As razões da guerra na Europa
Provavelmente, a principal
razão apontada pelos russos para invadir a Ucrânia, resultou da cada vez maior
percentagem de ucranianos que veem com bons olhos a adesão à Nato.
Obviamente que os Ucranianos
pretendem aderir à Nato por não se sentirem seguros. Ou seja, por recearem que
lhes acontecesse, precisamente o que lhes está a acontecer.
Existe de facto uma certa
lógica no argumento de Putin, em não querer a Nato junto às sua fronteiras, mas
parece-me que é acima de tudo, uma questão retórica. Alguém acredita que a Nato
tivesse intenções de atacar a Rússia?
A Rússia possui cerca de seis
mil ogivas nucleares. O seu poder destrutivo é de tal modo brutal[1] que a
resposta às perguntas: “quem se atreveria a atacar a Rússia? E, como pode alguém
esperar sair vivo, desse ataque de insanidade?”, parece ter apenas, uma
resposta demasiado óbvia: “só um suicida!”.
A outra grande razão apontada
por Putin, tem que ver com os laços históricos entre a Rússia e a Ucrânia.
No entanto, podemos facilmente
encontrar pontos de vista diametralmente opostos.
Como se pode verificar nos próximos
dois textos em baixo, o ponto de vista de uns, pode muito bem não ser
partilhado, pelo ponto de vista de outros.
"Portanto, há sentimentos
muito fortes quando a Ucrânia como nação se define em oposição à Rússia. Isso
causa muita raiva e frustração na Rússia, que se sente traída por um irmão. E
isso tem a ver com a incapacidade da visão dominante entre os russos de
reconhecer a identidade nacional ucraniana como algo separado da Rússia[2]"
"Sim, os dois países
compartilham uma história comum. Historicamente, a Ucrânia foi dominada e
oprimida pelos russos. Durante o período soviético, eles sofreram uma grande
fome, em que milhões de pessoas morreram, porque a Rússia queria exportar os grãos
que produziam. A grande unidade entre o povo russo e ucraniano é um absurdo55"
Por não ser da opinião que
esta guerra teve início devido ao receio da Nato, nem porque os russos
considerem os ucranianos como irmãos, decidi enumerar algumas razões que me
parecem um pouco mais plausíveis:
1 – É um psicopata! Não sendo especialista
em estudos de personalidade ou comportamentais, parece-me evidente que alguém
que fica impávido e sereno, como se não tivesse ordenado a morte de milhares de
inocentes, só o possa ser!
Nomeadamente, porque não está
a defender o seu povo de qualquer ataque.
2 – Relacionada com a
primeira. Está fortemente convencido da sua superioridade, bem com como da
Rússia face à Ucrânia.
3 – Relacionada com as duas
anteriores. Julga-se “O Macho Man”. Por essa razão, odeia Zelensky que é visto
como charmoso e capaz de fazer rir as mulheres. Para tornar a coisa ainda pior,
cada vez mais, elas escrevem nas redes sociais, que “o homem tem tomates”.
As próximas, certamente que
lhe vão parecer mais sérias, mas não se esqueça: um só homem pode ser,
indiretamente, responsável pela morte de milhões de seres humanos.
4 – Pretendia colocar um
governo fantoche na Ucrânia, à semelhança do que fez, por exemplo, na
Bielorrússia.
5 – Subestimou a capacidade de
defesa dos ucranianos. Estava convencido que o medo seria tanto que desatavam a
fugir. Nunca imaginou que teria de enfrentar tanta resistência e que colocar um
governo “amigável” seria tão difícil, talvez até inatingível.
6 – Desmembrar a Ucrânia,
tomando sob o falso pretexto de que a população de certas regiões (Dombas e
Crimeia) são maioritariamente pró-russas, para, desse modo, apropriar-se de
riquezas ucranianas:
“A região que abriga os dois
focos separatistas interessa à Rússia, segundo analistas, não apenas pela
relação étnica destacada por Putin, mas também por terem importantes reservas
de minérios, principalmente o aço”55.
7 – O atrevimento dos
ucranianos! Como é possível que um povo que quer viver ali, mesmo ao lado da
Rússia, ouse ser livre, democrata e próspero? Que belo exemplo estariam a dar!
Caso não consiga colocar um
governo que faça o que a Rússia quer, o “plano b” de Putin passa por destruir
infraestruturas ucranianas, apoderar-se de regiões estratégicas e bloquear o acesso
aos mares Negro e de Azov, pretendendo com essas medidas, frustrar a capacidade
ucraniana de criar riqueza.
8 – Putin acreditava ser a
altura certa.
Por um lado, a forte dependência
energética de países como a Alemanha.
Por outro, os EUA estarem “quase
em guerra civil”. O clima político de crispação entre democratas e conservadores
atingiu níveis nunca vistos. Obviamente que isso enfraquece a maior potência do
mundo democrata.
Por último, o apoio da China,
que com a paciência que os caracteriza, espera poder tirar proveitos deste
conflito (entre a Rússia e o Ocidente).
9 – Deixar um legado. Putin
conseguiu alterar a lei, de modo a permanecer no poder, por tempo
indeterminado.
Para muitos analistas, tem o
forte desejo de ficar para a história da Rússia, ao lado dos grandes nomes (se
não mesmo, acima deles).
10 – Este último contém alguma
especulação. Será que a China não se limita a apoiar a Rússia, e que esta
invasão faz parte de um plano que visa dividir o mundo em dois blocos? Os que
ficam ao lado dos países democratas e os que apoiam os regimes autocratas e autoritários?
Não sei como, nem quando, este
conflito irá terminar, mas não creio que o mundo volte a ser como era, nos
próximos tempos.
Como alguém dizia, o progresso
faz-se de avanços e recuos, e claramente que isto foi um passo atrás.
Estamos perante uma contenda
entre dois modos de vida profundamente diferentes: o livre e o autoritário.
Na Rússia e na China, entre
outros países, os cidadãos não podem expressar-se livremente.
Compete-nos lutar pelo que
acreditamos, e ajudar como nos for possível, quem está a lutar pelos nossos
interesses.
Um maior envolvimento da
China, devido, por exemplo, a algum ressentimento relativo ao assunto Taiwan,
pode tornar esta guerra muito mais dramática.
Numa altura em que devíamos
estar a unir esforços para combater as alterações climáticas, temos um
confronto por razões que carecem de enorme bom senso.
Apenas um homem, pôde tomar
uma decisão, em nome de milhões, arrastando-os para um conflito que em nada os
serve, e que muito provavelmente, não representa as suas vontades.
[1]
https://www.bbc.com/portuguese/internacional-60564958
[2]
https://www.bbc.com/portuguese/internacional-60514952
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