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quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Os Abutres (Bancos)

Vi hoje no diário económico uma notícia sobre o facto de o Santander ter quadruplicado os lucros nos primeiros nove meses, atingindo o valor de 230,4milhões de euros. Como isto se refere apenas aos primeiros nove meses do ano, significa que ainda vai aumentar. Se fosse pura competência eu aplaudia. Mas como não me parece que seja…
Exercitemos então a cabecita.
1.       Este ano, e comparativamente com o ano anterior, a economia abrandou, o consumo abrandou e o crédito mal parado aumentou. Tudo isto junto já seria suficiente para que os resultados não fossem famosos, a menos que houvesse um milagre. Será que houve? Sim, o milagre chamado Estado;
2.       Há um ano e poucos meses, ainda antes do resgate, as taxas de juro do financiamento ao estado subiam em flecha, mesmo após o resgate, tendo chegado a atingir em alguns prazos, se não estou em erro os 14%.
3.       Não sei se se recordam, mas durante essa escalada dos juros, a banca portuguesa andou a comprar dívida do estado (claro a taxas de juro daquelas, também eu emprestava).
4.       O resgate foi concedido com uma taxa de juro a rondar os 4,5 a 5%. 6 meses depois do resgate o estado disponibiliza à banca uma linha de crédito de recapitalização a um juro de 3,5% a 4%. Já se percebe aqui que o estado o estado está a perder 1% em favor dos bancos.
5.       Mas não é só o 1%. É que os bancos começaram a emprestar ao estado ainda antes do resgate quando as taxas cavalgavam até aos 10%. E mesmo após o resgate continuaram a comprar enquanto puderam, a taxas ainda mais apetitosas.
6.       Chegados os testes de stress aos bancos, conclui-se que afinal, os bancos têm falta de liquidez, pudera, meteram o dinheiro todo no estado a taxas altamente rentáveis. Assim as mentes brilhantes financeiras indicam-nos a solução: o estado tem de emprestar.
Conclusão: os bancos ávidos quiseram aproveitar a desgraça do estado e emprestaram a taxas altíssimas, depois quando já não tinham mais e não havia dinheiro na economia porque estava todo empatado no estado, o estado teve de ajudar, disponibilizando parte do bolo do resgate, pago a 5% ao FIM, a taxas de 3 a 4%. Se isto não é desvio de dinheiro, não sei o que será.
É também por isso que o crédito às famílias e empresas está nos 5% ou 10%. Porque apesar do BCE estar a emprestar a 0,478% os bancos acrescentam um bom spread, para compensar. Caso contrário mais vale ir emprestando ao estado… O lucro é maior e garantido. O povo é o “melhor do mundo” é “sereno” e “cumpridor”, por isso vai sempre pagar. Não me admira pois, que na entrevista do F.Ulrich do BPI á televisão, o homem só tenha dito bem do governo, dos ministros, das políticas, tendo mesmo até justificado as mesmas com um “não temos outra hipótese”. Pudera, ele cada dia que passa lucra com a nossa desgraça, convém que não haja agitação e que tudo fique na mesma…

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