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segunda-feira, 11 de março de 2024

O povo votou e… o egoísmo ganhou

Não vejo outra razão para um partido como o Chega conseguir obter os resultados que conseguiu a não ser por beneficiar desse sentimento pouco nobre que é o egoísmo que vive entranhado e se transfere nos cromossomas das almas que constituem este – cada vez menos – nobre povo.

Os candidatos deste partido são o que são. Os discursos são o que são. O programa é o que é (ridículo). Mas Ventura promete tudo a todos sem excepção, encaixa-se na alma mais ultraconservadora até à alma mais brava marxista-leninista. E esse egoísmo floresce.

Recordo as palavras de Sérvio Galba, que chegou a governar o Império Romano entre 68 e 69 D.C. e que antes governou a Hispânia, quando se referiu ao povo Lusitano “Há, na parte mais ocidental da Ibéria, um povo muito estranho, não se governa nem se deixa governar”. Também Estrabão, filósofo grego do século I A.C descreveu o povo Lusitano como sendo muito individualista e com grande falta de coesão política. Povo esse que foi vencido. Pelo dinheiro, claro. Sempre o vil metal a alimentar-se desse egoísmo.

Roma conquistou-os, comprando-os. O dinheiro da traição sobrepôs-se a qualquer coesão política ou identitária. O tal egoísmo já lá estava e dois mil anos depois continua presente.

Alguém acena com euros e perdem-se os valores cívicos, societários e políticos. Ventura sabe disso e usa a estratégia tão bem-sucedida no passado. E como este povo é inculto, vive embriagado entre futebol, telenovelas e reality shows, não conhecerá certamente o destino traçado ao traidor em Roma. “Roma não paga a traidores, assassina-os”. Nesta rábula, Ventura é a Roma, o traidor são os egoístas que o levaram em ombros.  Estes, que hoje tiveram voz, amanhã poderão não a ter.

Karl Popper explica no seu paradoxo da tolerância, que a tolerância ilimitada leva ao desaparecimento da tolerância. Segundo ele, a intolerância não deve ser tolerada, pois se a tolerância permitir que a intolerância tenha sucesso completamente, a própria tolerância estaria ameaçada. Foi o que todos, partidos e fundamentalmente a comunicação social, fizeram nestes últimos anos. Podemos, pois, estar a caminhar paulatinamente para a extinção dos tolerantes sem sequer se aperceberem.

Como democrata, individuo que cresceu num país livre, pós 25 de abril, custa-me ver o caminho que este país trilha na cegueira dos seus egoísmos. Ainda haverá salvação? Temo pelas gerações mais novas. Haverá algo que possa fazer?

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

 

Há (quase) Três Séculos A Desenterrar Carbono

A revolução industrial ocorreu entre cerca de 1730 e 1850 em Inglaterra, e marca o início da utilização massiva de combustíveis fósseis (primeiramente o carvão).

Estes, permitem ter energia relativamente barata e acessível que pode facilmente ser transportada para onde é necessária.

A energia proporcionada pelo carvão, petróleo e gás, são o motor do crescimento económico desde então (sempre apoiado pelo desenvolvimento tecnológico).

Antes desse acontecimento, era habitual que a produção (as primeiras “fábricas”) estivessem onde fosse possível aproveitar a energia de recursos naturais (por exemplo, a água e o vento). 

Embora tenham nascido cidades junto a minas de carvão, era possível inaugurar uma fábrica noutro local, por exemplo, onde a mão de obra fosse abundante e mais barata.

O progresso e o crescimento económico desde então, trouxeram-nos para níveis de riqueza inimagináveis. Infelizmente, a distribuição da mesma não foi capaz de erradicar a fome e a pobreza no mundo.

Curiosidade

Sabia que “a formação do petróleo é um processo fascinante e demorado que leva milhões de anos. A teoria mais aceite é que ele se formou a partir da decomposição de matéria orgânica, principalmente algas e outros pequenos organismos marinhos, em ambientes com pouco oxigénio”. (fonte: Gemini).

Os seres humanos estão a causar o aquecimento global e as alterações climáticas.

Foi por volta de 1988 que o então diretor da NASA[1], James Hansen, “levou o assunto para o Congresso dos Estados Unidos”.

A partir desse alerta, os políticos passaram a estar mais atentos para os fenómenos resultantes das alterações climáticas.

Doze anos mais tarde, Al Gore perde as eleições nos Estados Unidos para George W. Bush.

Este, que tinha sido Governador do Texas, foi fortemente apoiado pelo lóbi do petróleo, indústria na qual trabalhou após terminar os estudos.

Foi uma eleição com recontagem de votos na Flórida e em que globalmente Al Gore teve mais votos, mas perdeu as eleições por uma margem estreita.

G. Bush com 271 votos no Colégio Eleitoral contra os 266 de Al Gore (com um eleitor a abster-se na contagem oficial).[2]

Foi mais um contratempo na luta contra o aquecimento global (ou deverei dizer azar)?

Em 2006 foi lançado o documentário “Uma Verdade Inconveniente”, “dirigido por Davis Guggenheim, sobre a campanha do ex-Vice-presidente dos Estados Unidos, Al Gore, para educar os cidadãos do mundo acerca do aquecimento global”[3].

Infelizmente, este problema que se pode tornar demasiado grave, continua a ser levado pouco a sério por grande parte da população, mas pior que isso, pelos decisores.

Essa aparente pouca preocupação, não nos assegura que o problema não esteja a agravar-se.

Como diz John Kerry: "É preciso responsabilizar os políticos por causa do clima"[4]

“O ex-responsável da diplomacia norte-americana John Kerry afirmou hoje que o mundo está a perder a luta contra as alterações climáticas porque ninguém cumpre os compromissos assumidos no acordo de Paris e há líderes que não acreditam na ciência”.

"A triste verdade é que não estamos a ganhar. Não há um único país a fazer aquilo a que se comprometeu em Paris", disse John Kerry, em Lisboa, no último dia da conferência Futuro do Planeta, promovida pelas fundações Oceano Azul e Francisco Manuel dos Santos”.

Do que tenho lido, são duas as principais razões que justificam a pouca atenção dos políticos para um problema tão sério.

- A população não se queixa, ou queixa-se muito pouco. A razão para tal deve-se ao facto do problema (ainda) ser pouco visível. Nós humanos, damos mais atenção aos problemas imediatos e visíveis do que aos que ainda “poderão” acontecer.

Como é que poderemos ter a certeza da magnitude dos problemas se não os sentimos?

Sim, é verdade que cada vez mais presenciamos eventos extremos relacionados com as alterações climáticas, furacões, ciclones, grandes incêndios florestais, precipitações intensas que provocam cheias, ondas de calor, secas prolongadas, degelo, etc, mas certamente que a maioria considera que se não passar disso, conseguiremos dar conta do recado.

- A outra razão está relacionada com a invisibilidade. As ações climáticas preventivas não têm visibilidade imediata. Visam fundamentalmente mitigar os problemas. Uma ação desenvolvida hoje não produzirá resultados climáticos imediatos. Na melhor das hipóteses, poderemos vir a dizer que determinado político tomou medidas que evitaram que as condições climáticas fossem hoje muito mais graves. Mas, nessa altura, o líder em questão, até pode já estar reformado ou morto.

