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terça-feira, 23 de outubro de 2012

Lance Armstrong – O herói ou vilão?


Confesso que fui admirador deste ciclista. Nos meus tempos de jovem não resistia a acompanhar o Tour de France e a deliciar-me com as fantásticas provas de montanha onde esse fenómeno, Lance Armstrong, brilhava ao mais alto nível. Muitas vezes em prejuízo próprio, pois o Tour coincidia com a época de exames, mas simplesmente era irresistível. Se fiquei viciado na prova, ao ponto de ainda hoje dizer à minha mulher, que se algum dia me saísse o euromilhões, tiraria o mês de julho para me deslocar a frança e acompanhar ao vivo essas subidas míticas, deve-se a este ciclista e à sua equipa que faziam até da etapa mais banal um hino ao ciclismo. Talvez por isso seja parcial e admito até, que nada do que possa vir a acontecer apagará da minha memória aquelas vitórias carregadas de adrenalina, extasiantes e extenuantes!
Todos os dirigentes desportivos e responsáveis mundiais pelo ciclismo sabiam que Lance Armstrong tinha recuperado de um cancro nos testículos. O que implica, que esteve sujeito a diversos tratamentos com as mais variadas substâncias. Sabendo isso porque é que a USADA –entidade que controla o uso de doping no desporto americano – não averiguou logo se o uso de essas substâncias poderiam ter efeito doping num atleta? Se essas substâncias não eram consideradas dopantes na altura (entre 99 e 2005), pode-se condenar agora um atleta com base nisso? Vai o ciclismo cair no ridículo de condenar um atleta, sem ter um único controlo positivo nos mais de 500(!) que fez enquanto ciclista, apenas porque alguns ex-colegas de equipa, esses sim apanhados com doping noutras equipas, acusam-no de ter usado técnicas ilícitas? Sabemos em que condições, ou sob que ameaças estão os ex-colegas a proferir tais acusações? E se o doping era assim tão sofisticado e avançado, porque foram os ex-colegas, apanhados com controlos positivos e o visado (Lance) não? 
Todos sabemos que a honestidade corre atrás da trafulhice, ou seja que os prevaricadores estão sempre a tentar arranjar uma nova forma, um novo caminho para prevaricar de preferência sem serem detectados. Cabe à honestidade procurar esses caminhos analisá-los e proibi-los se entender que viciam as regras do jogo. Até aqui tudo bem. Podemos também dizer que, se, e sublinho o se, o Lance usou substâncias dopantes avançadas para a altura, que ele foi eticamente incorrecto para os adversários, mas nunca poderemos dizer que transgrediu, pois segundo as regras da altura, tudo correu dentro da normalidade. Será então que vale apena esta palhaçada toda em volta de um ciclista que quer queiram ou não, marcou os adeptos da modalidade e a promoveu como ninguém? Pergunto a essas entidades todas que regulam o ciclismo e que falharam, porque essa é a verdade, algo falhou, se, a bem da modalidade não seria melhor terem aprendido com o erro, ficarem caladas e trabalharem na melhoria da modalidade, em vez de se darem a tanto trabalho para fazerem do herói um vilão?
Falo por mim, mas com isto tudo, hoje quando vejo um ciclista a atingir algo que à partida seria impensável viro-me para a minha mulher e digo algo parecido com isto: “vamos lá ver se amanhã nos jornais não aparece que este tipo andou a espetar a agulha”. As caças às bruxas nunca foram positivas para a sociedade…

PS- Também já não acredito nas conquistas do Alberto Contador. É que esse sim, foi apanhado com controlo positivo e em vez de ser erradicado do ciclismo teve 2 anos de suspensão(?).

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