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quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Incêndios

Todos os anos, pela altura do verão começa o fado dos incêndios neste país. Gastam-se milhões, em suposta prevenção e milhões no combate aos fogos. Hoje pelas 2h00 da manhã, teve início um incêndio no Concelho de Vila Flor. Já ouvi muitas vezes que o nosso clima é propenso a isto, que faz calor, que há vento, que a humidade é baixa, patati patata.. Tudo serve para justificar o desleixo e a má-fé. Na semana passada, houve outro incêndio que começou em 5 pontos diferentes no concelho de Vila Real, também ele a ter início pela madrugada. Se é verdade que o clima pode ajudar, as probabilidades aumentam à medida que se juntam mais factores de ignição e são vários. Desde o pastor “à moda antiga” sem a quarta classe, que ainda vê no fogo o alimento do seu rebanho, assim venham as primeiras chuvas do final de Agosto, ao “artista” fogueteiro que se acha mais esperto e competente que todos os outros e que atira o foguete com uma inclinação “assim”, com o cartuxo “assado” e para os terrenos do “ti Jaquim “- que são húmidos e não pegam fogo, até aos condutores que gostam de fumar mas não gostam de sentir o cheiro da beata no cinzeiro do carro e, com toda a calma, abrem o vidro e atiram, esticando o dedo com toda a força, a beata para bem longe do seu nariz, não interessa se para cima de um monte de palha ou valeta, passando pelos doidinhos – que também os há – e terminando nos interesseiros – aqui uma referência para a recente lei que veio lançar a desorganização da mata e a possibilidade de substituir o coberto vegetal por outro (eucaliptal). Estas são a principais causas dos incêndios. Não me venham com a história da limpeza das matas porque, à excepção de uma trovoada seca, o mato não pega fogo. Durante anos os meus pais tiveram um eucaliptal perto da sua casa, que só era limpo de 8 em 8 anos, tinha mato rasteiro e vidros no chão. Nunca pegou fogo. Só pegou quando um dia, um puto ruim, decidiu brincar com fósforos. É verdade que em tempos a população limpava as matas em redor da aldeia, não por prevenção, mas porque a lenha servia para aquecer as casas. Hoje é mais fácil comprar um aquecedor e ligar à tomada. Também é verdade que antigamente havia Guarda Florestal e que a própria população, deslocando-se mais a pé, acabava por funcionar como vigilância. Só que os tempos mudaram, e as ignições não. É também mais fácil para os nossos políticos, mandarem os bombeiros apagar os fogos, seja em que condições for, do que pensarem na melhor forma dos evitar. Desde os contratos de venda de equipamentos e meios aéreos que muitos milhões movem para contas de decisores políticos, às horas pagas aos bombeiros, à falta de lei verdadeiramente punitiva dos infractores, ao descuido propositado da floresta em benefício da indústria da celulose, aos PDM’s das Câmaras Municipais que permitem construir em qualquer lugar desde que se deposite dinheiro numa conta da Suíça, enfim… Um manancial de asneiradas que acabam por ceifar vidas de pessoas honestas, dedicadas e com grande sentido cívico que dão tudo – até a vida – por um país, uma sociedade, um governo e decisores políticos que não os merecem.

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