As ações visam evitar que os problemas provocados pelas alterações climáticas se agravem. Já não é possível voltar ao clima que tínhamos antes do aquecimento global.

Reverter completamente as alterações climáticas para o estado pré-industrial é considerado extremamente improvável. As emissões de gases com efeito de estufa já causaram um aumento significativo da temperatura global e mudanças nos padrões climáticos. O dióxido de carbono, por exemplo, pode permanecer na atmosfera por milhares de anos, o que significa que os efeitos das emissões passadas continuarão a ser sentidos por muito tempo. (Fonte: Gemini).

Os políticos preferem gastar as verbas disponíveis em ações que tenham visibilidade, pois são essas que dão votos.

A não ser que os eleitores lhes digam que votam neles se prestarem atenção ao clima.

Precisamos de passar à ação!

Recentemente passou um documentário na televisão “Em busca do carbono neutro”.

Em resumo, o diagnóstico está feito e as ações necessárias estão identificadas. Sabemos o que temos de fazer para atingir esse objetivo até 2050 (carbono neutro).


Será que vamos conseguir? Por que não antes?

A resposta é simples: após ver o referido documentário, todas as medidas dependem, para além da dedicação política, de serem economicamente viáveis.

Ou seja, dificilmente serão implementadas (a tempo) enquanto não forem lucrativas.

Pior, esta sociedade desenvolveu-se, desde a revolução industrial, assente nos combustíveis fósseis. Há toda uma estrutura montada que não é fácil, nem barato, substituir.

Um bom exemplo, é o dos carros elétricos.

O documentário diz que nos EUA já representam 5% dos carros novos vendidos. Embora pareça um número baixo, indicia que irá conseguir completar a primeira fase do ciclo de vida de um produto (Introdução).

No entanto, dificilmente entra na fase de crescimento de forma sustentada se os preços não descerem. Um carro elétrico ainda tem um custo bastante significativo a mais do que um carro a gasóleo (a diferença é ainda maior se for a gasolina). Para além do facto de ter de trocar de bateria, em princípio, ao fim de dez anos.

Um carro elétrico da mesma gama, custa em média, mais dez mil euros do que um carro a gasolina, com a agravante de ter de investir outro tanto passado o período de vida da bateria (por volta de dez anos).

Pretendo com este exemplo, realçar a dependência da aplicação de ações para reduzir as emissões de carbono, à necessidade de que as mesmas sejam economicamente rentáveis (o que é diferente de viáveis).

No fundo, parece que estamos a dizer que só vale a pena salvar o planeta, se não colocarmos o crescimento económico (e o nível de vida) em causa.

Claro que é preferível ter o melhor dos dois mundos, conseguir atingir as metas sem perdermos qualidade de vida, mas até quando podemos continuar a procrastinar?

Não devemos permitir que a ansiedade perturbe a capacidade de bem decidir, mas também não podemos continuar a desperdiçar tempo.

Ver em pleno inverno praias cheias de pessoas a divertirem-se é espantoso, mas devemos nos perguntar como será o verão dentro de 10 anos. 

Voltar para trás já é impossível. Imagine a improvável tarefa de voltar a congelar o gelo que o aquecimento global derreteu.

Os sinais continuam a chegar-nos (comunicação social, Internet, rádio, etc), não só quando ouvimos / lemos notícias de fenómenos extremos, mas também de estudos científicos.

Recentemente li uma notícia que sugeria que a AMOC estava a enfraquecer.

A Circulação Meridional do Atlântico (AMOC, na sigla em inglês), da qual a Corrente do Golfo faz parte, funciona como uma gigantesca transportadora global, levando água quente dos trópicos em direção ao extremo Atlântico Norte, onde a água esfria, torna-se mais salgada e afunda profundamente no oceano, antes de se espalhar para o sul. [5]

As principais causas do enfraquecimento da AMOC são:

          Aumento do derretimento do gelo na Gronelândia

          Aumento da temperatura do oceano

O colapso da AMOC teria consequências graves para o clima global, incluindo:

          Arrefecimento na Europa e América do Norte

          Aumento do nível do mar

          Mudanças nos padrões de precipitação

 

De acordo com o programa europeu de observação da Terra, Copernicus, “O mundo ultrapassou pela primeira vez durante 12 meses consecutivos o limite do aquecimento de 1,5ºC face à era pré-industrial[6]

Este aumento não foi sentido de forma idêntica em todo o lado. Aqui, na região Oeste (Portugal), o inverno mostrou-se muito timidamente. As temperaturas diárias têm se assemelhado mais às da primavera.

Torna-se preocupante por estarmos cada vez mais perto do limite dos 2ºC estabelecido no acordo de Paris, quando ainda faltam mais de 25 anos para atingirmos a data-limite (2050), e ainda não parámos de bater recordes nos milhões de toneladas de carbono, enviados anualmente para a atmosfera. 

Perguntei à IA do Google e da Microsoft (Gemini e ChatGPT) quais as consequências para a humanidade e para o planeta como um todo, se a temperatura subir 2ºC face ao período pré-industrial.

Eis algumas das respostas:

“As consequências para a humanidade se a temperatura subir 2ºC face ao período pré-industrial são graves e abrangentes, impactando diversos aspetos da vida humana e natural.

Aumento do nível do mar: O derretimento das calotas polares e de glaciares levaria a um aumento significativo do nível do mar, inundando áreas costeiras e deslocando milhões de pessoas.

Eventos climáticos extremos: Ondas de calor, secas, inundações, tempestades e furacões, mais frequentes e intensos, causando perdas de vidas, danos em infraestruturas e impactos na agricultura.

Perda de biodiversidade: O aumento da temperatura levaria à extinção de diversas espécies de animais e plantas, alterando os ecossistemas com forte impacto na cadeia alimentar.

Acidificação dos oceanos: A absorção de CO2 pelos oceanos tornaria a água mais ácida, prejudicando a vida marinha e a cadeia alimentar.

Escassez de água e alimentos: A seca e a desertificação afetariam a produção de alimentos, levando à escassez e à fome, especialmente em regiões já vulneráveis.

Migração em massa: A elevação do nível do mar e os eventos climáticos extremos deslocariam milhões de pessoas, criando crises humanitárias e refugiados climáticos.

Impactos na saúde: As ondas de calor e a proliferação de doenças transmitidas por mosquitos aumentariam a morbidade e a mortalidade, especialmente entre grupos vulneráveis.

Danos à infraestrutura: Eventos climáticos extremos danificariam casas, estradas, pontes e outras infraestruturas, gerando custos bilionários para reparos e reconstrução.

Conflitos e instabilidade: A escassez de recursos e os impactos sociais poderiam levar a conflitos por água, terra e alimentos, desestabilizando regiões e aumentando a violência.

Para evitar as piores consequências do aumento de 2ºC, é necessário que os países assumam compromissos sérios e urgentes para reduzir as emissões de gases de efeito estufa”.

E se forem 4ºC? Uma vez que as respostas podem ser facilmente obtidas, apresento apenas um resumo da resposta.

“Aqui estão algumas das consequências que poderiam ser esperadas de um aumento de 4ºC na temperatura global:

1.         Colapso dos Ecossistemas: … extinção em massa de espécies e mudanças irreversíveis nos sistemas naturais.

2.         Aumento Drástico do Nível do Mar: … levando ao deslocamento de centenas de milhões de pessoas.

3.         Agricultura Severamente Afetada: … levando a crises alimentares generalizadas.

4.         Escassez de Água Generalizada: … exacerbando os conflitos sobre recursos hídricos.

5.         Condições Climáticas Extremas Incontroláveis: … causando danos catastróficos à infraestrutura e à vida humana.

