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sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

A maioria absoluta de António Costa

 

Em 2015 o PSD ganha as eleições, mas não consegue formar governo (coligado à direita não obtém maioria absoluta).

É o PCP que propõe ao PS que se forme a “geringonça”.

António Costa aceita e é assinado um acordo parlamentar com o Bloco e PCP que dura de 2015 a 2019.

Nas eleições de 2019, o PS sobe, e passa a ser o partido mais votado, mas não é suficiente para governar sozinho.

Como dizem alguns analistas políticos, o povo português quis que a “geringonça” continuasse.

O PS não partilhava desse sentimento, e o acordo escrito, celebrado em 2015, não foi renovado em 2019. Nessa senda, o PS recusa vários acordos parlamentares com os seus parceiros da “geringonça”.

É a velha estratégia de quem quer o divórcio, mas não quer assumir a responsabilidade de o pedir, e opta por destabilizar a relação até que seja a outra parte a pedi-lo.

No dia seguinte às eleições, vários socialistas, em perfeita sintonia, acusavam o Bloco e o PCP de terem provocado uma crise política numa altura em que o país atravessa uma pandemia. Não só romperam os votos matrimoniais como o fizeram numa péssima altura.

Claro que os socialistas aproveitaram este cenário para passar a ideia de que depois desta crise, fica muito difícil voltar a negociar com os partidos à sua esquerda.

Mas o PS sabia que isto não seria suficiente para conseguir a maioria absoluta.

Era preciso usar o sentimento mais eficaz e mais usado em todo o mundo: o medo.

Para isso, era necessário apostar na bipolarização, ou seja, na possibilidade da direita chegar ao poder.

O Partido socialista é na verdade um partido social-democrata do centro político.

Não há assim tanta diferença ideológica entre o PSD de Rio e o PS(D) de Costa.

O mesmo já não se poderá dizer do PSD coligado com a iniciativa liberal, ou ainda menos, se a estes se juntasse o Chega.  

De modo um pouco inesperado, o PSD começa a subir nas sondagens e em pouco tempo está em empate técnico com o PS, mas sempre sem conseguir formar governo, sem se coligar com a IL e com o Chega.

Com as sondagens a dar (estranhamente) um empate técnico entre o PS e o PSD, começam também a surgir os fantasmas duma coligação à direita que pudesse tentar por fim ao salário mínimo nacional, e reduzir ainda mais o SNS e a escola pública.  

Perante este cenário, os eleitores que tradicionalmente votam no PS, ou nos partidos à sua esquerda, e depois de um divórcio ainda bem presente na memória dos portugueses, (com apenas um culpado), optaram pelo voto útil no partido socialista.

António Costa diz que vai conseguir que os portugueses mudem de ideia em relação às maiorias absolutas, querendo desde já passar a mensagem, que irá exercer um mandato, que deixará satisfeitos a maioria dos portugueses.

O tempo o dirá, mas palpita-me que não irá mudar muito as suas atuais políticas.

Talvez a conjuntura permita alguns aumentos (como por exemplo, no salário mínimo e médio) que darão a ilusão de melhoria de vida, mas não muito mais do que isso.


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