Pesquisa

quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

 

1.           Vivemos para nos perpetuarmos!

Esta afirmação nem sempre é válida, ou dito de outra forma, não se aplica sempre, nem a todos.

Se a analisarmos de um ponto de vista individual, temos a perfeita noção que para muitas pessoas, o mais importante são as suas vontades pessoais. Pode ser a perseguição de objetivos para uma determinada carreira, ou simplesmente uma forma de estar na vida.

Em uma perspetiva de longo prazo e global, não enquanto individuo, mas antes enquanto população, a sobrevivência da espécie permite perpetuar a existência no tempo, geração após geração.

Se parássemos de nos reproduzir, em aproximadamente cem anos, a espécie humana estaria extinta.

De acordo com os conhecimentos atuais da comunidade científica, a primeiro proto célula formou-se há aproximadamente três mil e setecentos milhões[1] de anos atrás, tendo de seguida evoluído para uma bactéria (descendemos todos de uma bactéria).

A partir daí temos vindo a evoluir, a diversificar e a ganhar complexidade.

Existe vida na Terra há três mil e setecentos milhões de anos[2] porque a certa altura nunca mais se extinguiu. Julgo que podemos dizer que a reprodução tem mantido a “chama acesa”.   

A vida “deve ter lutado muito” para se manter!

Dificilmente se formou “há primeira tentativa”!

O que pretendo dizer é que este processo deve ter levado o seu tempo, exigindo muitas e muitas tentativas.

A ciência diz-nos que a terra se formou há quatro mil e quinhentos milhões de anos[3].

Até há primeira forma de vida, passaram-se oitocentos milhões de anos.

Imagino que tenha dado para testar tantas vezes quantas as necessárias.

A natureza não planeia, não programa nem segue uma receita.

Para compreender que através de elementos químicos (como por exemplo água[4], hidrogénio, amónia e metano[5]) sob determinadas condições, se formaram aminoácidos que estão na base das proteínas, ou de uma molécula de RNA[6] (capaz de armazenar informações à semelhança do DNA) é preciso imaginar que houve muitas tentativas até que o acaso (nas condições adequadas) produziu resultados (entenda-se vida).

Mas o processo teve de continuar. Foi preciso repetir-se ao mesmo tempo que ia ficando mais complexo.

Só assim, com milhões de tentativas e sucessivos pequenos progressos, num ambiente propício e com algum tempo (provavelmente milhões de anos) é possível imaginar que se formou a vida, e na continuação desse mesmo processo, evoluiu de forma a manter-se (duplicando-se).

A primeira forma de reprodução consistia na duplicação. Uma célula dava lugar a duas (ambas iguais).

Contudo, a combinação de compostos químicos presentes no ambiente terrestre (naquele tempo) que deram origem aos primeiros componentes (aminoácidos / RNA) que estiveram na base da formação da primeira célula, não é suficiente para explicar o início da vida.

A ciência ainda procura respostas, mas uma coisa parece certa: é necessário, alguma forma de metabolismo, para que um determinado organismo se mantenha vivo por algum tempo; e de reprodução, para que a espécie desse individuo se mantenha por tempo indeterminado.

Para aqueles que acreditam, que foi assim que a vida poderá ter começado no nosso planeta, este processo persiste há sensivelmente três mil e setecentos milhões de anos.

No fundo, há vida na Terra desde que a primeira célula se formou e se prolongou no tempo, precisamente devido à reprodução.

A vida está em constante atividade e mudança! Todo o tempo que já decorreu (o “tic tac” continua) permitiu-lhe chegar à biodiversidade que encontramos nos dias de hoje (podia ser muito maior, não fosse a atividade de uma das suas espécies, mas esse assunto fica para mais tarde).

Até aos dias de hoje, tem sido a reprodução a garantir a continuidade de vida na Terra.

Talvez um dia, a vida se possa prolongar (de forma considerável ou quem sabe, por tempo indeterminado) sem recurso à reprodução, mas ainda estamos a tentar entender porque é que há seres complexos que vivem muito mais do que outros[7].

Imagine que amanhã conseguimos finalmente saber como se formou a vida. De que forma isso nos poderá ajudar a compreender o processo de envelhecimento e da regeneração celular[8]?

Neste momento, não sabemos que consequências esse conhecimento poderá ter no tempo médio de vida dos humanos, mas certamente será significativo!

Arrisco-me a dizer que será proporcional ao nível de conhecimento que tivermos sobre os processos que estiveram na origem da vida e posteriormente na sua reprodução.