6.         Colapso da Economia Global: … podendo levar a uma crise económica global sem precedentes.

7.         Riscos para a Saúde Pública: … A disseminação de doenças infeciosas, representaria sérios riscos para a saúde pública em todo o mundo.

8.         Instabilidade Social e Política: … conflitos resultantes da competição por território e recursos.

Em resumo, um aumento de 4ºC na temperatura global teria impactos devastadores à escala global, com consequências profundas para a humanidade, os ecossistemas e a economia”.

Não vale a pena perguntar por temperaturas mais altas…

Imaginem que milhões de anos depois, um ser inteligente consegue reescrever a história do planeta Terra e conclui que “os humanos eram mais inteligentes que os dinossauros, mas que estes eram menos estúpidos, afinal os répteis não faziam ideia que um pedregulho iria chocar com a Terra enquanto os primatas sabiam o que estavam a fazer e como o evitar”.

Confesso que sinto a minha preocupação pouco correspondida. Por exemplo, até à data de hoje, não vi o assunto das alterações climáticas ser discutido em qualquer dos debates às eleições do próximo dia 10 de março.

Muitas vezes pergunto-me se estarei errado…

Afinal, não estar a ser divulgada informação como gostaria, não é razão para pensar que pouco está a ser feito ou que não vamos conseguir atingir os objetivos.

Não tenho dúvidas que o problema existe e que pode tornar-se grave.

Os cientistas têm alertado o mundo para este problema há décadas, e como sabemos, os investigadores científicos têm por regra analisar os factos e procurar comprová-los, antes de falar deles.

 



[1] https://g1.globo.com/natureza/blog/amelia-gonzalez/noticia/2018/10/08/um-pouco-de-historia-sobre-o-relatorio-que-alerta-para-o-risco-das-mudancas-climaticas.ghtml

[2] https://pt.wikipedia.org/wiki/Elei%C3%A7%C3%A3o_presidencial_nos_Estados_Unidos_em_2000

[3] https://pt.wikipedia.org/wiki/Uma_Verdade_Inconveniente

[4] https://pt.euronews.com/2019/09/16/john-kerry-e-preciso-responsabilizar-politicos-por-causa-do-clima

[5] https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/sistema-de-correntes-do-atlantico-mostra-sinais-de-colapso-resultado-pode-ser-catastrofico/

[6] https://cnnportugal.iol.pt/clima/copernicus/limite-do-aquecimento-foi-ultrapassado-pela-primeira-vez-em-12-meses-consecutivos/20240208/65c5086ed34e371fc0bcdcfc

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024

A lição de ensino básico do PSD-Madeira ao país (para os que quiserem aprender)

 Vivemos tempos conturbados na nossa democracia. Nunca imaginei ver sondagens a dar 20% de intensão de voto a um partido fascista, vazio de conteúdo, cheio de frases feitas demagógicas.

“Os políticos dos partidos democráticos são uma vergonha e são corruptos.” Frase tão fácil de proferir e de colar nos ouvidos de pessoas cuja paciência para a política é nula, absorvidos no seu egoísmo social.

Visto que todos eles (políticos) vêm da mesma “massa” que é o povo, não são seres extraterrestres puros de espírito, que caíram neste país para que, qual paladinos, o transformarem no olimpo da honestidade, existe uma forte probabilidade de mudar o partido no governo, mas no final, tudo ficar na mesma no que respeita à corrupção.

Existe, no entanto, uma diferença significativa. É que partidos democráticos são mais permeáveis à Comunicação Social e ao Sistema Judicial – mesmo assim, na Ilha da Madeira, um partido democrático conseguiu controlar a ilha, quer o sistema judicial quer a comunicação social.

Ou seja, a diferença não está na postura idónea dos partidos paladinos da verdade e honestidade. A diferença vai estar no que nós, simples cidadãos, vamos saber. Do que nos vai chegar através da comunicação social. Quando um partido fascista como o Chega controlar o país, não haverá corrupção, não porque não se pratique, mas porque não vai chegar aos ouvidos do povo.

Este é o ensinamento básico que o PSD-Madeira nos deixa e que todos deveríamos interiorizar, perder 5 minutos para pensar – em detrimento de 5 minutos de instagram do Chega. É que, felizmente para a Ilha da Madeira, existe um governo central, o qual o partido regional não controla, e que pode fazer aterrar na ilha dois aviões com 300 técnicos de investigação. Num continente controlado por um partido fascista, não haverá 2 aviões a aterrar (europeu?) para investigar o que um partido fascista anda a fazer no governo de um país soberano. Quem nos salvará? Quem irá investigar roubos de milhões?

 

Corruptos por corruptos, dou preferência aos que possibilitam que se saiba na comunicação social os casos de corrupção, que deixam procuradoras escrever parágrafos a solicitar investigações ao primeiro-ministro, ou juízes a destilarem ódio contra juízes, ou juízes a almoçarem com políticos. Porque no final, posso sempre dormir de consciência tranquila de que não foi com o meu voto que foram para o poder.

Já com outros partidos autocráticos/fascistas a controlar o poder, não terei essa liberdade de espírito, pois muito provavelmente, o meu voto não contará nas urnas. 

terça-feira, 9 de janeiro de 2024

QUE NÃO SEJA TARDE DEMAIS!

A propósito das alterações climáticas provocadas pelo aquecimento global, gostaria de dizer que não se ouve falar muito sobre o assunto.

Isso parece querer dizer que não se espera que daí venha um grande problema.

No entanto, são vários os autores e cientistas que parecem preocupados, e incansáveis de alertar para as consequências dramáticas que advêm se a temperatura ultrapassar os dois graus centigrados, tornando-se catastrófico se chegar aos 3 e difícil de imaginar como seria se ultrapassasse os 4.

Pessoalmente, incomoda-me mais do que a falta de discussão sobre o assunto, estar-se a fazer muito pouco para mitigar o aquecimento global, confirmado pelo facto dos valores dos gases com efeito de estufa, continuarem a aumentar ano após ano.

A principal explicação que tenho encontrado para justificar tamanha passividade prende-se com o facto de as medidas contra as alterações climáticas não produzirem efeito no curto/médio prazo.

Ou seja, muito dificilmente as medidas que os políticos tomarem no presente produzirão resultados no tempo dos seus mandatos.

Como já li algures, as condições climáticas de hoje são consequência das ações humanas de há vinte anos. É o tempo de leva a produzir efeito.

Logo, as ações de hoje só serão sentidas daqui a 20 anos (sensivelmente).

Portanto, não dá votos!

Por outro lado, dizem também alguns especialistas, não é fácil que seja percecionado como um perigo, algo que ainda não o é.

Sim, é verdade que temos tido longos períodos sem precipitação e depois parece que chove tudo num só dia.

Ou que os incêndios são cada vez mais difíceis de controlar.

E que nalgumas regiões já se fala em racionar a água ou construir dessalinizadoras.

