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segunda-feira, 11 de março de 2024

O povo votou e… o egoísmo ganhou

Não vejo outra razão para um partido como o Chega conseguir obter os resultados que conseguiu a não ser por beneficiar desse sentimento pouco nobre que é o egoísmo que vive entranhado e se transfere nos cromossomas das almas que constituem este – cada vez menos – nobre povo.

Os candidatos deste partido são o que são. Os discursos são o que são. O programa é o que é (ridículo). Mas Ventura promete tudo a todos sem excepção, encaixa-se na alma mais ultraconservadora até à alma mais brava marxista-leninista. E esse egoísmo floresce.

Recordo as palavras de Sérvio Galba, que chegou a governar o Império Romano entre 68 e 69 D.C. e que antes governou a Hispânia, quando se referiu ao povo Lusitano “Há, na parte mais ocidental da Ibéria, um povo muito estranho, não se governa nem se deixa governar”. Também Estrabão, filósofo grego do século I A.C descreveu o povo Lusitano como sendo muito individualista e com grande falta de coesão política. Povo esse que foi vencido. Pelo dinheiro, claro. Sempre o vil metal a alimentar-se desse egoísmo.

Roma conquistou-os, comprando-os. O dinheiro da traição sobrepôs-se a qualquer coesão política ou identitária. O tal egoísmo já lá estava e dois mil anos depois continua presente.

Alguém acena com euros e perdem-se os valores cívicos, societários e políticos. Ventura sabe disso e usa a estratégia tão bem-sucedida no passado. E como este povo é inculto, vive embriagado entre futebol, telenovelas e reality shows, não conhecerá certamente o destino traçado ao traidor em Roma. “Roma não paga a traidores, assassina-os”. Nesta rábula, Ventura é a Roma, o traidor são os egoístas que o levaram em ombros.  Estes, que hoje tiveram voz, amanhã poderão não a ter.

Karl Popper explica no seu paradoxo da tolerância, que a tolerância ilimitada leva ao desaparecimento da tolerância. Segundo ele, a intolerância não deve ser tolerada, pois se a tolerância permitir que a intolerância tenha sucesso completamente, a própria tolerância estaria ameaçada. Foi o que todos, partidos e fundamentalmente a comunicação social, fizeram nestes últimos anos. Podemos, pois, estar a caminhar paulatinamente para a extinção dos tolerantes sem sequer se aperceberem.

Como democrata, individuo que cresceu num país livre, pós 25 de abril, custa-me ver o caminho que este país trilha na cegueira dos seus egoísmos. Ainda haverá salvação? Temo pelas gerações mais novas. Haverá algo que possa fazer?

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

 

Há (quase) Três Séculos A Desenterrar Carbono

A revolução industrial ocorreu entre cerca de 1730 e 1850 em Inglaterra, e marca o início da utilização massiva de combustíveis fósseis (primeiramente o carvão).

Estes, permitem ter energia relativamente barata e acessível que pode facilmente ser transportada para onde é necessária.

A energia proporcionada pelo carvão, petróleo e gás, são o motor do crescimento económico desde então (sempre apoiado pelo desenvolvimento tecnológico).

Antes desse acontecimento, era habitual que a produção (as primeiras “fábricas”) estivessem onde fosse possível aproveitar a energia de recursos naturais (por exemplo, a água e o vento). 

Embora tenham nascido cidades junto a minas de carvão, era possível inaugurar uma fábrica noutro local, por exemplo, onde a mão de obra fosse abundante e mais barata.

O progresso e o crescimento económico desde então, trouxeram-nos para níveis de riqueza inimagináveis. Infelizmente, a distribuição da mesma não foi capaz de erradicar a fome e a pobreza no mundo.

Curiosidade

Sabia que “a formação do petróleo é um processo fascinante e demorado que leva milhões de anos. A teoria mais aceite é que ele se formou a partir da decomposição de matéria orgânica, principalmente algas e outros pequenos organismos marinhos, em ambientes com pouco oxigénio”. (fonte: Gemini).

Os seres humanos estão a causar o aquecimento global e as alterações climáticas.

Foi por volta de 1988 que o então diretor da NASA[1], James Hansen, “levou o assunto para o Congresso dos Estados Unidos”.

