A nossa justiça.
Este fim-de-semana, foi notícia a sentença do julgamento de
Renato Seabra. Sobre isso nada tenho a dizer, mas não consegui deixar de me
questionar: Quanto tempo teria demorado a justiça portuguesa a chegar a um
veredicto?
Os processos em Portugal arrastaram-se durante anos e muitas
vezes não chegam a lado nenhum.
No entanto, um processo que dure muitos mais anos tem necessariamente
que custar muito mais aos contribuintes. Se, depois de tantos anos não der em
nada, fica para além do enorme custo financeiro, o custo da falta de justiça e
do julgamento na praça pública com base na informação veiculada pelos meios de
comunicação social, e não pela decisão do tribunal.
O que mais impressiona é que já se houve falar disto há anos
e tudo continua na mesma.
Recordo-me de uma entrevista a uma estação de televisão, do
então primeiro-ministro Eng.º António Guterres, que disse claramente que em
Portugal quem tivesse meios para contratar um bom advogado muito dificilmente
seria condenado.
Se o próprio primeiro-ministro diz isto e nada muda, só
posso concluir que quem prefere manter o atual estado das coisas, tem muita
força.
E esta é a grande questão, um grupo minoritário consegue
impor a sua vontade sobre a generalidade dos portugueses.
Dá inclusive a sensação que muitos já nem vêm isto como uma
profunda injustiça, como uma enorme descriminação, mas antes como uma benesse a
que se tem direito quando se chega a rico. Como se tratasse de uma vantagem que
vem no pacote com a promoção.
Todos acreditamos que a nossa justiça não condena
injustamente, por isso, todos aqueles que não têm possibilidades de contratar
os bons advogados e suportar os longos processos judiciais, só têm que se
portar bem e não cometer qualquer crime, que tudo vai correr bem.
Se alguns conseguem safar-se, só vem confirmar aquilo que já
sabemos: Somos todos iguais, embora uns sejam mais iguais que os outros.
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