Mas nada disso parece, pelo menos para já, suficientemente motivador para convencer a esmagadora maioria dos eleitores a abdicar de exigências relativas à melhoria do nível de vida, e em particular do poder de compra, por significativos investimentos em medidas para mitigar o aquecimento global.

Para agravar a situação, o combate ao aquecimento global depende do envolvimento de muitos, para não dizer de todos.

Claro que há atividades muito mais poluentes, assim como países mais responsáveis do que outros, mas o que se tem visto é uma clara primazia para o crescimento económico, e que os países não tencionam tomar medidas que os atrasem face aos principais competidores.

Alguém imagina os EUA a preocuparem-se mais com o clima do que com a China? Ou vice-versa?

Mas o ponto mais importante de todos, é que mesmo com preocupações económicas já era possível, já temos capacidade tecnológica e financeira, para fazer muito mais.

Se não estamos a fazer o que podíamos, e se não se sente muita preocupação no ar, talvez seja porque o aquecimento global só é um problema na cabeça de alguns.

Ou então, os decisores estão à espera de que se torne grave para que a população assustada exija finalmente a tomada de medidas.

Se assim for, tornar-se-á no grande negócio.

sexta-feira, 5 de janeiro de 2024

 AQUECIMENTO GLOBAL

A propósito do aquecimento global, procurei tentar saber se houve, em tempos passados, períodos em que a Terra tenha aquecido de modo idêntico ou superior ao que vivemos atualmente.

Encontrei dois períodos, um há relativamente pouco tempo, e outro, muito antes de surgirem os primeiros primatas.

Nunca o homem ou qualquer hominídeo viveu um período tão quente quanto o que vivemos atualmente, e o planeta ainda não parou de aquecer (nem sabemos quando vai parar).

Falemos um pouco sobre esses dois períodos:

O PERÍODO QUENTE MEDIEVAL

Um dos argumentos mais citados pelos céticos do aquecimento global é que o Período Quente Medieval (800-1400 d.C.) foi tão ou mais quente do que hoje.

«(…)

Desde o aquecimento do início do século, as temperaturas têm subido muito além das alcançadas durante o Período Quente Medieval na maior parte do globo. O Relatório da Academia Nacional de Ciências de 2006, considerou plausível que as temperaturas atuais sejam mais quentes do que durante o Período Quente Medieval. Outras evidências obtidas desde 2006 sugerem que mesmo no Hemisfério Norte, onde o Período Quente Medieval foi mais evidente, as temperaturas atuais estão além das experimentadas durante a época medieval (Figura 1). Isso também foi confirmado por um importante artigo escrito, em 2013, por 78 cientistas representando 60 instituições científicas ao redor do mundo.

Em segundo lugar, o Período Quente Medieval tem causas conhecidas que explicam a escala e o padrão do aquecimento. Está claro para os cientistas agora que o Período Quente Medieval ocorreu durante uma época em que a radiação solar estava acima da média e a atividade vulcânica abaixo (ambos resultando em aquecimento). Uma nova evidência também sugere que mudanças nos padrões de circulação oceânica tiveram um papel importante ao levar águas mais quentes para o Atlântico Norte. Isso explica muito do extraordinário aquecimento da região. Essas causas de aquecimento contrastam significativamente com o aquecimento atual, que nós sabemos que não pode ser causado pelos mesmos mecanismos.

No geral, nossas conclusões são:

a) Globalmente as temperaturas estão mais quentes do que estiveram durante os últimos 2.000 anos, e

b) as causas do aquecimento Medieval não foram as mesmas que causaram o aquecimento do final do século XX.


Figura 1: Reconstrução das Temperaturas do Hemisfério Norte por Moberg et al. (2005), mostrada em azul; Registro Instrumental de Temperaturas da NASA, mostrado em vermelho.

(…)»

Ver artigo completo em: https://skepticalscience.com/translation.php?a=4&l=10

 

TEMPERATURA DO PLANETA ATINGIU NÍVEIS LETAIS NO PERÍODO TRIÁSSICO

 «(…)

Há 250 milhões de anos, temperatura na região tropical do planeta chegava a 60ºC, impedindo a vida nos trópicos do planeta

Os pesquisadores já sabiam que o aquecimento do planeta havia sido uma das principais causas da extinção em massa no final do Permiano, mas agora descobriram que níveis letais de calor foram responsáveis pelos cinco milhões de anos de dificuldades que se seguiram. Durante esse período a temperatura nos continentes na região dos trópicos variava entre 50 graus Celsius e 60 graus Celsius. No mar, chegava a 40 graus Celsius. “Já sabíamos que o aquecimento global estava ligado à extinção em massa do fim do Permiano, mas esse estudo é o primeiro a mostrar que temperaturas extremas impediram a vida de recomeçar nas baixas latitudes durantes milhões de anos”, disse Yadong Sun, pesquisador da Universidade de Leeds e um dos autores do estudo.

Antes da grande extinção, a Terra era intensamente povoada por plantas e animais, com uma grande população de répteis e anfíbios primitivos nos continentes e uma grande variedade de criaturas no mar. Após o aquecimento, a zona morta se estendeu por toda região tropical do planeta, que se tornou uma área extremamente quente e húmida. Foi o fim das florestas. Sobraram apenas pequenos arbustos e samambaias. Nenhum animal conseguiu sobreviver em terra. Os peixes e répteis marinhos fugiram para regiões mais frias, deixando os oceanos tropicais para serem habitados apenas por animais invertebrados, como os moluscos. Nesse período, as regiões polares se tornaram o último refúgio da biodiversidade.

Forno triássico – Para chegar a esse resultado, os pesquisadores analisaram os dentes de 15.000 Conodontes, peixes pré-históricos que se parecem com as enguias, encontrados no sul da China. Nesses animais, a quantidade de isótopos de oxigênio encontrada no esqueleto depende da temperatura do ambiente. Logo, por meio da análise química dos dentes os pesquisadores conseguiram prever a temperatura da Terra há milhões de anos.

Esse é o primeiro estudo a mostrar que a temperatura nos oceanos poderia chegar a letais 40 graus Celsius – uma temperatura tão elevada que a maioria dos animais morre e a fotossíntese não é mais possível. Para efeitos de comparação, hoje a temperatura média nos mares equatoriais vai de 25 a 30 graus Celsius.

Nunca ninguém havia ousado dizer que o clima do passado havia atingido níveis tão altos.

Se tivermos sorte, a atual tendência de aquecimento global não vai nos levar nem perto da temperatura de 250 milhões de anos atrás. Mas, se chegar, nós mostramos que a Terra pode demorar alguns milhões de anos para se recuperar”, disse Paul Wignall, professor da Universidade de Leeds e um dos autores do estudo.

(…)»

Ver artigo completo em: https://veja.abril.com.br/ciencia/temperatura-do-planeta-atingiu-niveis-letais-no-periodo-triassico

 

Tabela Do Tempo Geológico


Fonte: https://paleontologiaeevolucao.blogs.sapo.pt/eras-geologicas-938

 

 

 

 

 



sexta-feira, 20 de outubro de 2023

No vácuo do “pipi” do Montenegro

Pipi quer dizer muita coisa e de forma informal, conjugado com algumas palavras, pode ser interpretado como “bonito” ou “arranjadinho” ou até de forma irónica resvalar para um “pintas”. É expressão utilizada no grupo de amigos, principalmente jovens – pós-adolescência – quando se encontram nos preparos para a caça noturna, numa “disco” qualquer, levando a sua melhor roupa ou, não sendo a “melhor”, a que consideram com mais estilo ou se enquadra com a sua figura ou até com a presa que pretendem caçar.

