para quem quiser basta procurar), a empresa vencedora da concessão a ANA procedeu ao terceiro aumento em menos de 1 ano. Logo em Janeiro foram 15%, em junho foram 4,3% e agora em novembro foram mais 4,4%. Este terceiro aumento estava previsto para 2014 na ordem dos 5% por isso, ou foi antecipado ou em janeiro vem mais um aumento.

No total em menos de um ano o aumento já se cifra nos 24%. Como alguém tem de pagar o aumento, prevê-se que as companhias transferiam este aumento de custo directamente no preço dos bilhetes. A Vinci vê assim a sua margem de lucro a aumentar e o tempo de amortização do investimento a reduzir de forma muito interessante (aumentando os lucros finais).

Não tardará muito e estaremos a ler nos jornais, nomeações de ex-políticos deste governo para cargos de administração na ANA. Até porque de aviação percebe o Relvas que vendeu vários cursos de técnicos aeroportuários aos Municípios do interior…

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Estaleiros de Viana

Mais um processo muito obscuro nos milhares de casos de má gestão da propriedade do estado. O estado, através dos nossos políticos, que nunca souberam nomear gente competente para administrar os estaleiros, decidiu conceder os direitos de exploração até 2031 a troco de 7milhões de euros, no entanto vai ter de gastar 30milhões a despedir funcionários… Claro que o governo vai dizer que tinha um prejuízo anual de 10milhões e, por conseguinte, é um excelente negócio. Mas a questão não é essa. A questão é: então e se a empresa fosse bem gerida, por gestores competentes e não políticos, quanto poderia render a empresa ao estado? Esta era pergunta que eu gostaria de ver respondida, porque estou farto de ver casos de empresas públicas mal geridas de forma propositada, até apodrecer, ou atingir uma valorização ridícula, para ser vendida a amigalhaços por tostões, publicitado na comunicação social como sendo um grande negócio para o estado e que ao final de dois anos estão a dar lucros astronómicos! Por último quero ver o que o sindicato faz. Quando é para exigir estão sempre prontos e nunca cedem e agora os trabalhadores, cuja massa salarial é altíssima – muito acima do mercado – arriscam-se a ficar no desemprego de longa duração. É também um caso para reflexão. Mas como é hábito, o sindicato vai dizer que lutou, que colocou uma providência, blá blá… mas no final acaba tudo na mesma: no desemprego.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Para onde foi o dinheiro? - Parte 3

Carlos Horta e Costa, ex-presidente dos CTT comelou a ser julgado no tribunal de coimbra no dia 26 de novembro de 2012, devido a actos de gestão que, segundo o Ministério Público, terão lesado a empresa em cerca de 13,5milhões de euros. Com destaque para o edifício dos CTT sito em Coimbra, no dia 20 d Março de 2003, por 14,8milhões de euros à empresa Demagre. Nesse mesmo dia, a Demagre revendeu o edifício por 20milhões à ESAF – Espírito Santo Activos Financeiros – obtendo uma mais-valia instantânea de 5,2milhões de euros. As escrituras foram feitas uma a seguir à outra no Cartório Notarial de Alcobaça e, logo a seguir, no mesmo dia, os gerentes da Demagre levantaram 1milhão de euros em notas de 500euros no banco ao lado, que os investigadores concluíram terem sido para luvas(…)

Para onde foi o dinheiro? - Parte 2

(…) Borges foi contratado pelo governo de PPC como consultor, estando a acompanhar os processos de privatizações(…)o contrato foi acordado dia 29 de fevereiro de 2012 entre a empresa estatal Parpública e a ABDL Lda., uma sociedade detida por António Borges e diogo Lucena. Até agora sem contar com IVA, já recebeu 300mil euros de 1 de fevereiro de 2012 a 1 de fevereiro de 2013, fora o montante das despesas efectuadas neste ano de contrato, que foi entretanto renovado por mais um ano.(…)

Para onde foi o dinheiro? - Parte 1

(…) O SIRESP foi adjudicado a um consórcio liderado pela SLN em 2005, por um valor de 538,2 milhões de euros. O despacho da adjudicação foi assinado pelo então ministro da Administração Interna, Daniel Sanches, no dia 23 de Fevereiro de 2005, ou seja, três dias após as eleições legislativas que resultaram na vitória por maioria absoluta do PS de José Sócrates. O consórcio liderado pela SLN foi o único que participou no concurso porque as outras empresas convidadas (Siemens, Nokia e a Elocom) desistiram alegando que o concurso estava previamente decidido.(…) Daniel Sanches, ex-administrador da Pleiade (empresa do grupo SLN) exerceu cargos de administração durante 8 anos, até ser nomeado ministro do Governo de Santana Lopes(…) (…) Almiro de Oliveira – um especialista em tecnologias de informação – não consegue encontrar justificação para os valores de adjudicação, uma vez que no seu relatório previa um investimento entre 100 e 150milhões e a tecnologia contratada foi a mesma(…)

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Medina Carreira decobriu a pólvora!

Ontem à noite no programa habitual de segunda-feira, Medina Carreira, após as explicações dadas por um ex-secretário de estado da energia, sobre o porquê da energia eléctrica em Portugal ser das mais caras da europa com perspectivas de aumentar ainda mais já no próximo ano, teve a seguinte expressão: “Bem chego à conclusão que seria melhor a EDP ser do estado e não ter sido privatizada, porque concorrência não existe e cada vez paga-se mais. A teoria que nos venderam que privatizando o mercado ia funcionar e os preços baixar, estava completamente errada! Fomos enganados! Nestes casos mais valia a empresa ser do estado!”. Hello!?? Só agora é que percebeu que monopólios não devem cair em mãos de privados que procuram lucros chorudos?? Já vai tarde…

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

A manipulação da Comunicação Social

Por mais que uma vez já abordei no blog a problemática da parcialidade da nossa comunicação social. A revista visão lançou um artigo que vem confirmar isso mesmo. Recomendo uma leitura atenta do artigo apresentado no link, principalmente para quem ainda tem dúvidas do porquê deste país não ter futuro e sistematicamente entrar em colapso financeiro mesmo quando beneficia de ajudas comunitárias que outros países utilizam para crescer. A manipulação da informação é uma forma de manter o povo ignorante, ou seja, controlado. A cultura da ignorância é uma arma imprescindível em qualquer regime ditatorial no mundo. Por isso, para quem pensa que fez uma revolução no dia 25 de Abril de 1974, lamento ser um desmancha prazeres. O que se fez foi uma intervenção plástica das grandes famílias e grupos económicos que passaram todos a ser 200%democráticos e defensores da sociedade, mas que nos bastidores controlam e manipulam através do “conhecimento controlado”(ignorância), a verdadeira liberdade de escolha da população.

http://aventadores.files.wordpress.com/2013/11/visc3a3o_entrevista-fms.pdf

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Qualificação de Portugal – Mundial 2014

