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sexta-feira, 28 de dezembro de 2012


BPN


No passado sábado, no noticiário da SIC, assisti a mais uma reportagem sobre o caso BPN.
Sobre o BPN já ouvi, entre outras coisas, que provavelmente será o maior roubo da história de Portugal.

Quanto aos valores…, que pode chegar aos 7 mil milhões de euros.

Qualquer coisa como se fossem ter com 7 milhões de portugueses e lhes pedissem que cada um desse mil euros para tapar o buraco (ou devo dizer, o roubo) do BPN.

Voltando à referida reportagem, o que nos mostra de novo é uma série de empresas e empresários que devem dinheiro ao banco; e ficamos todos com uma ideia muito clara que será muito difícil, se não mesmo impossível, que esses valores em dívida venham a ser recuperados.

 Ou seja, o banco faliu por não conseguir pagar o dinheiro que pediu emprestado porque emprestou a uma série de empresas e empresários que também não lhe pagaram.

Os bancos costumam ser muito ciosos do seu dinheiro. Não sei como funciona o empréstimo a empresas, mas acho estranho que os bancos não garantam os seus empréstimos.

No empréstimo à habitação, no qual tenho alguma experiência, os bancos procuram garantir os seus empréstimos fazendo uma avaliação da capacidade de endividamento do cliente, não emprestando a totalidade do valor do imóvel, muitas vezes pedindo um fiador ou avalista e ficando sempre com a hipoteca do imóvel até ao valor em dívida estar saldado.

Então o BPN emprestava aos milhões de euros, algumas vezes às dezenas de milhões de euros, ou mais, e não garantia minimamente os valores dos empréstimos? Isto é possível?

O banco emprestava sem o mínimo de rigor?

Arrisco-me a dizer que quanto mais emprestava, mais via subir a sua cotação no mercado…

Será que é prática normal emprestar dinheiro a empresas sem exigir garantias?

Se as coisas não funcionam desse modo, como é que o regulador não se apercebe de nada?

A certa altura pus-me a pensar: “será que aqueles empresários que não conseguiam empréstimo noutros bancos iam ao BPN porque alguém lhes dizia “vá ao BPN que eles emprestam”.

Quando optaram pela nacionalização do BPN, nem devem ter tido tempo para verificar este estado de coisas…

Como o perigo de risco sistémico era iminente, ou seja, como acreditavam que havia um enorme risco da maioria das pessoas correr aos seus bancos para levantar os seus depósitos e com isso criar a rotura total no sistema financeiro, não tiveram tempo de se aperceberem do estado dos empréstimos do BPN.

O Estado ao nacionalizar o BPN não só ficou com as suas dívidas como também com os seus empréstimos.

Vem-se agora a saber que muitos dos empréstimos não valem nada. Portanto, o Estado ficou com as dívidas do BPN e alguns balcões.

É importante referir que quem entretanto comprou o BPN não quis ficar com ónus de ter que recuperar estes empréstimos. Essa parte ficou com a empresa pública Parvalorem. 

Alguns dos empresários que deviam dinheiro ao BPN, e agora à Parvalorem, provavelmente, já passaram todos os seus bens para o nome de outra empresa, ou de algum familiar, ou puseram o dinheiro em alguma offshore.

Em suma, trataram de garantir que não lhes iam ao bolso. Pelo que se sabe, alguns dos principais gestores do banco fizeram a mesma coisa.

A justiça portuguesa não pode fazer nada, está de mãos atadas. Será que ao menos vão mudar a lei de modo a que no futuro consigam fazer mais qualquer coisa?

Conclusão: alguns empresários pouco honestos safam-se. O mesmo em relação a alguns banqueiros pouco honestos, e os portugueses, pagam este que à data parece ser o maior roubo da nossa história.

Resta dizer que “assistimos na bancada”.

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