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quarta-feira, 8 de maio de 2013

A vingança do Coelho

O discurso do primeiro-ministro pareceu mais um discurso de uma querela pessoal do que de um líder de um país. As medidas anunciadas caiem sempre sobre os mesmos, funcionários do estado e pensionistas.
Moralmente, não posso exigir empenho, dedicação e honestidade a 100% a funcionários cujo patrão sistematicamente ostraciza. Quando não se respeitam os outros, não se pode exigir ser respeitado. Um patrão que não promove o mérito e que quando se vê em dificuldades corta a direito, em vez de estudar o que é importante e o que é dispensável em tempos de crise, não pode ser respeitado.
Infelizmente, os nossos políticos para conseguirem objectivos pessoais e de partido, apelam no seu discurso ao crescimento do sentimento de inveja entre classes, um sentimento fértil no nosso país. Conseguem com isso, juntando a ignorância política e falta de raciocínio lógico do nosso povo, o apoio de massas para medidas tão absurdas.
A verdade é que as profissões e objectivos de funcionários públicos são totalmente distintos dos funcionários privados. A verdade é que o código do trabalho prevê um máximo de 40h/semanais, não obriga a isso, havendo por isso muitas empresas privadas a optarem por valores inferiores. A verdade é que a ADSE é paga pelos funcionários e foi criada como complemento ao salário. A verdade é que não se pode acabar com um seguro de saúde, que um funcionário pagou durante 30 anos, e que agora esfuma-se, obrigando-o a ir ao mercado contrair um novo seguro, mas com uma idade que vai pesar e muito no cálculo do prémio do seguro.
Não consigo perceber o conceito de igualdade entre funcionários do estado e privado. É que os primeiros devem ter um carácter capaz de defender o interesse de 10milhões de pessoas. Os segundos só têm de defender-se a si e o seu patrão contra os outros 10milhões. Com os sucessivos ataques aos direitos dos funcionários do estado, estamos a colocar-nos a jeito para que esses mesmos funcionários, que deveriam zelar pelos interesses de toda uma comunidade, passam a zelar pelo seu próprio interesse. A consequência é caminharmos lentamente para um estado digno de países de terceiro mundo, onde tudo é comprado, até a senha para o atendimento. Qualquer dia, expulsam-nos do continente Europeu e convidam-nos para o Africano ou para a América do Sul…

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