A selecção nacional de futebol 11 qualificou-se, com muito sofrimento pelo caminho, para o mundial de 2014. Os comentadores foram unânimes: grandes jogadores, grande selecção, um excelente trabalho de Paulo Bento etc. Como é costume neste país, o sucesso cega e é por isso que o país demora muito tempo a evoluir, porque as pessoas contentam-se em atingir apenas os mínimos, nunca pensam em ir mais além. A verdade é que a selecção teve jogos sofríveis contra equipas medíocres que puseram em evidência a falta de qualidade dos jogadores ou falta de profissionalismo. A nossa sorte é termos o melhor jogador do mundo da actualidade, quiçá o melhor jogador Português de todos os tempos, que vai disfarçando a pobreza da qualidade geral dos jogadores que compõem o grupo e a pobreza da equipa técnica. Se estivermos à espera que H.Postiga ou Hugo Almeida marquem um golo, poderemos necessitar de anos. Se esperarmos que o Nani faça algo mais para além de perder bolas, poderemos necessitar de anos. Se esperarmos que o Raul Meireles e Moutinho ou Rúben Micael aguentem mais que 50min de jogo, poderemos também necessitar de anos… Existem alternativas? Talvez não, mas uma coisa é certa, aqueles que referi já sabemos o que produzem: muito pouco. Tive a sorte de ver a selecção de Paulo Sousa, Rui Costa, Figo, João Pinto, Sá Pinto, Pedro Barbosa, Capucho, Sérgio Conceição, Pauleta, Nuno Gomes, Peixe, Fernando Couto, Rui Jorge e Jorge Costa jogar. Tive a sorte de ver a selecção de Costinha, Petit, Tiago, Paulo Ferreira, Simão, Ricardo Carvalho, Maniche, Deco, Figo, Cristiano, Pauleta e Nuno Gomes Jogar. Como tive essa sorte, confesso que não me encanta o estilo de jogo pobre em técnica que a selecção actual apresenta. Se Cristiano Ronaldo consegue brilhar rodeado de tanta mediocridade, nem quero imaginar como ofuscaria se jogasse rodeado dos jogadores que referi anteriormente. Depois há a questão Paulo Bento. Sempre disse que o considero um treinador com sorte, e isso também é importante. O azar, e é por isso que ele nunca vai brilhar como um Mourinho, é que ele é um bronco de primeira. Se à sorte que tem juntasse o mínimo de inteligência era um treinador de top. Assim não passa de um mediano. De um bronco mediano. Consegue com a sua bronquice fazer com que jogadores de top se incompatibilizem com ele, já foi Ricardo Carvalho, Rolando, Bosingwa, Tiago, Manuel Fernandes e agora, recentemente, Danny. Este último, considerando o que não produz Nani e a falta de jogadores na equipa com capacidade de transportarem a bola no pé, demonstra de facto o grau de bronquice da equipa técnica. Mas o que esperar de um treinador que numa conferência de imprensa veio dizer “já estavam de facas afiadas para nós e agora vão ter de as guardar”? Esta mania da perseguição, este complexo, esta falta de segurança, dá nestas querelas, nestas intrigas de escola básica adolescente, onde um cochichar ou um riso se transforma num enorme enredo. Transforma gente bem-humorada em reaccionários! Enfim… Vamos ao mundial e o milagre até pode acontecer, mas podíamos ir com uma ODD a nosso favor muito superior.

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

A Irlanda deu de "froskes" - Abandonou-nos

A Irlanda surpreendeu meio mundo ao anunciar que desistia de negociar um programa cautelar assumindo o risco de ir aos mercados sem uma ajuda oficial. Digo oficial porque como ainda têm 25mil milhões amealhados do empréstimo concedido pela Troika, o risco é menor. A Irlanda sempre foi diferente de Portugal. Comecemos pela imagem e confiança que transmitem para fora que é muito positiva e superior a Portugal. A Irlanda era apontada como um caso de sucesso de crescimento e integração europeia, logo aí, vem o benefício de ter apoio dos que não querem perder a razão. Portugal ao contrário tem há muito anos, uma imagem de desperdício. Também a natureza da crise é diferente. Na Irlanda a crise rebentou por causa dos bancos (sector privado) e não por causa da incapacidade dos governantes para conduzir o país. Pelo contrário, a nossa crise tem por base anos e anos de má gestão da nossa classe política a mesma que é suposto resolver problemas em 3 anos que não resolveu em 35. Por último a Irlanda tem dois parceiros estratégicos muito importantes na economia global, Reino Unido e Estados Unidos da América. Portugal está sozinho. Os únicos parceiros que tem, são grupos de empresários que compram empresas portuguesas rentáveis para levar os lucros para os seus países de origem. Se tenho inveja da Irlanda? Tenho. Se acho que podemos seguir-lhe o exemplo. Tenho muitas dúvidas e para dizer a verdade, a bem do país era bom que não. Se isso acontecer iremos continuar com a mesma classe política até ao próximo trambolhão...

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Quem dá e tira para o inferno gira

Era um ditado popular que me fartei de ouvir nos meus tempos de infância no norte do país. Lembrei-me dele a propósito de uma notícia relacionada com a EDP. Um dia destes - talvez na apresentação do orçamento de estado – o governo fez grande festa e campanha porque vai, finalmente, cortar nas rendas excessivas da electricidade. Claro que os compradores da EDP não acharam piada nenhuma ao facto e não perderam tempo: trouxeram uma delegação acompanhada de diplomatas para "falar" com o governo. Basicamente para dizer que o governo com eles não fazia farinha! Não admitem que o governo mude as regras após um ano da venda dos 25% do capital da EDP. Resultado, ouvi anteontem que a entidade reguladora propõe um aumento de 2,5% do preço da electricidade para o ano de 2014. Será que a nossa economia cresceu 2,5% para justificar este aumento? Serão as nossas tarifas mais baratas do que as praticadas na europa? Não e não. Pelo contrário, a nossa economia contraiu, os salários baixaram e a nossa tarifa de electricidade é das mais caras da europa. Só posso concluir uma coisa, o governo quis fingir que ia ser forte e tirar rendimentos ao gigante EDP e com a outra mão vai compensar o que tira transferindo essa verba para o bolso dos contribuintes directamente. Como eu não tenho a força diplomática e económica dos chineses, só me resta a pressão psicológica e dizer “quem dá e tira para o inferno gira”, sabendo no entanto que não terá grande efeito, pois aquela gente não tem peso na consciência... Nota: o lucro da EDP aumentou 4% no primeiro semestre de 2013, atingindo os 603milhões.

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Movimento que se lixe a troika

Este movimento para mim não faz sentido nenhum e é mais uma prova de como este povo é facilmente manipulável devido à sua ignorância, direi mesmo básica, da situação em que se encontra o país. E não é preciso comprar livros. Bastava que em vez de verem Secret Story’s 4 vissem de vez em quando alguns debates e lessem algumas crónicas de jornais. A troika está em Portugal porque precisamos dela. Precisámos de 75mil milhões para não declarar bancarrota e a troika (Banco Central Europeu, FMI e a Comissão Europeia) decidiram emprestar. As condições do empréstimo foram essencialmente duas, a primeira diz respeito à taxa de juro fixada em 3,5%, a segunda que reduziríamos o défice do país de forma a garantir que não ficariam a arder com o dinheiro. Tudo isto me parece normal. Quem empresta quer sempre garantias. Tal como qualquer cidadão tem de hipotecar algo ou ter fiadores, a troika quis reduzir o défice. Porquê? Porque se não o reduzirmos e continuássemos a endividarmo-nos, quem é que nos emprestaria dinheiro outra vez? Ninguém e entraríamos em falência. Se conseguíssemos eliminar o défice em princípio seriamos autossustentáveis e poderíamos pagar, aos poucos, as nossas dívidas. O juro é alto? Talvez, mas na altura que se pediu o resgate era de 7% e chegou aos 14%! Actualmente está nos 6%. Tendo isso em consideração uma taxa de 3,5% parece-me muito bem! Podemos dizer inocentemente e talvez com alguma hipocrisia que 1% seria melhor e resolveria o nosso problema. Certo! Mas quem empresta é quem manda! Se fosse a 1% se calhar o FMI preferia emprestar a outro país. Por isso, deixem de se levar por discursos demagógicos e politiqueiros tipo Paulo Portas – “quero em junho de 2014 esses senhores daqui para fora” – porque na realidade precisamos deles e só beneficiámos da sua ajuda porque somos sócios há largos anos do FMI, caso contrário tinham-se “cagado” para nós. Que se lixem mas é os nossos políticos, os que nos levaram a esta situação e os que hoje governando, nada fazem para nos tirar dela!.. Esses sim é que merecem um movimento!

O profeta do Bolo Rei

Cada vez que o vejo mais me convenço que deve estar com um problema de Alzheimer grave. É que o nosso mestre do bolo tradicional de natal, todos os dias profetiza teorias e avisos que são exactamente o oposto das políticas que o governo de Portugal implementa. Assim sendo, só pode ter Alzheimer! A meio do dia já se esqueceu do que disse de manhã e à tarde já não se lembra que para ser coerente com as suas ideias teria de demitir o governo…

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Reforma do Estado

A menos de hora e meia de ouvirmos Paulo Portas no auge da sua carreira política a falar à nação de peito cheio e na pele de grande reformador e estadista, vou já deixar aqui escrito o que se vai passar. Vão-se ouvir palavras bonitas e frases cheias de sentido, tudo boas intenções, mas que não passam disso mesmo. Aliás o próprio nome do documento já inspira isso “guião da reforma” ou seja, são intenções … No fundo no fundo não difere muito das pessoas que apresentam excesso de peso. Todas sabem que têm de comer saudável e fazer exercício, mas concretizar… ui! Isso é outra história!.

