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sexta-feira, 20 de outubro de 2023

No vácuo do “pipi” do Montenegro

Pipi quer dizer muita coisa e de forma informal, conjugado com algumas palavras, pode ser interpretado como “bonito” ou “arranjadinho” ou até de forma irónica resvalar para um “pintas”. É expressão utilizada no grupo de amigos, principalmente jovens – pós-adolescência – quando se encontram nos preparos para a caça noturna, numa “disco” qualquer, levando a sua melhor roupa ou, não sendo a “melhor”, a que consideram com mais estilo ou se enquadra com a sua figura ou até com a presa que pretendem caçar.

Eis, pois, que o maior candidato da oposição decide falar sobre algo tão importante como o Orçamento de Estado, talvez mesmo o tema mais importante que uma oposição possa ter para malhar no governo, referindo-se ao mesmo usando o termo: pipi.

Caro Montenegro, tudo o que possas dizer depois de usar o termo pipi, desvanece-se, são palavras soltas, ocas e mudas. Ninguém prestou atenção. Poderás ter dito as coisas mais acertadas sobre o OE (ou então não), que ninguém conseguiu perceber, reter ou refletir, tal foi o impacto que o termo pipi teve na nossa – parca – mioleira. Até para falar com o povo é necessário ter jeito ou cultivá-lo, principalmente para quem não nasceu do povo.

Bem sei que tentas falar para nós, povo, de forma informal, para ver se nós, coitadinhos, conseguimos apanhar a mensagem. Fica-te mal. Não te assenta. É estranho. É estranho ver um “betinho” com manias de James Bond, a tentar “ser do povo”. Corres o risco de perder os verdadeiros betinhos que te acompanham e não chegares ao povo. Tenho a certeza que ninguém do povo fixou uma palavra ou ideia depois de ouvir o pipi. Espera… seria esse o teu objetivo? Nada dizer? Aaaah!…. Ok!.. Então foste bem-sucedido! Vês? Que te digo? Este povo não percebe nada de política!

sábado, 14 de outubro de 2023

O eterno conflito Israelo-Árabe

 


Vivem-se dias complicados no médio oriente após o ataque bárbaro do HAMAS que teve como único objetivo aterrorizar as populações, algo digno das antigas tribos Germânicas e Hunos que há milénio e meio aterrorizavam as povoações romanas. Sim, isso mesmo, milénio e meio.

Custa a acreditar que 1500 anos depois, ainda estejamos a assistir a este tipo de ações em zonas de conflito – não é exclusivo desta zona geográfica tendo, infelizmente, muita incidência no continente africano, a que não é alheio o facto de serem zonas com baixo índice de escolaridade e educação não sendo no entanto fator único, basta ver pelo que está a acontecer na Ucrânia.

É interessante ver os políticos, nacionais e internacionais, a fazer equilíbrio no trapézio: condenam o ataque e as ações do HAMAS mas depois apressam-se a condenar o estado de Israel e a defender o “povo” da palestina e o seu direito à autodeterminação.

Mas quem são afinal os palestinianos? E qual era o seu território afinal tão proclamado? Esta é a questão mais interessante de todas e que, se olharmos com algum distanciamento emocional veremos, que é tão válido o argumento do estado da Palestina, como agora gerar-se um movimento no sul de Espanha liderado por muçulmanos a exigir o direito ao estado de Granada. Bom, talvez esteja a exagerar, mas não por muito.

A Palestina, só existiu como região, após o Império Romano tomar conta da região e eliminar os Reinos de Israel (sim já existia), Damasco, Judá, Filisteus, Edom, Moabe, Amon e Finícios. Todos eles separados, mas que juntos formavam a “Judeia”. Só em 135 d.c. é que a zona passa a ter o nome de Síria-Palestina depois do Império Romano agregar outros territórios vizinhos.

Com a queda do Império Romano em 640 d.c. a região é dominada por Muçulmanos Árabes e é nesta altura que surgem os “palestinos” uma mescla de árabes e judeus com estes últimos, os que puderam, a fugirem do território e a espalharem-se pelo mundo, os outros (tal como hoje acontece com os "Palestinos") foram ficando.

Vieram Cruzados, voltaram Muçulmanos Árabes, vieram Otomanos ( Muçulmanos mas sunitas) e depois Britânicos. Dividiu-se a região saindo a Jordânia e o Mandato Britânico da antiga “Judeia”. Houve guerra de Judeus e Árabes contra os britânicos. Houve guerra entre árabes e judeus com vitória dos últimos que conquistaram o seu espaço - ao qual chamaram de Israel - e aumentaram, muito motivados pelo facto de, após II Guerra Mundial, se encontrarem desesperados por terem um pedaço de terra no mundo a que chamar “terra”, o seu refúgio. Os Árabes da Jordânia ficaram com parte do Mandato Britânico na Cisjordânia, outros Árabes que já lá estavam, ficaram em Gaza com proteção do Egipto. E Israel ficou e foi conquistando o resto.

Quando os judeus declaram o seu estado de Israel, os Árabes, todos eles, tenham nascido na antiga região da palestina, ou nos países vizinhos do Líbano, Síria, Jordânia, Egipto e Iraque não gostaram e declararam guerra. E perderam.

Anos mais tarde voltaram a declarar guerra e voltaram a perder.