A partir desse alerta, os políticos passaram a estar mais atentos para os fenómenos resultantes das alterações climáticas.

Doze anos mais tarde, Al Gore perde as eleições nos Estados Unidos para George W. Bush.

Este, que tinha sido Governador do Texas, foi fortemente apoiado pelo lóbi do petróleo, indústria na qual trabalhou após terminar os estudos.

Foi uma eleição com recontagem de votos na Flórida e em que globalmente Al Gore teve mais votos, mas perdeu as eleições por uma margem estreita.

G. Bush com 271 votos no Colégio Eleitoral contra os 266 de Al Gore (com um eleitor a abster-se na contagem oficial).[2]

Foi mais um contratempo na luta contra o aquecimento global (ou deverei dizer azar)?

Em 2006 foi lançado o documentário “Uma Verdade Inconveniente”, “dirigido por Davis Guggenheim, sobre a campanha do ex-Vice-presidente dos Estados Unidos, Al Gore, para educar os cidadãos do mundo acerca do aquecimento global”[3].

Infelizmente, este problema que se pode tornar demasiado grave, continua a ser levado pouco a sério por grande parte da população, mas pior que isso, pelos decisores.

Essa aparente pouca preocupação, não nos assegura que o problema não esteja a agravar-se.

Como diz John Kerry: "É preciso responsabilizar os políticos por causa do clima"[4]

“O ex-responsável da diplomacia norte-americana John Kerry afirmou hoje que o mundo está a perder a luta contra as alterações climáticas porque ninguém cumpre os compromissos assumidos no acordo de Paris e há líderes que não acreditam na ciência”.

"A triste verdade é que não estamos a ganhar. Não há um único país a fazer aquilo a que se comprometeu em Paris", disse John Kerry, em Lisboa, no último dia da conferência Futuro do Planeta, promovida pelas fundações Oceano Azul e Francisco Manuel dos Santos”.

Do que tenho lido, são duas as principais razões que justificam a pouca atenção dos políticos para um problema tão sério.

- A população não se queixa, ou queixa-se muito pouco. A razão para tal deve-se ao facto do problema (ainda) ser pouco visível. Nós humanos, damos mais atenção aos problemas imediatos e visíveis do que aos que ainda “poderão” acontecer.

Como é que poderemos ter a certeza da magnitude dos problemas se não os sentimos?

Sim, é verdade que cada vez mais presenciamos eventos extremos relacionados com as alterações climáticas, furacões, ciclones, grandes incêndios florestais, precipitações intensas que provocam cheias, ondas de calor, secas prolongadas, degelo, etc, mas certamente que a maioria considera que se não passar disso, conseguiremos dar conta do recado.

- A outra razão está relacionada com a invisibilidade. As ações climáticas preventivas não têm visibilidade imediata. Visam fundamentalmente mitigar os problemas. Uma ação desenvolvida hoje não produzirá resultados climáticos imediatos. Na melhor das hipóteses, poderemos vir a dizer que determinado político tomou medidas que evitaram que as condições climáticas fossem hoje muito mais graves. Mas, nessa altura, o líder em questão, até pode já estar reformado ou morto.

As ações visam evitar que os problemas provocados pelas alterações climáticas se agravem. Já não é possível voltar ao clima que tínhamos antes do aquecimento global.

Reverter completamente as alterações climáticas para o estado pré-industrial é considerado extremamente improvável. As emissões de gases com efeito de estufa já causaram um aumento significativo da temperatura global e mudanças nos padrões climáticos. O dióxido de carbono, por exemplo, pode permanecer na atmosfera por milhares de anos, o que significa que os efeitos das emissões passadas continuarão a ser sentidos por muito tempo. (Fonte: Gemini).

Os políticos preferem gastar as verbas disponíveis em ações que tenham visibilidade, pois são essas que dão votos.

A não ser que os eleitores lhes digam que votam neles se prestarem atenção ao clima.

Precisamos de passar à ação!

Recentemente passou um documentário na televisão “Em busca do carbono neutro”.

Em resumo, o diagnóstico está feito e as ações necessárias estão identificadas. Sabemos o que temos de fazer para atingir esse objetivo até 2050 (carbono neutro).


