Ouvi ontem a notícia que, devido
às dificuldades de financiamento da empresa de João Lagos para organizar o torneio
do Estoril Open, o estado pondera reconhecer o mesmo como de “interesse público”
de forma a justificar o seu financiamento. Hoje são 2milhões que estão em
falta, quando for o estado a pagar serão 5milhões, já se sabe. A história
recente está pejada de exemplos em que quando são privados a organizar é tudo
pelo mínimo, mas quando é o estado a pagar é tudo em grande.
Acontece que este evento é para
que meia dúzia de tios de cascais, por uns dias, sintam-se como nos dias loucos de Wimbledon
ou do Parque dos Príncipes - brincarem ao desporto. O dinheiro, esse mal necessário, vai para prémios
dos participantes e vencedores –a maioria estrangeiros – para a organização,
João Lagos tem de viver de alguma coisa e preferencialmente bem, e para os filhos dos tios de cascais que nesses
dias são contratados pela organização (a bom preço) para ajudarem no evento.
O mais interessante é que só nos
jogos dos melhores classificados no ranking mundial ou das meias-finais para a
frente, é que as bancadas do court esgotam. Nos restantes andam às moscas. Isto demonstra bem o "interesse público" no evento: pouco. Aliás, com a crise a tirar qualquer sonho de cometer pequenas excentricidades à classe mediana, a afluência ainda deve ser mais baixa.
Eu até que gosto do ténis, gosto mesmo. Não
tenho nada contra. Mas numa altura que vejo o governo a dizer que as obras de Miró
não interessam e que têm de vender os quadros para fazer dinheiro,
prepararem-se para gastá-lo numa organização privada de um torneio sectário
dá-me a volta à tripa.
Já alguém perguntou aos milhares
de museus espalhados pelo mundo se estariam interessados em expor 85 obras de Miró?
E quanto pagariam por mês pela exposição? Estou em crer que em vez dos 2milhões
negativos (para começar) do torneio de ténis obteríamos 2milhões de euros positivos no balanço
anual das nossas finanças. Ah, e continuaríamos a ser os donos do património.
Este governo faz-me lembrar os
piores momentos da nossa história, com os gastos e desperdícios da família real
a fazer-se mais do que aquilo que realmente eram: novos ricos.
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