BPN
No passado sábado, no noticiário da SIC, assisti a mais uma
reportagem sobre o caso BPN.
Sobre o BPN já ouvi, entre outras coisas, que provavelmente
será o maior roubo da história de Portugal.
Quanto aos valores…, que pode chegar aos 7 mil milhões de
euros.
Qualquer coisa como se fossem ter com 7 milhões de
portugueses e lhes pedissem que cada um desse mil euros para tapar o buraco (ou
devo dizer, o roubo) do BPN.
Voltando à referida reportagem, o que nos mostra de novo é
uma série de empresas e empresários que devem dinheiro ao banco; e ficamos
todos com uma ideia muito clara que será muito difícil, se não mesmo
impossível, que esses valores em dívida venham a ser recuperados.
Ou seja, o banco
faliu por não conseguir pagar o dinheiro que pediu emprestado porque emprestou
a uma série de empresas e empresários que também não lhe pagaram.
Os bancos costumam ser muito ciosos do seu dinheiro. Não sei
como funciona o empréstimo a empresas, mas acho estranho que os bancos não
garantam os seus empréstimos.
No empréstimo à habitação, no qual tenho alguma experiência,
os bancos procuram garantir os seus empréstimos fazendo uma avaliação da
capacidade de endividamento do cliente, não emprestando a totalidade do valor
do imóvel, muitas vezes pedindo um fiador ou avalista e ficando sempre com a
hipoteca do imóvel até ao valor em dívida estar saldado.
Então o BPN emprestava aos milhões de euros, algumas vezes
às dezenas de milhões de euros, ou mais, e não garantia minimamente os valores
dos empréstimos? Isto é possível?
O banco emprestava sem o mínimo de rigor?
Arrisco-me a dizer que quanto mais emprestava, mais via
subir a sua cotação no mercado…
Será que é prática normal emprestar dinheiro a empresas sem
exigir garantias?
Se as coisas não funcionam desse modo, como é que o
regulador não se apercebe de nada?
A certa altura pus-me a pensar: “será que aqueles empresários
que não conseguiam empréstimo noutros bancos iam ao BPN porque alguém lhes
dizia “vá ao BPN que eles emprestam”.
Quando optaram pela nacionalização do BPN, nem devem ter
tido tempo para verificar este estado de coisas…
Como o perigo de risco sistémico era iminente, ou seja, como
acreditavam que havia um enorme risco da maioria das pessoas correr aos seus bancos
para levantar os seus depósitos e com isso criar a rotura total no sistema
financeiro, não tiveram tempo de se aperceberem do estado dos empréstimos do
BPN.
O Estado ao nacionalizar o BPN não só ficou com as suas
dívidas como também com os seus empréstimos.
Vem-se agora a saber que muitos dos empréstimos não valem
nada. Portanto, o Estado ficou com as dívidas do BPN e alguns balcões.
É importante referir que quem entretanto comprou o BPN não
quis ficar com ónus de ter que recuperar estes empréstimos. Essa parte ficou
com a empresa pública Parvalorem.
Alguns dos empresários
que deviam dinheiro ao BPN, e agora à Parvalorem, provavelmente, já passaram
todos os seus bens para o nome de outra empresa, ou de algum familiar, ou
puseram o dinheiro em alguma offshore.
Em suma, trataram de garantir que não lhes iam ao bolso.
Pelo que se sabe, alguns dos principais
gestores do banco fizeram a mesma coisa.
A justiça portuguesa não pode fazer nada, está de mãos
atadas. Será que ao menos vão mudar a lei de modo a que no futuro
consigam fazer mais qualquer coisa?
Conclusão: alguns
empresários pouco honestos safam-se.
O mesmo em relação a alguns banqueiros pouco
honestos, e os portugueses, pagam este que à data parece ser o maior roubo da
nossa história.
Resta dizer que “assistimos na bancada”.