5. Caçadores-coletores.
Antropólogos descobriram
evidências que fomos caçadores-coletores desde há pelo menos 2 milhões de anos
e que só deixámos de ser há aproximadamente 10 mil anos quando se deu o advento
da agricultura.
Crê-se que alimentação de
hominídeos de períodos anteriores fosse predominantemente feita com base em
sementes, frutos e carne de carcaças abandonadas por outros carnívoros.
O estilo de vida do
caçador-coletor é determinado pela sua subsistência que depende da caça e da
pesca de animais, bem como da procura por vegetação selvagem e outros
nutrientes como o mel, para se alimentar. Até há aproximadamente dez mil anos
atrás, todos os humanos eram caçadores-coletores.
Eram nómadas porque ao não
garantirem os seus próprios alimentos (não dependiam da agricultura), assim que
os recursos começassem a escassear tinham que partir para outro local. O seu
estilo de vida requeria acesso a áreas de grande extensão para encontrar o
alimento de que precisavam para sobreviver.
Geralmente os
caçadores-coletores agrupavam-se em bando de 30 a 50 pessoas. Um número menor
que 30 tornava o grupo mais fraco, enquanto um número maior aumentaria o
esforço para garantir alimentos para todos, além de tornar mais complexa a
mudança de todos para um novo local.
Estes bandos geralmente não
tinham estruturas sociais hierarquizadas, apenas atividades diferenciadas por
questões relacionadas com a idade, o sexo e a disponibilidade física. Ou seja,
todos tinham os mesmos direitos e não havia uns com mais poder do que outros.
Por norma não conseguiam armazenar
excedentes alimentares, o que impedia de suportar pessoas que se dedicassem
exclusivamente a outras atividades, como por exemplo, burocratas, artífices ou
militares/agentes de segurança.
Os caçadores-coletores viviam
num ambiente social igualitário. Não sendo um igualitarismo total não deixa de
impressionar por acontecer há tanto tempo atrás e porque a resistência em ser
dominado foi um fator chave que impulsionou o surgimento evolutivo da consciência,
da linguagem, do conceito de família e da organização social humana.
Nesse tempo vivia-se num
ambiente de entreajuda e interdependência. Todos tinham um papel importante a
desempenhar, e eram determinantes para o sucesso e coesão do grupo, de tal modo
que se sentem pertencentes a uma única família.
As atividades diárias de
subsistência visavam fundamentalmente garantir alimento para o próprio dia ou
no máximo para os dias seguintes. Isso significa que os caçadores coletores
tinham mais tempo disponível para eles e para conviver com os outros elementos.
Face aos dias de hoje, as três
grandes diferenças na forma como vivíamos são: ausência de acumulação de
riqueza; ausência de desigualdades sociais e ausência de hierarquias.
Estas diferenças levaram
alguns autores a questionar se não seríamos mais felizes antes do surgimento da
agricultura.
O que leva à pergunta, se
teria sido preferível continuarmos a viver dessa forma, abdicando dos vários
progressos que nos permitem, entre outras coisas, tomar banho de água quente,
ter luz à noite, comida conservada no frigorífico, a temperatura controlada,
sem esquecer a facilidade com que nos movimentamos de um lado para outro e a capacidade
de comunicar com alguém, onde quer que esteja.
Voltaremos a esta questão mais
á frente.
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