Também se fala na troca de órgãos. Ao substituirmos “as peças “avariadas, por outras novas, vamos prolongando “a vida da máquina”.

Outra possibilidade, talvez a mais promissora de todas, seria a mudança de corpo, mas mantendo a consciência. Imagine que seria possível passar todo o conteúdo do seu cérebro para um cérebro a estrear em um corpo novinho em folha, que seria uma clonagem do seu.

De x em x anos, mudávamos de corpo, tal como as cobras mudam de pele; mas aquilo que nós somos, a nossa personalidade, as nossas memórias, e a nossa forma de entender o mundo, manter-se-ia exatamente na mesma.

Uma vez que a consciência que temos do nosso corpo, influencia a nossa personalidade, a troca de corpo poderia ser feita regularmente, num constante intervalo de tempo. 

Imagine que conseguíamos retardar o processo de envelhecimento, de tal modo que conseguíamos atingir a idade de quarenta anos, com as mesmas capacidades que hoje temos com trinta anos de idade.

Assim, ao mudar de corpo de duas em duas décadas (aos quarenta voltávamos aos vinte), mantínhamos um aspeto físico relativamente constante, e sempre próximo do auge da força física.

Imagine o que seria viver “muitos anos”, sempre com um corpo jovem, forte e saudável, e ao mesmo tempo a acumular sabedoria.

Já imaginou o que seria se também acontecesse com tipos como estes três: Leonardo da Vinci, Isaac Newton ou Albert Einstein.

Como já deve ter percebido, acredito que ainda temos um caminho por percorrer, que infelizmente não lhe sei dizer de quanto anos será…

Apenas posso afirmar que nunca durante a nossa existência, evoluímos tão depressa. Ao ritmo que estamos a evoluir, torna-se difícil prever como estaremos dentro de cem anos.

Cem anos, comparados com o tempo que decorreu desde que há vida na terra, não é nada. Mesmo comparando, com o tempo que se estima de existência do Homo Sapiens (trezentos mil anos), cem anos passa num instante.

Se fizermos essa equivalência com os segundos de um dia (oitenta e seis mil e quatrocentos segundos está para trezentos mil anos, assim como cem anos equivale a menos de vinte e nove segundos (mil anos a menos de cinco minutos).

Obviamente, que não será um processo que se consiga alcançar de uma só vez. Gradualmente serão atingidas metas e feitos progressos.

O tempo joga a nosso favor, nomeadamente se não fizermos asneira (a seu tempo falaremos deste assunto).

Uma coisa parece-me certa, “em breve” poderemos atingir um tempo médio de vida que ainda custa a acreditar! Essa é a minha convicção!

Porque a sua continuidade, depende exclusivamente da reprodução, quero aproveitar para falar do vírus que está na origem da pandemia que nos tem estado a afetar, e que ainda está bem presente na altura em que escrevo estas palavras.

A comunidade científica divide-se quanto ao Covid-19 ser ou não um ser vivo porque não tem metabolismo. Ao que parece, também não é capaz de se reproduzir sozinho (são as nossas células que o reproduzem).

Imaginem o seguinte cenário: descobríamos uma forma simples e ao alcance de todos para nos testarmos, sendo que conseguíamos obter o resultado do teste num instante. Todas as pessoas no mundo aderem ao “programa e testam-se em menos de 24 horas.

Todos aqueles que tivessem tido resultado positivo, ou iam para o hospital (se tivessem sintomas fortes), ou voluntariamente colocavam-se em isolamento profilático.

Em pouco tempo, o vírus deixava de ter novos hospedeiros para contagiar.

Assim que o vírus tivesse sido eliminado, pelos anticorpos dos doentes, ou na pior das hipóteses, o paciente tivesse morrido e o levasse para debaixo de terra, o vírus tinha sido exterminado da face do planeta Terra.

Já não havia mais vírus Covid-19.

Nesta história inventada, o vírus é extinto porque eliminámos a possibilidade de continuar a “saltar” de hospedeiro em hospedeiro para se continuar a reproduzir.

Recuemos (apenas) vinte mil anos no tempo. Somos caçadores recolectores e vivemos em grupos de 30 ou 50 indivíduos.

Estamos muitas vezes todos juntos (sem máscara). Por isso, uma vez um infetado, rapidamente ficávamos todos infetados. Nessa altura só tínhamos duas hipóteses: ou morríamos ou sobrevivíamos. Em qualquer dos casos, em poucas semanas, o vírus tinha desparecido daquele grupo (ou com ele).