Eis, pois, que o maior candidato da oposição decide falar sobre algo tão importante como o Orçamento de Estado, talvez mesmo o tema mais importante que uma oposição possa ter para malhar no governo, referindo-se ao mesmo usando o termo: pipi.

Caro Montenegro, tudo o que possas dizer depois de usar o termo pipi, desvanece-se, são palavras soltas, ocas e mudas. Ninguém prestou atenção. Poderás ter dito as coisas mais acertadas sobre o OE (ou então não), que ninguém conseguiu perceber, reter ou refletir, tal foi o impacto que o termo pipi teve na nossa – parca – mioleira. Até para falar com o povo é necessário ter jeito ou cultivá-lo, principalmente para quem não nasceu do povo.

Bem sei que tentas falar para nós, povo, de forma informal, para ver se nós, coitadinhos, conseguimos apanhar a mensagem. Fica-te mal. Não te assenta. É estranho. É estranho ver um “betinho” com manias de James Bond, a tentar “ser do povo”. Corres o risco de perder os verdadeiros betinhos que te acompanham e não chegares ao povo. Tenho a certeza que ninguém do povo fixou uma palavra ou ideia depois de ouvir o pipi. Espera… seria esse o teu objetivo? Nada dizer? Aaaah!…. Ok!.. Então foste bem-sucedido! Vês? Que te digo? Este povo não percebe nada de política!

sábado, 14 de outubro de 2023

O eterno conflito Israelo-Árabe

 


Vivem-se dias complicados no médio oriente após o ataque bárbaro do HAMAS que teve como único objetivo aterrorizar as populações, algo digno das antigas tribos Germânicas e Hunos que há milénio e meio aterrorizavam as povoações romanas. Sim, isso mesmo, milénio e meio.

Custa a acreditar que 1500 anos depois, ainda estejamos a assistir a este tipo de ações em zonas de conflito – não é exclusivo desta zona geográfica tendo, infelizmente, muita incidência no continente africano, a que não é alheio o facto de serem zonas com baixo índice de escolaridade e educação não sendo no entanto fator único, basta ver pelo que está a acontecer na Ucrânia.

É interessante ver os políticos, nacionais e internacionais, a fazer equilíbrio no trapézio: condenam o ataque e as ações do HAMAS mas depois apressam-se a condenar o estado de Israel e a defender o “povo” da palestina e o seu direito à autodeterminação.

Mas quem são afinal os palestinianos? E qual era o seu território afinal tão proclamado? Esta é a questão mais interessante de todas e que, se olharmos com algum distanciamento emocional veremos, que é tão válido o argumento do estado da Palestina, como agora gerar-se um movimento no sul de Espanha liderado por muçulmanos a exigir o direito ao estado de Granada. Bom, talvez esteja a exagerar, mas não por muito.

A Palestina, só existiu como região, após o Império Romano tomar conta da região e eliminar os Reinos de Israel (sim já existia), Damasco, Judá, Filisteus, Edom, Moabe, Amon e Finícios. Todos eles separados, mas que juntos formavam a “Judeia”. Só em 135 d.c. é que a zona passa a ter o nome de Síria-Palestina depois do Império Romano agregar outros territórios vizinhos.

Com a queda do Império Romano em 640 d.c. a região é dominada por Muçulmanos Árabes e é nesta altura que surgem os “palestinos” uma mescla de árabes e judeus com estes últimos, os que puderam, a fugirem do território e a espalharem-se pelo mundo, os outros (tal como hoje acontece com os "Palestinos") foram ficando.

Vieram Cruzados, voltaram Muçulmanos Árabes, vieram Otomanos ( Muçulmanos mas sunitas) e depois Britânicos. Dividiu-se a região saindo a Jordânia e o Mandato Britânico da antiga “Judeia”. Houve guerra de Judeus e Árabes contra os britânicos. Houve guerra entre árabes e judeus com vitória dos últimos que conquistaram o seu espaço - ao qual chamaram de Israel - e aumentaram, muito motivados pelo facto de, após II Guerra Mundial, se encontrarem desesperados por terem um pedaço de terra no mundo a que chamar “terra”, o seu refúgio. Os Árabes da Jordânia ficaram com parte do Mandato Britânico na Cisjordânia, outros Árabes que já lá estavam, ficaram em Gaza com proteção do Egipto. E Israel ficou e foi conquistando o resto.

Quando os judeus declaram o seu estado de Israel, os Árabes, todos eles, tenham nascido na antiga região da palestina, ou nos países vizinhos do Líbano, Síria, Jordânia, Egipto e Iraque não gostaram e declararam guerra. E perderam.

Anos mais tarde voltaram a declarar guerra e voltaram a perder.

Convém lembrar que os Britânicos, quando dominavam a região, agastados com as permanentes guerrilhas no território, tentaram dividir o território entre judeus e muçulmanos árabes, tendo realizado várias propostas todas elas rejeitadas pelos árabes por considerarem não haver direito à existência do estado de Israel.

Quem são afinal os palestinianos? São ambos, Judeus e Muçulmanos (árabes). Quem tem direito ao território? Se formos pelos “nomes” cronológicos e religião, então o estado de Israel e os Judeus teriam direito ao pedaço de terra. Se formos pelas batalhas, cujo resultado normalmente origina um vencedor e um perdedor, então também Israel ganhou. Sendo que amanhã pode perder. É o resultado das guerras.

Um perdedor dificilmente pode impor as regras ao vencedor. Pode continuar a lutar ou seguir em frente. Yasser Arafat lutou durante anos, mas no final percebeu que o caminho era seguir em frente, aceitar a derrota e criar um estado na Palestina no território que Israel deixou para eles - Faixa de Gaza e Cisjordânia. Infelizmente morreu antes de conseguir cimentar a sua ideia. Foi pena, tal como Mandela, teria sido fundamental para estabilizar a região e reduzir os ódios, neste caso religiosos. O tempo cura as feridas. O HAMAS não quer curar feridas, pelo contrário, quer abri-las mais e marcar gerações jovens, estimulando o ódio.

Neste estado das coisas é impossível uma solução para o conflito. Não sejamos hipócritas. Israel não pode ajudar um povo que por sua vez sustenta um grupo armado (HAMAS) que atenta contra o estado de Israel. Faríamos nós diferente? Centenas de milhar de palestinianos atravessam a fronteira todos os dias para ganhar dinheiro em Israel, para depois serem extorquidas no seu território, para alimentarem o estado armado. Estaríamos nós dispostos a ceder território, a promover o desenvolvimento de um povo, sabendo que isso significaria uma ameaça permanente à nossa existência?

E porque é que os países vizinhos, todos eles muçulmanos árabes fecham as portas aos “palestinianos” árabes? Se foram solidários com eles ao declararem guerra a Israel, porque não são solidários e arranjam uma solução? Há espaço neste mundo que chegue para todos. Mas parece que não. Mais vidas serão ceifadas, todas, pelo menos aos olhos de alguém, serão justificadas, o que torna isto macabro, grave e impossível de resolver. Enquanto o fanatismo religioso se sobrepuser à razão, ao respeito pelo próximo, à liberdade existencial de cada um, a tragédia será irremediavelmente o destino dos dois povos.