Chicotada psicológica mas com estilo

Tal como eu profetizei há 2 meses, Costinha e Abel Xavier já foram chicoteados dos clubes que representavam, Paços de Ferreira e Olhanense respectivamente. Costinha conseguiu mesmo a proeza de deixar o clube na última posição, tendo falhado o acesso à fase de grupos da champions e, provavelmente, já fora da liga europa. É o que acontece quando a soberba sobe à cabeça. Os presidentes acham que por terem sido grandes jogadores e serem famosos que se enquadram no perfil de um “clube de bairro” e que vão fazer dele algo que não é: um grande. Este tipo de projecto cai pela base e estes, tal como eu referi neste blog, já caíram.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

O Sr. ministro tem amnésia

Podia ser o título de um filme português, sobre política, tal como o filme protagonizado por Adam Sandler, sobre a sua namorada. O ministro da economia, o das cervejas - que veio substituir o outro, sim aquele do pastel de nata que diziam que não servia para nada e que não fazia nada, o Santos Pereira – parece que sofre de amnésia. Trocámos um inútil por outro igual, mas com uma imagem aparente de sucesso e com amnésia. Será que ficámos a ganhar? Parece-me que não. Entre o politiqueiro profissional com amnésia, que um dia diz que estamos a tratar de um programa cautelar e no outro dia diz que afinal não estamos e um aspirante a político que se abstinha de politiquice, escolheria claramente o segundo.

Cheira a gás

Moçambique há anos que figura nos países mais pobres do mundo e não há forma de subir no ranking apesar de lentamente subir nos rankings económicos. Com os contratos de exportação, quer de energia quer agrícola, firmados com a África do Sul e a aposta de empresários desse país, bem como os resultados da pesquisa de petróleo e gás natural na costa Moçambicana têm enchido o povo de esperança e de expectativas. Mas a verdade é que está tudo muito embrionário e há muita coisa para fazer que não se faz de um dia para o outro. O problema é que passar esta mensagem a um povo que vive em miséria há quase 40 anos, não é tarefa fácil. Ainda mais quando nos dias de hoje, os meios de comunicação existentes e a quantidade de informação disponível não têm nada a ver com o que existia há 15 anos atrás. Ouvem-se e prometem-se verdadeiros Jackpots (gás, petróleo e carvão) mas não se vê nada nas mãos. Os bolsos continuam vazios. Cresce a ânsia e a desconfiança, e a ignorância dá lugar à revolta. Moçambique é um caso actual da história da humanidade. Quantos povos não reagiram bem ao vil metal? Quantas famílias no quotidiano das nossas vidas não saem destroçadas por causa de uma potencial riqueza? Enquanto não havia nada, tudo calmo, assim que cheirou a gás…

terça-feira, 15 de outubro de 2013

“Machetada” no país

Apesar da minha tenra idade, já vi muito boa gente cheia de esperança e perspectivas nos seus pequenos investimentos - nos seus negócios. Vi muita gente com a vontade empresarial para triunfar no seu ramo de negócio. Vi também muita gente a falhar. Os motivos do falhanço? São vários. Ou porque o projecto era uma ilusão, por falta de sorte, por má localização, por impreparação da sociedade para aderir e também por falta de preparação do investidor. Ter vontade é meio caminho, mas não chega. É preciso preparação, é preciso ter a dinâmica certa, nem em demasia nem falta dela. E é preciso “ter jeito”. É preciso ter paixão pelo trabalho e não pelo dinheiro (que é totalmente diferente). São estes os ingredientes para a coisa correr bem. Quando olho para os nossos políticos não vejo nada disto, pelo que o futuro também não pode ser risonho. Vejo paixão sim, mas pelo dinheiro que entra no bolso deles. Rui Machete quis apaziguar e conseguiu criar tensão entre Portugal e Angola. E ele só queria apaziguar… Como já referi em textos anteriores, um estado fraco faz um país fraco. Um político que se rebaixa numa visita externa demonstra fraqueza do seu povo, do seu país, colocando-se a jeito para ser devorado. Foi isso que fez Machete. Rebaixou-se. E como os negócios, principalmente nos dias de hoje - os dias da globalização - são como a guerra, ou comes ou és comido, o nosso parceiro percebeu esta oportunidade excepcional para assumir a liderança e comer o fraco. Portugal precisa tanto de Angola como Angola de Portugal. No entanto, colocando-se a jeito parece que Portugal precisa mais de Angola do que o contrário. O país só tem a perder com isso. Numa altura tão complicada para o país, o que menos convinha era esta “Machetada” política e económica. No entanto, c om as recentes declarações de José Eduardo dos Santos, começo a temer o pior.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Entrevista a Passos Coelho

Ontem, depois de tanta polémica e publicidade não resisti a ver o programa que prometia colocar os portugueses a questionar directamente o primeiro-ministro. Aguentei quinze perguntas e mudei de canal. Algumas perguntas até tinham o seu interesse, mas as respostas eram uma tortura. Não tenho saco para ouvir Passos coelho a repetir sempre a mesma história da carochinha, que nos endividámos em demasia que não há dinheiro e que não podemos fazer nada sempre com o seu ar e voz professoral como quem ensina para burros… Para mim não dá. Gostei no entanto da intervenção do taxista, que ao ver o primeiro-ministro a rir-se das suas palavras retorquiu: “tá-se a rir? Olhe que isto não tem piada nenhuma!”. E não tem mesmo.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Fusão PT/OI

Desde que a PT vendeu a Vivo à telefónica e adquiriu 23% da Oi que já se falava na possibilidade de uma fusão. Foi agora anunciada. Resta saber o que isto traz de bom para nós Portugueses. A resposta é: um grande nada. Vamos por partes. Há 3 ou 4 anos, não me recordo bem, a PT com receio de uma OPA hostil por parte da Telefónica espanhola resolveu negociar com a mesma a venda da sua participação na Vivo por 7mil milhões. No entanto decidiram (dizem que José Sócrates teve um papel decisivo, mas acusam-no de tanta coisa que já me parece mais bode expiatório que outra coisa), adquirir 23% da Oi por 3,75 mil milhões. O problema é que trocou-se uma empresa a crescer e valorizar por outra moribunda. Em dois anos a Oi caiu de tal forma que hoje, toda ela vale 2,4mil milhões. Ou seja, quando a PT comprou as acções a empresa estava avaliada em 16mil milhões, no entanto dois anos depois vale 2,4mil milhões. Resumindo, alguém negociou muito mal e estava muito mal informado para entrar neste negócio. Percebe-se assim o porquê dos accionistas da PT andarem histéricos com o negócio ruinoso da Oi e a pressionarem para uma solução. Há uma máxima nos negócios e não é preciso ser “expert” na matéria para perceber: o desespero nunca gera bons negócios. Principalmente se do outro lado estão pessoas conhecedoras. Posso assim dizer que os brasileiros foram mais espertos. Acederam à entrada da PT na Oi (lembro dos discursos de Lula e Dilma a dizer que o investimento português era bem-vindo) pois era!! E de que maneira! Numa empresa a afundar a cada dia… Agora, com a batata quente na mão, os accionistas da PT não têm outro remédio que não seja ceder às exigências brasileiras ou acabam todos na lama. A minha pergunta é: e quanto vale a PT? Algum órgão de comunicação social referiu isso? É que se a Oi vale toda ela 2,4mil milhões, porque raio não faz a PT uma OPA hostil à mesma? Será que é proibido uma empresa Portuguesa comprar uma Brasileira? Na fusão considera-se que a PT vale 2mil milhões, o que se reflecte em 38% do futuro capital da empresa resultante da fusão. A mim pessoalmente parece-me um péssimo negócio, mas se fosse accionista como o BES e a Ongoing (que até vão ter lugar na administração) era capaz de gostar. Todos os negócios que metam Ongoing à mistura cheiram mal. É quase como um carimbo. Para terminar, relembro apenas que a PT detém o monopólio da rede fixa em Portugal. Se o montante da dívida resultante da fusão ascende a 13,9 mil milhões de euros, já se está a ver quem vai pagar. A PT tinha ainda, 40% da CVT (Cabo Verde), 51% da CST (São Tomé e Príncipe), 25% da UNITEL (Angola) , 34% da MTC (Namíbia) e 41,2% da Timor Telecom. Vai-se tudo, e com isso a capacidade negocial e de influência nesses países. E qualquer empresário sabe o quão importante é ter num país uma empresa âncora da mesma nacionalidade e as portas que isso abre.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

