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sexta-feira, 5 de outubro de 2012

“QUE SE LIXEM AS ELEIÇÕES”

Creio que ainda andamos quase todos a pensar como seremos afetados pelas medidas anunciadas pelo Ministro das Finanças.

Como será a nossa vida em 2013 com este novo pacote de austeridade? Vamos ficar na mesma ou pior? E quanto pior?
Teremos que esperar pela discussão do Orçamento de Estado. Até lá vamos ouvindo aqui e ali opiniões, comentários e previsões que como seria de esperar nos deixam ainda mais apreensivos. Mas este é o modelo de democracia em que vivemos e até que outro mais respeitador dos direitos dos cidadãos surja, vamos ter que ter muita paciência.
Parece-me no entanto que uma coisa ficou clara do discurso do Sr. Ministro das Finanças Vítor Gaspar, que o principal objetivo deste governo é saldar a dívida o quanto antes. Este governo quer pagar a dívida até junho de 2014. Quer fazê-lo em tempo recorde. Quer que algumas instâncias internacionais o classifiquem como "excelente aluno".
Se esse é o propósito imediato do governo, pergunto, com que fim?
Que devemos pagar a dívida parece-me inquestionável, mas quanto antes melhor?
Como o governo não dá grandes explicações temos que nos ficar pelos comentadores e analistas políticos e a grande maioria, se não todos, dizem que esta excessiva austeridade vai deixar a economia de rastos.
O país livra-se da dívida, e depois Sr. Vítor Gaspar? E depois Sr. Passos Coelho?
Se a economia do país fica de pantanas e se cada vez é maior o descontentamento com o governo, e o mais surpreendente, esse descontentamento vem de todas as facões políticas, então começa a parecer-me que esse saldar da  dívida em tempo recorde é um fim em si mesmo.
Pergunto, este governo quer saldar a dívida rapidamente para depois recomeçar a reconstruir o pais livre da ajuda externa? Mas para isso não precisa de ganhar as próximas eleições em 2015? Assim, parece difícil que as ganhe, se lá chegar.
O que me leva a questionar se pretende deixar o processo de levantar a economia do país, para outros.

Confesso que acho isto um pouco estranho. Talvez pretendam trazer um modelo muito mais liberal para o país e se depois ficam ou não, pouco importa, desde que o modelo fique.
Porque aparentemente nada impede que os que vierem a seguir mudem significativamente o estado das coisas, a não ser que não possam porque o país entretanto ficou de tanga.
Bom, isto parece ser um bocadinho maquiavélico.
Mas vejam, a grande maioria dos portugueses concorda que se deve pagar a dívida.
É próprio de uma pessoa de bem pagar as suas dívidas.
Há duas formas possíveis de o fazer.
Rapidamente e com mais custos para a economia ou mais lentamente e com menos custos para a economia.
Claro que ao tempo está sempre associado o montante dos juros e em qualquer dos casos, quanto menor, melhor.
O governo acredita que quanto mais rápido melhor. Porquê? Pelo pouco que se ouviu, porque quanto mais cedo a troika se for embora, melhor.
Mas muitos têm opinião diferente.
Para pagar dívida e juros é preciso criar riqueza, se não o fizermos, só á custa do empobrecimento.
Ora, é praticamente impossível empobrecer e criar riqueza ao mesmo tempo.
Por tudo isto a frase do Sr. primeiro-ministro voltou-me á memória, "que se lixem as eleições".
Se calhar, este governo tem por principal objetivo impor no mais curto período de tempo as políticas ultraliberais em que tanto acredita.
Resta saber se quem votou neste governo era isto que pretendia.

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