PS – quem estupidamente tenta colar este conflito ao conflito da Ucrânia revela uma limitação do seu QI preocupante e deveria imiscuir-se de falar sobre o assunto.

 

 

 

 

  

 

 

quinta-feira, 3 de agosto de 2023

 

Mais uma mãozinha para os bancos?

Temos ouvido falar, nos meios de comunicação social, dos lucros extraordinários que os Bancos têm tido[1], numa altura de sucessivos aumentos das taxas de juro.

Ou seja, enquanto uns vão vivendo cada vez mais sufocados com a perda de poder de compra, outros beneficiam escandalosamente.

O que não deixa de ser curioso, é que não me recordo de ter ouvido falar em prejuízos extraordinários, ou sequer em prejuízos, quando as taxas de juro estiveram em valores próximos de zero, ou mesmo em valores negativos.

Ou seja, independentemente de eventuais explicações, isto não devia de ser mais proporcional?

Com taxas de juro muito baixas, os lucros caem, é certo, mas os bancos conseguem evitar prejuízos. Quando as taxas sobem, os lucros crescem exponencialmente.

Dizem que os bancos compram dinheiro mais caro, quando as taxas estão altas, e mais barato, quando estão baixas.

No meio de tudo isto, ainda temos o “spread”, que supostamente é a taxa de lucro dos bancos.

Ou seja, o coelhinho foi com o Pai Natal, e o palhaço, no comboio ao circo…

Lá, foi lhes dito que o BCE tem como grande objetivo manter a inflação num valor relativamente baixo.

Para tal, sempre que necessário, usa a subida das taxas de juro.

Mas uma parte significativa do efeito provocado pela subida das taxas de juro não é o mesmo em todos os países afetados pelas decisões do BCE.

Há países em que cerca de 80% dos créditos à habitação são com taxa fixa, enquanto outros, como é o caso de Portugal, essa percentagem refere-se ao crédito com taxa variável

Talvez seja porque geralmente é a que compensa na altura do contrato, e (digo eu), para a grande maioria, todo o pilim faz falta.

Isto significa que as subidas das taxas de juro têm um impacto muito maior nas famílias com crédito à habitação com taxa variável.

Logo, se a maioria das pessoas optar por mudar para taxa fixa (agora não é a melhor altura, esperem que desça significativamente), as ações do BCE perdem impacto.

Se deixar de ter o efeito que tem no crédito à habitação, terá de ter maior efeito no crédito ao consumo e no crédito ao investimento.

Nesse cenário, e se continuar a ser a única ferramenta para baixar a inflação, arrisco-me a dizer que o BCE não tem outra alternativa para além de subir ainda mais as taxas de juro.

 

 



[1] https://www.dinheirovivo.pt/empresas/lucros-do-bcp-disparam-580-na-primeira-metade-do-ano--16765243.html

terça-feira, 22 de novembro de 2022

Descer a inflação? Até onde? E, até quando?

Não consigo deixar de achar alguma graça às notícias que têm sido transmitidas pela comunicação social, nos últimos dias, relativas a vários bancos terem decidido distribuir prémios pecuniários aos seus funcionários.

Quer dizer, os bancos (seguindo orientações do banco central) para fazer descer a inflação, tiram poder de compra a todos os seus clientes com empréstimos, subindo-lhes as prestações, e em simultâneo, contrariam essa intenção de fazer descer a inflação, aumentando o poder de compra dos seus funcionários.

Sim, é verdade que os clientes são em muito maior número, mas onde fica o critério e o exemplo?

Um amigo diz que não tem nada a ver com isso, que os bancos apenas estão a evitar pagar tantos impostos sobre os lucros.

Então onde fica esse grande imperativo de fazer descer a inflação?

A esse propósito, continuo com aquelas dúvidas na cabeça: existe algum estudo que diga que são as pessoas que têm empréstimos contratados, as únicas responsáveis pela subida da inflação? Não haverá forma mais eficiente de fazer descer a inflação?

Ou será que isto de poder subir e descer as taxas de juro não passa de um poderosíssimo instrumento ao serviço de quem o pode usar?

A verdade é que muitas pessoas estão a ver o fruto do seu trabalho diminuir, algumas de forma considerável, mesmo que estejam a remar em sentido contrário!

E nem sequer conseguem ficar com a sensação que isto de fazer descer a inflação é para levar a sério!

segunda-feira, 14 de novembro de 2022

Deixem os mercados funcionar!

Recentemente li uma notícia que dizia que a Caixa Geral de Depósitos (CGD) teve lucros de quase 700 milhões nos primeiros nove meses do ano[1].

Não considero mau as empresas terem lucro, mas não consegui evitar que me viesse à memória uma pergunta, em jeito de resposta, que um amigo deu a outro:

- Sabias que o fulano tal vai casar?

- Ai vai! Contra quem?

Mas o meu comentário vai para outra notícia, igualmente da CGD, que diz que o banco público pretende avançar com uma compensação salarial de até 900 euros, a trabalhadores que aufiram um rendimento mensal até 2.700 euros[2] (900 para os que ganham até 1.500 e 600 para quem ganha entre 1.500 e 2.700€).

A decisão visa compensar a subida acelerada da inflação (que já vai numa “histórica inflação”).

Não tenho qualquer inveja e até acho muito bem que uma empresa/instituição que tenha lucros, decida atribuir compensações salariais aos seus trabalhadores.

Aliás, a esse respeito, tenho a dizer que lamento que cada vez menos empresas distribuam lucros com os seus trabalhadores. Vivemos um tempo em que o capital-humano tem perdido valor para o capital-capital.

Mas, não consegui evitar de pensar que a CGD, por interposta decisão do Banco Central Europeu (e sua presidente, Sr.ª Christine Lagarde) aumente as taxas de juro aos seus clientes para lhes retirar poder de compra, e dessa forma fazer descer a inflação, e, em simultâneo, procure combater a perda de poder de compra dos seus trabalhadores, com compensações salariais.

Afinal, qual é o critério?



[1] https://observador.pt/2022/11/10/caixa-lucra-692-milhoes-em-nove-meses-mais-61-e-preve-pagar-ao-estado-o-maior-dividendo-de-sempre/

[2] https://www.jornaldenegocios.pt/empresas/banca---financas/detalhe/cgd-avanca-com-compensacao-salarial-de-ate-900-euros-a-trabalhadores

sexta-feira, 4 de novembro de 2022

A Inflação e a Subida dos Juros

 

Recentemente ouvi um economista dizer que estávamos perante uma tempestade perfeita:

- Falta de algumas matérias-primas (porque nada neste mundo é infinito, e porque ainda não se encontraram alternativas);

- Escassez de artigos para entrega, resultante do encerramento de fábricas devido ao Covid;

- Aumento dos preços dos produtos energéticos e dos produtos alimentares, devido à guerra na Europa;

- E, quanto a mim, alguma especulação, resultante da vontade de subir margens para aumentar lucros.

Tudo isto, em simultâneo, a tal tempestade perfeita, resultou numa subida acentuada dos preços, o que levou à subida da inflação, que em valor médio está nos 10.2 (em Portugal), mas que em alguns produtos, ultrapassa o dobro desse valor.