2ª Curiosidade das Eleições Autárquicas 2013

Vi ontem orgulhosamente um canal de televisão nacional – assim para o brega – a comunicar com pompa que o Telejornal Nacional tinha sido o programa mais visto no domingo de eleições. Tinham obtido 26,7% de share, o que mostrava a confiança dos portugueses na informação/sondagens dos resultados eleitorais transmitidos pelo canal. Até aqui tudo bem. O que estragou tudo – para mim claro – foi o que veio a seguir. “Liderámos também a seguir ao telejornal, com 36,8% de share com o lançamento da nova versão de Secret story n.º X”… Telejornal que, nessa estação televisiva, terminou pouco depois das 22h, enquanto que todas as outras estações, continuaram a transmitir resultados. Ou seja, o povo cagou para os resultados e mudou de canal – numa percentagem medonha - para ver um programa “muito” educativo… E depois queixam-se.

Curiosidades das Eleições Autárquicas 2013

Em tempo de crise perspectivava-se uma deslocação significativa da população às urnas de voto, ou não fosse esta a forma legítima de o povo manifestar o seu descontentamento com os partidos com representação expressiva no panorama nacional. No entanto, para grande surpresa de quem quer ser enganado, supostamente isso não aconteceu. A abstenção atingiu de facto os 47,40%, uma percentagem bem superior ao registado em 2009 (41%). Mas será que os portugueses viraram costas às eleições? Vejamos, em 2009 haviam 9.377.343 inscritos – diga-se que para um país com 10milhões, 93,77% da população ter mais de 18anos é grave – ou então encontram-se registados mais inscritos do que na realidade existem. Como se fala que o país está a envelhecer e existem poucos jovens, seria previsível que o número de inscritos diminuísse em 2013. Mas não aumentou: 9.497.404. Pode ser justificado pela longevidade da população mais velha, não sei… Mas considerando que nos últimos 3 anos saíram do país quase 300mil pessoas, em dados oficiais, fora os que não estão “oficialmente” a trabalhar no estrangeiro a abstenção é capaz de sofrer uma pequena variação. Entre emigrantes oficiais e não oficiais e idosos que já não se podem deslocar às urnas (tal como a minha avó que em 2009 ainda votou e este ano já não foi possível), estimo que os verdadeiros eleitores, não serão nem de perto nem de longe 9.497.404, como consta no site das autárquicas2013, mas muito provavelmente 8.500.000, ou menos. Este número daria então uma taxa de abstenção na ordem de 41%. O normal. Não basta olhar para os números, é preciso saber interpretá-los.

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Rui Costa – Campeão do Mundo de Ciclismo de Estrada

Ontem em Florença, pela primeira vez na história do ciclismo mundial, um português venceu a prova de estrada da modalidade – Rui Costa. O ciclista que ainda representa a equipa espanhola da Movistar, mas que para o ano representará a italiana Lampre, mostrou grande vontade, dedicação e estratégia na hora de se resguardar e de atacar, vencendo ao sprint outro grande ciclista o espanhol Joaquim Rodriguez. Os meus parabéns por estar entre os melhores da modalidade. Independentemente dos resultados que a mudança para Lampre originarem, este grande resultado já ninguém lho tira!..

quinta-feira, 19 de setembro de 2013


“Muitos dos jovens que nos enviam currículos para se candidatarem a um anúncio de emprego são altamente qualificados. Tenho vergonha de os ler, especialmente quando sei que entre centenas de candidatos só posso escolher um!” – esta confissão de um gestor de recursos humanos de uma grande empresa, que pede anonimato, é sintomática. E não é o único com este entendimento da situação. Um jovem diplomado do Instituto Superior Politécnico de Atenas, com um doutoramento, que deu aulas durante alguns meses numa escola técnica, faz a mesma observação e oculta a sua identidade: “O meu salário era tão baixo que, muitas vezes, metia-me na bicha dos estudantes para comer na cantina e economizar na refeição”.
Estes dois testemunhos projetam uma imagem crua da realidade do mercado de trabalho atual. Por um lado, currículos com habilitações “a mais”, por outro, desemprego crónico e baixos salários [a taxa de desemprego era de 27,9% em junho de 2013, contra 24,6% no ano anterior, afetando em especial mulheres e jovens]. Recordamos a “geração de 700 euros” [nome dado aos recém-formados no início da crise, em 2007]... com saudade, porque, hoje, os salários dos empregados são geralmente (muito) mais baixos que 700 euros líquidos.
De facto, na actualidade existem várias “gerações de 700 euros”. Já não são apenas os recém-licenciados, mas pessoas de quarenta e cinquenta anos de idade que perderam os empregos. Se arranjarem outro, não vão conseguir mais de 700 euros.

Quatrocentos euros no mercado negro

É uma quantia insuficiente para resolver as necessidades básicas e especialmente desajustada em relação ao nível das habilitações
A cada anúncio de emprego, cai uma chuva de currículos (CV). “Quando é publicado um anúncio, chegamos a receber 600 CV numa semana. Um terço é de jovens altamente qualificados, com licenciaturas e dominando pelo menos duas línguas estrangeiras. A concorrer para a mesma vaga, há pessoas mais velhas, com menos qualificações no papel, mas com um conhecimento e uma experiência significativos. É muito difícil escolher”, explica um gestor de pessoal. Mas cada pessoa contratada vai receber um salário de 600 euros brutos. É uma quantia insuficiente para resolver as necessidades básicas e especialmente desajustada em relação ao nível das habilitações. Claro que, em muitos casos de primeiro emprego num lugar indiferenciado, o salário baixa para 300 ou 400 euros.
Quatrocentos euros sem seguro nem segurança social, era o que ganhava Konstantinos Sp., de 27 anos, no inverno passado, por oito horas diárias num escritório de advogados. Formado em Direito e com um mestrado na Alemanha, teve muita dificuldade em arranjar esse trabalho. “A contribuição social é de 150 euros por mês e gastava 45 euros de passe no transporte público. O que sobrava para viver? Tenho colegas, jovens advogados, que trabalham horas a fio, ficam no escritório até à meia-noite, para ganhar 600 ou 800 euros por mês. Acabam por ganhar menos do que um operário não qualificado. Infelizmente, o estatuto de empregado não se aplica a um jovem advogado”, constata.