Será que vamos conseguir? Por que não antes?

A resposta é simples: após ver o referido documentário, todas as medidas dependem, para além da dedicação política, de serem economicamente viáveis.

Ou seja, dificilmente serão implementadas (a tempo) enquanto não forem lucrativas.

Pior, esta sociedade desenvolveu-se, desde a revolução industrial, assente nos combustíveis fósseis. Há toda uma estrutura montada que não é fácil, nem barato, substituir.

Um bom exemplo, é o dos carros elétricos.

O documentário diz que nos EUA já representam 5% dos carros novos vendidos. Embora pareça um número baixo, indicia que irá conseguir completar a primeira fase do ciclo de vida de um produto (Introdução).

No entanto, dificilmente entra na fase de crescimento de forma sustentada se os preços não descerem. Um carro elétrico ainda tem um custo bastante significativo a mais do que um carro a gasóleo (a diferença é ainda maior se for a gasolina). Para além do facto de ter de trocar de bateria, em princípio, ao fim de dez anos.

Um carro elétrico da mesma gama, custa em média, mais dez mil euros do que um carro a gasolina, com a agravante de ter de investir outro tanto passado o período de vida da bateria (por volta de dez anos).

Pretendo com este exemplo, realçar a dependência da aplicação de ações para reduzir as emissões de carbono, à necessidade de que as mesmas sejam economicamente rentáveis (o que é diferente de viáveis).

No fundo, parece que estamos a dizer que só vale a pena salvar o planeta, se não colocarmos o crescimento económico (e o nível de vida) em causa.

Claro que é preferível ter o melhor dos dois mundos, conseguir atingir as metas sem perdermos qualidade de vida, mas até quando podemos continuar a procrastinar?

Não devemos permitir que a ansiedade perturbe a capacidade de bem decidir, mas também não podemos continuar a desperdiçar tempo.

Ver em pleno inverno praias cheias de pessoas a divertirem-se é espantoso, mas devemos nos perguntar como será o verão dentro de 10 anos. 

Voltar para trás já é impossível. Imagine a improvável tarefa de voltar a congelar o gelo que o aquecimento global derreteu.

Os sinais continuam a chegar-nos (comunicação social, Internet, rádio, etc), não só quando ouvimos / lemos notícias de fenómenos extremos, mas também de estudos científicos.

Recentemente li uma notícia que sugeria que a AMOC estava a enfraquecer.

A Circulação Meridional do Atlântico (AMOC, na sigla em inglês), da qual a Corrente do Golfo faz parte, funciona como uma gigantesca transportadora global, levando água quente dos trópicos em direção ao extremo Atlântico Norte, onde a água esfria, torna-se mais salgada e afunda profundamente no oceano, antes de se espalhar para o sul. [5]

As principais causas do enfraquecimento da AMOC são:

          Aumento do derretimento do gelo na Gronelândia

          Aumento da temperatura do oceano

O colapso da AMOC teria consequências graves para o clima global, incluindo:

          Arrefecimento na Europa e América do Norte

          Aumento do nível do mar

          Mudanças nos padrões de precipitação

 

De acordo com o programa europeu de observação da Terra, Copernicus, “O mundo ultrapassou pela primeira vez durante 12 meses consecutivos o limite do aquecimento de 1,5ºC face à era pré-industrial[6]

Este aumento não foi sentido de forma idêntica em todo o lado. Aqui, na região Oeste (Portugal), o inverno mostrou-se muito timidamente. As temperaturas diárias têm se assemelhado mais às da primavera.

Torna-se preocupante por estarmos cada vez mais perto do limite dos 2ºC estabelecido no acordo de Paris, quando ainda faltam mais de 25 anos para atingirmos a data-limite (2050), e ainda não parámos de bater recordes nos milhões de toneladas de carbono, enviados anualmente para a atmosfera. 

Perguntei à IA do Google e da Microsoft (Gemini e ChatGPT) quais as consequências para a humanidade e para o planeta como um todo, se a temperatura subir 2ºC face ao período pré-industrial.

