Comunicação
ao país do primeiro-ministro na passada sexta-feira, dia 7 de setembro de 2012.
Algumas
questões:
Onde para
a equidade, Sr. primeiro-ministro?
Em
2012, os funcionários públicos e os funcionários de algumas empresas do setor
empresarial do estado, ficaram sem dois vencimentos (os subsídios de natal e
férias).
O mesmo
não aconteceu com os trabalhadores do setor privado e com trabalhadores de
algumas empresas do setor empresarial do estado.
Se o
país encontra-se numa situação de emergência nacional, como são permitidas
tantas exceções?
Para
2013, acabou de anunciar ao país que vai manter os mesmos cortes para os
funcionários públicos, que os privados vão perder um salário e que os
empresários vão ter direito a uma redução na sua contribuição para a segurança
social (TSU) em cerca de seis pontos percentuais.
Mas se
no caso dos trabalhadores por conta de outrem garantiu que todos vão
contribuir, (embora a contribuição seja diferente, dependendo de para quem
trabalhem), no caso dos empresários, optou por deixar que seja cada um deles a
decidir como aplicar a redução de cerca de 6% nos encargos com a segurança
social. Ou seja, numa altura que exige sacrifícios aos portugueses, oferece aos
empresários uma benesse que não tem como garantir que seja bem aplicada.
O
primeiro-ministro diz que não se pode tratar de forma igual o que é desigual.
Esta afirmação
é sustentada pelo governo (e pelo primeiro ministro) com base no argumento que
os funcionários públicos têm um emprego mais seguro e que ganham mais que os
trabalhadores do setor privado.
Isto
dito assim pode levar a pensar que um médico que trabalhe exclusivamente no
setor público ganha mais que um médico que trabalhe exclusivamente no setor
privado. Será verdade?
No
entanto, esse médico que trabalha num centro de saúde ou hospital público ficou
em 2012 com menos dois salários.
O
outro médico que trabalha num clinica ou hospital privado, não perdeu qualquer
salário.
Será
que isto é equidade?
Em
relação a questão dos empregos seguros, não lhe parece que já foi chão que deu
uvas?
Mas
isto aplica-se apenas aos médicos?
Um
arquiteto que trabalhe no privado ganha menos que um arquiteto que trabalhe no
público? Por certo que haverá uns que ganham mais e outros que ganham menos.
Claro que temos que comparar em função dos cargos que ocupam, das
responsabilidades, experiência, curriculum, etc.
E os
advogados? No privado ganham menos que no público?
Os professores
que lecionam numa escola privada ganham menos que os professores que trabalham
para o estado?
Os
farmacêuticos, os enfermeiros, os engenheiros, os gestores, etc.
Um
diretor no privado ganha menos que um diretor no estado?
Um
funcionário dos CTT Expresso ganha mais que outro que trabalhe numa empresa
concorrente do privado?
Um
funcionário público que passa a noite agarrado ao camião do lixo, a recolher o
lixo da cidade, ganha mais do que se trabalhasse no privado?
Os
funcionários que trabalham nas estações de tratamento de águas residuais ganham
mais no público?
Foram
feitas, com rigor, estas comparações? Podemos consultá-las?
Admito
que haja pessoas a receber do estado mais do que aquilo que produzem, mas isso
é outra estória.
A
questão aqui em causa é saber com que direito, se retira salário a alguém apenas
em função do seu vínculo laboral.
Mas
admitindo que o Sr. primeiro-ministro esteja certo, que os funcionários
públicos ganhem mais que os trabalhadores do setor privado, então porque
desconta a todos os pensionistas da mesma forma? Ao pensionista que toda a sua
vida trabalhou para o privado é-lhe exigido o mesmo esforço (2 salários) que ao
pensionista que toda a sua vida trabalhou para o estado.
Se em
termos relativos o funcionário público ganha mais que o trabalhador do setor
privado, é expectável que isso se vá refletir na reforma. Assim sendo, seria
mais coerente com o discurso que os funcionários públicos ganham mais que os
trabalhadores do setor privado, se não cortasse os subsídios aos pensionistas
que sempre trabalharam para o privado.
E em
relação aqueles que trabalham no setor empresarial do estado? Se não são
funcionários públicos porque foram equiparados apenas nos sacrifícios exigidos?
Se o
país está numa situação de emergência nacional, todos deveriam ser chamados a
participar na recuperação do país.
E
parece-me justo que se peça um pouco mais a quem mais tenha para dar. Não me
parece correto pedir os mesmos 7% do vencimento bruto a quem ganhe o ordenado
mínimo e a quem ganhe, por exemplo, 50000 Euros por mês. Claro que 7% do
salário mínimo é muito menos que 7% de 50000€, mas o esforço de viver sem 7% de
485€ é muito superior ao esforço de viver sem 7% de 50000€.
Luís Pamplona
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