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quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Estoril Open Vrs Miró


Ouvi ontem a notícia que, devido às dificuldades de financiamento da empresa de João Lagos para organizar o torneio do Estoril Open, o estado pondera reconhecer o mesmo como de “interesse público” de forma a justificar o seu financiamento. Hoje são 2milhões que estão em falta, quando for o estado a pagar serão 5milhões, já se sabe. A história recente está pejada de exemplos em que quando são privados a organizar é tudo pelo mínimo, mas quando é o estado a pagar é tudo em grande.

Acontece que este evento é para que meia dúzia de tios de cascais, por uns dias, sintam-se como nos dias loucos de Wimbledon ou do Parque dos Príncipes - brincarem ao desporto. O dinheiro, esse mal necessário, vai para prémios dos participantes e vencedores –a maioria estrangeiros – para a organização, João Lagos tem de viver de alguma coisa e preferencialmente bem, e para os filhos dos tios de cascais que nesses dias são contratados pela organização (a bom preço) para ajudarem no evento.

O mais interessante é que só nos jogos dos melhores classificados no ranking mundial ou das meias-finais para a frente, é que as bancadas do court esgotam. Nos restantes andam às moscas. Isto demonstra bem o "interesse público" no evento: pouco. Aliás, com a crise a tirar qualquer sonho de cometer pequenas excentricidades à classe mediana, a afluência ainda deve ser mais baixa. 

Eu até que gosto do ténis, gosto mesmo. Não tenho nada contra. Mas numa altura que vejo o governo a dizer que as obras de Miró não interessam e que têm de vender os quadros para fazer dinheiro, prepararem-se para gastá-lo numa organização privada de um torneio sectário dá-me a volta à tripa.

Já alguém perguntou aos milhares de museus espalhados pelo mundo se estariam interessados em expor 85 obras de Miró? E quanto pagariam por mês pela exposição? Estou em crer que em vez dos 2milhões negativos (para começar) do torneio de ténis obteríamos 2milhões de euros positivos no balanço anual das nossas finanças. Ah, e continuaríamos a ser os donos do património.

Este governo faz-me lembrar os piores momentos da nossa história, com os gastos e desperdícios da família real a fazer-se mais do que aquilo que realmente eram: novos ricos.

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