Eis algumas das respostas:

“As consequências para a humanidade se a temperatura subir 2ºC face ao período pré-industrial são graves e abrangentes, impactando diversos aspetos da vida humana e natural.

Aumento do nível do mar: O derretimento das calotas polares e de glaciares levaria a um aumento significativo do nível do mar, inundando áreas costeiras e deslocando milhões de pessoas.

Eventos climáticos extremos: Ondas de calor, secas, inundações, tempestades e furacões, mais frequentes e intensos, causando perdas de vidas, danos em infraestruturas e impactos na agricultura.

Perda de biodiversidade: O aumento da temperatura levaria à extinção de diversas espécies de animais e plantas, alterando os ecossistemas com forte impacto na cadeia alimentar.

Acidificação dos oceanos: A absorção de CO2 pelos oceanos tornaria a água mais ácida, prejudicando a vida marinha e a cadeia alimentar.

Escassez de água e alimentos: A seca e a desertificação afetariam a produção de alimentos, levando à escassez e à fome, especialmente em regiões já vulneráveis.

Migração em massa: A elevação do nível do mar e os eventos climáticos extremos deslocariam milhões de pessoas, criando crises humanitárias e refugiados climáticos.

Impactos na saúde: As ondas de calor e a proliferação de doenças transmitidas por mosquitos aumentariam a morbidade e a mortalidade, especialmente entre grupos vulneráveis.

Danos à infraestrutura: Eventos climáticos extremos danificariam casas, estradas, pontes e outras infraestruturas, gerando custos bilionários para reparos e reconstrução.

Conflitos e instabilidade: A escassez de recursos e os impactos sociais poderiam levar a conflitos por água, terra e alimentos, desestabilizando regiões e aumentando a violência.

Para evitar as piores consequências do aumento de 2ºC, é necessário que os países assumam compromissos sérios e urgentes para reduzir as emissões de gases de efeito estufa”.

E se forem 4ºC? Uma vez que as respostas podem ser facilmente obtidas, apresento apenas um resumo da resposta.

“Aqui estão algumas das consequências que poderiam ser esperadas de um aumento de 4ºC na temperatura global:

1.         Colapso dos Ecossistemas: … extinção em massa de espécies e mudanças irreversíveis nos sistemas naturais.

2.         Aumento Drástico do Nível do Mar: … levando ao deslocamento de centenas de milhões de pessoas.

3.         Agricultura Severamente Afetada: … levando a crises alimentares generalizadas.

4.         Escassez de Água Generalizada: … exacerbando os conflitos sobre recursos hídricos.

5.         Condições Climáticas Extremas Incontroláveis: … causando danos catastróficos à infraestrutura e à vida humana.

6.         Colapso da Economia Global: … podendo levar a uma crise económica global sem precedentes.

7.         Riscos para a Saúde Pública: … A disseminação de doenças infeciosas, representaria sérios riscos para a saúde pública em todo o mundo.

8.         Instabilidade Social e Política: … conflitos resultantes da competição por território e recursos.

Em resumo, um aumento de 4ºC na temperatura global teria impactos devastadores à escala global, com consequências profundas para a humanidade, os ecossistemas e a economia”.

Não vale a pena perguntar por temperaturas mais altas…

Imaginem que milhões de anos depois, um ser inteligente consegue reescrever a história do planeta Terra e conclui que “os humanos eram mais inteligentes que os dinossauros, mas que estes eram menos estúpidos, afinal os répteis não faziam ideia que um pedregulho iria chocar com a Terra enquanto os primatas sabiam o que estavam a fazer e como o evitar”.

Confesso que sinto a minha preocupação pouco correspondida. Por exemplo, até à data de hoje, não vi o assunto das alterações climáticas ser discutido em qualquer dos debates às eleições do próximo dia 10 de março.

Muitas vezes pergunto-me se estarei errado…

Afinal, não estar a ser divulgada informação como gostaria, não é razão para pensar que pouco está a ser feito ou que não vamos conseguir atingir os objetivos.

Não tenho dúvidas que o problema existe e que pode tornar-se grave.

Os cientistas têm alertado o mundo para este problema há décadas, e como sabemos, os investigadores científicos têm por regra analisar os factos e procurar comprová-los, antes de falar deles.

