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terça-feira, 15 de março de 2022

As razões da guerra na Europa

Provavelmente, a principal razão apontada pelos russos para invadir a Ucrânia, resultou da cada vez maior percentagem de ucranianos que veem com bons olhos a adesão à Nato.

Obviamente que os Ucranianos pretendem aderir à Nato por não se sentirem seguros. Ou seja, por recearem que lhes acontecesse, precisamente o que lhes está a acontecer.

Existe de facto uma certa lógica no argumento de Putin, em não querer a Nato junto às sua fronteiras, mas parece-me que é acima de tudo, uma questão retórica. Alguém acredita que a Nato tivesse intenções de atacar a Rússia?

A Rússia possui cerca de seis mil ogivas nucleares. O seu poder destrutivo é de tal modo brutal[1] que a resposta às perguntas: “quem se atreveria a atacar a Rússia? E, como pode alguém esperar sair vivo, desse ataque de insanidade?”, parece ter apenas, uma resposta demasiado óbvia: “só um suicida!”.

A outra grande razão apontada por Putin, tem que ver com os laços históricos entre a Rússia e a Ucrânia.

No entanto, podemos facilmente encontrar pontos de vista diametralmente opostos.

Como se pode verificar nos próximos dois textos em baixo, o ponto de vista de uns, pode muito bem não ser partilhado, pelo ponto de vista de outros.

"Portanto, há sentimentos muito fortes quando a Ucrânia como nação se define em oposição à Rússia. Isso causa muita raiva e frustração na Rússia, que se sente traída por um irmão. E isso tem a ver com a incapacidade da visão dominante entre os russos de reconhecer a identidade nacional ucraniana como algo separado da Rússia[2]"

"Sim, os dois países compartilham uma história comum. Historicamente, a Ucrânia foi dominada e oprimida pelos russos. Durante o período soviético, eles sofreram uma grande fome, em que milhões de pessoas morreram, porque a Rússia queria exportar os grãos que produziam. A grande unidade entre o povo russo e ucraniano é um absurdo55"

Por não ser da opinião que esta guerra teve início devido ao receio da Nato, nem porque os russos considerem os ucranianos como irmãos, decidi enumerar algumas razões que me parecem um pouco mais plausíveis:  

1 – É um psicopata! Não sendo especialista em estudos de personalidade ou comportamentais, parece-me evidente que alguém que fica impávido e sereno, como se não tivesse ordenado a morte de milhares de inocentes, só o possa ser!

Nomeadamente, porque não está a defender o seu povo de qualquer ataque.

2 – Relacionada com a primeira. Está fortemente convencido da sua superioridade, bem com como da Rússia face à Ucrânia.

3 – Relacionada com as duas anteriores. Julga-se “O Macho Man”. Por essa razão, odeia Zelensky que é visto como charmoso e capaz de fazer rir as mulheres. Para tornar a coisa ainda pior, cada vez mais, elas escrevem nas redes sociais, que “o homem tem tomates”.

As próximas, certamente que lhe vão parecer mais sérias, mas não se esqueça: um só homem pode ser, indiretamente, responsável pela morte de milhões de seres humanos.

4 – Pretendia colocar um governo fantoche na Ucrânia, à semelhança do que fez, por exemplo, na Bielorrússia.

5 – Subestimou a capacidade de defesa dos ucranianos. Estava convencido que o medo seria tanto que desatavam a fugir. Nunca imaginou que teria de enfrentar tanta resistência e que colocar um governo “amigável” seria tão difícil, talvez até inatingível.

6 – Desmembrar a Ucrânia, tomando sob o falso pretexto de que a população de certas regiões (Dombas e Crimeia) são maioritariamente pró-russas, para, desse modo, apropriar-se de riquezas ucranianas:

“A região que abriga os dois focos separatistas interessa à Rússia, segundo analistas, não apenas pela relação étnica destacada por Putin, mas também por terem importantes reservas de minérios, principalmente o aço”55.

7 – O atrevimento dos ucranianos! Como é possível que um povo que quer viver ali, mesmo ao lado da Rússia, ouse ser livre, democrata e próspero? Que belo exemplo estariam a dar!

Caso não consiga colocar um governo que faça o que a Rússia quer, o “plano b” de Putin passa por destruir infraestruturas ucranianas, apoderar-se de regiões estratégicas e bloquear o acesso aos mares Negro e de Azov, pretendendo com essas medidas, frustrar a capacidade ucraniana de criar riqueza.

8 – Putin acreditava ser a altura certa.

Por um lado, a forte dependência energética de países como a Alemanha.

Por outro, os EUA estarem “quase em guerra civil”. O clima político de crispação entre democratas e conservadores atingiu níveis nunca vistos. Obviamente que isso enfraquece a maior potência do mundo democrata.

Por último, o apoio da China, que com a paciência que os caracteriza, espera poder tirar proveitos deste conflito (entre a Rússia e o Ocidente).

9 – Deixar um legado. Putin conseguiu alterar a lei, de modo a permanecer no poder, por tempo indeterminado.

Para muitos analistas, tem o forte desejo de ficar para a história da Rússia, ao lado dos grandes nomes (se não mesmo, acima deles).

10 – Este último contém alguma especulação. Será que a China não se limita a apoiar a Rússia, e que esta invasão faz parte de um plano que visa dividir o mundo em dois blocos? Os que ficam ao lado dos países democratas e os que apoiam os regimes autocratas e autoritários?

Não sei como, nem quando, este conflito irá terminar, mas não creio que o mundo volte a ser como era, nos próximos tempos.

Como alguém dizia, o progresso faz-se de avanços e recuos, e claramente que isto foi um passo atrás.

Estamos perante uma contenda entre dois modos de vida profundamente diferentes: o livre e o autoritário.

Na Rússia e na China, entre outros países, os cidadãos não podem expressar-se livremente.

Compete-nos lutar pelo que acreditamos, e ajudar como nos for possível, quem está a lutar pelos nossos interesses.

Um maior envolvimento da China, devido, por exemplo, a algum ressentimento relativo ao assunto Taiwan, pode tornar esta guerra muito mais dramática.

Numa altura em que devíamos estar a unir esforços para combater as alterações climáticas, temos um confronto por razões que carecem de enorme bom senso.

Apenas um homem, pôde tomar uma decisão, em nome de milhões, arrastando-os para um conflito que em nada os serve, e que muito provavelmente, não representa as suas vontades.



[1] https://www.bbc.com/portuguese/internacional-60564958

[2] https://www.bbc.com/portuguese/internacional-60514952

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