Empregos desapareceram

“Quando envio o CV, respondem-me com elogios: ‘É um CV incrível, doutoramento, artigos publicados, parabéns!’ Mas ninguém me dá emprego”, diz P. K., de 30 anos, com um diploma de engenharia eletrónica. Acabou por conseguir trabalho, no ano passado, como assistente no Instituto Superior Técnico e, no segundo semestre, um horário parcial na Escola Técnica de Cálcis [norte de Atenas]. O salário? 700 e 300 euros, respetivamente! “Não é rentável, especialmente para nós, técnicos, que temos um seguro mais caro. A maioria dos meus colegas já emigrou.”
A sua declaração de impostos revela um rendimento de 5000 euros por ano
Georgia, de 36 anos, formou-se na Faculdade de Agricultura. Tem um mestrado do Instituto Superior Politécnico e domina perfeitamente três idiomas. A sua declaração de impostos revela um rendimento de 5000 euros por ano. “E é verdade”, confirma, “porque, para me pagarem, passo faturas, tenho provas. Como viver com um rendimento assim?”
Os empregos desapareceram, os salários caem. Resultado? “Há alguns anos, recebia 1200 a 1400 euros por mês. Nos últimos anos, o meu salário desceu para 800 euros. O ano passado foi mais um ano mau. Com os meus conhecimentos e a tecnologia que utilizo, devia receber muito mais. Mas quem me paga o que é justo?”
Infelizmente, a realidade do salário mínimo aplica-se cada vez mais a pessoas mais velhas e não apenas a jovens. P. S., que trabalhou muitos anos em tipografia, recebia cerca de 1500 euros. Foi despedido e esteve um ano e meio desempregado. Hoje, sujeita-se a um ordenado de 650 euros brutos...
Mercados Segundo resgate ganha mais peso

Analistas e a agência de rating Standard&Poor’s consideram que a possibilidade de Portugal vir a pedir um segundo resgate aumenta a cada dia que passa. Prova disso, salienta hoje o Diário Económico, é o facto de os juros exigidos pelos investidores para comparem dívida nacional terem alcançado ontem o nível mais elevado desde Novembro de 2012.
09:40 - 19 de Setembro de 2013 | Por Notícias Ao Minuto


Portugal perdeu uma boa oportunidade. Desde finais da década de 80/princípios de 90 entrou muito dinheiro no país proveniente da União Europeia. Ainda me recordo das tramoias e aldrabices dos cursos de formação profissional com fundos provenientes do Fundo social Europeu.
Foram muitos os desperdícios…
Portugal faz-me lembrar uma senhora pobre que de repente ganhou uma fortuna e que foi logo ao cabeleireiro arranjar as unhas e cabelo. De seguida à boutique comprar as melhores roupas, sapatos e por fim joias a condizer. Parecia outra. Tudo parecia estar a correr bem.

Foi pena terem lhe pedido para fazer um discurso.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Gémeos

Bolo Rei em campanha

Ontem vi o bolo rei em amena cavaqueira com os jornalistas após uma inauguração. Para além de muitas afirmações banais sobre os deveres e haveres da troika e dos esforços (que só ele vê) do governo em levar o barco a bom porto, apelou uma vez mais ao consenso – palavra esta que já me começa a enjoar – e tentou uma vez mais incluir o PS num comprometimento com as medidas do governo. Se é verdade que o PS negociou as condições com a troika – tal como CDS e PDS – também não deixa de ser verdade que nunca o quis fazer, sendo forçado após o chumbo do PEC4. Tantos planos de austeridade depois, será que o PS tem ainda a obrigação de ajudar no que quer que seja? Não me parece. Mas fica bem ao Presidente fazer estes apelos rotulando os dirigentes do PS como uns irresponsáveis.

As avaliações da Troika

Tendo em consideração que estamos a menos de um ano de “teoricamente” ficarmos livres do “gestor de insolvência” que é a troika, é interessante analisar algumas premissas colocadas, ou melhor, definidas pelo gestor em concordância com a “administração” (o governo). 1.º O desemprego não ultrapassar os 13%. Já esteve perto dos 18, agora com o verão baixou para 16,9%. 2.º O endividamento externo não deveria ultrapassar os 120% do PIB, já ultrapassou os 130%. 3.º As metas do défice, eu nem consigo resumir uma vez que foram todas furadas, revistas e furadas novamente. 4.º O país deveria ser capaz de voltar ao mercado da dívida sem ajudas, o que me parece de todo impossível uma vez que as taxas de juros subiram e se encontram em valores semelhantes há data do primeiro resgate: 7,2%. É certo que ainda nos faltam 10meses, mas para cumprir tudo o que foi delineado, significaria que teríamos de “desenrascar” 200mil postos de trabalho, coisa pouca, mais ou menos 62 “AutoEuropas”, o que daria muito jeito no PIB, uma vez que 1AutoEuropa representa à economia actual – de rastos – 2% do PIB. Assim, com 62 AutoEuropas o nosso PIB cresceria 124%, ou seja o nosso endividamento cairia para 50% e, como é óbvio, com receitas de IRC de 19% deixaríamos de ter défice de 4,5% e passaríamos a ter superavit de 14,5%, ou seja resolvíamos o problema do défice e do endividamento, pois não precisaríamos dos mercados. Dito assim, parece maravilhoso e simples. Se eu estivesse em campanha eleitoral era capaz de enganar uns quantos com este discurso simplista e celestial. A verdade é que nem na europa toda devem existir 62 “AutoEuropas”…

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

A decisão da CNE

Felizmente ainda existem pessoas com visão de estado neste país. Um bem-haja para os que dentro da CNE decidiram a favor dos pequenos partidos. Infelizmente, como este país é dos espertos, vieram logo os directores de informação dos canais generalistas dizer que não iam cumprir com o estipulado pela CNE. A verdade é que não lhes interessa. Este país está de facto refém deste mega lóbi político que controla os media, directa ou indirectamente através dos tentáculos de favores e amizades.
Ontem foi a vez de a RTP falar sobre Coimbra. Deu tempo de antena, em pleno telejornal, aos dois candidatos mais sonantes: coligação PSD/CDS e PS. A verdade, é que estes candidatos, devido aos cargos que ocupam e à máquina partidária que os sustenta são os que menos necessitam desta publicidade grátis. Como é que querem diversidade política se não protegem o aparecimento de diferentes candidaturas? De pessoas que não têm o dinheiro suficiente para ombrear com a máquina instalada?
E depois, são os mesmos canais, que através dos seus comentadores políticos vêm dizer que não existem alternativas! Pudera, sufocam-nas ainda antes de nascerem!!

O embuste da convergência das pensões da CGA

Tem sido o tema dos últimos dias. É também uma das medidas com que Pedro Passos Coelho pretende brindar os antigos funcionário públicos, em jeito de vingança: não posso despedir os actuais, malho nos ex.
Já expliquei neste blog o porquê esta dita convergência ser falaciosa, obviamente que uma pensão de um juiz não se compara à pensão de um trabalhador fabril – por exemplo têxtil – que recebe o ordenado mínimo. Para além do absurdo de comparar o que não é comparável, peço, já agora, e se quiserem fazer um debate sério, que comparem os anos de descontos dos reformados da função pública com o regime geral da Segurança Social, e os valores descontados… Pois!! É que se hoje as pensões são maiores, no passado os descontos também foram superiores. A questão essencial é saber se o cálculo das pensões foi justo e seguindo as regras, se sim, não vejo razão, ou melhor justiça, em reduzir agora as pensões dos mesmos.
Ontem vi o secretário (o carrasco de serviço) Hélder Rosalino na televisão, a justificar o corte das pensões com a necessidade de garantir pensões para os futuros reformados da função pública. Mais uma estupidez que, infelizmente, os órgãos de comunicação social em Portugal não analisam de forma imparcial. A verdade é que no contexto actual, nunca será possível garantir as pensões da CGA para as gerações futuras, pelo menos nos próximos 30 anos. Porquê? Muito simples. No primeiro Governo Sócrates reduziram-se 72mil funcionários públicos, por via de reforma, sem direito a “reposição de stock”, ou seja com a política de por cada dois funcionários que saem entra 1. Nesta legislatura de PPC já saíram 50mil. Mas o objectivo é chegar aos 100mil. Ora enquanto saírem mais do que os que entram, a sustentabilidade da CGA nunca estará garantida, por isso é utópico pensar que as contribuições actuais vão conseguir cobrir as pensões. A agravar que quem entra tem uma remuneração muito inferior a quem sai e que nos últimos anos as promoções e aumentos salariais têm estado congelados.
Na verdade o que o estado quer é despedir funcionários e colocar os outros – os que ficam - a pagarem o despedimento dos antigos colegas. Isto parece-me muito pouco ético, democrático e saudável. Para além de que, parece que os únicos beneficiados da existência de funcionários públicos neste país, são os próprios, e não a sociedade toda que justifica este país. Se a sociedade justificou em tempos a existência destes funcionários públicos, não vejo porque motivo, não tenha de ser a sociedade toda também a pagar o seu despedimento.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Sebastião Antunes

Merece o nosso destaque no Blog - Sebastião Antunes  e a Quadrilha - nesta versão gravada para a Antena1 , acompanhado apenas por um exemplar acordeão.

