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segunda-feira, 18 de maio de 2015

TAP: Nabice ou Trafulhice?




Este é um assunto que não posso deixar de abordar no Blog para memória futura. Deixo também a ressalva que não me oponho à privatização da TAP. Tantas empresas públicas que já foram vendidas, sendo que muitas delas sem verdadeiras alternativas, não será a TAP que me preocupa mais. Se vendemos os aeroportos, os portos  e a rede eléctrica, se vendemos os CTT a EDP a PT e a GALP, porque não a TAP cujas alternativas abundam, sejam Low Cost sejam premium. Porque tem a bandeira nacional? Por favor… esse tempo já lá foi. Sempre me perguntei porque raio tinha de suportar do meu bolso rotas “simbólicas” com prejuízos para a companhia para que um Barão qualquer de um dos partidos do arco da governação possa ir fazer os seus negócios?! Não faz sentido. Quem quiser que pague um jacto particular e boa viagem. A verdade é que a empresa não pode continuar a acumular défice atrás de défice. Para mim, venda-se.
Outra questão é como gerir o processo de venda. Aqui o governo, salvo melhor opinião, tem estado muito mal e talvez de forma não muito inocente. Vou expor aqui o meu raciocínio que talvez não ande muito longe da verdade.

1 – A TROIKA obrigou a contabilizar na Dívida Pública as dívidas do sector empresarial do estado, o que elevou em muito o valor da dívida do estado.

2 - A TAP tem dívidas. Muitas dívidas. Tem de se resolver o problema! Tem de se anular a dívida da TAP para baixar a dívida pública e aliviar a pressão e desconfiança dos credores.

3 – O governo decide entre os pares: procurem entre os amigos quem é que está disponível para assumir a TAP.

4 - Relvas arranja um interessado para a TAP de nome Eframovich. Mais ninguém consegue dentro do prazo arranjar opções.

5 – Dado o ar de trafulha de Relvas e do histórico de amizades não muito recomendáveis Eframovich é olhado de lado. Pior do que isso, o governo percebe que entregar a companhia num concurso com apenas uma proposta, sendo a mesma do amigo Relvas, pode ser demasiado… obscuro, com graves consequências para a imagem do governo.

6 – Relvas sai do governo e passa a viajar muito para o brasil e a contactar Eframovich. Vou fazer um exercício de um possível diálogo entre os dois, que peço ao leitor que ao ler, entoe na sua cabeça o sotaque brasileiro de Eframovich e a vozinha de menino Tonecas de Relvas (sempre fica mais divertido para o leitor contribuinte desta tragédia que são os nossos políticos).

 Efram: Oi cara, como é que é? Vocês me ferraram na TAPihh
 Relvas: Pois… Mas olhe, não se preocupe que tudo se vai resolver. A sua proposta para o cargo de administrador na TAP ainda se mantêm?
 Efram: Sei não cara! Você me esnobou! Agora só tem cargo não executivo...
 Relvas: Não tem mal, para mim serve. Então é assim: vamos tentar arranjar mais duas propostas para concorrer consigo, para… uhm, sabe? Dar assim um ar mais transparente à coisa!
 Efram: Propostas? Quer dizer concorrência?
Relvas: Concorrência? Não, não, nada disso! Calma! Somos amigos ou não?
Efram: Caro amigo, isso vai dar muito trabalho pá gentchi. Terrr que criar mais duas empresas “di” fachada? Sei não… Vai custar seu cargo não executivo… vai baixar para assessor “di” directoria..
Relvas: Tem salário não tem? 
Efram: Tem sim.
Relvas: Óptimo!!.Para mim serve. Posso falar então com dois amigos para arranjar umas propostas?
 Efram: Tudo bem cara, você qui sabe!

7 – Durante dois anos é passada informação e negociados os termos da privatização. O governo aproveita todas as oportunidades para desvalorizar ainda mais a TAP, para que os valores da privatização não choque a sociedade portuguesa.

8 – Após a apresentação a das propostas, representantes do governo vêm para a comunicação social dizer que esperam um processo de análise célere e que esteja pronto em 15 dias.

Posto isto, não me admiraria nada que a proposta vencedora fosse: Eframovich. E não me admiraria nada que a sua proposta fosse muito melhor que todas as outras para vermos os membros do governo a dizer à boca cheia na televisão que tomaram a melhor decisão e que a proposta de Eframovich é sem dúvida a melhor (e que defenderam o interessa nacional, blá blá blá).

Quem acha que em 15 dias se analisa um processo de concurso desta magnitude só pode ter conhecimento prévio que o concurso já estava cozinhado. Que isto é fantochada. Porque 15 dias demoro eu a verificar as propostas de um concurso de uma empreitada de 1milhão de euros. Isto se olhar com olhos de ver e quiser comparar, não preços, mas valia técnica das propostas. Como pode ser o processo de privatização da TAP, uma empresa cujo valor deve atingir os milhares de milhões de euros, decidido em 15 dias? Estão a brincar, só pode. 

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Privatização da TAP



Ontem o Sr. Primeiro-ministro dizia que a alternativa à privatização da TAP é a reestruturação, e que com isso, em vez de termos uma TAP ficávamos com uma “tapezinha”.
Então uma empresa com uma dívida elevada e com um acumular “quase” crónico de prejuízos não é para reestruturar?
Como é que “um privado” vai conseguir por a TAP a dar lucro (recuperar o investimento e ter ganhos) mantendo a atual estrutura.
Não vai despedir ninguém? Não vai eliminar rotas que não são rentáveis?
Ficou por esclarecer qual a diferença (se é que existe) entre uma reestruturação feita pelo governo e uma reestruturação feita por um privado.
TAP ou Tapezinha preferia que continuasse portuguesa.