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quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Fusão na Águas de Portugal

Eu por princípio sou a favor da fusão das empresas. Tal como sou a favor da fusão de municípios. Para os distraídos vou explicar sucintamente o que está em causa. O grupo Águas de Portugal tem participações maioritárias em mais de 20 empresas multimunicipais de abastecimento de água e saneamento espalhadas pelo país.
Com a evolução da civilização, a união europeia ditou regras relativamente ao ambiente, nomeadamente no que respeita ao tratamento de afluentes (esgotos) que são enviados para os rios e mar. Alguns municípios, com finanças mais desafogadas, e porque não dizê-lo, com maior responsabilidade e consciência ambiental, foram por sua conta, construindo ETAR’s, enquanto outros esbanjavam em rotundas garantindo assim a reeleição dos seus autarcas. Chegou a um ano em que a UE disse qualquer coisa do género: ou vocês começam a tratar os esgotos ou vai cair multa em cima.
Então para resolver o problema e uma vez que os municípios não o resolviam, o estado agarrou na Águas de Portugal, que tinha dinheiro em caixa resultante do abastecimento de água potável aos municípios do país com maior densidade populacional, e imputou-lhe o ónus de tratar dos esgotos. Como sempre, o poder local tem muita força, são muitos, dão guarida a muitos camaradas partidários, pelo que não é fácil negociar. Ainda mais difícil se torna, se a cor política for diferente e se quem manda, não tem os tomates no sítio. Assim houve alguns autarcas que só aceitaram ceder as suas instalações se o município x ficasse fora, ou o y ficasse dentro… Depois ainda houve a questão da riqueza dos municípios. Isto resultou em mais de 20 empresas, espalhadas por todo o país, para tratarem diferentes áreas geográficas.
Para convencer autarcas, foram oferecidas benesses, como “anda lá, olha que a empresa vai ter 5 administradores, podes lá colocar um pelo teu município, mais alguns funcionários”. Agora, com algumas empresas do grupo em grande dificuldade financeira, porque alguns dos municípios (os mesmos que não trataram do problema) não pagam o tratamento do esgoto, a holding decidiu fundir empresas, para poupar custos operacionais que reduzem com o aumento de escala, aproveitando para fundir empresas com equilíbrio financeiro com empresas deficitárias. Isto é uma BOMBA!!. “Então agora querem acabar com os tachos dos meus amigos?? Isso é que era bom!!!”
É claro que não há entendimento possível, não só pelos tachos que se perdem, mas por outro mal de que padece a raça humana: falta de solidariedade. É que o homem só é solidário de duas formas: ou é obrigado por lei a sê-lo, ou quando um seu semelhante está quase com os pés para cova, de preferência, visivelmente, inequivocamente, com os pés para a cova. Assim, os municípios devedores querem a fusão, querem que outros lhes paguem as contas, os cumpridores e mais ricos, não querem arcar com os custos dos pobres ou caloteiros. Como quem está no governo provém das autarquias e deve muitos favores a autarcas, isto não vai ter solução. Simplesmente NÃO VAI TER SOLUÇÃO. Tal como a fusão de municípios e muitos outros problemas do país.
PS- esta falta de solidariedade faz-me lembrar alguma coisa... Já sei! É exactamente o mesmo do que nós (caloteiros) nos queixamos relativamente aos países do norte da europa! Xiça, afinal temos do mesmo cá dentro. Afinal somos iguais!!!

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