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terça-feira, 26 de agosto de 2014

O BES travestiu-se!


O BES o tal banco recomendado por todo e qualquer guru financeiro, que até há pouco tempo foi alvo de uma reportagem, creio que do financial times, onde recomendava o banco “familiar” com mais de 150 anos, referindo até que era possível a existência de bancos de média dimensão privados livres de grandes grupos económicos, travestiu-se. Fez como que uma cirurgia em que livrou-se do que não queria (o que dava prejuízo) e ficou com os depósitos. Uma operação cirúrgica nunca vista e que cheira-me que vai gangrenar em "montes" de processos!

Apesar do discurso que o governo quis fazer passar de que era uma questão privada e que o estado não se intrometeria, deixando as responsabilidades para os accionistas, a verdade é que no final de contas uma vez mais foi o estado o salvador de devaneios, de gulas desmedidas dos privados. No final paga sempre o mesmo.

Afinal, o estado antes mesmo de anunciar que ia injectar até 4,5mil milhões no BES, já o tinha feito e não tinha dito nada a ninguém.

Afinal permitiu-se em abril de 2014 um aumento de capital, quando em setembro de 2013 (segundo as palavras do próprio governador do BdP) já havia indícios de práticas pouco recomendáveis, ou mesmo crime financeiro (como é possível?).

Afinal permite-se que um banco roube alguns clientes e accionistas convertendo poupanças em acções do próprio banco, desde que o prepósito do mesmo seja permitir que os grandes investidores salvem primeiro os seus investimentos (tal como aconteceu com a PT).

Afinal, antes de anunciar a intervenção e congelar as transacções de acções em bolsa, já os grandes investidores, um mês antes tinham sido avisados para retirar o dinheiro e aplicações enquanto podiam. Assim se justifica o crescimento do buraco de 1,2mil milhões em junho, para 3,7mil milhões em julho.

Afinal é fácil ser-se banqueiro, quando se geram lucros ficam para eles, quando se tem prejuízo atiram-se os mesmos para os pequenos investidores ou então para o estado.

 

Não tenho palavras para tudo o que se passou nestes últimos 3 meses no que diz respeito ao BES (a começar pelo Banco de Portugal, na minha opinião, uma vez mais comido). Até porque tive conhecimento, através de um boy, que a situação do BES estava camuflada. Antes da intervenção tive conhecimento de grandes clientes que foram avisados para colocarem as suas fortunas fora do banco. Pior do que isso é saber que esses mesmos clientes abastados beneficiaram de taxas de 11 a 15%, algo completamente impossível e que talvez por isso tenha resultado na cirurgia que lhe permitiu a metamorfose.

Em 3 anos tivemos: BPN, BPP, BANIF e BES – 6,5 mil milhões, 350milhões, 1,3mil milhões e agora 4,5mil milhões. Coisa pouca. Qualquer coisa como 12,65mil milhões que o estado teve de bancar.

Como é que podemos ficar indiferentes quando o governo anuncia mais cortes nos salários e pensões para ir buscar 350milhões anuais? Porque raio temos nós de pagar isto? Porque nos calha sempre a nós contribuintes, pagar as metamorfoses dos bancos?

Está mais que visto que o regulador (BdP) não consegue actuar. Está mais que visto que mais vale não existir bancos privados. É verdade que ficamos todos condenados à pouca flexibilidade da Caixa Geral para dar crédito ou pagar juros, mas ao menos, enquanto contribuinte, não me aparece uma conta de 12,6mil milhões para pagar!..