Santander processa IGCP

A trapalhada dos SWAP parece não ter fim. Depois de se saber que alguns dos documentos foram convenientemente destruídos 3 anos apenas da sua elaboração, agora é a vez do Banco Santander Totta, abrir um processo judicial contra o IGCP. Ao que parece o Banco sentiu-se prejudicado pelo que veio à praça pública, nomeadamente ganhos com contratos SWAP, que pelos vistos, no caso deles não geraram assim tantos ganhos como os que foram ventilados. A agravar está o facto de o próprio banco, muitos meses antes da polémica estar, ter-se oferecido para rever os mesmos, não tendo obtido reposta por parte do instituto que, no auge da tormenta colocou todos no mesmo saco, tratando-os por igual. A verdade é que um Banco é uma entidade que vive muito de uma imagem de credibilidade e confiança, pelo que é natural e compreensível que não queira ver-se arrastado nesta trapalhada. Bem-haja por isso, porque a verdade, é que neste país nada do que parece é e vindo desta gente que está no governo, que um dia mente e no seguinte diz que não mente, tudo é possível. Não me admirava que muito desta trapalhada toda, fosse mais fumo que fogo. Haja alguém que os chame à responsabilidade, não só pelas suas decisões como pelas suas palavras.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

O chumbo do TC e o discurso de Passos

Após a decisão - esperada - do Tribunal Constitucional, Passos, pensando pela sua cabeça ou sendo pau mandado de outros, veio com um discurso fácil e demagogo, culpando os outros pela sua incompetência e pela falta de preparação e conhecimento das regras do jogo. Apetece-me até dizer que me suou a chantagem e cruzada contra esse ser extraterrestre e soberano que é o TC. No mínimo ridículo, mas que, passado em 5min no telejornal, sem explicação do que é a constituição, até é capaz de colar no povo inebriado em telenovelas – ao almoço, antes do jantar e depois do jantar até madrugada. Para mim o discurso proferido, transmite uma (má) sensação de ditador de meia tigela. Porque a constituição existe para definir as linhas, as guias mestras, com que se quer conduzir esta sociedade - este país. Ao TC compete verificar se os executantes cumprem com elas. Caso contrário estaríamos vulneráveis a que qualquer doido que chegasse ao poder, fizesse o que lhe desse na telha! Por isso, se Passos não gosta da constituição do seu país e quer pôr e dispor como bem lhe apetece, então sugiro que troque de país. Existem uns bons para os lados do Vietnam ou em África, em que o governante pode fazer o que lhe apetece. Também acontece, por vezes, chatearem-se e cortarem a cabeça do governante e familiares... O argumento de que em "tempos difíceis os juízes deviam ser sensíveis" e contornar a constituição, ou melhor, não a cumprir ou aplicar – não esquecer que a constituição é Lei base da nossa sociedade- é tão estúpido que nem posso acreditar no que ouvi. É que pelo mesmo argumento eu posso ter a sociedade a recusar-se a pagar impostos (porque em tempos de crise o Ministério das Finanças deve ser sensível), os criminosos a exigir sensibilidade aos juízes e polícias (porque em tempos de crise devem de ser sensíveis) etc. etc. Conclusão: em tempos de crise, vale tudo e não precisamos de leis. É a lei da selva. Isto de facto faz-me lembrar qualquer coisa... uhm. Já sei. A chegada de Hitler ao poder na Alemanha. Um país em crise, afogado em dívidas contraídas na 1ª guerra, mergulhado na miséria e desespero em que o populista e demagogo Adolf, veio com a mesma conversa: em tempos de crise vale tudo, incluindo matar e roubar. Que existam doidos, não me espanta. Que haja uma comunicação social e uma sociedade complacente com eles, é que me espanta revolta e entristece.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Incêndios

Todos os anos, pela altura do verão começa o fado dos incêndios neste país. Gastam-se milhões, em suposta prevenção e milhões no combate aos fogos. Hoje pelas 2h00 da manhã, teve início um incêndio no Concelho de Vila Flor. Já ouvi muitas vezes que o nosso clima é propenso a isto, que faz calor, que há vento, que a humidade é baixa, patati patata.. Tudo serve para justificar o desleixo e a má-fé. Na semana passada, houve outro incêndio que começou em 5 pontos diferentes no concelho de Vila Real, também ele a ter início pela madrugada. Se é verdade que o clima pode ajudar, as probabilidades aumentam à medida que se juntam mais factores de ignição e são vários. Desde o pastor “à moda antiga” sem a quarta classe, que ainda vê no fogo o alimento do seu rebanho, assim venham as primeiras chuvas do final de Agosto, ao “artista” fogueteiro que se acha mais esperto e competente que todos os outros e que atira o foguete com uma inclinação “assim”, com o cartuxo “assado” e para os terrenos do “ti Jaquim “- que são húmidos e não pegam fogo, até aos condutores que gostam de fumar mas não gostam de sentir o cheiro da beata no cinzeiro do carro e, com toda a calma, abrem o vidro e atiram, esticando o dedo com toda a força, a beata para bem longe do seu nariz, não interessa se para cima de um monte de palha ou valeta, passando pelos doidinhos – que também os há – e terminando nos interesseiros – aqui uma referência para a recente lei que veio lançar a desorganização da mata e a possibilidade de substituir o coberto vegetal por outro (eucaliptal). Estas são a principais causas dos incêndios. Não me venham com a história da limpeza das matas porque, à excepção de uma trovoada seca, o mato não pega fogo. Durante anos os meus pais tiveram um eucaliptal perto da sua casa, que só era limpo de 8 em 8 anos, tinha mato rasteiro e vidros no chão. Nunca pegou fogo. Só pegou quando um dia, um puto ruim, decidiu brincar com fósforos. É verdade que em tempos a população limpava as matas em redor da aldeia, não por prevenção, mas porque a lenha servia para aquecer as casas. Hoje é mais fácil comprar um aquecedor e ligar à tomada. Também é verdade que antigamente havia Guarda Florestal e que a própria população, deslocando-se mais a pé, acabava por funcionar como vigilância. Só que os tempos mudaram, e as ignições não. É também mais fácil para os nossos políticos, mandarem os bombeiros apagar os fogos, seja em que condições for, do que pensarem na melhor forma dos evitar. Desde os contratos de venda de equipamentos e meios aéreos que muitos milhões movem para contas de decisores políticos, às horas pagas aos bombeiros, à falta de lei verdadeiramente punitiva dos infractores, ao descuido propositado da floresta em benefício da indústria da celulose, aos PDM’s das Câmaras Municipais que permitem construir em qualquer lugar desde que se deposite dinheiro numa conta da Suíça, enfim… Um manancial de asneiradas que acabam por ceifar vidas de pessoas honestas, dedicadas e com grande sentido cívico que dão tudo – até a vida – por um país, uma sociedade, um governo e decisores políticos que não os merecem.