 



[1] https://g1.globo.com/natureza/blog/amelia-gonzalez/noticia/2018/10/08/um-pouco-de-historia-sobre-o-relatorio-que-alerta-para-o-risco-das-mudancas-climaticas.ghtml

[2] https://pt.wikipedia.org/wiki/Elei%C3%A7%C3%A3o_presidencial_nos_Estados_Unidos_em_2000

[3] https://pt.wikipedia.org/wiki/Uma_Verdade_Inconveniente

[4] https://pt.euronews.com/2019/09/16/john-kerry-e-preciso-responsabilizar-politicos-por-causa-do-clima

[5] https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/sistema-de-correntes-do-atlantico-mostra-sinais-de-colapso-resultado-pode-ser-catastrofico/

[6] https://cnnportugal.iol.pt/clima/copernicus/limite-do-aquecimento-foi-ultrapassado-pela-primeira-vez-em-12-meses-consecutivos/20240208/65c5086ed34e371fc0bcdcfc

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024

A lição de ensino básico do PSD-Madeira ao país (para os que quiserem aprender)

 Vivemos tempos conturbados na nossa democracia. Nunca imaginei ver sondagens a dar 20% de intensão de voto a um partido fascista, vazio de conteúdo, cheio de frases feitas demagógicas.

“Os políticos dos partidos democráticos são uma vergonha e são corruptos.” Frase tão fácil de proferir e de colar nos ouvidos de pessoas cuja paciência para a política é nula, absorvidos no seu egoísmo social.

Visto que todos eles (políticos) vêm da mesma “massa” que é o povo, não são seres extraterrestres puros de espírito, que caíram neste país para que, qual paladinos, o transformarem no olimpo da honestidade, existe uma forte probabilidade de mudar o partido no governo, mas no final, tudo ficar na mesma no que respeita à corrupção.

Existe, no entanto, uma diferença significativa. É que partidos democráticos são mais permeáveis à Comunicação Social e ao Sistema Judicial – mesmo assim, na Ilha da Madeira, um partido democrático conseguiu controlar a ilha, quer o sistema judicial quer a comunicação social.

Ou seja, a diferença não está na postura idónea dos partidos paladinos da verdade e honestidade. A diferença vai estar no que nós, simples cidadãos, vamos saber. Do que nos vai chegar através da comunicação social. Quando um partido fascista como o Chega controlar o país, não haverá corrupção, não porque não se pratique, mas porque não vai chegar aos ouvidos do povo.

Este é o ensinamento básico que o PSD-Madeira nos deixa e que todos deveríamos interiorizar, perder 5 minutos para pensar – em detrimento de 5 minutos de instagram do Chega. É que, felizmente para a Ilha da Madeira, existe um governo central, o qual o partido regional não controla, e que pode fazer aterrar na ilha dois aviões com 300 técnicos de investigação. Num continente controlado por um partido fascista, não haverá 2 aviões a aterrar (europeu?) para investigar o que um partido fascista anda a fazer no governo de um país soberano. Quem nos salvará? Quem irá investigar roubos de milhões?

 

Corruptos por corruptos, dou preferência aos que possibilitam que se saiba na comunicação social os casos de corrupção, que deixam procuradoras escrever parágrafos a solicitar investigações ao primeiro-ministro, ou juízes a destilarem ódio contra juízes, ou juízes a almoçarem com políticos. Porque no final, posso sempre dormir de consciência tranquila de que não foi com o meu voto que foram para o poder.

Já com outros partidos autocráticos/fascistas a controlar o poder, não terei essa liberdade de espírito, pois muito provavelmente, o meu voto não contará nas urnas. 

terça-feira, 9 de janeiro de 2024

QUE NÃO SEJA TARDE DEMAIS!

A propósito das alterações climáticas provocadas pelo aquecimento global, gostaria de dizer que não se ouve falar muito sobre o assunto.

Isso parece querer dizer que não se espera que daí venha um grande problema.

No entanto, são vários os autores e cientistas que parecem preocupados, e incansáveis de alertar para as consequências dramáticas que advêm se a temperatura ultrapassar os dois graus centigrados, tornando-se catastrófico se chegar aos 3 e difícil de imaginar como seria se ultrapassasse os 4.