Convém lembrar que os Britânicos, quando dominavam a região, agastados com as permanentes guerrilhas no território, tentaram dividir o território entre judeus e muçulmanos árabes, tendo realizado várias propostas todas elas rejeitadas pelos árabes por considerarem não haver direito à existência do estado de Israel.

Quem são afinal os palestinianos? São ambos, Judeus e Muçulmanos (árabes). Quem tem direito ao território? Se formos pelos “nomes” cronológicos e religião, então o estado de Israel e os Judeus teriam direito ao pedaço de terra. Se formos pelas batalhas, cujo resultado normalmente origina um vencedor e um perdedor, então também Israel ganhou. Sendo que amanhã pode perder. É o resultado das guerras.

Um perdedor dificilmente pode impor as regras ao vencedor. Pode continuar a lutar ou seguir em frente. Yasser Arafat lutou durante anos, mas no final percebeu que o caminho era seguir em frente, aceitar a derrota e criar um estado na Palestina no território que Israel deixou para eles - Faixa de Gaza e Cisjordânia. Infelizmente morreu antes de conseguir cimentar a sua ideia. Foi pena, tal como Mandela, teria sido fundamental para estabilizar a região e reduzir os ódios, neste caso religiosos. O tempo cura as feridas. O HAMAS não quer curar feridas, pelo contrário, quer abri-las mais e marcar gerações jovens, estimulando o ódio.

Neste estado das coisas é impossível uma solução para o conflito. Não sejamos hipócritas. Israel não pode ajudar um povo que por sua vez sustenta um grupo armado (HAMAS) que atenta contra o estado de Israel. Faríamos nós diferente? Centenas de milhar de palestinianos atravessam a fronteira todos os dias para ganhar dinheiro em Israel, para depois serem extorquidas no seu território, para alimentarem o estado armado. Estaríamos nós dispostos a ceder território, a promover o desenvolvimento de um povo, sabendo que isso significaria uma ameaça permanente à nossa existência?

E porque é que os países vizinhos, todos eles muçulmanos árabes fecham as portas aos “palestinianos” árabes? Se foram solidários com eles ao declararem guerra a Israel, porque não são solidários e arranjam uma solução? Há espaço neste mundo que chegue para todos. Mas parece que não. Mais vidas serão ceifadas, todas, pelo menos aos olhos de alguém, serão justificadas, o que torna isto macabro, grave e impossível de resolver. Enquanto o fanatismo religioso se sobrepuser à razão, ao respeito pelo próximo, à liberdade existencial de cada um, a tragédia será irremediavelmente o destino dos dois povos.

PS – quem estupidamente tenta colar este conflito ao conflito da Ucrânia revela uma limitação do seu QI preocupante e deveria imiscuir-se de falar sobre o assunto.

 

 

 

 

  

 

 

quinta-feira, 3 de agosto de 2023

 

Mais uma mãozinha para os bancos?

Temos ouvido falar, nos meios de comunicação social, dos lucros extraordinários que os Bancos têm tido[1], numa altura de sucessivos aumentos das taxas de juro.

Ou seja, enquanto uns vão vivendo cada vez mais sufocados com a perda de poder de compra, outros beneficiam escandalosamente.

O que não deixa de ser curioso, é que não me recordo de ter ouvido falar em prejuízos extraordinários, ou sequer em prejuízos, quando as taxas de juro estiveram em valores próximos de zero, ou mesmo em valores negativos.

Ou seja, independentemente de eventuais explicações, isto não devia de ser mais proporcional?

Com taxas de juro muito baixas, os lucros caem, é certo, mas os bancos conseguem evitar prejuízos. Quando as taxas sobem, os lucros crescem exponencialmente.

Dizem que os bancos compram dinheiro mais caro, quando as taxas estão altas, e mais barato, quando estão baixas.

No meio de tudo isto, ainda temos o “spread”, que supostamente é a taxa de lucro dos bancos.

Ou seja, o coelhinho foi com o Pai Natal, e o palhaço, no comboio ao circo…

Lá, foi lhes dito que o BCE tem como grande objetivo manter a inflação num valor relativamente baixo.

Para tal, sempre que necessário, usa a subida das taxas de juro.

Mas uma parte significativa do efeito provocado pela subida das taxas de juro não é o mesmo em todos os países afetados pelas decisões do BCE.

Há países em que cerca de 80% dos créditos à habitação são com taxa fixa, enquanto outros, como é o caso de Portugal, essa percentagem refere-se ao crédito com taxa variável

Talvez seja porque geralmente é a que compensa na altura do contrato, e (digo eu), para a grande maioria, todo o pilim faz falta.

Isto significa que as subidas das taxas de juro têm um impacto muito maior nas famílias com crédito à habitação com taxa variável.

Logo, se a maioria das pessoas optar por mudar para taxa fixa (agora não é a melhor altura, esperem que desça significativamente), as ações do BCE perdem impacto.

Se deixar de ter o efeito que tem no crédito à habitação, terá de ter maior efeito no crédito ao consumo e no crédito ao investimento.

Nesse cenário, e se continuar a ser a única ferramenta para baixar a inflação, arrisco-me a dizer que o BCE não tem outra alternativa para além de subir ainda mais as taxas de juro.

 

 



[1] https://www.dinheirovivo.pt/empresas/lucros-do-bcp-disparam-580-na-primeira-metade-do-ano--16765243.html