O Banco Central Europeu tem como objetivo controlar a inflação, tendo como valor de referência os 2%[1].

Para fazer baixar a inflação, aumenta as taxas de juro[2]. Desse modo incentiva a poupança e, mais importante, desincentiva o consumo.

O que está errado nisto? A injustiça da medida!

Esta medida é injusta, e não creio que seja a mais eficiente, porque só afeta uma parte da população.

Nem todos têm empréstimos bancários.

Alguém pode afirmar que as pessoas que têm empréstimos à habitação são as mais consumidoras?

Ou que esta crise foi provocada pelo consumo resultante de dinheiro emprestado?

Estou menos informado do que se passa ao nível das empresas, mas acredito que também aí, haja empresas mais afetadas com a subida das taxas de juro do que outras, mas tal não significa necessariamente, que sejam as mais responsáveis pelo aumento da inflação.

Se o grande objetivo é fazer descer os preços reduzindo a procura, então porque não subir a taxa de IVA?

Claro que esta medida não se aplicaria aos produtos de primeira necessidade. Definia-se um cabaz com produtos fundamentais e todos os outros ficavam sujeitos a uma subida do IVA proporcional à subida do respetivo preço. O IVA voltaria ao valor inicial à medida que os preços fossem descendo.

Outra medida possível, seria a redução do poder de compra, com medidas semelhantes às adotadas no tempo da Troika.

Seriam certamente medidas mais eficazes, mas acima de tudo, mais abrangentes, e por isso, mais justas.

Por outro lado, o dinheiro que o Estado arrecadava a mais com o IVA, ou com o IRS, podia (e devia) ser utilizado para ajudar aqueles que mais necessitam.

Afinal, porque é que aquelas pessoas que contraíram empréstimos, muitas delas, vários anos antes desta crise, estão a ver o esforço do seu trabalho cair a pique.

Muitos trabalhadores competentes e dedicados, já viram o seu esforço ser “engolido” pelas taxas de juro.

Os aumentos salarias (que ainda não chegaram) para ajudar a compensar os aumentos da inflação, bem como eventuais aumentos resultantes de progressões nas carreiras, por mérito, já foram resgatados pelas subidas das taxas de juro, e as taxas de juro vão continuar a subir.

Esta crise não devia ser suportada por todos?

Para onde vai o dinheiro das taxas de juro? O dinheiro que estão a tirar às famílias para que não consumam?

Alguns vão dizer que quando as taxas de juro desceram, ninguém disse nada.

É verdade, mas até nessa altura os Bancos tiveram lucros. Recebem sempre o montante do empréstimo mais a respetiva taxa de lucro, o SPREAD.

Não é comparável!

O que é certo é que uma parte da população chega ao fim do mês com muito menos dinheiro disponível na carteira. E não é porque trabalharam menos, é porque “o sistema”, decidiu de forma administrativa, que esse dinheiro tinha de ser entregue ao Banco.

Ou seja, sem nada de palpável que o justifique, o dinheiro ganho a trabalhar passa do bolso de uns para a conta de outros. Assim, por decreto!

Dizem-nos os economistas que numa sociedade capitalista (como a nossa) devemos deixar os mercados funcionar. Não devemos interferir.

Então tirar a uns para entregar a outros não é uma interferência?

E, porque diabo, são sempre os mesmos a receber?



[1] https://pt.euronews.com/my-europe/2022/06/25/porque-e-que-os-bancos-centrais-aumentam-as-taxas-de-juro-para-conter-a-inflacao

[2] https://www.ecb.europa.eu/ecb/educational/explainers/tell-me-more/html/interest_rates.pt.html

segunda-feira, 31 de outubro de 2022

 


17.          Afinal porque cá andamos?

Não sei se esta pergunta faz algum sentido. Talvez haja algum pretensiosismo em pensarmos que andamos cá por alguma razão. Pode ser que estejamos cá apenas por que sim; porque a vida forma-se sob determinadas condições (ou porque Deus assim o quis, para os que acreditam que foi assim que tudo começou).

Não pretendo relançar a questão da teoria criacionista versus a teoria evolucionista. Independentemente de como começou a vida na terra, parece que ninguém duvida que temos um forte instinto de sobrevivência e que a continuidade da espécie (se possível, com os nossos genes) parece estar gravada na pele de cada um (refiro-me, obviamente, à generalidade).

No essencial, praticamente todos queremos sobreviver, deixar descendente/s, melhorar de nível de vida e ajudá-lo/s a ter sucesso.

A vida na Terra, após formar-se, ganhou complexidade, e nunca mais parou de adaptar-se ao meio envolvente. O Homo sapiens, com os seus cerca de trezentos mil anos, tem evoluído, não tanto em termos físicos, mas fundamentalmente graças ao desenvolvimento tecnológico e ao conhecimento que este lhe continua a proporcionar.

A agricultura (e a domesticação de animais) deram-nos a oportunidade de vivermos organizados em cidades/estados, que permitiram não apenas a divisão de tarefas, mas mais importante, que surgissem novas atividades, como é o caso dos investigadores/cientistas.

Passamos a ter atividades para além das que estão diretamente relacionadas com a produção de alimentos.

Já somos a espécie mais inteligente e com as ferramentas tecnológicas mais evoluídas. Temos uma enorme influência sobre a vida dos outros seres vivos (até há data, muito mais negativa do que positiva), ao ponto de estar em curso a sexta extinção em massa (esta, infelizmente, provocada por nós).

Daí a pergunta, o que pretendemos enquanto sapiens, para nós e para o mundo?

A resposta à pergunta em cima poderia ser que temos vários objetivos nas mais diversas áreas, e que devemos estar otimistas porque ainda não parámos de obter progressos.

Sugiro a visita ao sítio https://www.gapminder.org/ dos mesmos autores do livro Factfulness. Talvez se surpreenda ao constatar que apesar de muito estar por fazer, tem-se conseguido alcançar progressos significativos.

Eis alguns exemplos[1]:

- Nos últimos 200 anos, a escravatura e os trabalhos forçados, passaram de ser legais em cerca de 200 países, para os atuais menos de 5 (apenas 3 em 2017).

- Há aproximadamente 200 anos, 44% das crianças morriam antes de celebrar o quinto aniversário. Hoje são menos de 4%.

- Em 1950, 28% das crianças com idades compreendidas entre os 5 e os 14 anos, trabalhava a tempo inteiro, com más condições de trabalho. Esse número em 2012 era inferior a 10%.

- Nos últimos 50 anos, a percentagem de pessoas a passar fome desceu dos 28 para os 11%.

- No mesmo período, o nº de meninas a frequentar o ensino básico, passou de 65% para 90%.

- Em 1800 apenas 10% da população mundial sabia ler e escrever. Em 2016 esse nº já superava os 86%.

- A percentagem de área protegida no planeta (reservas naturais) passou de 0.03% em 1900 para 14.7% em 2016.

- A percentagem de pessoas com acesso a água potável passou de 58% em 1980 para 88% em 2015.

Mas a pergunta deste capítulo refere-se a um objetivo que necessita de muito mais tempo para ser alcançado, ou eventualmente, que nunca seja possível de alcançar na sua plenitude.

Imagine que:

- Nós (sapiens) faremos sempre de tudo para não nos autoextinguirmos (já agora, imagine que temos sucesso nesse desígnio).

