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sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

O problema Ucraniano


Ao ver todos os dias as imagens impressionantes de Kiev, onde estoicamente ucranianos lutam com a sua própria vida pelos seus ideais, seria mais que justo da minha parte fazer uma referência a todo este impasse.

Recapitulando, as últimas adesões à União europeia deixaram de fora a Ucrânia, uma vez que o país não se encontrava em condições para aderir, quando há uns anos, os novos membros se prepararam para entrar. É um país que ainda tem muita corrupção, muitas dúvidas nos actos eleitorais etc. No entanto este ficar de fora deixa marcas, ainda por cima, quando os dirigentes políticos ucranianos foram fazendo jogo duplo ao longo dos últimos anos, dizendo que sim à união, ao mesmo tempo que não diziam não à Rússia. Foram assim empurrando o problema para a frente, até que, chegado o dia de decidir, as expectativas pró europeias do povo foram friamente desfeitas.

Como em quase todos os conflitos o problema resume-se a dinheiro. Falta dele ou muito mas limitado a poucos, o problema anda sempre à volta disto. A Ucrânia debate-se com grandes dificuldades financeiras e salários baixos. A adesão à União resolveria o problema? Talvez não porque um país mergulhado há anos numa cultura de corrupção demoraria muitas décadas a recriar-se numa sociedade mais justa e próspera. Mas é legítimo abdicar do sonho de tornarmo-nos melhores só porque o caminho é difícil? Não. E os Ucranianos ao longo das últimas décadas já sentiram na pele o que a aliança económica com a Rússia produziu e principalmente o que não produziu. Por isso têm o sonho.

E o papel do presidente Ucraniano no meio disto? Bom é difícil. O facto é que energeticamente a Ucrânia depende da Rússia que ameaçou subir os preços. Ao mesmo tempo, a mesma Rússia vai comprando aos poucos a dívida Ucraniana, que não dá para produzir alterações significativas na economia mas apenas para manter a Ucrânia “ligada à máquina”. A verdade é que o país está altamente dependente da Rússia e devido à falta de credibilidade das instituições ucranianas e da elevada corrupção, não há investidor que esteja interessado em comprar dívida daquele país. Mesmo a União Europeia. Teria sido prudente ter realizado um referendo? Talvez. Mas num país em que o próprio presidente é acusado de ter ganho as eleições de forma fraudulenta, seria sempre difícil, se não impossível, de as diferentes facções aceitarem os resultados.

Depois existem todas as questões estratégicas e geográficas. O gasoduto que atravessa a Ucrânia e abastece a europa também não deve ajudar à festa. Enfim, demasiados interesses que acabam por vitimar quem apenas ambiciona a ter comida no prato e aquecimento na casa para a sua família. Enquanto as economias falarem mais alto que os interesses sociais este problema vai ser difícil de resolver. Para já, o meu respeito por quem luta com a própria vida, por um sonho de uma vida melhor.

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