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terça-feira, 5 de março de 2013

De colonizador a colónia

Sinais do tempo. Em tempos fomos um império, agora somos nada. A nossa falta de visão estratégia para o futuro sempre foi uma característica deste país, à excepção do período dos descobrimentos, em que um obstinado meteu na cabeça que haveria de fazer o seu próprio mapa oceânico. Assim se justifica a forma como não explorámos, quando tivemos oportunidade, os recursos que as nossas ex-colónias tinham à mão de semear. Deixámos lá quase tudo, tirámos apenas o suficiente para vivermos bem na altura. Sempre fomos assim, viver um dia de cada vez.
Agora, mais que nunca, desesperamos por poder viver um dia de cada vez, mas com uma grande diferença relativamente a outros tempos, é que dantes estendíamos a mão para vender algo que se produzia, agora estendemos a mão como mendigos. Já não há dignidade.
Vem isto a propósito do que assisti na semana passada. O jornal expresso revelou que o PGR Angolano é suspeito de lavagem de dinheiro, por causa de depósitos suspeitos nas suas contas em Portugal (algo que não é de admirar). Logo se insurgiram os jornais do regime Angolano e também pessoas ligadas ao governo, com ameaças económicas às empresas portuguesas com actividade naquele país. “Assim como querem que haja boas relações comerciais entre os nossos países…”, “Não se esqueçam que existem mais de mil empresas portuguesas no mercado angolano… e que trabalham neste país mais de 120mil portugueses”.
Isto foi o suficiente para os nossos políticos, Paulinho Portas e Álvaro Santinho Pereira, virem para a comunicação social colocar água na fervura. Eu, pessoalmente, abomino a chantagem. Em meu entender não combina com a palavra carácter, essa sim palavra que aprecio muito. Creio que Angola tinha muito mais a perder com a saída das nossas empresas do seu país, do que Portugal. Teria também muito mais a perder se Portugal decidisse “nacionalizar” o capital angolano espalhado pelo nosso país. Portanto, aos políticos portugueses: tenham dignidade e tomates! Não estamos aqui para perseguir ninguém, nem achincalhar ninguém, mas também não temos de lamber o cú a ninguém!

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