- Que conseguimos, por sorte ou engenho, sobreviver a todo o tipo de desastres naturas.

- Que nenhum asteroide de enormes proporções embate na terra nos próximos milhões de anos.

- Que umas vezes de forma mais acelerada e outras de modo mais lento, continuamos sempre a evoluir.

Agora, tente imaginar aquilo que poderemos vir a conseguir:

- Será que um dia nos livramos das armas (em particular das de destruição em massa)? Não creio que os misseis nucleares tenham sido desenvolvidos para nos defendermos de um eventual ataque de extraterrestres. Para além de uma exagerada demonstração de força, têm servido para garantir que ninguém se atreve a tentar invadir os seus detentores (mas a verdade é que continuamos todos a dormir com uma bomba debaixo da cama, e quem as tem, parece não ser capaz de se sentir seguro sem elas).

- Será que vamos conseguir viver sem pobreza? Viver num mundo onde todos vivem bem (mesmo que alguns vivam melhor do que os outros, mas sem as atuais desigualdades descomunais)?

- Será que um dia vamos tolerar as diferenças? Ou melhor, viver com elas sem lhes prestar atenção?

Qualquer um desses objetivos já podia ter sido alcançado. Ambos já estão perfeitamente ao nosso alcance.

Creio que ninguém duvida que se quiséssemos, conseguíamos, sem grandes dificuldades, terminar com a fome no mundo. Tenho inclusive a certeza de que poderíamos ir mais longe e por fim à pobreza.

Já em relação às armas de destruição maciça, é evidente que temos os meios técnicos para as desmantelar; o problema reside na confiança que é necessária para o fazer. Cada um precisa de confiar em todos os outros. Tendo por base o nosso passado relativamente recente, não é tarefa nada fácil.  

Apesar de termos os meios, não é fácil de prever quando será concretizado este objetivo.

Mas existem outros, igualmente difíceis ou até impossíveis de prever quando os conseguiremos atingir.

Deixo aqui alguns exemplos:

Quanto tempo até conseguirmos:

- Por fim às desigualdades profundas? (nomeadamente enquanto houver pobreza, fome e miséria)

- Deixar de poluir o ambiente? (passando a usar produtos biodegradáveis e a reutilizar, sempre que possível)

- Acabar com a dependência dos combustíveis fósseis? (apenas usar energias limpas e renováveis)

- Parar de enviar gases com efeito de estufa para a atmosfera? (será a tempo de evitar alterações climáticas catastróficas?)

- Passar a cuidar do planeta Terra como se fosse a nossa única casa? (em vez de o vermos como uma fonte de enriquecimento rápido)

- Conceder aos outros seres vivos deste planeta, o espaço e a liberdade de que necessitam para que possam viver naturalmente?

- Deixar de olhar para os outros seres vivos como seres sem alma? (antes como seres vivos que seguiram um caminho diferente na evolução e com quem podemos aprender algo);

- Deixar de morrer por causa do cancro?

- Encontrar uma defesa eficaz contra os micro-organismos? (nomeadamente vírus e bactérias que nos causam doenças graves)

- Retardar consideravelmente o envelhecimento celular (e dos tecidos e órgãos) de modo a aumentar significativamente o nosso tempo de vida?

- Passar a usar implantes que potenciem as nossas capacidades inatas? (como por exemplo, visão, audição, olfato, paladar, memória e rapidez de raciocínio)

- Não ceder à manipulação genética? (e criar super-homens);

- Controlar os nossos instintos mais negativos? (egoísmo [ou gula], ganância [ou avareza], luxúria, ódio [ou raiva], inveja, preguiça, vaidade [ou soberba], ciúmes, mentira e desprezo)

- Viver num mundo em que queremos o bem de todos e não apenas dos que fazem parte do nosso grupo?

- Ser capazes de pedir desculpas pelo mal que fizemos aos outros? (escravidão, subjugação, roubo e apropriação, etc.)

- Livrar-nos das desigualdades e discriminações? (por diferenças de género, cor da pele ou orientação sexual)

- Ser mais informados e exigentes dos nossos direitos (e não ficar à espera que tudo se resolva)

- Acabar com as desigualdades financeiras para lá do razoável (ninguém devia possuir mais do que X)

- Parar de fazer trabalhos repetitivos e pouco estimulantes? (deixando-os para a inteligência artificial e robótica)

- Permitir que as máquinas mandem em nós? (talvez tenhamos o bom senso de nunca permitir que tal aconteça)

- Descobrir como se formou a vida? (e tudo o que esse conhecimento nos poderá proporcionar)

 - Mudar de corpo? (levando apenas a forma de pensar, a memória e a consciência, e desse modo continuar a viver)

- Habitar um planeta com condições de vida semelhantes à do planeta Terra?

- Viajar à velocidade da luz? (ou o mais próximo possível)

- Juntar e/ou separar as partículas mais ínfimas? (as subatómicas)

- Entender como era o Universo antes de se formar? (se tal for possível)

- Compreender se há um propósito para a vida? (haverá?)

- Saber tudo (e o que fazer a seguir?)

São previsões difíceis de fazer, principalmente porque não remamos todos para o mesmo lado. Se algum dia o decidirmos fazer, tudo irá mudar muito mais depressa (creio que é exatamente isso que muitos não pretendem).

No entanto, atrevo-me a dizer que apesar de 100 anos ser uma ínfima parte do tempo de vida deste planeta (aproximadamente 4.6 mil milhões de anos, ou do tempo em que há vida neste planeta – aproximadamente 3.5 mil milhões de anos), pode ser suficiente para conseguirmos progressos impressionantes, e que poderão, certamente, provocar alterações significativas na forma como passaremos a viver. E este é o ponto. Admitindo que viveremos (sem nos autodestruirmos) por mais não sei quantos mil milhões de anos, imagine o que podemos descobrir e evoluir (ninguém consegue ter tanta imaginação).

Tendo em conta a evolução que conseguimos alcançar, apenas nos últimos 100 anos, tente imaginar como será a vida daqui a cem anos! E daqui a mil?

Creio que apenas mentalidades conservadoras (receio da mudança) ou interesses privados, nos poderão impedir de evoluir mais rápido.

Se há dois mil anos atrás disséssemos a alguém o que somos capazes de fazer hoje, arriscávamos a que nos matassem.

Se for possível continuar sempre a evoluir e a acumular conhecimento, é nos completamente impossível imaginar como seremos, o que saberemos, e o que conseguiremos fazer, dentro de dez mil anos (quanto mais dentro de um milhão de anos).

Esse poderia ser o nosso propósito, pelo menos na minha ingenuidade gosto de acreditar que sim: “um conhecimento, tão completo e profundo quanto possível, sobre o nosso planeta (primeiro) e sobre o universo em geral”.

Creio que ter um propósito pode ajudar a construir um sentido mais crítico para o mundo que pretendemos.

Como é que podemos alcançar um objetivo maior se continuamos a privilegiar a parte face ao todo?

Claro que no entretanto temos as nossas vidas, mas podemos sempre tentar conciliar objetivos de vida individual, com metas mais amplas (ao nível da espécie e da vida em geral).

Isso é mais fácil de alcançar numa sociedade justa e equilibrada, com forte contributo em prol da ciência e da investigação, visando a obtenção de conhecimento que sirva a vida.



[1] https://www.gapminder.org/