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sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

 


5.          Caçadores-coletores.

Antropólogos descobriram evidências que fomos caçadores-coletores desde há pelo menos 2 milhões de anos e que só deixámos de ser há aproximadamente 10 mil anos quando se deu o advento da agricultura.

Crê-se que alimentação de hominídeos de períodos anteriores fosse predominantemente feita com base em sementes, frutos e carne de carcaças abandonadas por outros carnívoros.

O estilo de vida do caçador-coletor é determinado pela sua subsistência que depende da caça e da pesca de animais, bem como da procura por vegetação selvagem e outros nutrientes como o mel, para se alimentar. Até há aproximadamente dez mil anos atrás, todos os humanos eram caçadores-coletores.

Eram nómadas porque ao não garantirem os seus próprios alimentos (não dependiam da agricultura), assim que os recursos começassem a escassear tinham que partir para outro local. O seu estilo de vida requeria acesso a áreas de grande extensão para encontrar o alimento de que precisavam para sobreviver.

Geralmente os caçadores-coletores agrupavam-se em bando de 30 a 50 pessoas. Um número menor que 30 tornava o grupo mais fraco, enquanto um número maior aumentaria o esforço para garantir alimentos para todos, além de tornar mais complexa a mudança de todos para um novo local.

Estes bandos geralmente não tinham estruturas sociais hierarquizadas, apenas atividades diferenciadas por questões relacionadas com a idade, o sexo e a disponibilidade física. Ou seja, todos tinham os mesmos direitos e não havia uns com mais poder do que outros.

Por norma não conseguiam armazenar excedentes alimentares, o que impedia de suportar pessoas que se dedicassem exclusivamente a outras atividades, como por exemplo, burocratas, artífices ou militares/agentes de segurança.

Os caçadores-coletores viviam num ambiente social igualitário. Não sendo um igualitarismo total não deixa de impressionar por acontecer há tanto tempo atrás e porque a resistência em ser dominado foi um fator chave que impulsionou o surgimento evolutivo da consciência, da linguagem, do conceito de família e da organização social humana.

Nesse tempo vivia-se num ambiente de entreajuda e interdependência. Todos tinham um papel importante a desempenhar, e eram determinantes para o sucesso e coesão do grupo, de tal modo que se sentem pertencentes a uma única família.  

As atividades diárias de subsistência visavam fundamentalmente garantir alimento para o próprio dia ou no máximo para os dias seguintes. Isso significa que os caçadores coletores tinham mais tempo disponível para eles e para conviver com os outros elementos.

Face aos dias de hoje, as três grandes diferenças na forma como vivíamos são: ausência de acumulação de riqueza; ausência de desigualdades sociais e ausência de hierarquias.

Estas diferenças levaram alguns autores a questionar se não seríamos mais felizes antes do surgimento da agricultura.

O que leva à pergunta, se teria sido preferível continuarmos a viver dessa forma, abdicando dos vários progressos que nos permitem, entre outras coisas, tomar banho de água quente, ter luz à noite, comida conservada no frigorífico, a temperatura controlada, sem esquecer a facilidade com que nos movimentamos de um lado para outro e a capacidade de comunicar com alguém, onde quer que esteja.

Voltaremos a esta questão mais á frente.

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