Pessoalmente, incomoda-me mais do que a falta de discussão sobre o assunto, estar-se a fazer muito pouco para mitigar o aquecimento global, confirmado pelo facto dos valores dos gases com efeito de estufa, continuarem a aumentar ano após ano.

A principal explicação que tenho encontrado para justificar tamanha passividade prende-se com o facto de as medidas contra as alterações climáticas não produzirem efeito no curto/médio prazo.

Ou seja, muito dificilmente as medidas que os políticos tomarem no presente produzirão resultados no tempo dos seus mandatos.

Como já li algures, as condições climáticas de hoje são consequência das ações humanas de há vinte anos. É o tempo de leva a produzir efeito.

Logo, as ações de hoje só serão sentidas daqui a 20 anos (sensivelmente).

Portanto, não dá votos!

Por outro lado, dizem também alguns especialistas, não é fácil que seja percecionado como um perigo, algo que ainda não o é.

Sim, é verdade que temos tido longos períodos sem precipitação e depois parece que chove tudo num só dia.

Ou que os incêndios são cada vez mais difíceis de controlar.

E que nalgumas regiões já se fala em racionar a água ou construir dessalinizadoras.

Mas nada disso parece, pelo menos para já, suficientemente motivador para convencer a esmagadora maioria dos eleitores a abdicar de exigências relativas à melhoria do nível de vida, e em particular do poder de compra, por significativos investimentos em medidas para mitigar o aquecimento global.

Para agravar a situação, o combate ao aquecimento global depende do envolvimento de muitos, para não dizer de todos.

Claro que há atividades muito mais poluentes, assim como países mais responsáveis do que outros, mas o que se tem visto é uma clara primazia para o crescimento económico, e que os países não tencionam tomar medidas que os atrasem face aos principais competidores.

Alguém imagina os EUA a preocuparem-se mais com o clima do que com a China? Ou vice-versa?

Mas o ponto mais importante de todos, é que mesmo com preocupações económicas já era possível, já temos capacidade tecnológica e financeira, para fazer muito mais.

Se não estamos a fazer o que podíamos, e se não se sente muita preocupação no ar, talvez seja porque o aquecimento global só é um problema na cabeça de alguns.

Ou então, os decisores estão à espera de que se torne grave para que a população assustada exija finalmente a tomada de medidas.

Se assim for, tornar-se-á no grande negócio.

sexta-feira, 5 de janeiro de 2024

 AQUECIMENTO GLOBAL

A propósito do aquecimento global, procurei tentar saber se houve, em tempos passados, períodos em que a Terra tenha aquecido de modo idêntico ou superior ao que vivemos atualmente.

Encontrei dois períodos, um há relativamente pouco tempo, e outro, muito antes de surgirem os primeiros primatas.

Nunca o homem ou qualquer hominídeo viveu um período tão quente quanto o que vivemos atualmente, e o planeta ainda não parou de aquecer (nem sabemos quando vai parar).

Falemos um pouco sobre esses dois períodos:

O PERÍODO QUENTE MEDIEVAL

Um dos argumentos mais citados pelos céticos do aquecimento global é que o Período Quente Medieval (800-1400 d.C.) foi tão ou mais quente do que hoje.

«(…)

Desde o aquecimento do início do século, as temperaturas têm subido muito além das alcançadas durante o Período Quente Medieval na maior parte do globo. O Relatório da Academia Nacional de Ciências de 2006, considerou plausível que as temperaturas atuais sejam mais quentes do que durante o Período Quente Medieval. Outras evidências obtidas desde 2006 sugerem que mesmo no Hemisfério Norte, onde o Período Quente Medieval foi mais evidente, as temperaturas atuais estão além das experimentadas durante a época medieval (Figura 1). Isso também foi confirmado por um importante artigo escrito, em 2013, por 78 cientistas representando 60 instituições científicas ao redor do mundo.

