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sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Artur Batista da Silva – O burlão

Este caso é hilariante em todos os aspectos. Não só por ter enganado meio mundo, mas também por colocar a nú o provincianismo da nossa sociedade. Ver este caso e lembrar-me de alguns escritores nacionais de nomeada, onde em vários livros parodiavam com falsos nobres, personagens que se faziam mais do que eram, faz-me pensar que afinal a nossa sociedade não se modificou assim tanto. Vigaristas andarão sempre por aí. Não é isso que me espanta. O que me fascina é a baboseira do povo português que se derrete sempre (e já se derretia há séculos atrás) por alguém que se intitula um “supra-sumo” de qualquer coisa. Esta capacidade de vassalagem, de culto ou de “bajulanço” é o meu deleite.
Ver os jornalistas e “comentadeiros” todos “à nora” por não terem investigado melhor o personagem é de rir, rir e rir por mais.
Mas já agora também deixo a pergunta no ar: o homem o que disse e onde o disse, disse-o bem? Ou disse alguma coisa errada? É que se disse coisas acertadas, também não vejo mal em ter ou não ter formação superior, para se ser entrevistado ou fazer o papel de “comentadeiro”. É que há muitos “comentadeiros” que têm formação superior e só dizem o que lhes mandam. Lembro que, espanto dos espantos, até temos um n.º 2 do Governo que trafulhou no seu grau académico e que eu saiba, até hoje, nada de mais se passou neste país. Então o porquê de tanto alarido? É ridículo? Sim. Embaraçoso? Talvez. Dá vontade de rir da cara de uns quantos bajuladores? Dá e muita! Mas é grave? Não me parece.

Excerto do Jornal Sol Online:

"O homem que durante meses se intitulou consultor da ONU é investigado há mais de 30 anos, em 18 processos. Perito em falsificação, tem um diploma do ISCTE forjado, que lhe valeu uma queixa do Sindicato dos Economistas. Nas últimas semanas, arriscou de mais e foi desmascarado.
Artur Raul Reis Baptista Silva, nascido a 14 de Setembro de 1951, em Lisboa, segundo registos oficiais, é investigado pelas autoridades desde os anos 80. O homem que nos últimos dias ficou conhecido como o ‘burlão da ONU’, tem registo de pelo menos 18 processos-crime.
Segundo fontes policiais contactadas pelo SOL, é perito em burla e falsificação de documentos, tem um diploma forjado da licenciatura em Organização e Gestão de Empresas, de 1975, que lhe valeu uma queixa do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE), por falsificação e contrafacção de documentos.
O Sindicato dos Economistas também apresentou em 1981 queixa por usurpação de funções. Elina Pereira, funcionária há 33 anos, lembra-se da história: «No sindicato, há um antes e um depois de Baptista Silva. Antes, bastava uma cópia do certificado de habilitações para a inscrição de sócio. A partir do caso dele, passámos a exigir que fosse autenticada em notário».
António Coelho, dirigente do sindicato, explica as razões: «Estranhámos porque ele apresentava datas diferentes nos documentos. Só por isso fomos verificar», lembra.
Na verdade, se num lado do diploma aparece 1975 como o ano da conclusão da licenciatura, no verso surge 1976. Baptista Silva alegava ainda ter uma formação em «Administration Master Degree de Fontainebleu». Apresentava-se ainda como funcionário da Fábrica Portugal SARL.
De facto, ao longo dos anos, apresentou-se ora como gestor, ora como economista, ora como comerciante."

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