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quarta-feira, 18 de março de 2020

COVID-19, Marionetas e Zé Povinho




Tem meses que não publico um post no blog. A minha vida pessoal e profissional tem andado demasiado ocupada que permita ainda ter tempo e paciência para ao final do dia escrever um texto para publicar. Não é que não me lembre de temas. Tenho visto várias notícias que eram dignas de ficarem registadas neste blog, como as declarações da Ministra da Agricultura a dizer que a paragem da China podia ser uma oportunidade para Portugal (eles devem dizer o mesmo agora de nós), ou do ministro Matos Fernandes a dizer que a solução para o Mondego passava pelas populações se mentalizarem que tinha de abandonar as suas casas (!?sério?) e ir viver para zonas onde as cheias não chegam, ou que a solução para o carbono era reduzir em 20% o sector agropecuário (? Vá dizer isso na cara dos trabalhadores que vivem desse sector). Enfim.
Mas o que me traz aqui hoje diz respeito à situação em que se encontra o país hoje: a meio gás. O Covid-19 pelos vistos não dá só febres, dores e problemas respiratórios, também causa congelamento do cérebro dos nossos políticos e dirigentes nacionais.
António Costa, falhaste em toda a linha! Ouvir peritos da matéria (saúde, sociólogos, administração interna, etc..) é nobre, mas quando se trata de tomar decisões temos de ser nós a tomá-las. Há semanas atrás vi vários “experts” a falar nas Tv’s a dizer que isto não era grave. Vi inclusive a diretora da DGS a dizer que as netas dela estavam na escola e não havia problema nenhum (dois dias depois estavam a encerrar as escolas). Vi a mesma senhora a dizer que o Iburon não fazia mal nenhum e ontem a OMS desaconselhou o seu uso… Enfim todos têm as suas opiniões e Portugal nesse aspecto é um caso particular – não vou dizer singular – mas todo o burro caga sentença. Todos acham que sabem mais. Provavelmente com a melhor das intenções.
Falhaste porque este pequeno País à beira-mar plantado, tão longe de todos, que tanta vez se queixa do seu isolamento da Europa tinha tudo para evitar esta crise. Assim que o surto chegou à europa, tivessem havido tomates para suspender as ligações aéreas e encerramento das fronteiras de Portugal continental e Ilhas e hoje, muito provavelmente, tínhamos a nossa economia interna a funcionar. Não tínhamos este stress dos supermercados com o risco de convulsão social por falta de bens alimentares nas prateleiras.
Tanto se falou dos dramas do turismo que era um sector que representava 10% do PIB nacional. A sério?? Por 10% lixam-se 90%?? Agora com país parado é que o PIB vai à vida. Mais, ter isolado o país em fevereiro lixava o sector do turismo em meses de época baixa, mas minimizava os efeitos de uma época alta vazia, uma vez que o turismo interno também representa alguma coisa. A minha avó sempre dizia “vão-se os anéis, fiquem os dedos”. A estratégia deste governo foi admitir que ia ficar primeiro sem anéis e depois sem dedos, para que o choque não fosse tão “traumático” para os portugueses. Agora estamos todos em casa a fazer contas para quando é que temos de ir ao supermercado.
Com os números a crescer em Itália ainda houve quem fosse gozar as suas férias da “neve” para os Alpes! Ou para o carnaval de Veneza, ou para as feiras de Milão! Ou quem fosse de cruzeiro para Cádiz e de autocarro chegou a Lisboa porque o porto de Lisboa recusou receber o cruzeiro. A sério?! Por favor!? Mas que amadorismo é este?. Definam-se as principais rotas comerciais, use-se o comboio de mercadorias, fechem-se todas as outras estradas (não é difícil, basta o exército levar uma giratória e abrir um buraco na estrada que nenhum carro passa). Os tratores levam os semirreboques até ao parque em Vilar Formoso e lá um trator espanhol pegava o semirreboque e levava para Espanha ou para a fronteira Francesa. Custa mais? Sim. Mas seria melhor que estar parado!
Esta subserviência ao sector do turismo irrita-me profundamente. Podíamos ter aproveitado para manter a nossa indústria a trabalhar, quem sabe até crescer para fornecer uma Europa parada, mostrar aos investidores que este país “isolado” pode ter vantagens. Podíamos ontem ter oferecido à UEFA a possibilidade de organizarmos novamente um EURO (2020), em que as equipas vinham 2 meses antes, faziam a quarentena controlada e podiam jogar – só com adeptos portugueses nas bancadas é certo – mas mantinham-se patrocínios, algumas unidades hoteleiras salvavam o ano e dava-se futebol ao zé povinho, tuga e europeu (e tão bom que era as pessoas ligarem a Tv e terem a sensação que está tudo normal). Não há Giro de Itália? Tour de France? Havia em Portugal. Perdíamos hoje 10% do PIB, mas mantínhamos 90% do PIB e os ganhos futuros poderiam ser enormes.
Tal como na crise de 2008/2010 em que Sócrates decidiu ser bom aluno europeu e fazer o que Angela Merkel mandou (com a diferença que os nossos cofres estavam vazios), também António Costa decidiu ser marioneta europeu e alinhar pela mesma estratégia que os seus parceiros europeus: uma quarentena progressiva. “A bold attempt is half way to success” (a ousadia é meio caminho para o sucesso). Foi essa ousadia de enfrentar os mares que levou Portugal a ser um Império. Não foi a ser lacaio de Espanha que o conseguimos. Aliás, no tempo dos Filipes ficou bem visível o que acontece quando somos lacaios. A nossa história já nos devia ter ensinado a decidir o nosso futuro.
Agora Costa, vais cair nas sondagens. E quando isso acontecer o Bloco e o PCP não vão ter problemas de consciência em provocar uma pequena crise política e tirar-te do governo. Da minha parte, acho que é merecido. Não contes com o meu voto. Quero líderes. Não quero lacaios.