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terça-feira, 8 de janeiro de 2013


Os duodécimos e uma ideia de génio.


Na passada sexta-feira, estava a ouvir o “contraditório” na Antena 1, a certa altura, um dos comentadores dizia que a distribuição de um dos subsídios (ou, no caso dos privados, de dois meios subsídios) pelos dozes meses, iria ter um efeito positivo na economia, pois os trabalhadores quando vissem o recibo de vencimento em Janeiro, apesar do tão falado “enorme aumento de impostos”, iriam ter uma surpresa positiva, pois o vencimento líquido não só não descia como até sofria um aumento. Esse aumento, seria suficiente, de acordo com o comentador, para provocar um efeito psicológico que levaria a um aumento no consumo, com consequências positivas para a economia.
Confesso que aquilo me deixou um pouco confuso. Na minha cabeça, o aumento do IRS era de tal modo que ao fim do ano equivalia à perda de um salário. Ora, a distribuição pelos 12 meses de um dos subsídios servia para colmatar essa perda. Para mim, a coisa ficava ela por ela. Não estava a ver como é que a distribuição dos duodécimos fazia aumentar o vencimento líquido.
Ainda despertou mais a minha atenção o facto de o comentador ter classificado a ideia de distribuir um dos salários em duodécimos, como “uma ideia de génio”.
Após pensar sobre o assunto, ocorreu-me que talvez tivesse que ver com o facto de o imposto ser cobrado em 14 vezes (pelo menos no caso dos trabalhadores do sector privado), sendo que como o ano só tem 12 meses, é cobrado duas vezes nos meses dos subsídios, por contrapartida aos duodécimos que são distribuídos de forma igual pelos 12 meses do ano.
Considerei que as alterações feitas aos escalões do IRS e a nova sobretaxa aplicada vão fazer com que o agravamento da taxa média de impostos suba de 9,8% para 13,2% (li isto em http://www.online24.pt/escaloes-de-irs-2013/).
Resolvi fazer uns cálculos simples, para um salário de 1000 Euros e uma taxa de IRS de 11% em 2012 e o mesmo salário em 2013, mas com uma taxa de IRS de 14.4%.
Se os pressupostos forem estes, então confirma-se o que ouvi no programa de rádio, em 2013, este hipotético indivíduo iria ganhar mais 28€ de salário líquido nos meses sem subsídio, embora no fim do ano recebesse menos 476€.
Não sei se isto será suficiente para fazer crescer o consumo e consequentemente estimular a economia, principalmente porque apesar de haver um aumento durante 10 meses do ano, esse aumento é muito inferior à perda que ocorre nos meses dos subsídios.

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