Situação totalmente diferente da que vivemos nos dias de hoje. Somos oito mil milhões e estamos em constante movimento. As pessoas interagem umas com as outras, independentemente dos grupos a que pertençam.

O que pretendo realçar é que em uma pessoa isolada a duração do vírus é limitada. Ou dura até que os anticorpos da pessoa infetada o eliminem, ou dura até que a pessoa morra.

O prolongamento do vírus no tempo depende de ir encontrando novos hospedeiros (novas pessoas para infetar) para que a reprodução continue.

Isoladamente, o vírus não tem como viver muito tempo. Mesmo que evoluísse para uma relação de simbiose com o hospedeiro e deixasse de ser alvo de ataques por parte dos anticorpos, sem metabolismo, o tempo médio de vida do vírus, continuaria a ser curto (quase um mês sob certas condições).

Na minha conceção, o vírus é uma forma (extremamente básica) de vida. Creio que os elementos químicos, as moléculas, e a matéria orgânica, não se reproduzem em cópias idênticas, e muito menos sofrem mutações.

Mas este vírus, esta “coisa” ínfima que não tem metabolismo nem capacidade própria de se reproduzir, pode tirar a vida a um ser bem mais complexo em termos de vida, com cerca de trinta biliões de células, metabolismo, capacidade de reprodução, cérebro, que já foi à Lua e que se prepara para passar férias em Marte (uma excentricidade desadequada aos tempos que vivemos).

Para a Vida, parece indiferente quem continua a manter a “chama acesa”. Se o vírus, ou se nós. “Ela” não se mete, “apenas quer” que a vida continue.

Mas ao contrário da ideia que posso estar a passar, não existe uma “entidade” que controla ou regula “a vida”. É cada “um” por si, a tentar manter-se vivo.

Por essa razão, seria bom que se pusesse algum dinheiro de parte, para investir na ciência, com o intuito de melhor nos prepararmos para “os ataques” desses seres invisíveis, sem cérebro, mas que podem ser potencialmente letais.

Não é minha intenção estar aqui a vaticinar o surgimento de outra pandemia, mas imaginem o que seria um vírus com a transmissibilidade do Covid-19 e a letalidade do Ébola.

Concluindo: a vida formou-se há três mil e setecentos mil milhões de anos. Ainda não se sabe exatamente como aconteceu, mas já se deram passos importantes nesse sentido.

Em laboratório, conseguiu-se formar aminoácidos a partir de elementos químicos. Essas moléculas centrais da vida são usadas para formar proteínas, que controlam a maioria dos processos bioquímicos nos nossos corpos, e que estão presentes nas células, a base de toda a vida.

Desde que se formou até ao presente, a vida tem-se mantido, que se saiba, apenas graças á reprodução. Não temos conhecimento que a vida se tenha continuado a formar, ou que ainda continue (como aconteceu no início, através de elementos químicos).

É convicção de grande parte da comunidade científica, que é apenas através da evolução das espécies, pela reprodução, que a vida se mantém desde há sensivelmente três mil e setecentos milhões de anos (3 700 000 000).

De alguma forma, as espécies estão dependentes umas das outras. Nenhuma sobreviveria sozinha.

Talvez no futuro, possamos manter a vida através da continuidade do individuo, nem que seja pela perpetuação da sua consciência; do seu conhecimento.

Atualmente (infelizmente), isso não passa de futurologia.

Não estando ainda provado como se formou a vida, apenas temos teorias (todas por comprovar). Optei por referir aquela que (a meu ver) faz mais sentido.

Sem dúvida que será extremamente interessante, descobrirmos exatamente como se formou a vida, e depois, como se deu a evolução para a reprodução.

Para tal é fundamental que continuemos a investir na ciência de investigação.



[1] Milhão X6; mil Milhões X9; Bilião X12.

[2] Obviamente, trata-se de um valor aproximado.

[3] Idem.

[4] A água é composta por dois elementos químicos: o hidrogénio e o oxigénio

[5] Elementos usados na experiência de Miller (link para artigo em baixo).

[6] http://www.bbc.com/earth/story/20161026-the-secret-of-how-life-on-earth-began ou https://www.bbc.com/portuguese/vert-earth-38205665

1 comentário:

  1. Excelente!
    Parabéns!
    Ah e dava tudo para mudar de corpo, já estou farta deste 😜

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