Na Encruzilhada
Meus caros amigos, só posso pedir desculpa
pelo absentismo que tenho demonstrado nestas andanças do BLOG, não existe
redenção possível. Ainda assim vou apresentar aquela que me parece ser a razão
mais plausível para a minha falta de inspiração, com uma lista cronológica de
sintomas dos quais tantos como eu padecem:
- Investi a meu encargo e da minha família numa formação superior que julgava me traria uma vida tranquila, bastando para isso dedicação e respeito pelos princípios morais pelos quais sempre me regi, julgava eu iludido;
- Consegui emprego numa empresa sólida, dessas em que é possível crescer como profissional, fazer carreira e se se tiver o que é preciso aspirar a uma posição superior, julgava eu iludido;
- Muito naturalmente uma vida por vezes é feita de duas e, enquanto uma foi permanecendo uma constante, esperava-se que a outra não decorresse de nenhuma outra forma, julgava eu iludido;
- Nesses termos o tempo foi passando, até que a corda rebentou, não há mais ilusão nem mais hesitação, a vida é demasiado curta para ficar sentado à espera do incerto. Por muitos planos que se façam há uma verdade que é absoluta e é a de que “quem está mal que se mude”, sem ressentimentos.
Deixei de acreditar em que o caminho que tinha
traçado um dia me leve a algum lado. Decidi que está na hora de pegar na régua
e esquadro e voltar ao estirador, passando por cima de um esboço deixado por alguém
que foi obrigado a deixar Portugal mais cedo e que aguarda a minha chegada para
que possamos tirar a vida da pausa.
De repente, e na visão mais crua e egoísta,
apercebo-me que já não me importo com as conversas casuais de corredor que têm
sempre o mesmo sabor de indignação e impotência. Resta a indiferença.
Um país é feito de pessoas, não é feito de
divisas de aço e bronze. Em meu juízo a matéria-prima da vida são as pessoas e
aí há a de boa qualidade e a de má qualidade. As pessoas com carácter justas, coerentes e sobretudo
que não estão na vida só por si erguem-se como marcos de granito que agradecemos que permaneçam fixos. Vou reter que
conheci duas pessoas que para além disso tudo foram e continuarão a ser amigos,
amigos com quem aprendi muito e que tornam a partida mais difícil, mas que
merecem respeito e valor pela coragem de permanecer e lutar. Só peço para vocês
a mesma sorte que procuro para mim.
Vou, mas vou ciente das minhas obrigações: O Blog e a Stout.
Um grande abraço Luís e Samuel.
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