Em segundo lugar, o Período Quente Medieval tem causas conhecidas que explicam a escala e o padrão do aquecimento. Está claro para os cientistas agora que o Período Quente Medieval ocorreu durante uma época em que a radiação solar estava acima da média e a atividade vulcânica abaixo (ambos resultando em aquecimento). Uma nova evidência também sugere que mudanças nos padrões de circulação oceânica tiveram um papel importante ao levar águas mais quentes para o Atlântico Norte. Isso explica muito do extraordinário aquecimento da região. Essas causas de aquecimento contrastam significativamente com o aquecimento atual, que nós sabemos que não pode ser causado pelos mesmos mecanismos.

No geral, nossas conclusões são:

a) Globalmente as temperaturas estão mais quentes do que estiveram durante os últimos 2.000 anos, e

b) as causas do aquecimento Medieval não foram as mesmas que causaram o aquecimento do final do século XX.


Figura 1: Reconstrução das Temperaturas do Hemisfério Norte por Moberg et al. (2005), mostrada em azul; Registro Instrumental de Temperaturas da NASA, mostrado em vermelho.

(…)»

Ver artigo completo em: https://skepticalscience.com/translation.php?a=4&l=10

 

TEMPERATURA DO PLANETA ATINGIU NÍVEIS LETAIS NO PERÍODO TRIÁSSICO

 «(…)

Há 250 milhões de anos, temperatura na região tropical do planeta chegava a 60ºC, impedindo a vida nos trópicos do planeta

Os pesquisadores já sabiam que o aquecimento do planeta havia sido uma das principais causas da extinção em massa no final do Permiano, mas agora descobriram que níveis letais de calor foram responsáveis pelos cinco milhões de anos de dificuldades que se seguiram. Durante esse período a temperatura nos continentes na região dos trópicos variava entre 50 graus Celsius e 60 graus Celsius. No mar, chegava a 40 graus Celsius. “Já sabíamos que o aquecimento global estava ligado à extinção em massa do fim do Permiano, mas esse estudo é o primeiro a mostrar que temperaturas extremas impediram a vida de recomeçar nas baixas latitudes durantes milhões de anos”, disse Yadong Sun, pesquisador da Universidade de Leeds e um dos autores do estudo.

Antes da grande extinção, a Terra era intensamente povoada por plantas e animais, com uma grande população de répteis e anfíbios primitivos nos continentes e uma grande variedade de criaturas no mar. Após o aquecimento, a zona morta se estendeu por toda região tropical do planeta, que se tornou uma área extremamente quente e húmida. Foi o fim das florestas. Sobraram apenas pequenos arbustos e samambaias. Nenhum animal conseguiu sobreviver em terra. Os peixes e répteis marinhos fugiram para regiões mais frias, deixando os oceanos tropicais para serem habitados apenas por animais invertebrados, como os moluscos. Nesse período, as regiões polares se tornaram o último refúgio da biodiversidade.

Forno triássico – Para chegar a esse resultado, os pesquisadores analisaram os dentes de 15.000 Conodontes, peixes pré-históricos que se parecem com as enguias, encontrados no sul da China. Nesses animais, a quantidade de isótopos de oxigênio encontrada no esqueleto depende da temperatura do ambiente. Logo, por meio da análise química dos dentes os pesquisadores conseguiram prever a temperatura da Terra há milhões de anos.

Esse é o primeiro estudo a mostrar que a temperatura nos oceanos poderia chegar a letais 40 graus Celsius – uma temperatura tão elevada que a maioria dos animais morre e a fotossíntese não é mais possível. Para efeitos de comparação, hoje a temperatura média nos mares equatoriais vai de 25 a 30 graus Celsius.

Nunca ninguém havia ousado dizer que o clima do passado havia atingido níveis tão altos.

Se tivermos sorte, a atual tendência de aquecimento global não vai nos levar nem perto da temperatura de 250 milhões de anos atrás. Mas, se chegar, nós mostramos que a Terra pode demorar alguns milhões de anos para se recuperar”, disse Paul Wignall, professor da Universidade de Leeds e um dos autores do estudo.

(…)»

Ver artigo completo em: https://veja.abril.com.br/ciencia/temperatura-do-planeta-atingiu-niveis-letais-no-periodo-triassico

 

Tabela Do Tempo Geológico


Fonte: https://paleontologiaeevolucao.blogs.sapo.pt/eras-geologicas-938