António Borges

Morreu no fim-de-semana passado, vítima de cancro. Como sempre, neste país e no mundo em geral, assim que alguém deixa este mundo passa a Santo. Multiplicam-se os artigos a empolarem as qualidades da personalidade e os testemunhos de amigos, colegas, etc., a enaltecerem os seus feitos, os seus gestos, a sua personalidade etc. etc. Nunca o conheci pessoalmente nem nunca tive negócios com ele, pelo que não sei avaliar o carácter da pessoa. Tudo o que sei foi o que ouvi pelos órgãos de comunicação social e do que ouvi, não gostei. Por isso não vou agora hipocritamente exaltar as excelentes qualidades do senhor que, ainda por cima, não conheço. Sei que atingiu cargos importantes no Goldman Sachs e no FMI e sei também que esteve desde muito novo ligado ao PSD, tendo sido um dos seus fundadores. Nem o Goldman Sachs nem o FMI são muito recomendáveis ainda pior, se misturarmos o PSD e todas as privatizações efectuadas. Para mim, não passou de outro mamão – boy - que, como tantos outros, beneficiou do partido e da multiplicidade de ligações partidárias e da cadeia de favores para constituir a sua carreira profissional. Lamento, pela família e amigos, a morte pela doença que continua a desmoronar famílias sem piedade. Quanto a interveniente político na nossa sociedade, não considero que tenha sido um elemento válido, bem pelo contrário. Deixo por fim algumas referências que fizemos no nosso blog, à personalidade em menos de um ano. http://enaosepodematalos.blogspot.pt/2012/10/o-moedas-carlos-moedas-os-arautos-da.html http://enaosepodematalos.blogspot.pt/2012/12/os-novos-mocos-de-recados.html http://enaosepodematalos.blogspot.pt/2012/09/o-teorema-de-antonio-borges.html

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Pedro Santos Guerreiro

Um bom artigo, a ler, que foca uma parte do problema. É verdade que quem vive de empréstimos está sempre dependente e como tal, muito limitado na sua acção. A dívida é como que uma escravatura, interiorizada por uma limitação imposta pelo receio da falta de dinheiro. Mas essa limitação não pode servir de desculpa para tudo o que os nossos políticos fazem, ou deixam de fazer. http://www.jornaldenegocios.pt/opiniao/editorial/pedro_santos_guerreiro/detalhe/swaps_ou_o_lado_negro_da_forca.html

terça-feira, 20 de agosto de 2013

O início da 1ª liga de futebol

Este fim-de-semana tivemos o início de mais uma época futebolística, com muitas promessas e velhos costumes. A primeira coisa que me causa asco é o facto de começar o campeonato com as transferências a serem possíveis até ao final de Agosto. Não me parece muito bem. Quanto ao futebol em si vou fazer uma pequena análise. O Braga mais uma vez mostra uma equipa competente, não creio que esteja tão forte como em anos anteriores, pelo que não prevejo que possa ir além do 3º lugar. Mas como é uma equipa competente vai certamente amealhar um bom número de pontos. O Guimarães safou-se bem, perante um Olhanense que temo que seja um forte candidato a descer de divisão. Isto de contratarem treinadores pelo currículo de jogador, ao invés da experiência como treinador (Abel Xavier – que ainda por cima mantém aquele penteado descolorado que não impõe respeito nem seriedade), só pode dar asneira. Ou melhor, tem grande probabilidade de dar asneira 80% contra 20%. O Paços de Ferreira é outra equipa que, na minha opinião, arrisca-se a ir do céu ao inferno. Tal como o Olhanense, decidiu ir contratar um futebolista para o lugar de treinador, mas em dose dupla. Contratou Costinha e Maniche. Tem tudo para dar errado… O Porto, como sempre, se a coisa não corre bem na qualidade de jogo, surge sempre um penálti ou uma expulsão, para ajudar a desbloquear o jogo. Isto, a juntar à qualidade de alguns jogadores fazem prever uma época regular, que terminará como campeão ou vice. O Benfica tem tudo para se espalhar ao comprido. Primeiro, demorou a renovar com o Jorge Jesus, dando a entender que o fez, não por acreditar nele, mas com receio que fosse para o Porto. Isto fragiliza o treinador e dividiu adeptos que agora, à primeira contrariedade vão pressionar e muito o clube. Perder os títulos que perderam na época passada, deixam feridas nos jogadores e na equipa técnica, feridas essas que à primeira contrariedade se abrem. Se tivessem começado com uma vitória nos barreiros, a coisa poderia ir lentamente ao lugar. Com esta derrota, as coisas podem complicar-se e muito. Depois há a questão Cardozo, que só traz prejuízo, quer se venda quer fique. Se for integrado é uma mau exemplo para os jogadores esforçados, cumpridores e respeitadores das decisões da equipa técnica – e todos sabemos que só jogam 11 e os outros 14 ficam a ver jogar. Depois ainda há a questão dos jogadores que ficam e dos que são vendidos que não ajuda a concentrar os mesmos nos objetivos. Se o Benfica ganhar competentemente o próximo jogo em casa com o Gil Vicente pode ser que coisa se componha. Se não, e considerando que à 3ª jornada joga em Alvalade, o mais certo é Jesus não passar da 3ª jornada e isso, a acontecer pode acabar com a época logo no seu início. O meu Sporting, tendo em conta a miserável época que fez o ano passado, tem tudo a ganhar. Não vou dizer que, pelos 5-1, que vão ser campeões. Nada disso, até porque o Arouca foi presa fácil. Mas acredito que se o SCP chegar à 3ª jornada com 2 vitórias e ganhar ao Benfica, a motivação, a alegria e confiança que se irá apoderar dos jogadores, juntando ao facto de os treinos serem mais produtivos que os dos rivais, uma vez que não vamos às competições europeias, poderão ser os ingredientes necessários para uma boa época. Assim ajudem os salários em dia, alguma sorte em jogos mais complicados e as arbitragens (apesar dos 5-1 a arbitragem foi muito fraquinha). O Estoril é para acompanhar com interesse. Marco Silva – treinador – a conseguir mais uma boa época, confirmar-se-á como um treinador a ter em conta.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Cheira a eleições

Na semana passada foi divulgada em vários órgãos de comunicação social a “boa nova” de que Portugal estaria a sair da recessão e a entrar no crescimento económico. Fizeram disto uma enorme festa, ajudando à propaganda positiva de que o PSD e CDS necessitam desesperadamente. A verdade é que o PIB no 1º semestre de 2013 contraiu 3,9%. É natural que o PIB cresça ligeiramente no segundo trimestre. Porquê? Porque tem os meses de Julho, Agosto e Setembro, meses nos quais o turismo, quer externo quer interno fazem circular moeda. Tem ainda o período de Natal que, com mais ou menos crise, será sempre um mês de maiores gastos por parte das famílias. Assim, não se pode, na minha opinião, anunciar o segundo semestre de 2013 como uma viragem, pela razão que normalmente é sempre melhor que o primeiro. No final, no conjunto, o país terá uma recessão de 3,2% e no primeiro semestre de 2014 veremos então se há crescimento ou ainda recessão. Até lá, meus amigos, são foguetes que servem apenas propósitos eleitoralistas (autárquicas), com muitas culpas para a comunicação social que alinhou na propaganda do governo.

Conflitualidades

Com esta nebulosa que envolve membros do governo e os interesses privados, bancos e consultoras, já vi na televisão, comentadores dizerem as maiores enormidades e desculpas esfarrapadas para defender os seus mestres. Vem isto a propósito do percurso profissional de Joaquim Pais Jorge e Rui Machete, em que alguns filiados no PSD invocam que o facto de se ter trabalhado no privado não invalida que se assumam cargos públicos. Pois eu acho que sim. Não estamos a falar de um trabalhador comum, nem tão pouco de uma empresa cuja carteira de negócios é totalmente privada. Estamos a falar de um trabalhador que foi obreiro de negócios entre as empresas privadas onde trabalhou e o estado. Foi o principal responsável ou facilitador/angariador/mediador de negócios entre o estado e um privado. Dá garantias de isenção nas escolhas das empresas que vão futuramente trabalhar com o estado? Não. Prova disso É a manobra de Joaquim Pais Jorge, de ter abdicado da consultadoria da Caixa Geral de Depósitos para adjudicar à StormHarbour, empresa do seu amigo Grey, que o levou para o Citigroup… Com a craveira dos nossos políticos, o que parece é! Se parece trafulhice é de certeza…

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Cheque ensino

A semana passada fui confrontado com uma nova medida do governo - Cheque Ensino - que permitirá às famílias carenciadas (ou aquelas que sendo ricas não declaram a totalidade dos seus rendimentos) beneficiarem de uma ajuda do estado (ou seja de todos nós) para pagar a prestação do colégio privado se entenderem que os seus filhos estão melhor num colégio privado ao invés da escola pública. Esta medida, segundo fontes do governo, visa dar igualdade de opção para as famílias carenciadas e não se aplica apenas nos casos em que não existe escola pública nas redondezas. Chamem-me radical, chamem-me o que quiserem, mas eu já pago impostos, para que todos os portugueses tenham igualdade de oportunidade nas escolas públicas! É para isso que estas servem, e é para isso também que existe o transporte escolar que é também pago com os nossos impostos! Porque raio hei-de pagar ainda mais para que alguns desfrutem de um colégio privado? Porque terei de pagar, não só os professores que estão na escola pública, mas também os dos privados?! Eu sei, eu sei… Os amigos do governo investiram em colégios e agora com a crise estão com poucos alunos… Vão também dar cheques Mercearia Local?

segunda-feira, 12 de agosto de 2013



O que terão em comum Michael O’Leary [patrão da Ryanair] e o Tio Patinhas? São ambos milionários. O que será que os distingue? O Tio Patinhas amealhou a sua fortuna à custa da sua própria avareza e Michael O’Leary, à custa dos outros.
Embora Michael O’Leary já tenha afirmado o seu propósito de arranjar lugares em pé nos seus aviões e cobrar as idas à casa de banho, a Ryanair é hoje a primeira companhia aérea da Europa em termos de frequência, com 80 milhões de passageiros por ano. Apesar de um ligeiro recuo no último trimestre, também é uma empresa particularmente rentável.
No seu último relatório de contas (2012-2013), a Ryanair apresenta um volume de negócios de 4 mil milhões e 900 mil euros, com um lucro superior a 11%, ou seja, 569 milhões de euros. Números que podemos comparar com os da Lufthansa, por exemplo, que anunciou um lucro superior a 3% no relatório de contas de 2012, ou seja, 990 milhões de euros, com um volume de negócios líquido de 30 mil milhões de euros. A Lufthansa terá assim de fazer embarcar seis vezes mais passageiros que a Ryanair para ganhar apenas o dobro. Dito de outra forma, dois euros da Ryanair valem mais de seis euros da Lufthansa.

Ryanair é a norma

Como se explica isto? “Lowest cost always wins” [os preços mais baixos vencem sempre], responde Michael O’Leary, numa conferência de imprensa em Göteborg no outuno passado. É a doutrina que rege o capitalismo mundial, assente na ideia de que, num mercado global, o preço ultrapassa sempre a qualidade. E que, para que o preço seja mais barato do que o da concorrência, é preciso ter custos inferiores.
O modelo comercial da Ryanair assenta no princípio do “bad enough”, suficientemente mau
Este objetivo pode ser alcançado de várias maneiras. O modelo comercial da Ryanair assenta no princípio do “bad enough”, suficientemente mau: o tratamento dado aos empregados e aos passageiros tem de ser suficientemente mau para que o preço do bilhete seja suficientemente baixo para que os clientes aceitem ser tratados como trapos velhos e também não se importem de saber que os empregados da empresa ainda são mais mal tratados do que eles. O facto de a Ryanair ser uma empresa que também maltrata o seu pessoale os seus passageiros não faz diferença nenhuma.
Michael O’Leary é igualmente o reflexo perfeito da sua época, sob um outro ponto de vista: parece talhado para um universo mediático que adora um caráter mau e “tweetables”. Está sempre a “causar sensação” e adora mostrar-se no meio de meninas em biquini.
A Ryanair não é uma jovem empresa-prodígio, nem uma ovelha negra, nem uma exceção a confirmar a regra. A Ryanair é, ou está prestes a ser, a norma; um caso dos mais impressionantes numa enorme mudança de paradigma.
O modelo social europeu a que sempre me habituei, no qual o mercado de trabalho e a via económica se caracterizam pela concertação, pelo equilíbrio de poderes e pela repartição da riqueza, está em franco retrocesso. O século XX ficou definitivamente para trás. Em vez dele, não tardaremos a regressar ao século XIX: o capitalismo selvagem, a rejeição do sindicalismo, o dumping salarial, a exploração dos trabalhadores. E a Ryanair inaugura este caminho.
Nunca andei na Ryanair. E nunca irei andar em nenhuma circunstância. Não apenas porque prefiro viajar como uma pessoa civilizada, mas porque, liberal, considero que uma pessoa deve tentar, mesmo que seja pouco, ser política e moralmente responsável pelo seu estilo de consumo e, pura e simplesmente, exercer o seu poder de consumidor.

Contra a neandertalização da Economia

Será que 80 milhões de passageiros podem estar enganados? Podem
Será que 80 milhões de passageiros podem estar enganados? Podem. E surpreendo-me que não sejam mais a tomar consciência. Tanto quanto sei, um bom número de passageiros da Ryanair são jovens instruídos e sensíveis a temáticas sociais. Alguns deixam de consumir produtos à base de carne em protesto contra a indústria de carnes.
Há outros, igualmente numerosos, imagino eu, que boicotam os artistas que não respeitam as mulheres ou que revelam propósitos racistas. No entanto, viajam na Ryanair – quando a Ryanair não é apenas uma vergonha, só por si, mas também porque o simples facto de existir obriga as companhias de aviação sérias a adaptar-se ao que designamos "uma situação de concorrência inédita", dito de outra forma, obriga-as a tornarem-se brutais ou a desaparecer.
Não é pois fácil de entender como é que uma pessoa dita “de esquerda”pode perfilar-se ao balcão da Ryanair sem corar de vergonha. Na História recente, nenhuma outra empresa contribuiu tanto, direta ou indiretamente – pela força do exemplo –, para minar os fundamentos sociais que a “esquerda” pretende defender e que constituem a base sobre a qual as sociedades prósperas da Europa ocidental se ergueram no pós-guerra: a segurança no trabalho, a decência dos salários, a solidariedade mútua entre trabalhadores e empresas e por aí fora…
Por que motivo esta questão não é mais vezes levantada pelos intelectuais ? Por que motivo é que o caso Ryanair não é objeto de nenhum debate de fundo? Por que motivo é que a esquerda sueca contemporânea se preocupa tão pouco com a economia e com a violência de determinadas relações de força?
Como é possível, para sermos concretos, que Lilla Hjärtat [figura da jovem literatura sueca considerada racista] e a alteração de uma vogal nos pronomes pessoais [foi proposto que o pronome neutro "hen"substituísse o pronome feminino "hon" (ela) e o pronome masculino "han" (ele)] sejam temas mais mobilizadores de debate na Suécia que Michael O’Leary e a neandertalização da economia ?

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

De trapalhada em trapalhada, segue o governo!

A telenovela Joaquim Pais Jorge termina ou melhor, suspende-se, hoje. Não termina hoje porque infelizmente há muitos “Joaquins” por aí, a fazer os seus negócios e a saltitar de privado para público como se não houvesse problema nenhum em actuar dos dois lados da guerra. Para quem não percebe a importância do vínculo para toda a vida do funcionário público, tem nesta novela uma boa justificação. Esta demissão transmite-me uma sensação boa de decência, de esperança numa política melhor. Contudo esta sensação é efémera, pois assim que caio da estratosfera para antro de compadrio e corrupção chamado Portugal, lembro-me de Sérgio Monteiro há dois anos a exercer funções de secretário de estado dos transportes e obras públicas que também ele esteve no privado a vender PPP’s e que neste governo foi “gerir” as PPP que vendeu. Assim, tenho que concordar com Joaquim Pais Jorge que na sua carta de demissão invocou razões de ódio pessoal para justificar o pântano em que a comunicação social o envolveu. Tem razão sim senhor. Uns continuam lá 2 anos depois, outros como ele, só ficaram 1mês, é injusto e sem critério!.. PS – Parece-me a mim que quem duvidava da utilidade do regresso de José Sócrates à vida política tem aqui uma resposta. É a máquina socrática a actuar na sombra, que tem feito abanar o governo explorando o flanco ministério das finanças. Abanou a ministra e agora fez cair um peão… será que cai a rainha? O PSD fez mal em mexer no vespeiro. Quem não se lembra da máquina de propaganda, altamente profissional de Sócrates? Quem não se lembra de os ver com os registos todos em formato cábula e respostas na ponta da língua?